𖹭⠀࣭⠀ֹ capítulo 10 ⊹ㅤ ㅤ゜★
❛ rio Vidal e problemas matrimoniais causados por muito amor. ❜
❛ postado em 18/12/2024
4.818 palavras | não revisado.

AGATHA ESTAVA DE PÉ NA FRENTE DO GUARDA-ROUPA, secando o cabelo com uma toalha enquanto Rio terminava de abotoar a camisa. O ambiente estava leve, cheio de risadas e comentários espirituosos. Agatha, em especial, parecia diferente: havia uma suavidade em seu rosto, um sorriso que não tentava esconder.

─── Você está estranhamente quieta. Isso é bom ou devo começar a me preocupar? ─── Rio perguntou, com um sorriso travesso, puxando um elástico para amarrar o cabelo.

─── Estou processando... ─── Agatha respondeu, com uma expressão calma. ─── Processando o fato de ter uma ex-esposa que é ridiculamente boa de cama tenha suas vantagens.

Rio soltou uma gargalhada, inclinando-se para dar um beijo rápido na bochecha de Agatha.

─── Você sabe, ─── começou Agatha, lançando um olhar divertido para Rio enquanto ajeitava o roupão no corpo. ─── se eu soubesse que banhos compartilhados eram tão terapêuticos, teria sugerido isso antes.

Rio riu, ajeitando o cabelo ainda úmido.

─── Sempre soube que sou boa para o seu bem-estar mental. É praticamente um serviço de saúde pública.

Agatha riu junto, pegando uma escova para ajeitar os cabelos em frente ao espelho. Mas o sorriso sumiu no momento em que ela olhou para o próprio reflexo.

Seus olhos se arregalaram enquanto ela observava a constelação de marcas que decoravam seu pescoço, clavícula e até os ombros. Chupões, marcas de mordida e arranhões estavam espalhados por toda parte, como se ela tivesse sobrevivido a um ataque de animal selvagem.

─── O que é isso?! ─── Agatha gritou, apontando para o espelho. Sua voz era tão alta que Rio se virou imediatamente, confusa. ─── RIO VIDAL!

─── O que foi?

perguntou Rio, inocentemente.

─── Isso! ─── Agatha indicou as marcas, girando o corpo para mostrar as costas e os ombros. ─── Que tipo de animal selvagem você achou que estava lidando? Eu pareço uma vítima de ataque!

Rio tentou, realmente tentou, segurar a risada, mas falhou miseravelmente. Ela deixou escapar uma gargalhada enquanto observava o estrago.

─── Sim, meu amor? Algum problema?

─── Algum problema?! ─── Agatha virou-se completamente, apontando para o próprio pescoço como se fosse uma evidência de crime. ─── Olhe isso! Eu pareço... pareço... um catálogo ambulante de hematomas!

Rio deu um sorriso culpado, mas claramente estava se divertindo.

─── Bom, você também deixou suas marcas em mim. ─── Ela respondeu, puxando a gola de sua camiseta para revelar um arranhão significativo no ombro. ─── É justo, não acha?

Agatha estreitou os olhos.

─── Justo?! Você tem o quê, três marcas?

─── Bem... você parecia estar gostando na hora. ─── Rio respondeu com um sorriso travesso, o que só aumentou a indignação de Agatha.

─── Gostando? Isso aqui é uma cena de crime, Rio! Como vou explicar isso para as crianças? Ou para Wanda? Ela nunca vai me deixar em paz!

Rio deu de ombros, aproximando-se com uma expressão que misturava charme e arrependimento falso.

─── Diga que você foi atacada por uma galinha furiosa. Elas já têm histórico com você.

─── Rio!

Agatha jogou a toalha em direção à outra mulher, mas Rio foi rápida em desviar, rindo mais alto.

─── Tudo bem, tudo bem. ─── Rio disse, ainda sorrindo. ─── Da próxima vez, eu vou ser... mais cuidadosa.

─── Da próxima vez?

Agatha repetiu, incrédula, mas não conseguiu manter a fachada irritada por muito tempo. Sua boca já estava se curvando em um pequeno sorriso. Rio se aproximou, puxando-a gentilmente pelo pulso.

─── Ok, ok. Meu erro. Mas, sinceramente, você fica bem com essas marcas. ─── Ela inclinou a cabeça, avaliando Agatha como um artista contemplando sua obra-prima. ─── Meio selvagem, sabe? Tipo... poderosa.

Agatha lançou um olhar mortal, mas a cor em seu rosto traiu seu constrangimento.

─── Se alguém fizer qualquer comentário, vou dizer que foi culpa de um galho no jardim. Um galho extremamente agressivo. ─── Ela resmungou, virando-se de volta para o espelho e tentando inutilmente cobrir os chupões com a gola da camisa.

Rio mordeu o lábio, sufocando o riso, enquanto observava Agatha se debater com a própria indignação.

─── Ei, pelo menos agora todo mundo sabe que você está em ótimas mãos. ─── Ela disse com um sorriso travesso.

Agatha girou nos calcanhares, apontando uma escova de cabelo para Rio como uma ameaça.

─── Mais uma palavra, Rio Vidal, e o próximo galho extremamente agressivo vai ser eu!

Rio não conseguiu segurar a gargalhada, mas deu um passo para trás, levantando as mãos em rendição outra vez.

─── Tá bom, tá bom. Sem mais palavras. Mas, sério... você está deslumbrante.

Apesar de si mesma, Agatha deixou escapar um pequeno sorriso.

─── Você não presta.

─── E você adora isso.

Rio respondeu, piscando para ela.

(...)

AGATHA E RIO ESTAVAM ACONCHEGADAS NO SOFÁ, uma cena quase inédita em sua tranquilidade. Rio estava com o braço casualmente jogado sobre os ombros de Agatha, enquanto esta tentava se concentrar no livro em seu colo, embora o calor do contato dificultasse sua leitura.

─── Isso é bom, não é?

Rio murmurou, com um sorriso preguiçoso.

─── Silêncio. Estou lendo.

Agatha respondeu, mas sem qualquer real intenção de afastá-la.

A porta da frente se abriu de repente, acompanhada por uma explosão de vozes. Natasha entrou primeiro, segurando sacolas de compras, seguida por Wanda e os dois pares de gêmeos, que corriam diretamente para os videogames de Nicky no canto da sala. Logo atrás, Yelena e Kate surgiram rindo de algo.

─── Olha só, parece que vocês tiveram uma tarde de compras.

Rio sussurrou, divertida, enquanto Agatha fechava o livro com um suspiro.

─── Espero que vocês tenham trazido vinho.

Agatha disse, sorrindo. Wanda olhou para ela com um sorriso enigmático, colocando as sacolas sobre a mesa antes de parar abruptamente, seus olhos fixando no pescoço exposto de Agatha.

─── Meu Deus, o que é isso?

Os olhos de Natasha rapidamente seguiram os de Wanda, e um pequeno sorriso curvou seus lábios.

─── Parece que alguém teve uma tarde... produtiva.

Billy e Tommy olharam para a tia, confusos, mas logo seus olhos se arregalaram ao notar os chupões.

─── O que aconteceu com você, tia Agatha? Você foi atacada por vampiros?

─── Por favor, diga que foi um vampiro, porque eu não quero imaginar outra coisa!

Elle acrescentou, esfregando os olhos como se isso pudesse apagá-los.

─── Não foi um vampiro, Elle! ─── Nicky gritou, apontando para Rio com o dedo acusador. ─── Foi ELA! Foi a mami Rio! Trauma! Trauma para o resto da vida! Mais vinte anos de terapia!

─── Oh meu Deus, meus olhos estão queimando!

Elle exclamou. Billy, tentando ser maduro, apenas balançou a cabeça, mas sua expressão traía o choque.

─── Rio, você precisa se controlar!

Ele disse, meio brincando, meio sério.

─── Vocês dois, não. Apenas... não.

Agatha disse, apertando os olhos com as mãos, completamente mortificada. Enquanto isso, Yelena e Kate estavam praticamente chorando de rir no canto da sala.

─── Eu sabia que vocês duas ainda tinham alguma coisa, mas... isso é outro nível.

Yelena comentou, ofegante.

─── Por favor, me digam que pelo menos trocaram o lençol antes de pensarem em dormir.

Kate acrescentou, secando os olhos.

─── CHEGA! ─── Agatha finalmente gritou, suas mãos levantadas como se fosse parar uma avalanche. ─── Não há nada para discutir aqui. Rio e eu... somos adultas. Agora, alguém pode, por favor, mudar de assunto antes que eu me jogue pela janela?

Wanda, finalmente recuperada da gargalhada inicial, deu um passo à frente e colocou a mão no ombro de Agatha.

─── Tudo bem, irmã. Vamos parar. Mas só porque eu acho que você já sofreu o suficiente.

Rio, ainda sentada no sofá, cruzou os braços com um sorriso satisfeito.

─── Vocês são nojentas.

Nicky disse. Agatha, completamente vermelha, tentou se recompor.

─── Eu sou uma mulher adulta. O que eu faço não é da conta de ninguém.

─── Nem quando parece que você brigou com um aspirador?

Yelena provocou, ganhando um tapa leve de Kate no ombro.

─── Pelo menos alguém está se divertindo.

Natasha comentou com um sorriso discreto, enquanto Wanda bufava. Rio puxou Agatha um pouco mais para perto, como se para protegê-la das provocações.

─── Relaxem, pessoal. Não são as primeiras crianças a verem um chupão. Talvez seja educativo?

─── Educativo? Isso é um trauma de infância, mami! Isso vai direto pro meu diário!

─── E direto pra terapia, pelo jeito. ─── Nicky completou, cruzando os braços.

Elle olhou para Nicky com uma careta de nojo.

─── Acho que nunca mais vou olhar pra mamãe e mami da mesma forma.

─── Ah, você supera.

Billy disse, tentando agir indiferente, mas claramente tão desconfortável quanto ela. Agatha respirou fundo, tentando recuperar o controle da situação, mas a cor em seu rosto só parecia piorar a cada segundo.

─── Tudo bem, chega. Não há nada educativo, traumatizante ou digno de debate aqui. Eu sou adulta, Rio é adulta, e... nós somos...

─── Adolescentes hormonais?

Yelena interrompeu, rindo tanto que mal conseguia falar.

─── Yelena, juro por Deus...

Agatha começou, mas Rio apertou seu braço de leve, um sorriso se formando.

─── Agatha, amor, você não vai ganhar essa briga.

─── Amor?

Todos disseram ao mesmo tempo, arregalando os olhos.

─── Meu Deus, parem de repetir tudo! ─── Agatha explodiu, erguendo as mãos. ─── Sim, amor, ok? Estamos juntas, estamos apaixonadas, e é por isso que... ISSO aconteceu.

─── Pelo menos agora todo mundo sabe que estamos... resolvendo as coisas.

─── Resolvendo as coisas? ─── Nicky repetiu, claramente traumatizado. ─── Isso não é algo que eu precisava saber!

─── Acredite, filho, você vai superar.

Rio respondeu, piscando para ele. Yelena fungou, tentando segurar o riso, enquanto Kate apenas balançava a cabeça com um sorriso.

─── Eu tenho uma ideia. Vamos fingir que nunca vimos nada disso e seguir em frente.

─── Boa ideia, Kate! ─── Natasha disse, apoiando-a com um aceno.

─── Não tão rápido. ─── Wanda disse, cruzando os braços. ─── Eu acho que a lição aqui é que Agatha e Rio precisam ler sobre como vão evitar escândalos futuros.

─── Escândalos?!

Agatha repetiu, incrédula.

─── É, escândalos. ─── Wanda respondeu com um olhar divertido. ─── Da próxima vez que decidirem resolver "as coisas", talvez não deixem pistas óbvias no pescoço de ninguém, especialmente com crianças ao redor.

─── Wanda...

Agatha começou, mas Rio riu alto e interrompeu.

─── Ok, ok, eu assumo a culpa. ─── Ela disse, olhando para as crianças. ─── Mas, para registro, isso é apenas uma demonstração de afeto adulta. É saudável.

Elle arqueou uma sobrancelha.

─── Saudável? Isso parece um manual de primeiros socorros. Aposto que a mamãe precisa de gelo pra metade do corpo.

─── Rio! ─── Agatha exclamou, batendo no braço dela. ─── Você está ajudando a minha causa ou...

─── Nunca prometi ajudar.

Rio respondeu, rindo mais alto. Natasha, que estava encostada na bancada, olhou para Wanda com um sorriso.

─── Isso vale a viagem.

Ela comentou.

─── Definitivamente. ─── Wanda concordou, com um suspiro teatral. ─── Mas sério, vocês poderiam ao menos tentar ser discretas. Acho que até os vizinhos sabem o que aconteceu aqui.

─── Os vizinhos moram a dois quilômetros daqui, Wanda. ─── Rio respondeu com um sorriso presunçoso. ─── Eles só saberiam se você contasse.

─── Não vou contar nada. ─── Wanda fez uma pausa antes de sorrir. ─── Mas também não vou negar se alguém perguntar.

─── Ótimo. ─── Kate começou, mudando de assunto. ─── Então, próxima reunião familiar, a gente finge que vocês só jogaram... sei lá, pôquer.

─── Muito convincente.

Natasha comentou, com um sorriso divertido.

─── Pode ser strip pôquer

Yelena acrescentou, gargalhando enquanto Kate revirava os olhos. Agatha finalmente levantou as mãos, desistindo.

─── Eu vou pra cozinha. Alguém quer café?

─── Eu quero, mas sem drama dessa vez, por favor.

Nicky respondeu, tentando não rir enquanto Elle apenas balançava a cabeça em descrença. Rio olhou para Agatha com um sorriso satisfeito enquanto ela saía.

─── Bem, pelo menos não foi tão ruim.

─── Você só diz isso porque não foi você a atacada por um "aspirador".

Agatha respondeu por cima do ombro, provocando risos da sala inteira.

(...)

A MANHÃ COMEÇOU COM UMA LEVE BRISA ENTRANDO PELA JANELA ABERTA, mas Agatha, ainda grogue, percebeu o espaço vazio ao seu lado na cama. O lugar onde Rio deveria estar já estava frio, indicando que ela havia saído há algum tempo. Sem pensar muito, Agatha levantou, vestindo um robe e arrumando o cabelo de forma apressada. Algo a fazia sentir a necessidade de encontrá-la.

Caminhando até o celeiro, ela ouviu ruídos suaves de movimento e o som de Rio murmurando baixinho, provavelmente falando com os cavalos ou cantando para si mesma. Quando entrou, a luz dourada do amanhecer iluminava o interior do celeiro, criando uma cena tranquila e quase mágica.

Rio estava de costas para ela, em sua regata habitual e jeans gastos, jogando feno para os cavalos. Havia uma facilidade em seus movimentos, uma conexão quase visceral com aquele ambiente que sempre fazia o coração de Agatha acelerar, mesmo depois de todos esses anos.

─── Sempre a madrugadora, não é?

Agatha chamou, encostando-se à porta do celeiro com um sorriso discreto. Rio virou-se, surpresa, mas logo abriu um sorriso caloroso ao vê-la.

─── Bom dia, dorminhoca. Achei que fosse aproveitar mais algumas horas de sono.

─── E perder a chance de te encontrar toda suada? Jamais.

Rio riu, colocando o garfo de feno de lado antes de caminhar até ela, secando as mãos em um pano pendurado no bolso.

─── Achei que você fosse me dar um descanso depois de ontem à noite.

Agatha arqueou uma sobrancelha, fingindo indignação.

─── Você me deixou sozinha na cama. Considere isso um ato de retaliação.

Rio parou na frente dela, inclinando a cabeça com um sorriso provocador.

─── Está me dizendo que sentiu minha falta?

Agatha deu de ombros, tentando não sorrir, mas falhando miseravelmente.

─── Talvez.

Por um momento, elas ficaram ali, em silêncio confortável, apenas se olhando. Rio quebrou o momento, apontando para um dos cavalos.

─── Quer ajudar? Prometo que nenhum deles vai te atacar, diferente das galinhas.

Agatha revirou os olhos, mas caminhou até o centro do celeiro com um suspiro exagerado.

─── Isso é uma armadilha, não é? Você está tentando me transformar em uma dessas mulheres que acordam ao nascer do sol para cuidar da fazenda.

─── E se eu estiver? ─── Rio perguntou, inclinando-se contra a cerca com um sorriso travesso.

Agatha parou, olhando para ela, e por um breve momento, pensou que talvez não fosse uma ideia tão ruim assim. Mas, como sempre, não poderia deixar Rio vencer tão facilmente.

─── Vamos ver se você sobrevive à próxima guerra de lama antes de fazermos planos tão ambiciosos.

Rio e Agatha estavam em meio a uma brincadeira boba, Agatha tentando empilhar fardos de feno de qualquer jeito enquanto Rio ria de sua falta de jeito, quando o som de pneus na entrada chamou a atenção de ambas.

─── Você está esperando alguém?

Rio perguntou, franzindo o cenho enquanto se limpava.

─── Não. Wanda e Natasha estão dormindo, e Yelena nunca dirige com tanta cautela.

Elas trocaram um olhar antes de saírem do celeiro. Um carro preto e reluzente estacionava, claramente deslocado naquele ambiente rural. Quando a porta do motorista se abriu, os saltos altos de Dottie Jones tocaram o chão com uma precisão teatral.

─── Ah, não.

Agatha murmurou, imediatamente sentindo um nó no estômago. Dottie saiu do carro, impecável em um conjunto de calça e blazer creme que parecia caro o suficiente para comprar todo o lugar. Seus óculos de sol enormes escondiam seus olhos, mas a boca apertada deixava claro seu humor.

─── AGATHA HARKNESS! ─── Dottie gritou, batendo a porta do carro com força. ─── Você tem a audácia de me enviar aquele e-mail patético e depois fugir para o meio do nada como se fosse uma fugitiva?

Rio deu um passo à frente, cruzando os braços, claramente tentando conter uma risada.

─── Quem é a barbie furiosa?

Ela sussurrou para Agatha.

─── A ex. ─── Agatha respondeu entre dentes. ─── Uma ex noiva, tecnicamente.

─── Noiva? ─── Rio arqueou uma sobrancelha, olhando de Dottie para Agatha com uma expressão de diversão chocada. ─── Uau, Harkness, você realmente sabe como escolher as malucas.

Dottie tirou os óculos de sol, revelando olhos que brilhavam com raiva enquanto ela caminhava com determinação em direção às duas.

─── Quem é essa?

Dottie perguntou, apontando para Rio como se ela fosse um inseto.

─── Eu sou a dona do rancho e a mãe dos filhos dela. ─── Rio respondeu antes que Agatha pudesse falar. ─── E quem é você, exatamente? Porque aqui nós não toleramos gritos antes do café da manhã.

─── Eu sou Dottie Jones. A noiva de Agatha.

Dottie respondeu com ênfase no "noiva", lançando um olhar acusador para Agatha.

─── Ex-noiva.

Agatha corrigiu rapidamente. Rio deu uma risada curta, balançando a cabeça.

─── Bem, isso explica o drama.

─── Mas não explica sua completa falta de respeito, Agatha! ─── Dottie continuou, ignorando Rio. ─── Terminar comigo por e-mail? Bloquear todas as formas de contato? E agora... isso?

Ela gesticulou para Rio como se sua presença fosse uma afronta pessoal. Agatha suspirou profundamente, percebendo que aquela conversa não terminaria tão cedo.

─── Dottie, o que você está fazendo aqui? Acho que fui bem clara em meu e-mail.

Agatha perguntou, tentando manter a calma.

─── O que eu estou fazendo? ─── Dottie praticamente gritou. ─── Estou aqui para buscar respostas, Agatha! Para descobrir como você teve coragem de me trocar por... por... isso!

Rio sorriu de lado, claramente se divertindo mais do que deveria.

─── Isso tem nome, querida. Rio Vidal. Mas pode me chamar de quem tem sua ex.

Dottie estreitou os olhos, claramente se preparando para uma resposta cheia de raiva, mas então algo chamou sua atenção. Ela deu um passo mais perto de Agatha, os olhos se fixando em seu pescoço e descendo para o colo.

─── O que é isso?

Dottie perguntou, a voz subindo uma oitava. Agatha franziu o cenho, confusa, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Dottie apontou diretamente para as marcas.

─── ISSO! Essas marcas horríveis no seu pescoço! E... ─── Ela engasgou, notando algo mais baixo no decote de Agatha. ─── No seu peito!

Agatha instintivamente puxou o robe, mas era tarde demais. O olhar de Dottie já havia virado um misto de ultraje e desgosto.

─── Você está brincando comigo, Agatha? Você não terminou comigo nem a 24h e agora está...

Ela gesticulou furiosamente, incapaz de terminar a frase, mas claramente insinuando o que achava que tinha acontecido. Rio deu uma risada curta, nada arrependida.

─── Ah, querida, quando você ama alguém como eu amo Agatha, não há tempo a perder.

─── VOCÊ NÃO TEM VERGONHA? ─── Dottie gritou, o rosto vermelho de raiva enquanto olhava de Rio para Agatha, que parecia pronta para desaparecer na terra. ─── Você me troca, me abandona, e agora está aqui, toda marcada como uma... uma...

─── Como uma mulher feliz?

Rio interrompeu, cruzando os braços e inclinando a cabeça, o sorriso desafiador ainda em seus lábios. Agatha finalmente ergueu as mãos em um gesto de rendição.

─── Ok, chega! Todo mundo respira fundo! ─── Ela olhou para Dottie com exasperação. ─── Dottie, eu sinto muito por você ter perdido seu tempo vindo até aqui, mas, sinceramente, isso não é problema seu.

─── Não é problema meu? ─── Dottie repetiu, incrédula. ─── Você está aqui, agindo como uma... uma adolescente rebelde! Eu sou uma Jones, Agatha! Ninguém me trata assim!

─── Bem, talvez seja hora de aprender.

Rio comentou casualmente, recebendo um olhar mortal de Dottie. Dottie abriu a boca para retrucar, mas nesse momento, a porta da casa se abriu e Wanda apareceu, claramente irritada.

─── Por favor, o que está acontecendo aqui? Vocês estão gritando tão alto que as galinhas pararam de botar ovos.

Dottie virou para Wanda, o rosto ainda vermelho.

─── Você está aqui? Como você pode permitir isso?

Wanda olhou para Agatha, depois para Rio e, finalmente, para Dottie.

─── Permitir o quê? Que minha irmã seja uma mulher adulta com uma vida amorosa saudável e bons orgasmos? ─── Wanda cruzou os braços, claramente nada impressionada. ─── Dottie, eu odeio ser portadora de más notícias, mas você está aqui perdendo seu tempo.

Dottie ficou boquiaberta, absolutamente ultrajada pela franqueza de Wanda.

─── Isso é... isso é... ─── Ela gaguejou, as palavras falhando. Finalmente, ela conseguiu recuperar a voz. ─── Inaceitável!

Rio, claramente se divertindo, balançou a cabeça.

─── Bem, considerando que você invadiu nossa propriedade para fazer esse showzinho, talvez você devesse repensar o que é ou não aceitável.

Dottie girou nos calcanhares, apontando um dedo acusador para Rio.

─── Você! Eu deveria ter imaginado que uma... uma... ─── Ela gesticulou furiosamente, incapaz de encontrar uma palavra que fosse insultante o suficiente.

Rio arqueou uma sobrancelha, desafiadora.

─── Uma o quê, Dottie? Vai em frente, surpreenda-me.

Antes que Dottie pudesse responder, Natasha apareceu na varanda ao lado de Wanda, segurando uma xícara de café com um olhar entediado.

─── O que está acontecendo aqui? ─── Natasha perguntou, tomando um gole de sua bebida enquanto examinava a cena. ─── Parece uma daquelas novelas ruins que minha avó costumava assistir.

Wanda revirou os olhos.

─── Dottie está tendo um ataque porque Agatha tem uma vida amorosa.

─── Não é um ataque! ─── Dottie gritou. ─── É uma reação perfeitamente razoável à traição e ao desrespeito!

─── Certo. ─── Natasha respondeu com a maior calma do mundo, claramente não acreditando. ─── Bem, Dottie, se é isso que você considera uma emergência, talvez você devesse rever suas prioridades.

Dottie ficou ainda mais vermelha, agora dividida entre a raiva e a humilhação.

─── Eu exijo respeito!

─── E eu exijo mais café. ─── Natasha murmurou, voltando para dentro.

Enquanto isso, Agatha esfregou as têmporas, sentindo uma dor de cabeça se formar.

─── Dottie, por que você simplesmente não vai embora? O que tínhamos acabou. Aceite isso.

─── Aceitar? ─── Dottie gritou, parecendo ainda mais indignada. ─── Você acha que pode me descartar e depois me humilhar dessa forma?

─── Eu não fiz nada disso. ─── Agatha respondeu, exasperada. ─── Você é a única fazendo drama aqui.

Wanda deu um tapinha no ombro de Agatha.

─── Você está indo muito bem, mana. Continue firme.

Dottie olhou para Wanda, depois para Agatha, e finalmente para Rio.

─── Isso não acabou. Eu ainda vou fazer você se arrepender, Agatha Harkness.

Rio deu uma risada curta.

─── Boa sorte com isso, Jones.

Com uma última bufada de indignação, Dottie girou nos calcanhares e marchou em direção ao carro, jogando um olhar mortal por cima do ombro antes de partir em alta velocidade, levantando poeira.

Quando o carro desapareceu, Agatha suspirou profundamente, olhando para Rio.

─── Você realmente tinha que provocá-la?

Rio sorriu, encolhendo os ombros.

─── E perder toda a diversão? Nem pensar.

Wanda balançou a cabeça, cruzando os braços.

─── Vocês dois se merecem.

Agatha revirou os olhos, mas não pôde evitar um pequeno sorriso.

(...)

O DIA ESTAVA FRESCO E ENSOLARADO, com o céu azul infinito se estendendo sobre o rancho. Agatha, Rio, Nicky e Elle caminhavam pelo campo, acompanhados pelo som suave das folhas farfalhando ao vento e pelo ocasional mugido das vacas ao longe. O incidente com Dottie a muito esquecido.

Agatha parecia deslocada, como sempre fazia ao ar livre, mas havia algo relaxado em sua postura enquanto observava Nicky e Elle correrem na frente. Eles estavam empolgados, cada um com um chapéu de cowboy ridiculamente grande que Rio insistira em lhes dar.

─── Não acha que eles estão um pouco... jovens para tanto entusiasmo com gado?

Agatha comentou, ajustando os óculos de sol enquanto olhava para Rio.

─── Eles estão descobrindo o mundo, Agatha. ─── Rio respondeu com um sorriso travesso. ─── E, honestamente, é hilário ver você em um rancho.

─── Estou morrendo de rir. ─── Agatha respondeu secamente, mas havia uma curva suave em seus lábios.

Elle e Nicky estavam agora perto de uma cerca, tentando atrair um cavalo para perto com um pedaço de cenoura que Rio havia lhes dado.

─── Ele gosta de cenouras?

Nicky perguntou, olhando para Rio com olhos brilhantes.

─── Adora. Só lembrem-se de manter as mãos planas quando forem oferecer. Ele pode confundir dedos com lanches.

Agatha ofegou.

─── Confundir dedos? Rio, isso não parece seguro! Saiam daí agora mesmo!

Rio riu, cruzando os braços enquanto observava.

─── Relaxa, eles vão ficar bem. Esse é o Stardust, ele é mais gentil do que parece.

Nicky estendeu a cenoura com cuidado, e o cavalo deu uma mordida suave, mastigando devagar enquanto Elle acariciava o focinho dele com fascínio.

─── Eu quero um cavalo!

Elle anunciou, olhando para Agatha com determinação.

─── Sem chance.

Agatha respondeu prontamente, cruzando os braços.

─── Por que não?

Elle reclamou, franzindo a testa. Agatha deveria saber que ela argumentaria.

─── Porque eu mal consigo lidar com vocês dois, quanto mais com uma criatura de meia tonelada que come mais do que um adolescente faminto.

Rio riu, balançando a cabeça.

─── Bem, se algum dia você mudar de ideia, eu conheço um ótimo treinador.

─── Ah, sim, porque eu certamente vou acordar um dia e decidir que quero um cavalo no na minha casa perfeitamente limpa em Londres.

Rio se aproximou, inclinando-se para sussurrar no ouvido de Agatha.

─── Talvez um dia você não queira mais morar em Londres.

Agatha se virou para olhar para ela, surpresa pelo tom suave e pelo brilho nos olhos de Rio.

─── Você é incrivelmente presunçosa.

Agatha arqueou uma sobrancelha, ainda fixando Rio com uma expressão desconfiada, mas antes que pudesse responder, Elle interrompeu, do nada: ─── Eu não gostaria de me mudar.

Todos olharam para ela, surpresa estampada nos rostos de Agatha e Rio.

─── Ah, é? ─── Agatha perguntou, inclinando-se levemente. ─── E por que não?

Elle hesitou, sua expressão ficando um pouco mais nervosa, mas ela tentou esconder isso com um dar de ombros casual.

─── Eu... eu gosto de Londres. É legal. E, sabe, tem... pessoas legais lá.

Agatha franziu o cenho, desconfiada.

─── Pessoas legais? Tipo quem?

Nicky, sempre atento para implicar, abriu um sorriso travesso.

─── Tipo aquela garota da sua aula de história, Elle? Clara?

─── Nicky!

Elle exclamou, sua voz subindo uma oitava enquanto ela jogava um pedaço de feno na direção dele. Rio tentou segurar o riso, mas falhou miseravelmente.

─── Então tem uma garota?

─── Não tem uma garota! ─── Elle respondeu rapidamente, sua voz um pouco alta demais para ser convincente. ─── Quer dizer... tem, mas não do jeito que vocês estão pensando.

Agatha cruzou os braços, sua expressão mudando de curiosidade para preocupação.

─── E do jeito que estamos pensando seria...?

Elle olhou para o chão, claramente desconfortável.

─── Ela é só... uma amiga.

Nicky bufou.

─── Uma amiga que você olha como se fosse um unicórnio dourado toda vez que passa por você.

Elle ficou vermelha como um tomate, e Agatha finalmente entendeu. Seus olhos se suavizaram, e ela respirou fundo antes de falar.

Agatha inclinou-se levemente, um sorriso caloroso surgindo em seu rosto enquanto olhava para Elle.

─── Sabe, Elle, gostar de alguém, seja como for, é uma das coisas mais bonitas e mais assustadoras que existem. E se essa garota te faz sentir algo especial, mesmo que você ainda esteja tentando entender o que é, isso é incrível. Eu estou muito orgulhosa de você por compartilhar isso, mesmo que só um pouquinho.

Elle levantou os olhos para sua mãe, visivelmente aliviada com a reação.

─── Obrigada, mãe.

Rio, ao lado, abriu um sorriso divertido e inclinou a cabeça, olhando para Elle.

─── Se precisar de dicas para conquistar a garota, pode me chamar. Eu tenho algumas estratégias infalíveis.

Agatha revirou os olhos, já se virando para brigar com Rio.

─── Por favor, Rio, como eu fosse deixar você ensinar minha filha a ser uma cafajeste.

Rio colocou uma mão no peito, fingindo estar ofendida.

─── Ei! Eu só ia dizer para começar com um bom café ou uma piada inteligente, não para engravidar e abandonar a garota!

─── Ainda assim, não.

Agatha respondeu firme, mas havia um sorriso brincando em seus lábios. Rio cruzou os braços, olhando para os três.

─── Agora, honestamente... Alguém nesta família gosta de homens?

O silêncio pairou por um segundo. Todos olharam para Nicky, que levantou uma sobrancelha, um pouco surpreso. Chutado para fora do armário.

─── Bem, eu gosto.

Mais um segundo de silêncio, seguido por Agatha sorrindo amplamente e colocando uma mão no ombro dele.

─── Isso é maravilhoso, Nicky!

Elle olhou para o irmão com um sorriso cúmplice.

─── Isso explica por que você ficou todo nervoso quando aquele barista bonitão sorriu para você na última viagem.

Nicky ficou vermelho, mas antes que pudesse responder, Rio gargalhou alto.

─── Então temos um arco-íris completo nesta família. É bom saber que estamos diversificados.

Todos começaram a rir, a tensão completamente dissipada.

─── Que bom que temos uma coisa em comum, pelo menos. ─── Rio acrescentou. ─── Nenhum de nós sabe como ser discreto.

As risadas ecoaram pelo celeiro enquanto eles terminavam o trabalho, a conversa se transformando em uma mistura calorosa de brincadeiras e apoio, o tipo de momento que fazia todas as complicações valerem a pena.

• 💗 . . OO1 ❜ Rindo até minha morte de Agatha marcada como um animal ferido kkkkk