━━ Aizawa Shota

ꜥꜤ ❛ TEACHER ▍𝄒𓏲࣪ !
⩇⩇. ╲ 𝐚 𝐛𝐨𝐤𝐮 𝐧𝐨 𝐡𝐞𝐫𝐨 𝘰𝘯𝘦 𝘴𝘩𝘰𝘵
𝗔𝗜𝗭𝗔𝗪𝗔 𝗦𝗛𝗢𝗧𝗔 × fem!oc
⛩️ 𓄹 escrito por 𝖞𝖚𝖐𝖎



Hoje o dia estava sendo mais cansativo do que o de costume, sem qualquer chance ou expectativa de melhora até Mic se oferecer para dar uma aula extra no meu lugar em um dos intervalos da turma da 3-A e me poupar de uma terrível ardência nos olhos que sentia que estava prestes a se fazer presente se continuasse com as práticas intensas.

Imaginei em um breve delírio de esperança que talvez estaria livre pelo resto da tarde para colocar outros assuntos da escola em ordem ou auxiliar Eri com o seu novo treinamento, mas Midoriya apareceu com uma garota desconhecida que acabou apresentando para todos como Erika, e os meus planos foram completamente deixados de lado.

Eu entendia que ele confiava em mim para ajudá-la quando a deixou comigo, mas a realidade é que eu não sabia exatamente como lidar com ela diante da circunstância, e muito menos se deveria fazer alguma coisa além do mais óbvio em uma situação como essa que seria levá-la para as autoridades competentes que resolveriam o seu problema.

Estava em conflito sobre a melhor decisão a se tomar pela primeira vez em muito tempo, pois conseguia sentir que existia algo de diferente nela que merecia alguma atenção, e sua postura deslocada era incomum demais para ser simplesmente ignorada. Além disso, ela se encontrava nas propriedades do colégio no momento, o que a tornava nossa responsabilidade independente de outros fatores.

Com isso em mente, percebi que não havia um grande leque de possibilidades ao meu dispor, então apenas continuei a guiando pelos corredores da escola enquanto continuava a nossa conversa sobre sua repentina aparição.

─ Então, você disse algo sobre não ser daqui? ─ perguntei com certa preocupação, seguindo o cenário que Midoriya havia explicado anteriormente.

Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos antes de me direcionar um: ─ Desculpe, senhor Aizawa. Você pode repetir, por favor?

Estive notando esse ponto desde que ela chegou, e estava sendo mais uma das dificuldades da nossa dinâmica. Pelo visto o japonês não era a sua primeira língua, logo eu teria que tentar facilitar as coisas para ela. Soltei um suspiro, voltado a me repetir de uma maneira mais clara.

─ Você estava falando sobre não ser daqui. Tem algo sobre o qual você se lembra antes de Midoriya te encontrar?

─ Sim, lembro de estar no carro com os meus pais e... ─ ela hesitou em suas palavras, como se estivesse refletindo seu próprio raciocínio ─ E depois acho que desmaiei antes de acordar aqui? Para ser sincera, não lembro exatamente o que aconteceu.

─ Certo, isso é no mínimo estranho ─ minhas sobrancelhas se franziram em concentração enquanto pensava no assunto, e tive que me forçar a relaxar a expressão novamente ─, mas não se preocupe pois vamos tentar lidar com a sua confusão. Você está com o seu celular ou tem o número dos seus pais?

─ Acho que sim, mas esse não é o problema. Esse lugar não é a minha cidade, e tenho medo de que eu esteja muito longe de casa.

─ E qual seria a sua cidade, então?

Ela fez um sinal com as mãos para que eu esperasse e começou a procurar algo no bolso, estando com certa dificuldade de encontrar o que quer que estivesse ali. Possivelmente o celular, pela maneira como ela tentava o encontrar durante a conversa. A história ficava cada vez mais confusa, mas não a pressionei por uma resposta devido ao seu estado.

Enquanto ela procurava, alguns dos alunos passaram pelo corredor ao nosso lado conforme andávamos, e a atenção de Erika desviou para eles quase de imediato. Ela parecia uma criança curiosa observando cada detalhe que seus olhos podiam capturar para registro, e sua mente provavelmente havia se esquecido do telefone a esse ponto.

─ Todos aqui são bem diferentes, não é? ─ ela quebrou o silêncio, virando a cabeça para trás para acompanhar o passo de cada pessoa.

─ Com diferente, você quer dizer...

─ As cores de cabelo, as roupas e estilos, a aparência em geral. Todos aqui parecem ser diferentes do que estou acostumada ─ ela pontuou e voltou a olhar para mim com interesse.

Achei um pouco de graça em como ela citava as pessoas como alguém que havia acabado de chegar em um mundo completamente fora da realidade, mas decidi não comentar sobre essa ideia. Quando finalmente alcançamos a sala dos professores, abri a porta e dei um espaço para que ela pudesse entrar primeiro.

─ Bom, se for pensar assim, você também é muito diferente.

Erika franziu o cenho e passou pela porta, mas parou quando percebeu o espelho na parede ao lado da mesa principal, e jurei que ela fosse ficar paralisada no lugar com a expressão de pura dúvida que se formou em seu rosto.

─ Espera. Sou eu mesma ali, de verdade?

Ela começou a se aproximar mais do espelho e empurrou levemente as pálpebras com os dedos, sua reação se assemelhando a antes como se também estivesse vendo a cor de seus olhos pela primeira vez.

Não hesitei em fazer meu caminho até ela para entender o que estava acontecendo naquele reflexo e segui sua locomoção com o olhar por curiosidade. Eram realmente tons muito bonitos e incomuns de azul e castanho, um caso raro de heterocromia muito semelhante a de Todoroki. Assim como a cor pura de seu cabelo, branco como um floco de neve em um dia de inverno.

Mas além desses pequenos detalhes, não existia nenhum elemento que justificasse sua surpresa pela própria aparência, e isso me deixou intrigado de uma forma que incomodava. Levantei a sobrancelha, esperando que ela tivesse uma boa resposta ou justificativa.

─ Pensei que estivesse ficando louca a poucos minutos atrás quando vi meu reflexo. Mas essa sou eu mesmo, não é? ─ ela repetiu, dessa vez em um tom mais resignado.

─ Suponho que sim. Por que não seria você?

Antes que ela me respondesse, Eri passou pela porta aberta da sala e veio correndo até mim para me dar seu usual abraço, seu olhar atento imediatamente caindo sobre a nova figura presente na sala na qual ela costumava ficar sozinha durante os meus intervalos.

─ Quem é essa? Aluna nova? ─ ela perguntou, seu semblante cheio de esperança.

Não esperava que Eri fosse chegar mais cedo hoje, e imediatamente olhei no relógio da parede para conferir se eu não estava errado sobre o nosso combinado, mas a hora era exatamente a mesma de sempre. Talvez eu estivesse apenas perdendo a noção do tempo, afinal.

─ Não, essa é a Erika. Estou apenas ajudando ela com um pequeno... problema ─ expliquei com calma enquanto ela mudava a posição para apenas ficar próxima de mim ─ Erika, essa é a Eri.

Erika acenou com a cabeça com um sorriso, mas Eri aparentava estar animada demais para cumprimentá-la apropriadamente e apenas devolveu o sorriso antes de se voltar para mim.

─ Ela tem alguma individualidade? ─ ela continuou com o questionamento, visto que ainda não havia ativado a própria habilidade desde que não a permiti usar nos alunos novamente enquanto não terminasse o seu treinamento.

─ Boa tentativa, mas não vai ser dessa vez ─ baguncei seu cabelo afetuosamente antes de me afastar para pegar meu celular em uma das gavetas da mesa. Uma mensagem para o diretor seria uma ótima alternativa no momento para o outro caso que eu tinha nas mãos.

Eri pareceu chateada, mas precisei apenas virar as costas para que ela e Erika começassem a conversar como duas grandes amigas. Tinha que admitir que Eri havia mudado muito desde a sua chegada, e era ótimo vê-la se dando bem com desconhecidos com um maior nível de facilidade agora.

─ Você é muito bonita ─ escutei a voz dela e a risada de Erika em seguida, me fazendo voltar a prestar atenção nas duas novamente.

─ Você também é uma graça, sabia? Seus traços me lembram muito o de uma cosplayer ─ Erika se abaixou para ficar no mesmo nível de altura e Eri puxou sua mão para olhar curiosamente o artefato em seu pulso.

─ Eu gostei da cor da sua pulseira, combina com seus olhos.

─ Sério, você acha? Esse foi um presente da minha mãe.

Eri ficou pensativa, absorvendo aquela informação por um momento. Sua expressão logo se iluminou quando ela lembrou de sua própria criação, algo que eu já estava esperando quando ela citou a pulseira.

─ Eu também fiz uma para dar de presente. Você quer ver? Tem pérolas verdes nela.

Um sorriso quase imperceptível surgiu nos meus lábios com aquela interação, mas não demorei muito para acompanhar o desfecho e logo desviei o olhar para o telefone mais uma vez para finalizar meu objetivo.

Em algum momento em que procurava o nome de Nezu e mandava a mensagem na tela à minha frente, Eri subiu em um banquinho para pegar a caixa na qual guardava sua pulseira e seu peso fez com que outro objeto da prateleira de cima deslizasse do lugar; o aparelho de som que Mic esteve testando a funcionalidade por semanas.

Entrei em alerta para tentar pegá-lo assim que detectei a cena no meu campo de visão - mesmo que eu estivesse distante para chegar a tempo -, mas então Erika o segurou no ar com uma agilidade impressionante antes que eu sequer tivesse a chance.

─ Ótimo reflexo, garota ─ elogiei quando ela colocou o objeto na mesa com cuidado.

─ Obrigada, mas não acho que tenha sido tão bom assim ─ ela deu outra olhada no aparelho, depois para sua mão com um pouco de desconfiança.

─ Se quiser saber, eu reconheço essa mesma agilidade apenas em heróis profissionais.

Era verdade, porém. Desconfiava que ela possuía uma certa competência desde o começo, e não dava para saber ao certo se ela tinha ou não uma individualidade a ser trabalhada, mas sua habilidade natural parecia excelente. Ela com certeza seria uma aluna com muito potencial na U.A se as condições atuais fossem diferentes.

Sabia que tinha que me manter ocupado tentando resolver a situação dela até que eu tivesse certeza que ela estava segura com os pais primeiro, mas eu já havia mandado uma mensagem informando tudo para Nezu e teria que esperar ele responder de qualquer maneira, então uma ideia repentina surgiu em minha mente.

─ Venha comigo um instante. Vou te ensinar um ponto para ficar melhor nisso ─ verbalizei meu pensamento, voltando a guardar o celular na gaveta onde estava.

─ Posso ir também? ─ Eri queria mesmo uma oportunidade para usar sua individualidade e entreguei a ela um olhar que ela reconhecia, um que não era severo, mas que havia se acostumado a entender quando eu não concordava com a ideia ─ Certo, eu tenho que terminar minha lição primeiro.

─ Você pode me mostrar sua pulseira depois, tá bom? Eu ainda quero ver ─ Erika disse com um sorriso caloroso, ajudando a melhorar o humor da mais nova.

Eri, no entanto, apenas acenou com a cabeça hesitantemente e depositou a caixa em suas mãos no mesma mesa para se sentar em uma das cadeiras que adotou como sua na sala, observando enquanto eu e Erika saímos pela porta com uma pontada de decepção.

Fiz uma anotação mental de que deveria deixar ela praticar em breve para cessar sua curiosidade de evolução, e levei Erika até um dos campos de treinamento vago, um lugar onde geralmente ficavam os dispositivos que usávamos nas aulas. Os alunos estavam ocupados em outro espaço, então era o momento perfeito para um breve ensinamento.

Não esperei ela ficar confortável e se acostumar com aquele ambiente e logo joguei um bastão de madeira que ficava ao lado do interruptor em sua direção assim que o liguei, percebendo que ela estava simplesmente andando até o meio da nova sala sem uma pausa.

Como esperado, ela deixou escapar um resmungo surpreso e errou o tempo certo de capturar o objeto nas mãos, o fazendo cair no chão ao seu lado com um som oco que ecoou pelo recinto que se encontrava silencioso.

─ Perdão pelo susto, eu queria testar algo ─ entrei na sala definitivamente e me aproximei dela, me abaixando para pegar o bastão.

─ Testar o que? Minha agilidade? ─ ela ergueu a sobrancelha, estudando meus movimentos.

─ Mais ou menos. Seus reflexos são bons, melhores do que os dos meus alunos. Mas você provavelmente usa por instinto, sem saber exatamente como funciona.

─ Mas reflexos não são puro instinto por natureza? Pensei que essa fosse a ideia.

─ Em partes, você está certa. Só que eles também são influenciados por emoções, e você consegue ter um melhor controle quando percebe o funcionamento das coisas ao seu redor e guia as reações para a autopreservação.

Consegui notar a confusão estampada em seu rosto com as minhas palavras e me afastei para deixar o bastão em seu local de origem antes de começar a tentar explicar de maneira prática.

─ Veja, antes você conseguiu pegar o aparelho porque ficou surpresa e conhecia as condições do lugar. Agora, você não conseguiu desviar porque além da surpresa também existia o medo do que poderia acontecer com você, já que não conhece nada nessa sala.

─ Eu não penso em nada disso quando consigo fazer algo, eu só me movo.

─ Você pode até não pensar sobre isso, mas seu corpo sim. Se você souber que sempre existe uma ameaça iminente, seu tempo de reação é melhor. Então sempre estude muito bem o tipo de ambiente assim que entrar nele, e aprenda a lidar e a usar ao seu favor o gatilho da emoção que sente antes da sua reação.

─ Eu consigo controlar como vou reagir se souber controlar os gatilhos das emoções. Tudo bem... eu acho que consigo entender ─ seu tom não era nem um pouco confiante, mas ela parecia estar se familiarizando.

─ Perfeito. Mas isso não vai funcionar em todos os casos, já que nem sempre temos tempo para analisar tudo. É por isso que suas habilidades naturais também precisam estar afiadas ─ pausei por um momento, olhando ao redor da sala enquanto ela absorvia aquilo ─ Vamos ver se você consegue ter o mesmo resultado de antes. Vou procurar um dispositivo por aqui que se encaixe no seu caso.

─ E o que aquela coisa faz? ─ ela perguntou de repente, e sua voz me chamou a atenção para sua figura, seus olhos fixos em uma das máquinas de percurso de treino.

─ Isso? Você precisa estar em movimento e se locomover para o outro lado para desviar dos obstáculos que vem em sua direção e mudam de posição. Geralmente usamos com alunos com individualidade de movimentação rápida.

─ Individualidade, heróis... ─ ela murmurou baixinho para si mesma, e quase não consegui escutar o que ela falou a seguir ─ Que tipo de lugar é esse?

─ O que disse?

─ Eu poderia tentar esse?

Escutei a pergunta atentamente e ficamos nos encarando em silêncio pelo que pareceu uma eternidade até que eu colocasse algum significado, meus sentidos entrando em modo de alerta na procura da fonte da minha hesitação.

Eu sabia que ela gostaria de dizer mais do que demonstrava, e ainda estava um pouco perdido sobre sua presença. Ela era uma grande incógnita, e eu podia sentir um leve traço de nervosismo irradiando dela quando a observava por esse ponto de vista.

Mas mesmo que não tivesse as respostas que precisava no momento, aquela máquina era verdadeiramente uma ótima opção para colocar reflexos em prática, portanto, apenas relevei a situação em que nos encontrávamos por enquanto e concordei com a cabeça.

─ Claro, fique à vontade. Os obstáculos são de borracha, você pode dar o seu melhor.

Por um simples costume de segurança, esperei ela ligar a máquina e o sistema começar a funcionar corretamente antes de deixá-la sozinha para procurar pelo cronômetro digital e o dispositivo de teste de velocidade que sempre ficavam dispostos em cima de uma das estantes do local.

Com os resmungos e reclamações quietas que ela começou a soltar ocasionalmente, podia apostar que seu corpo estava passando por uma pequena crise em acompanhar o ritmo do percurso como todos os alunos no começo do treinamento, mas ela também não estava parando a máquina.

─ Pensar nas possibilidades o tempo todo é estressante, eu podia apenas ser mais rápida ─ ouvi ela dizer em um idioma desconhecido depois de um tempo, o som ágil e característico dos objetos trocando de posição para desvio se fazendo presente novamente. Eu não havia entendido sua frase, mas seu tom me fazia pensar que ela estava frustrada.

Assim que estava prestes a tentar acalmá-la e guiá-la para um truque na máquina, me virei e percebi que ela não estava mais lá. Era como se tivesse simplesmente desaparecido da existência. Olhei para a porta para conferir minhas suspeitas, mas ela estava fechada do mesmo jeito que deixamos, o que me fez estreitar os olhos em completa incerteza.

Talvez ela realmente fosse diferente, pois um civil comum jamais teria essa capacidade de desaparecer sem rastros a não ser que fosse obra de algum vilão. Mas então foi que me dei conta de algo, e agora não importava se ela tinha uma individualidade própria ou não. Eu não fazia a mínima ideia de onde ela poderia estar.

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