1.23 || O Passado Sempre Volta (Não Revisado)
(Esse gif foi um mimo recebido com muito carinho da Bruniixx)
PS: Por acaso vocês sabem de alguma fanfic clexa no apz que a Clarke muda de dimensão e para no universo de fear, conhece a Alicia, acha que ela é a Lexa e daí desenrola a história???????
Naomi's Pov
Meu pai já não estava mais presente dentro do Teatro há muito tempo, perdeu a entrada de Jace. Com certeza iria detestar dividir os holofotes. Todos me encaravam esperando uma resposta. Quem ele pensa que é? Saudades dele?
- Com certeza não. Esperava que você estivesse morto. - Sorri.
- Vamos conversar em particular. - Jace me estendeu a mão e estalou os dedos para Marcel, dando algum tipo de ordem que apenas ele entenderia.
Já entendi como as relações aqui funciona. Meu pai é o rei do lugar, Jace seria seu substituto e Marcel o puxa saco faz tudo. Ótimo! Respirei fundo e peguei em sua mão. Jace me levou para o lado de fora do Teatro, junto do canteiro de flores onde teríamos um pouco mais privacidade. Seja lá o que ele quer comigo não quer que ninguém mais saiba.
- Qual o seu problema comigo? - Ele cruzou os braços.
- Quer saber o meu problema com você? Você me usou. Isso mexeu muito comigo, me fez ter pesadelos com você, vomitei pelas coisas que fez comigo, me perdi de mim mesma pelas coisas que fez comigo. Eu não sou mais o seu maldito fantoche! Você não entende? Você me destruiu, depois de tudo que eu confiei a você.
- Eu te amava.
- Não! Você nunca me amou. Você amava as coisas que eu fazia por você, o quanto que eu te amava.
- Eu amava os dois! O que mudou, Naomi?
- Eu mudei! Eu estou me curando e não vai ser você quem vai atrapalhar isso.
"Mentirosa" minha cabeça gritava.
- A nova Naomi não me ama? - Jace me perguntou.
- Não.
"Consegue ouvir o seu coração, menina? Disparando a cada segundo?" A voz da minha cabeça continuava.
- Vou te levar para o seu quarto. Você e depois os seus amigos. - Disse caminhando de volta para o interior do teatro até o meu grupo. - Olá Maven.
- Olá babaca. Antes de mais nada, se você tentar fazer alguma coisa... - Maven começou a ficar vermelho de raiva.
- Com certeza ele é um. - Maggie comentou.
Agora são os seus pulmões. Consegue sentir o ar diminuindo?
- Vai fazer o que? - Jace perguntou.
- Vou acabar com você. Mesmo que eu morra por isso.
A fadiga aumentando...O seu estômago se revirando... Consegue sentir?
Consigo.
- Vamos torcer para que isso não aconteça. - Jace deu de costas e começou a andar.
Seu corpo está te torturando. Faça parar.
Jace nos mostrou vagamente o interior da comunidade. É enorme. Teatro, hortas, dormitórios, lavanderia... Eu levaria semanas para conhecer o lugar de cor. Ele explicava como as coisas funcionavam por aqui e que logo depois todos teriam intrevistas e no fim do dia receberiam seus cargos. Só a voz dele fazia as minhas pernas vacilarem.
Meu ex namorado me levou até onde eu iria me acomodar. Acomodar. Como diabos eu deveria me sentir confortável em um lugar com pessoas que só ferraram a minha vida e mataram meus amigos?
Faça parar.
– Não vai poder sair até eu ou Marcel virmos te buscar, ok? - Jace esperou alguns segundos por minha resposta e fechou a porta.
Corri até a porta que ficava dentro do quarto esperando que fosse um banheiro. E era. Abri a tampa do vazo com rapidez e expeli o resto de comida que meu corpo ainda mantinha guardado. Não estava bem alimentada, não saiu quase nada sólido, apenas líquidos de cores diferenciadas que deveriam ser água e sucos. Não houve tempo para comer a ceia que os Greene estavam preparando.
Os Greene. Dale. T-Dog. Engasgo com o meu próprio vômito antes de conseguir enfiar a cabeça na privada mais uma vez. Cada lembrança que surgia era um refluxo de restos do meu conteúdo estomacal.
Pare. Seu estômago vai doer se continuar assim. Não pode ficar fraca.
Levantei do chão com calma e fui até a pia. O espelho que estava na minha frente me mostrava o quão errada eu estava em estar me curando. Ainda há muita coisa quebrada aqui dentro.
Lavei o rosto e uma mecha de cabelo que estava suja de vômito. Voltei ao quarto e abri a janela para tentar me recompor. "Sentiu saudades, amor?" Porque diabos o passado sempre volta? Quanto mais eu tento apagar as minhas memórias mais elas me assombram.
Não me dei conta que estava chorando até observar a fronha do travesseiro molhado. Que se dane. Atirei o travesseiro no chão e deitei na cama esperando que as minhas lembranças parassem de ecoar na minha cabeça.
Eu já não tinha mais lágrimas para chorar. Deixei que todas as memórias voltassem com força, todas elas. Uma após a outra. Meu corpo já não sabia como reagir diante de todas aquelas lembranças que surgiam. Apenas abracei os meus joelhos esperando que parasse.
Ouvi batidas na porta o que significava que alguém iria me buscar para interrogatórios e talvez ameaças. Não me dei conta do tempo que eu fiquei estática.
– Posso entrar? - Uma voz femenina ressoou pelo quarto.
– Como se eu tivesse escolha. Entre.
Uma mulher loira de cabelos ondulados e olhos castanhos entrou no meu quarto sorridente.
– Me chamo Lily, me pediram para te levar para a minha sala e te fazer as perguntas do procedimento.
Mais um lugar fechado. Literalmente sob custódia de todos esses babacas.
– Ótimo.
– Mas... - Lily continuou. – A julgar toda a atenção que foi dada ao grupo que você pertencia, tomei a liberdade de te levar para o jardim principal. Conversar lá com ar fresco e sem paredes para te sufocar. Quando eu vim para cá não fui bem recebida e acho que o que você menos precisa agora é se sentir como uma prisioneira. Vamos?
Abeixei as pernas e encostei os pés no chão. O quarto estava uma bagunça, o banheiro sujo, tudo fora de ordem. Levantei e fui até ela sem dizer uma palavra. Lily sorriu quando nós duas saímos do quarto.
– Pensei que você fosse escolher esta opção também. Todos os seus amigos escolheram.
– Já falou com todos? - perguntei surpresa.
– Sim, Naomi. Já está por aqui tem quatro horas, está bem tarde.
– Certo.
– Vamos sentar naquele banco.
A mulher com traços de seu rosto bem desenhados apontou para o tal banco antes de começarmos a caminhar em direção do mesmo. Sentamos no banco e ela tirou uma caneta do bolso e posicionou a prancheta, que eu não tinha sequer reparado, em suas pernas para dar apoio.
– Vamos começar. - a mulher disse em um tom suave realmente tentando me fazer ficar mais confortável, mas eu nunca ficaria confortável aqui.
– E se eu não quiser responder? - A mulher sorridente adquiriu uma expressão séria e respirou fundo.
– Facilite as coisas, Naomi. Dixon já foi bem complicado de conseguir falar e outras pessoas tiveram muitos problemas com a comunidade, problemas tão grandes que eu não posso menciona-las. - Lili falou baixo e observando discretamente os arredores. – Não faça isso, por favor.
– Não tenho escolha, tenho?
– Segunda vez que você me diz algo do tipo.
– Porque é verdade.
– Nome completo?
– Naomi Scott.
– De onde era?
– Atlanta.
– De onde especificamente? - Ela anotava as minhas respostas na prancheta.
– Atlanta. - respondi em tom de deboche e ela apenas ignorou a minha resposta.
– O que fazia antes do apocalipse?
– Eu era uma marginal. Trabalhava com bandidos e vendedores ilegais de drogas. - Sorri no final da frase assistindo a mulher ficar desconfortável.
– Conhece alguém que está aqui? Sei que seu pai é o Salvador. As paredes aqui tem ouvidos e deixe-me ver. - A mulher começou a folhear as outras folhas em sua prancheta. – Aqui está. Maven disse que conhece seu pai, mas apenas de vista e pelas coisas que disse a ele. Conhece mais alguém? - Ela parecia estar dizendo a verdade.
Não sabem que eu conheço Jace? Meu pai não sabia disso, ou então não interessava a ele. Ela realmente não sabe se eu conheço mais alguém ou está procurando por algum sinal de mentira?
– Não.
– Quais são suas maiores habilidades? - Ri com a pergunta ao imaginar as possíveis respostas de Maven. – Pode ser honesta.
– Vejamos... Sou boa em luta mano a mano, corro muito rápido e consigo passar por lugares estreitos, sou observadora e se eu conseguir observar bem onde estou consigo bolar algum plano bem rápido se estiver encurralada pelos mortos.
Também consigo fazer com que você pare de respirar antes que qualquer um chegue aqui, mas acho que ela não gostaria de receber essa informação.
– Interessante... - Lily dizia enquanto anotava as coisas no papel.
– Matou alguém antes? -
– Sim.
– Quantas? - Perguntou meio repreensiva.
– Uma, duas. - contabilizei nos dedos. -– Três... - sorri na tentativa de intimidá-la, o que parecia funcionar.
– Teve contato com os caminhantes? Como foi?
– Sim. Muito bem por sinal, sou boa em matá-los.
— Obrigada pelas respostas. Mais tarde irão bater na sua porta para te dar seu cargo por aqui e pela manhã irão te dar um quadro de horários e dias da semana que ocupará o cargo. Serão sempre bem observados pela comunidade e de acordo com a obediência irão se livrando da supervisão excessiva. Obrigada. - Lily fez um sinal para que uma guarda de cabelos pretos viesse até mim. – Antes de ir. Tente não vacilar. - Ela sussurrou. – Pedi para que seus amigos fizessem o mesmo, deixem eles começarem a confiar em vocês, andem na linha. Vençam.
Assenti com cuidado guardando cada palavra que Lily dissera. Uma possível aliada? Ou uma possível inimiga? Veremos como isso irá se desenrolar. A guarda de cabelos escuros chegou e pediu gentilmente para que eu me levantasse, firme e sem dar nenhum sorriso.
– Steinfeld a levará de volta ao seu quarto. - A loira sorria ao falar.
Dei de ombros e comecei a caminhar do lado da guarda que analisava cada movimento meu. Ao chegar no quarto ela apenas sussurrou:
– Faça o que Lily disse e talvez vença.
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