022
CAPÍTULO VINTE E DOIS:
.✧
Tabby.
Acordei com o som irritante de pedrinhas batendo na minha janela. Por alguns segundos, minha mente nublada pelo sono tentou ignorar o som insistente, mas bastou uma dessas pedrinhas acertar meu rosto para que eu perdesse a paciência.
─ Aí! ─ Resmunguei, levando a mão ao rosto.
Queria muito apenas voltar a dormir, mas o som irritante continuava. A luz do amanhecer entrava pela janela, e só então percebi o erro de ter esquecido as cortinas abertas. A claridade me fez apertar os olhos, e suspirei irritada. Então outra pedrinha me atingiu, dessa vez na testa. Perdi a paciência.
─ Seja você quem for, é melhor correr! ─ Gritei, já indo em direção à janela.
Lá embaixo, vi Paul, prestes a dar meia-volta e sair correndo.
─ Parado aí, delinquente! ─ Apontei para ele, minha voz firme.
Ele congelou ao ouvir minha voz, voltando a olhar para cima com a cara mais lavada do mundo e um sorriso amarelo que me fez revirar os olhos.
─ Finalmente acordou. ─ Ele comentou "casualmente", coçando a nuca, como se não tivesse me acordado de forma tão irritante.
─ Por que você não entrou, idiota? ─ Reclamei, lançando-lhe um olhar fulminante. Nem sabia que horas eram, mas tinha certeza de que era cedo demais para mim.
─ Sua mãe não está ─ Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Suspirei, cruzando os braços e encarando-o lá embaixo.
─ E por que não pulou a janela?
Ele abriu a boca para responder, mas continuei antes que pudesse dizer qualquer coisa.
─ Quer saber? Não importa. O que importa mesmo é: por que diabos você está me acordando?
─ Reunião da matilha, na casa do Sam. Agora. Inclusive, estamos atrasados. ─ Paul respondeu, soltando um suspiro preguiçoso.
Franzi o cenho tentando entender por que tanto alarde a essa hora da manhã. Me virei levemente olhando para o relógio na mesa ao lado da minha cama: eram apenas nove da manhã.
Havia passado a madrugada inteira na ronda com o Seth ─ como uma babá de lobinho ─ por decisão do Sam, claro. Ele achava que Seth precisava de supervisão, e até entendia, mas a ideia de ter que levantar agora era um martírio.
De qualquer forma, não foi exatamente um sacrifício. Seth é um fofo e vê-lo tão animado com toda essa história de lobo me fez repensar minha própria visão sobre tudo isso.
─ Qual o motivo da reunião? ─ Perguntei, voltando minha atenção para o Lahote.
Paul deu de ombros, sem saber, e apenas suspirei. Já estava acordada mesmo, então que diferença faria?
─ Vou só escovar os dentes e trocar de roupa. Vai me esperar? ─ Perguntei, esperando que ele ao menos me desse esse tempo.
─ Só abre a porta ─ Ele pediu, revirando os olhos.
Desci para destrancar a porta, e ele subiu atrás de mim enquanto eu me dirigia ao banheiro. Enquanto escovava os dentes e trocava de roupa, ele foi jogando conversa fora, até eu ficar pronta e finalmente sairmos.
A caminhada até a casa de Sam foi tranquila, e como sempre, Paul estava pronto para começar as provocações.
─ E então… você e o Cullen? ─ Ele perguntou, dando o pontapé inicial para a conversa que eu já esperava.
─ Ainda não existe um "eu e o Cullen". ─ Retruquei, tentando soar indiferente.
Mas, no fundo, eu mesma sabia que não era uma questão tão simples assim. Nem eu sabia como definir aquela relação complicada.
Ele riu, mas desta vez me olhou com mais seriedade.
─ Gosta dele, não é? ─ Paul perguntou com um tom mais calmo, que eu raramente via nele.
─ Ele é meu imprinting, então não tem como odiá-lo, né? ─ Eu tentei soar casual, mas minha voz não parecia tão convicta assim.
─ Não é só isso. ─ Ele afirmou, me olhando como se soubesse mais do que eu estava disposta a admitir.
Rolei os olhos, sorrindo de lado.
─ Uau, Paul Lahote está tentando me dar conselhos amorosos? ─ Eu ironizei, rindo.
─ E você acabou de admitir que vocês têm uma "relação amorosa" ─ Ele pontuou, esperto.
Abri e fechei a boca algumas vezes, sem palavras. Ele realmente tinha me pegado. Meu celular tocou e eu o peguei no meu bolso vendo o nome "Edward" brilhar na tela.
─ "Somos só amigos". ─ Paul zombou, fazendo aspas com as mãos enquanto afinava a voz para me "imitar". Lembro de ter dito isso para ele quando Edward e eu começamos a passar mais tempo juntos.
Recusei a ligação, desligando o celular e colocando-o de volta no bolso. Paul me lançou um olhar inquisitivo.
─ Eu retorno depois. ─ Dei de ombros. Já estávamos chegando na casa do Sam, e eu não queria que todos ouvissem nossa conversa.
Assim que entramos, percebi que todos já estavam lá ─ menos Seth, provavelmente ainda dormindo profundamente. Jared nos lançou um olhar de quem estava prestes a fazer uma piada.
─ Olha quem resolveu aparecer. ─ Ele debochou.
Mostrei-lhe o dedo do meio, sem paciência.
─ Tenta passar a madrugada inteira em ronda e acordar cedo, idiota! ─ Retruquei, cruzando os braços.
Ele ergueu as mãos em rendição, mas o sorriso zombeteiro permaneceu. Minha atenção logo se voltou para Jacob, que estava no canto, mais silencioso do que o normal. Antes que pudesse pensar muito sobre isso, Sam chamou nossa atenção, o que trouxe o foco de todos de volta para o que realmente importava.
─ Um sanguessuga desconhecido esteve na casa do Xerife Swan ontem à noite. ─ Sam anunciou, lançando um olhar sério na minha direção.
─ O quê? Seja lá quem for, não passou pelas nossas terras ─ Deixei claro, antecipando qualquer insinuação.
Sam continuou, explicando a seriedade da situação e o risco que Charlie e Bella haviam corrido. Algo dentro de mim já sabia qual seria o pedido que ele faria em seguida.
─ Bella nos pediu ajuda para proteger a casa. Os Cullen não reconheceram o cheiro do vampiro, e não sabemos se ele pode voltar ou o que pretendia. ─ Ele disse finalmente.
No fundo, eu sabia que "Bella nos pediu" era uma forma sutil de dizer que ela havia falado com Jacob, e ele provavelmente havia contado a Sam. Lancei um olhar rápido a Jacob; ele já me observava, mas desviou o olhar quando percebeu que o notei.
─ Você quer que eu vigie a casa dela? ─ Perguntei, apesar de já saber a resposta.
Sam suspirou, como se soubesse que aquela tarefa seria, no mínimo, embaraçosa para mim e para Bella.
─ Nós vamos revezar ─ O Uley explicou. ─ Robin, você não pode evitar Bella para sempre.
Bufei, soltando uma risada amarga e deixando meus olhos se voltarem para Emily, no outro lado da cozinha, então para Sam novamente.
─ E você não pode evitar Leah para sempre, Sam ─ Rebati, com um sorriso sarcástico, me virando para sair.
─ Robin! ─ Ele chamou, sua voz soando mais autoritária do aue eu gostaria, parei, respirando fundo antes de me virar novamente. ─ Sabe que a Leah pode se juntar à matilha quando quiser ─ Continuou, em um tom que beirava a culpa.
─ E por que ela iria querer conviver com o idiota que partiu o coração dela? ─ Rebati, sem conseguir esconder minha irritação. ─ E por que você acha que a Bella gostaria que eu a protegesse? Me dá um tempo! ─ Balancei a mão no ar, saindo da casa e deixando-os para trás.
. . .
─ Quer dizer, eu não tenho nenhum problema em vigiar a casa dela. ─ Comentei, tentando acompanhar Leah enquanto ela ajustava as mesas para o horário de almoço. Desde que entrei na lanchonete, ela não parava um segundo, e me sentia quase uma sombra dela. ─ Mas eu não acho que a Bella vá me querer por lá, sabe?
Leah parou, os olhos fixos em mim, enquanto um suspiro resignado escapava de seus lábios.
─ Você sabe que eu não sou psicóloga, certo? E que isso aqui não é uma sala de terapia? ─ Ela ergueu uma sobrancelha de forma irônica, o que me fez bufar e cruzar os braços.
─ Eu te escuto quando você quer desabafar. ─ Retruquei, apontando para ela como prova.
Leah soltou uma risada, voltando a caminhar e organizar as mesas com um sorriso. Não aguentei e fui atrás dela, teimosa.
─ Claro, e depois joga na minha cara. ─ Ela rebateu, um sorriso debochado no rosto.
Senti uma pontada de culpa, percebendo como aquilo podia soar.
─ Foi mal, não quis dizer isso ─ Murmurei, sincera.
A Clearwater riu outra vez, mas agora o riso parecia mais leve, e eu percebi que ela estava apenas me provocando.
Dessa vez, sua risada foi mais verdadeira, e o sorriso nos lábios dela era quase acolhedor.
─ Eu só estou te provocando, Miller. Relaxa. Você pode reclamar o quanto quiser; eu vou te escutar. ─ Havia um toque genuíno em suas palavras, e eu me permiti sorrir de volta.
Leah era uma daquelas pessoas difíceis de decifrar, mas, estranhamente, parecia entender melhor o que passava pela minha cabeça do que eu mesma.
─ Obrigada. ─ Murmurei, grata.
Ela balançou a mão como se o agradecimento fosse desnecessário e logo caminhou até o balcão. Observei enquanto ela se curvava, pegando algo lá embaixo e voltando com um avental que ela estendeu na minha direção.
Pisquei, confusa.
─ Se vai ficar me seguindo pra lá e pra cá, pelo menos me ajuda na lanchonete. ─ Ela esclareceu, e eu vi seu sorriso se ampliando.
Soltei um "ah" de entendimento e aceitei o avental, erguendo-o e vendo o nome na plaquinha de identificação.
─ Quem é Tabby? ─ Perguntei, apontando o nome gravado.
Leah riu.
─ Por hoje, é você. ─ Ela sorriu e, antes que eu pudesse reclamar, a Clearwater me entregou uma bandeja cheia de vasos de flores. ─ Coloca isso no centro das mesas, vai.
Suspirei, mas resolvi obedecer. Leah tinha essa habilidade de me fazer fazer coisas sem sequer pedir de verdade. Com a bandeja em mãos, comecei a distribuir as flores, tentando manter o equilíbrio, enquanto ela continuava ajustando tudo ao redor.
─ Então... ─ Recomecei, quando Leah parou ao meu lado, ajeitando a mesa vizinha. ─ O que você acha sobre tudo isso?
Ela parou por um segundo, me olhando com a sinceridade cortante que eu já começava a associar a ela.
─ Acho que se eu fosse a Bella, eu te odiaria. ─ Leah disse, sem rodeios.
Murmurei um “compreensível,” assentindo, enquanto processava o comentário. Leah nunca me poupava da verdade ─ e, de certa forma, eu gostava disso. Pelo menos, com ela, eu sabia que não receberia palavras gentis, mas vazias.
─ Mas, ─ Leah recomeçou, e eu olhei para ela de relance, curiosa. ─ Ela acabou com o seu namoro primeiro, então... ─ Ela deu de ombros. ─ Vocês meio que estão quites.
Leah tinha razão, mas a verdade era um pouco mais complicada.
─ Não foi culpa dela ─ Eu a defendi, quase sem pensar. ─ Jacob quem agiu como um idiota.
Ela riu, um som que parecia conter certa irritação, e me lançou um olhar quase piedoso.
─ Ela sabia que vocês namoravam. Sim, o Jacob é o idiota-mor dessa história, mas ela também não ajudou muito, usando ele como muleta quando o sanguessuga a deixou. ─ Leah encolheu os ombros como se isso fosse evidente.
Suspirei, balançando a cabeça enquanto ponderava sobre isso.
─ Talvez você tenha razão. ─ Admiti, finalmente.
─ Eu sempre tenho razão. ─ Ela piscou para mim, com um ar convencido que me fez rir.
Eu realmente gostava de passar tempo com Leah. De alguma forma, a honestidade crua dela era um alívio refrescante no meio de todo o drama.
─ E o médico bonitão? ─ Perguntei, mudando de assunto, e um sorriso travesso se formou em meus lábios enquanto a provocava.
Leah revirou os olhos e se afastou, voltando para o balcão com um suspiro quase exasperado.
A Clearwater havia descoberto que o seu imprinting era o novo médico do hospital de Forks. Ele fez quase todas as refeições dele aqui, por algum motivo, mesmo o hospital tendo sua própria cantina. Estou começando a acreditar que comida de hospital é realmente horrível.
─ Ele deve vir para o almoço. ─ Respondeu ela, relutante, ajeitando alguns talheres sobre o balcão. Ela se virou, me encarando. ─ Tem certeza que não acha ele estranho?
Pensei por um momento, deixando as lembranças dos poucos encontros com o tal médico passarem pela mente.
─ Ele parece meio reservado… ─ admiti, ponderando. ─ Mas nada demais. Vamos combinar que "estranho" é uma definição que se aplica mais a nós duas do que a ele.
Leah balançou a cabeça e suspirou, parecendo vagamente alheia, talvez um pouco imersa nos próprios pensamentos.
─ É, pode ser. ─ Murmurou, distante.
Terminamos de ajeitar a lanchonete e ainda sobrou um tempinho para conversarmos um pouco mais, dessa vez sentadas no fundo da lanchonete antes de finalmente nos despedirmos e eu voltar para a reserva um pouco mais leve.
Sem revisão.
Relevem os erros ortográficos.
Oioi, amores!
Voltei!
Não ia aparecer aqui tão cedo pq estava super chateada com um cometário sem noção que fizeram, mas a maioria de vocês não tem culpa se tem gente tão inconveniente por aí, e não seria justo.
O capítulo de hoje foi mais focado nessa amizade maravilhosa dessas duas divas.💖
Espero que gostem.
Xoxo, e até o próximo!😚👋🏼
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top