⠀⠀⠀⠀━━ 𝐂𝐀𝐏. 𝟎𝟏⠀▎₍ 𝖵𝖤𝖭𝖤𝖭𝖮 ₎
O ENORME GINÁSIO era preenchido pelas vozes animadas dos jogadores, que treinavam como em qualquer outra manhã no centro de basquete do campus. O barulho que as solas de seus tênis faziam sempre que derrapavam era recorrente assim como o som da bola pesada batendo contra o chão diversas vezes, e por incrível que pareça, aquela ambientação soava perfeita aos ouvidos dos garotos que exerciam suas atividades arduamente sem dificuldade alguma, afinal, já estavam acostumados a não pegar leve em nenhum treino.
Ainda era cedo, cerca de nove da manhã, no entanto alguns já estavam ali antes mesmo do treino em conjunto começar realmente. Aomine, o craque do time que sempre mantém uma postura arrogante além de um sorriso convencido, fazia questão de aparecer no ginásio duas horas antes de todos para treinar individualmente suas próprias habilidades que lhe rendiam uma fama absurda ao redor do campus. Tendo um título tão importante quanto o que tem, Daiki é o único do time que treina duas vezes mais do que os outros titulares.
O time de basquete da UCLA era o que mais tinha destaque dentre todos os outros que competiam na NCAA. Com 11 títulos, os Bruins eram conhecidos por todo o país e carregavam uma fama e reputação inquebráveis. Além do torneio nacional, também participavam de outros campeonatos universitários amadores, visando sempre a vitória.
Manter esse status não era fácil, então os jogadores dos Bruins treinavam regularmente para garantir que continuassem no topo — e era isso que faziam agora enquanto "Esskeetit - Lil Pump" saia das caixas de som e ecoava pela quadra, servindo como um ânimo a mais para os atletas.
Acompanhado de Kuroko em uma das tabelas da quadra, Aomine se concentrava em fazer cestas de três pontos. O treino já havia começado a algum tempo, e até agora, o azulado acertou a maioria das cestas, mesmo com as tentativas de para-lo vindas do amigo. Como o craque do time, era difícil errar um lance, então não conseguiu evitar um sorriso convencido quando acertou a trigésima cesta do dia.
— Tá animado pra essa noite? — Kuroko perguntou ao se posicionar mais uma vez, esperando Aomine avançar em sua direção com a bola.
— Óbvio. — O maior começou a bater a bola pesada no chão repetidas vezes, concentrado no próximo movimento que faria. — A gente passou a semana toda planejando essa festa, vai ser foda demais.
— Quantas pessoas você acha que vão aparecer lá na fraternidade? — Kuroko perguntou antes de Aomine avançar contra si, e em um movimento rápido, o maior conseguiu o passar e em um grande salto, enterrou a bola na cesta, fazendo o amigo bufar derrotado.
— Não faço ideia, o Akashi dessa vez deu ideia de convidar uma galera de fora do campus então não tem como saber. — Aomine disse enquanto regulava a respiração ofegante, limpando o suor da testa com a barra da regata que usava.
— Então vai ser maior que a do semestre passado. — Kuroko afirmou, pegando a bola mais uma vez e a arremessando para Aomine.
— É o que parece. — O maior se posicionou e novamente, voltou a avançar contra Kuroko.
Além dos garotos do time de basquete que também faziam parte da fraternidade que daria a festa, muitos outros estudantes do campus estavam ansiosos para aquela noite. Praticamente metade da universidade apareceria na casa da Vorpal e aquilo só inflava ainda mais o ego dos membros fundadores que se orgulhavam daquela espécie de reino que criaram.
Qualquer um que estudasse na UCLA conhecia a Vorpal, a fraternidade responsável pelas maiores e melhores festas do campus inteiro, ganhando a fama de império por todos que já pisaram naquela casa que se assemelhava a uma mansão. E, como uma tradição, em todo começo de semestre eles davam uma festa que reunia uma grande quantidade dos alunos da universidade. Não era atoa a animação de Aomine, que como um dos principais membros da Vorpal, tinha a presença obrigatória na festa daquela noite.
Enquanto Aomine e Kuroko continuavam a treinar juntos, Kagami permanecia no banco descansando depois de uma sequência exaustiva de exercícios que melhorariam sua resistência. O avermelhado tinha em volta do pescoço uma toalha, tomava a água gelada de sua garrafinha e digitava no celular, aos poucos normalizando sua respiração pesada.
A conversa em exibição na tela era de sua melhor amiga, onde ela dizia que tentaria aparecer mais cedo ali no ginásio para ver o treino do time. Já era de costume a garota assistir os treinos pelas manhãs, então Kagami apenas respondeu a mensagem rapidamente, deixando o celular de lado para limpar o suor do rosto com a toalha em seu pescoço.
— Tava falando com a S/N? — Kise se sentou ao seu lado ofegante, pegando na própria bolsa sua garrafinha de água.
— Tava, ela disse que vai tentar vir mais cedo hoje. — Kagami guardou sua garrafa de volta na bolsa, deixando também sua toalha de lado.
— Ela vai ir na festa hoje né? — O loiro perguntou com um sorrisinho, apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto encarava o companheiro de time.
— Vai. — O de cabelos vermelhos revirou os olhos, já sabendo as intenções de Kise ao perguntar aquilo. — Mas isso não significa que ela vá querer ficar com você.
— Relaxa Kagamizinho, só queria confirmar. — O loiro riu, fazendo Taiga semicerrar os olhos pela falta de vergonha na cara dele. — E você sabe que eu não sou o único de olho nela.
— É, eu sei. — Kagami suspirou, sabendo muito bem do efeito que sua melhor amiga causava em todo mundo.
Kagami não admitia, mas ele sentia ciúmes sempre que algum dos amigos dele demonstrava interesse em você, mesmo que já tivesse até mesmo ficado com alguns deles. Ele não se orgulhava disso, mas na sua visão era engraçado, até mesmo fofo, considerando que mesmo depois de meses ele ainda continuava sendo protetor consigo em relação aos outros.
Desde que Kagami entrou no time e na fraternidade, você acabou consequentemente se aproximando dos amigos deles graças as frequentes idas aos treinos, a Vorpal e as festas. Seu nome já era bem conhecido no campus antes disso, então não demorou até que fosse cativada pelos garotos e se tornasse amiga deles.
No entanto, de todos os garotos do time, um certo moreno marrento de cabelos azuis era o que você tinha menos proximidade.
Antes que Kise pudesse continuar a provocar Kagami, a porta de entrada do ginásio se abriu de maneira brusca. Quando os dois garotos viram quem foi a pessoa que entrou de maneira tão exagerada, os cenhos se franziram em surpresa, claramente intrigados e se perguntando o que ela fazia ali.
A garota de longos fios cacheados em um tom de loiro que beirava ao dourado, carregava no rosto uma expressão nada contente. Enquanto se aproximava de Aomine e Kuroko que por estarem do outro lado da quadra não notaram sua presença raivosa, os passos pesados pareciam se intensificar a cada segundo que os olhos cor de mel se mantinham presos na figura de cabelo azul escuro.
Quando se aproximou dos dois jogadores que finalmente perceberam que a garota estava ali, continuou olhando diretamente para Aomine que agora a encarava com desdém, não parecendo nem um pouco feliz com a presença dela. Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, o mais alto resolveu falar pois sabia que a conversa que teriam poderia facilmente se tornar uma discussão, e com certeza não queria que aquilo fosse como um circo ali no meio do ginásio.
— Aqui não, Camille. — Disse ao soltar um suspiro profundo, apontando em direção ao vestiário com a cabeça, indicando que fossem para lá.
A garota não respondeu, apenas o seguiu com pressa até o vestiário que se encontrava vazio. Quando a porta se fechou atrás de ambos, os seis amigos que antes treinavam animados agora se encaravam com preocupação no olhar. Eles já sabiam muito bem o que aconteceria e isso os deixava mais aflitos ainda.
Camille era a ficante de Aomine — não que ela fosse a única, mas de longe era a que Daiki tinha mais apego. No entanto, apesar de sequer terem um relacionamento de verdade, ambos viviam discutindo nos momentos mais inconvenientes como se fossem um casal.
Não era exatamente tão comum Camille aparecer de repente num momento importuno apenas para discutir com Aomine, mas acabava acontecendo mais vezes do que gostariam. O fato daquilo ter acontecido de novo, dessa vez no meio de um treino, deixava os garotos mais indignados ainda. Entendiam que a relação dos dois só dizia respeito a eles mesmos mas todos já estavam cansados da mesma situação se repetir tantas vezes.
Por conta da interrupção, os quatro que ainda treinavam decidiram tirar um tempo para descansar do treino. Se sentaram nos bancos, próximos de Kise e Kagami, mas nenhum deles disse nada. O ar estava pesado, a animação que tinham se esvaiu e agora só lhes restava esperar até que Aomine e Camille terminassem a DR que tinham iniciado na sala ao lado.
Quando o primeiro sinal da discussão atravessou as paredes do vestiário e alcançou os ouvidos de todos no ginásio, a enorme quadra ficou em completo silêncio com os gritos repentinos de Aomine e Camille. Os outros reservas que antes estavam focados em suas atividades, agora se encontravam quietos e claramente incomodados com o que acontecia no vestiário.
Ao contrário da quadra que estava em um silêncio constrangedor, o vestiário ecoava com as vozes altas e nervosas de Aomine e Camille. Mesmo que a porta estivesse fechada, as paredes não eram grossas o suficiente para bloquear a discussão que acontecia lá dentro.
— O que você quer que eu faça, caralho?! — Camille falou, o rosto vermelho de raiva se contrastava com a pele morena da garota. — Eu não posso fazer nada!
— E você acha que eu tenho culpa dessa merda? Desde o começo eu deixei bem claro que não queria nada sério, então eu simplesmente não entendo o porquê de você do nada aparecer com esse papo pra cima de mim! — Aomine respondeu, diferente da loira ele parecia estar mais calmo no entanto seu interior fervia tanto quanto o dela.
— Então você acha que a culpa é minha?! — A loira riu sarcástica, fazendo o azulado revirar os olhos e bufar, se controlando para não explodir com a garota. — É tão difícil assim você me dar a porra de uma chance?
— Quantas vezes eu vou ter que repetir, Camille? — O maior respirou fundo, esfregando as mãos no rosto como uma tentativa de aliviar o estresse. — Eu nunca quis ter nada sério com você! Enfia isso na sua cabeça logo e para de me encher o saco, cacete!
A essa altura, os dois já se encontravam mentalmente esgotados. Essas discussões sempre sugavam uma energia absurda de ambos, e era extremamente cansativo o fato de que aconteciam tantas vezes sendo que nenhum suportava mais passar por isso.
Se dependesse de Aomine, ele já teria dado um fim nessa amizade colorida que eles mantinham a alguns meses, mas Camille sempre dava um jeito de fazê-lo pensar duas vezes antes de tomar alguma atitude. Fora que o garoto também não era o melhor em disfarçar, já que a esse ponto, havia se apegado a loira mais do que gostaria — mas não o suficiente para que se sentisse mal em cogitar se afastar dela.
— Vocês acham que devemos interromper? — Kise perguntou, tirando a toalha úmida do pescoço.
— A não ser que queira o Aomine gritando com você também, é melhor ficar na sua. — Midorima disse, suspirando ao cruzar os braços.
— Então a melhor opção é deixar eles ali até se matarem? — Kagami perguntou, não escondendo o fato de estar tão indignado quanto Kise com a situação em que se encontravam.
— Exato. — O esverdeado respondeu simples, dando de ombros. Murasakibara deu de ombros, concordando em silêncio com Midorima.
— Fala sério, a gente não pode deixar eles alí discutindo desse jeito no meio do nosso treino! — Apesar de não estarem demonstrando, todos ali estavam tão incomodados quanto Kise e Kagami.
— Kise tem razão. — Akashi se levantou do banco onde descansava. — Eu vou lá resolver isso, fiquem aqui.
Deixou a toalha que estava em seu ombro no banco, caminhando em passos calmos até a porta do vestiário. Quanto mais se aproximava, mais as vozes alteradas pareciam mais altas e mais exaltadas. Normalmente, Aomine conseguia dar um jeito de parar a discussão sozinho, mas quando isso não acontecia Akashi era quem fazia isso. Por mais que não gostasse daquilo, o de cabelos rosados já estava acostumado a lidar com coisas daquele tipo, mas com certeza nunca se sentiria confortável ao se envolver nessas situações.
Akashi respirou fundo antes de abrir a porta, fazendo os dois ali dentro cessarem a discussão e o encararem em surpresa. Adentrou a sala, fechando a porta atrás de si e se aproximando de ambos que continuaram calados na presença do capitão. Sabiam que quando chegava ao ponto de Seijurou ter de interferir nas brigas, significava que já tinham ultrapassado o limite do aceitável.
— Já chega. Eu sei que estão no meio de uma discussão, mas entrar desse jeito no meio do nosso treino é totalmente inconveniente e sem noção Camille. — Encarava os dois firmemente, não se deixando abalar pelo olhar de raiva que ambos tinham no rosto. — E Aomine, você mais do que ninguém deveria saber que esse tipo de coisa afeta o time, e eu não posso deixar isso acontecer. Eu não vou me meter nesse rolo de vocês mas se forem resolver seus problemas, façam isso fora daqui.
Aomine o encarou irritado, com o cenho franzido e punhos fechados. No entanto, nada disse; Akashi era seu capitão e sabia que ele estava certo, então contrariar suas palavras no momento não era a melhor opção. Já a garota ao seu lado que tinha os lábios contraídos na tentativa de segurar o choro, desviou o olhar ao ouvir o que Seijurou disse, um tanto envergonhada mas acima de tudo, frustrada.
— É melhor você ir embora agora Camille. — Akashi olhou para a loira, que não levou muitos segundos para sair da sala sem olhar para trás.
Aomine bufou, segurando um grunhido enquanto passava a mão pelo cabelo nervoso, apertando os fios azuis com certa força ao tentar se acalmar minimamente. Já havia discutido com Camille diversas vezes, mas a cada vez ficava mais cansativo e estressante ainda. Mesmo que tentasse evitar essas situações o máximo que podia, simplesmente não conseguia graças a seu pavio curto e a insistência da garota. Agora, estava irritado por não ter conseguido se controlar e acabar arruinando um treino — coisa que já havia acontecido mais de uma vez.
— Se o técnico estivesse aqui você levaria uma bronca, e por esse tipo de coisa estar acontecendo com frequência ele não pensaria duas vezes antes de te substituir como titular. — Akashi foi direto, sabia que caso não falasse nada aquilo continuaria a acontecer, e ele não podia permitir isso. — Então se você realmente leva o que fazemos a sério, é melhor dar um jeito nisso, porque ninguém aguenta mais essas brigas.
Como capitão, Akashi tinha que garantir o bem-estar dos jogadores, então de todos os outros ele definitivamente era o mais preocupado. As discussões de Aomine e Camille logo começariam a afetar o garoto mais profundamente, o que consequentemente afetaria o desempenho dele e o do time em conjunto. Odiava pensar que, mesmo não estando juntos como um casal, aqueles dois causavam tanto drama.
— É melhor não voltar pro treino agora. Com os nervos á flor da pele desse jeito, não vai conseguir manter o foco. — Akashi se aproximou do azulado, colocando a mão em seu ombro na tentativa de tranquiliza-lo. — Vai pra casa.
O mais alto o olhou incrédulo, claramente não gostando de ouvir a ordem dada por seu capitão. No entanto, não poderia fazer nada até porquê, como sempre, Akashi estava certo. Por não ter sido capaz de se controlar, acabou ajudando a estragar o treino de seus companheiros de time, e não poderia continuar ali até que se acalmasse propriamente. O nervosismo que o consumia agora era substituído por frustração, e logo seu rosto expressava irritação novamente.
— Foda-se! — Se desvencilhou do toque de Akashi abruptamente, dando as costas ao menor e saindo do vestiário com pressa, batendo a porta atrás de si com força o suficiente para fazer o barulho ecoar pelo ginásio inteiro.
Ao atravessar todo o perímetro da quadra em passos rápidos e cara fechada, Aomine sequer notou a preocupação que o rosto de seus companheiros exibia enquanto pegava sua bolsa do banco onde todos estavam sentados, o observando juntar suas coisas com pressa. Estava cego de raiva e frustração, então a única coisa que queria naquele momento era sair dali logo.
Já do lado de fora do centro de basquete da universidade, Aomine ainda caminhava em passos pesados pelo campus. Não seguia uma direção exata, apenas queria encontrar algum lugar vazio onde pudesse esfriar a cabeça. Sua mente estava uma bagunça, seu sangue ainda fervia e o estresse fazia seu corpo doer ao ter que conter aqueles sentimentos todos que com certeza eram capazes de fazê-lo cometer alguma besteira.
Sempre que ficava assim após uma briga com Camille, evitava de ficar perto de alguém. Sua instabilidade poderia facilmente fazer com que magoasse qualquer um que chegasse perto, e definitivamente não queria decepcionar seus amigos quando estes tentavam o ajudar em um momento difícil.
Aomine estava cansado desse drama todo mais do que qualquer um. Por mais que não fosse exatamente uma situação fácil de se lidar, o garoto tinha em mente que a solução mais viável era dar um fim na relação com Camille. Não era tão simples assim, mas tentaria fazer isso o quanto antes, só não hoje.
Por mais que fosse importante colocar um ponto final na amizade colorida que tinha com Camille, essa noite Aomine daria prioridade a sua diversão. Não deixaria de curtir a festa por causa da garota — ela aparecendo na fraternidade ou não, Daiki faria questão de aproveitar cada segundo.
O azulado decidiu parar na praça, que no momento estava relativamente vazia. Muitos estavam em horário de aula ainda, então poucas pessoas perambulavam pelo campus. O garoto agradeceu por aquilo mentalmente.
Sentado em um dos bancos de madeira abaixo de uma árvore que criava uma sombra fresca, Aomine estava com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça pendendo para baixo. Seus olhos estavam fechados, em sua cabeça repassava tudo o que tinha acabado de acontecer enquanto pensava na melhor maneira de lidar com tudo aquilo até que o fim de semana acabasse.
Depois de alguns minutos, chegou a conclusão que seria melhor deixar isso para depois. No momento, precisava relaxar e voltar para casa, deixaria para pensar naquilo tudo após a festa. Aomine pegou o celular da bolsa, vendo algumas notificações e dentre elas, mensagens vindas de Kuroko, que perguntava se ele já estava em casa e se já estava melhor. Decidiu não respondê-lo agora, queria que seu amigo continuasse a treinar sem interrupções ou preocupações em mente.
— É tão convencido das suas habilidades a ponto de fugir de um treino ou aconteceu alguma coisa pra você estar aqui a essa hora? — De repente, uma voz doce e familiar soou atrás de si.
Não demorou até que o característico perfume da Dior de fragrância floral invadisse as narinas de Aomine, que suspirou ao inalar mais do aroma viciante. O azulado sabia muito bem quem estava ali, e não precisou olhar para trás para saber que você tinha no rosto o seu famoso sorriso presunçoso.
— E eu poderia dizer a mesma coisa sobre você. O que tá fazendo aqui a essa hora, gatinha? — O tom de voz sarcástico acompanhado de um sorriso ladino tomou conta do rosto de Aomine, que a encarou por cima do ombro.
Você vestia uma camisa de botões branca que estava com a barra por dentro de sua saia plissada preta qual alcançava a sua cintura, usava uma meia-calça preta de tecido fino e sapatos Mary Jane de salto. Seu visual parecia simples, mas o colar envolta de seu pescoço que carregava um pingente de borboleta coberta de diamantes da Graff e a bolsa preta da Prada em seu ombro indicavam que você estava bem longe de ser uma pessoa simples.
Por mais que sua presença nos treinos e até mesmo na fraternidade fosse comum, você e Aomine sabiam pouco um do outro. A marra toda do garoto era algo que te intrigava já que você era tão prepotente quanto ele, o que resultava em provocações vindas de você que eram igualmente revidadas por Daiki. Não chegavam a ser exatamente amigos, mas não negariam o interesse mútuo que tinham desde que se conheceram.
Você soltou uma risada fraca, saindo de trás de Aomine e se aproximando dele, se colocando sentada na extremidade oposta a do azulado, que esticou o braço no encosto do banco para te encarar, a observando tirar de dentro de sua bolsa um gloss de cereja e um pequeno espelho portátil redondo, que reluzia contra a luz do sol por ser dourado.
— Fui liberada da minha aula mais cedo hoje, então resolvi vir ver o treino de vocês. Mas, aparentemente o craque não está na quadra. — Disse abrindo seu gloss, posicionando o espelho em frente ao rosto e focando em seus lábios.
— Então quer dizer que minha presença faz diferença pra você? — Falou convencido, te observando atentamente enquanto retocava o gloss adocicado nos lábios cintilantes.
Aomine tinha de admitir a si mesmo, a cena de você concentrada em espalhar o líquido viscoso e avermelhado quase transparente nos lábios brilhantes e de aparência convidativa era extremamente atraente. O azulado te encarava descaradamente e com um sorriso ladino, não se importando quando você o olhou de canto de olho e revirou os olhos.
— O mundo não gira ao seu redor, baby. Se acha que eu me importo com o motivo de estar aqui agora, está redondamente enganado. — Esfregou os lábios um no outro, espalhando o gloss ainda se olhando pelo reflexo do espelho para evitar qualquer borrado.
Aomine nunca deixaria de se impressionar com a sua audácia de falar com ele naquele tom. O fato dele não se sentir ofendido quando o retrucava com aquela postura esnobe o fazia se sentir internamente ridículo. E, de certa forma, parecia que você sabia o efeito que aquilo causava nele. Talvez ter o ego tão inflado quanto o dele fosse o suficiente para você conseguir confronta-lo de igual para igual.
— Que língua afiada senhorita Ferri, é melhor tomar cuidado ou vai acabar se cortando. — Revidou, cruzando os dedos atrás da cabeça e a apoiando nas mãos, fechando os olhos.
— Você já viu uma cobra morrer com o próprio veneno? — Devolveu, fazendo o maior soltar uma risada anasalada e murmurar um "touché".
Encarou Aomine, que continuava com a cabeça tombada para trás, olhos fechados e um pequeno sorriso nos lábios. Se perguntava como alguém conseguia ser tão atraente assim; você nunca deixaria de reparar no quão bonito ele era. Sua pele morena brilhava com a luz do sol assim como o brinco de cristal em sua orelha, a tatuagem no pescoço dava mais destaque a mandíbula definida, os braços musculosos e com algumas tatuagens estavam expostos graças a regata branca que usava e pelos céus, o perfil dele era perfeito.
A fama de Aomine ser um típico jogador de basquete mulherengo não era atoa, e mesmo assim, ele foi capaz de cativar seu interesse. Se perguntava se Daiki era algo a mais além de um rostinho bonito e um poço de arrogância.
— Tira uma foto, dura mais. — Os olhos azuis safira profundos e afiados se abriram quando notou seu olhar sobre si, fazendo você soltar uma risada anasalada.
— Você fala como se não fizesse o mesmo comigo. — Guardou seu espelho e o gloss de volta na bolsa, mantendo seus olhos presos nas orbes intensas do azulado.
Seus olhares se encontraram, e naquele momento qualquer um que os visse notaria a tensão entre vocês. Você logo desviou os olhos, quebrando o contato visual quando se lembrou que precisava ir para o centro de basquete assistir ao treino do time. De qualquer forma não pretendia continuar ali por muito mais tempo com Aomine.
— Acho que já sei o que aconteceu pra você estar aqui. — Você diz ao se lembrar de algo que viu enquanto saia do prédio onde estudava. No entanto, antes que Aomine a questionasse sobre isso, continuou. — A festa dessa noite vai ser boa pra melhorar o seu humor.
— Você vai ir então? Achei que a princesinha tinha assuntos mais importantes a tratar. — Arqueou a sobrancelha, a olhando pelo canto do olho.
— É a primeira festa desse semestre dada pela Vorpal, se eu não fosse o Kagami me mataria. — Ajeitou a bolsa no ombro, se levantando do banco. — Para sua infelicidade, eu tenho que ir agora. Se eu não aparecer no ginásio, meu melhor amigo vai começar a me caçar.
Não se preocuparam em se despedir; sabiam que se veriam mais tarde na festa da Vorpal. Deixando Aomine para trás, que suspirava enquanto se levantava do banco para seguir o próprio rumo em direção a fraternidade, você caminhou em passos rápidos até a entrada do centro de basquete.
Depois de tantas idas ao lugar, já o conhecia quase que por completo então não demorou até que atravessasse a porta dupla do ginásio. Seus olhos varreram a quadra que era preenchida pelo familiar som dos tênis derrapando e das bolas de basquete pesadas batendo contra o chão, e logo avistou Kagami e Kuroko treinando passes juntos, que sorriram em sua direção quando notaram sua aproximação. Olhando em volta viu os outros garotos concentrados em outras atividades, então decidiu não cumprimentá-los para não atrapalhar.
— Conseguiu ser liberada mais cedo aparentemente. — O de cabelos vermelhos disse ofegante, e você assentiu com um sorrisinho.
— Inclusive, enquanto vinha pra cá encontrei com o Aomine. — Falou enquanto andava com os garotos até os bancos, onde deixou sua bolsa.
— Vocês conversaram? — Kuroko perguntou curioso. Você conversar com Aomine não era algo exatamente frequente, então o garoto estava intrigado, principalmente pelo fato do moreno não estar no melhor dos humores depois da discussão.
— Um pouco. Mas eu já sabia o porquê dele não estar no treino. — Os garotos franziram o cenho, confusos. — Antes de encontrar ele, vi a Camille chorando perto do prédio de Direito.
Os garotos se olharam, Kagami balançou a cabeça negativamente e Kuroko coçou a nuca. Aquilo só confirmou a sua dedução.
— A discussão foi feia? — Perguntou, cruzando os braços enquanto os encarava com a sobrancelha arqueada.
— Dessa vez o Akashi teve que interromper. O Aomine saiu puto daqui, não falou com ninguém. — Kagami disse, colocando as mãos no quadril. — Essas discussões tão ficando frequentes demais e isso vai começar a mexer com ele.
— Espero que aqueles dois não briguem na festa. — Falou, suspirando. — Sinceramente, seria melhor se o Aomine desse um fim nisso logo. Mas, isso já não é problema meu.
Os garotos afirmaram com a cabeça, mas não disseram mais nada. Não era exatamente o melhor momento para conversar sobre isso, então os três resolveram não estender o assunto. Depois de trocarem mais algumas palavras, Kagami e Kuroko voltaram a treinar e você permaneceu sentada no banco, com as pernas cruzadas e se apoiando com ambos os braços na superfície macia.
Enquanto observava seus amigos treinarem, pensava sobre a noite que teria. Você tinha algumas expectativas em relação a essa festa; pretendia aproveitar o máximo possível e não se seguraria em nenhum momento. A verdade era que estava na espera de que algo bom o suficiente fosse acontecer, já que ultimamente nada de diferente havia acontecido na sua vida.
Se perguntava se realmente algo de interessante aconteceria consigo naquela noite.
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Primeiro capítulo da fic! Tô animada pra escrever ela, e espero que estejam tão ansiosos quanto eu pra acompanhar o desenvolvimento da história <3
Me digam o que acharam, não esqueçam de comentar e dar estrelinha! O apoio de vocês nessa fic vai ser de extrema importância, já que como eu disse no capítulo de introdução, KNB não é um anime tão engajado.
Outra coisa importante, é que eu só vou focar nessa fic quando eu finalizar Or Nah! Até lá, vou deixar essa aqui de lado, mas saibam que durante esse tempo vou estar trabalhando nos próximos capítulos.
Como sempre, não tenho data pra nada então terão que ter paciência até lá :c
De qualquer forma, estou feliz em postar White Tee! Sinto que vai ser divertido escrever ela e torço pra que seja igualmente legal pra quem ler.
Enfim, desculpem qualquer error e espero que tenham gostado!
Até o próximo capítulo♡
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03.07.2022 𝅛 ©𝖺𝗋𝖼𝗏𝗂𝗌𝗍𝖾
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