Ponto cego.

pedido da ana_269, espero que goste ❤️

Dizer que S/n Millers estava furiosa era eufemismo, fora tirada do seu trabalho para ajudar os agentes do FBI que nos pensamentos dela, eram incompetentes. Quem diabos iria levar uma garota toda tatuada e sem memória em campo para os ajudar na sua própria investigação? O quão problemático e doentio era aquilo? Como eles conseguiram esse cargo agindo assim? S/n definitivamente já não gostava daquela garota e muito menos da equipe da qual fora resignada a orientar.

Se sentia extremamente traída pela sua equipe de trabalho, principalmente sua chefe. Como ela pode me fazer atravessar o mundo apenas para ajudar pessoas incompetentes? Era o que Millers pensava durante todo o vôo.

Não era justo, não mesmo. Ser a melhor agente do FBI do seu país tinha seus pontos negativos, afinal.

Já instalada no seu novo apartamento provisório, com seu terno formal preto e um salto alto para complementar, S/n se encontrava dirigindo para o FBI. Seus cabelos curtos encaracolados platinados se esvoaçavam com o bater do vento pela velocidade da qual dirigia. A máscara de cílios preta chamava totalmente a atenção para seus olhos cinzas como o céu em uma tempestade chuvosa e o seu terno preto junto ao batom vermelho destacava sua pele pálida como a neve. Uma mulher linda com um humor feio.

Esse oscilava entre raiva pela traição de sua chefe, insatisfação por estar cansada e ter que ir ajudar a equipe desprezível de Kurt Weller e chateação com saudade de casa. Pelas informações que sua chefe a deu, não se sabia ao certo quanto tempo ficaria em Nova York.

Ao chegar no FBI, S/n arruma sua postura para uma rígida digna de uma agente e em seu rosto, coloca uma máscara fria sem sentimentos. As portas do elevador se abriram, a Millers ergue a cabeça e sai do mesmo — literalmente — desfilando. Ter sido modelo em alguns trabalhos não foi de todo ruim assim, pensa a platinada.

Ao som dos saltos altos de S/n ecoarem pelo escritório, todos pararam o que estavam fazendo para vê-la passar. Quem era ela? Era o que todos pensavam e se perguntavam entre si com cochichos nada discretos. S/n chamava a atenção de todos sem nem tentar, isso era um fato. Sua beleza estonteante, sua roupa formal chique e sua postura rígida a davam um ar de superioridade que todos reconheciam, por isso ninguém ousou tentar pará-la quando essa entrou na sala da diretora, Bethany Mayfair.

— S/n Millers. — Mayfair a cumprimentou se levantando quando ela pôs o pés na sala.

— Bethany Mayfair. — S/n a cumprimentou de volta com sua educação de sempre. Apesar de se sentir extremamente furiosa por estar ali, não era motivo para não usar a educação que fora dada quando criança.

— Espero que o apartamento que arrumamos tenha ficado do seu agrado. — a diretora assistente do escritório de campo do FBI estava ciente da raiva de S/n ao ser mandada para Nova York, então tentaria agradá-la da melhor forma possível. Afinal ter S/n Millers era um grande e importantíssimo fato que os ajudaria.

— Ele é... Adorável. — S/n tenta colocar um sorriso em seu rosto, mas este não passou de uma terrível careta de desagrado. Certamente S/n não tinha gostado do apartamento, o que fazia o sentimento de querer voltar para Noruega aumentar gradativamente. — Vamos direto ao assunto, por favor.

— Certo. — a diretora respira fundo. Já estava esperando esse comportamento da Millers. — Imagino que já saiba o motivo principal pelo qual pedimos a sua presença aqui.

— Certamente.

— Então vejo que poderemos pular esta parte. — Mayfair afirma olhando sugestivamente para S/n que concorda com a cabeça realmente aliviada. Não queria mesmo ficar horas debatendo de algo que já sabia de cor e salteado. — Quer que eu lhe apresente a equipe?

— Não será necessário, diretora Mayfair. — S/n sorri educadamente mas com uma pontada de malícia por trás. Ela definitivamente queria conhecer a equipe por si só e fazer eles se arrependerem pelos seus atos estúpidos que a prejudicaram.

— Pois bem. — Mayfair suspira dando por encerrado a conversa das duas. — É um enorme prazer te ter aqui conosco, S/n Millers.

— Não posso dizer o mesmo, mas farei o meu melhor e o possível para orientar a equipe. Apesar de não querer estar aqui, garanto que me esforçarei a fazer o meu trabalho com empenho e dedicação. — e com apenas um assentir de cabeça de Mayfair, S/n lhe dá as costas saindo de sua sala a procura da equipe de Kurt Weller.

Com a cabeça erguida, ela os vê saindo do elevador aparentemente chegando de um caso.

— Quem é você? — Kurt Weller dispara assim que nota a presença de S/n Millers. Ele estava ciente de quem era ela e do porquê estar ali, mas não significa que concorda com tal escolha.

— Acho que já deve saber pois fui resignada a orientar sua equipe. — S/n diz os analisando minuciosamente de cima a baixo, o que não passou despercebido pela equipe contendo Kurt Weller, Natasha Zapata, Edgar Read e Patterson que não estava presente no momento.

— Não precisamos de orientação. — Read responde com arrogância e S/n arqueia as sobrancelhas com o ato rude do homem. Eles não estavam na posição de recusar.

— Quer você queria ou não, eu vou os orientar. — S/n diz com a voz ríspida o olhando friamente. — Acredite, eu também não queria estar aqui, mas estou, então não dificulte meu trabalho para que eu possa voltar para o meu país o mais rápido possível, estamos entendidos? Ótimo, agora eu quero conhecer a garota tatuada que é a causa de todos estarmos nesta situação desagradável. Poderia fazer a gentileza de chamá-la até minha sala? Obrigada.

Depois de dizer tudo isso com sua expressão o mais calma possível tentando não rir pela surpresa que estava estampada no rosto de todos, não levantará a voz hora alguma e ainda sim tinha posto o respeito que queria, S/n sorri inocentemente e vai em direção a sua nova sala — que receberá de bom grado —, sentia suas costas queimarem pelos olhares que recebia da equipe, olhares incrédulos pela ousadia da mulher.

Mais tarde naquele mesmo dia, S/n ouve uma leve batida em sua porta, depois de dizer um suave "entre", sua visão é preenchida por uma mulher branca e cabelos pretos, devia ter no mínimo 1,70 de altura, a tatuagem de pássaro localizada no lado esquerdo do pescoço de Jane Doe foi extremamente chamativa aos olhos de S/n.

— Você... Pediu para me chamar? — a voz doce prencheu o ambiente e S/n achou encantador, não demostrando hora alguma, obviamente, de fato a platinada sabia esconder seus sentimentos muito bem.

Jane se encontra receosa em relação a mulher em sua frente, fora alertada pela equipe para não dizer nada comprometedor e está com medo de os decepcionar. Já S/n se sentia confusa pelos pensamentos inapropriados, não sabia o porquê de estar assim tão encantada pela morena.

— Sim. — S/n vagarosamente se escora em sua cadeira giratória enquanto cruza as pernas analisando Jane como uma leoa que analisa sua presa prestes a dar o bote, essa que se sentiu incomodada pelo olhar penetrante e intenso, mas tentou não demonstrar. — Então... Jane... Vamos conversar um pouquinho.

Jane engoliu em seco com a frase repleta de cinismo da garota. A imagem de anjo que a garota transmitia com sua aparência não se assemelha com a sua personalidade, e Jane iria descobrir da pior forma possível.

— O que quer saber? — a tatuada pergunta hesitante torcendo internamente para que S/n não a perguntasse coisas demais, não tinha certeza se conseguiria mentir olhando aqueles olhos cinzas intensos demais para se encarar muito tempo.

— Por favor... Sente-se. — com um sorriso ladino, S/n aponta para a cadeira a sua frente. A platinada notou o desconforto da morena e certamente iria usar isso ao seu favor.

Havia diversão explícita nos olhos da mulher que estava adorando intimidar Jane, que pelo seu histórico, não abaixava a cabeça para muitas pessoas como estava fazendo nesse exato momento, abaixando a cabeça para não encarar os olhos de S/n.

— Como se sente? — a pergunta saiu dos lábios pintados de vermelho de S/n assim que a morena se acomodou na cadeira. Isso surpreendeu Jane que não esperava essa pergunta, estava se preparando mentalmente para um interrogatório como dias atrás quando apareceu na Times Square e foi levada ao escritório do FBI.

— Bem na medida do possível, considerando o fato de não saber quem eu sou. — a resposta foi escutada por S/n segundos depois. — Você está aqui para me ajudar a descobrir, não é?

Enquanto Jane espera sua resposta esperançosa, S/n se encontra avaliando cada movimento, reação e expressão de Jane, memorizando tudo em sua mente. Não sabia o porquê se encontrava tão encantada pela morena e queria saber o motivo, o que S/n não tinha nem idéia, é que Jane se perguntava a mesma coisa desde que passou por aquela porta a vendo com sua pose rígida e sua áurea irradiando arrogância e superioridade.

— Por favor... Eu preciso de respostas. — Jane súplica quando não obtém respostas.

— Estou aqui para orientar a equipe de Kurt Weller, Senhorita Doe. — S/n volta a si e a responde indiferente. — E se isso implica ajudar a descobrir quem você é, que assim seja.

Jane se assustará com o tom de voz da platinada, não parecia nada com o usado anteriormente e se perguntou mentalmente se tinha feito algo de errado para irritar a Millers. Já S/n, não se arrependerá do seu ato nem quando viu a expressão no rosto da morena, não sabia o que era essa parte de si que se encantou com Jane e antes de descobrir, iria a repelir de todas as formas possíveis.

— Quando sair, feche a porta, por favor. — S/n pede voltando sua atenção para os papéis a sua mesa dando o assunto por encerrado. Jane ainda a olhará por alguns segundos antes de enfim, se levantar e sair da sala meio desnorteada encontrando a equipe olhando-a preocupados com a conversa, que aos olhos deles, não fora nada boa.

Uma coisa estava clara para todos, a equipe Weller certamente não gostará de S/n Millers, e o sentimento era mútuo.

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