19| ᴜᴍ ᴀᴍᴏʀ ᴘᴜʀᴏ
CAPÍTULO DEZENOVE.
"O que há dentro do meu coração, eu tenho guardado pra te dar.
E todas as horas que o tempo tem pra me conceder, são tuas até morrer..."
ERA DIA DOS NAMORADOS e Shoyo havia levado Carol para uma roda de pagode. Ainda era quinta feira mas os
cariocas já se sentiam como se estivessem no final de semana pois as ruas e as conveniências estavam movimentadas naquela noite.
Era a primeira vez que ambos comemoravam aquela data, pois nunca tiveram experiências em namoros, e isso deixava-os ansiosos e com expectativas sobre a data.
Shoyo aguardava o momento certo de lhe dar o presente que havia ficado semanas escolhendo enquanto Ana Carolina já entregou o embrulho toda ansiosa e feliz.
Shoyo quase chorou quando recebeu uma cartinha escrito à mão pela garota com beijos espalhados pelo pepel. Ainda mais depois de ler e ganhar fotos impressas dos dois aproveitando momentos.
Hinata amou principalmente uma foto. Era ele sendo abraçado por Ana Carolina que apertava suas bochechas enquanto dava um beijo em sua testa. Ele não perdeu tempo de colocar a foto atrás da sua capinha transparente.
Ele amava aquela fotografia, e saber que Carolina também gostava, aqueceu o coração do japonês que não tardou de beijá-la.
O casal se encontrava em uma mesa de madeira comendo petiscos e bebendo chopps apreciando a bela música que o grupo tocava. No momento vocalizavam uma do Ferrugem depois de passarem horas cantando Turma do Pagode e Pelicles.
O lugar estava cheio com vários solteiros e casais dançando juntos. O clima deixava qualquer um relaxado e feliz, ainda mais com a iluminação laranjada no ambiente com decorações cheias de corações.
Agora, naquele instante, a brasileira tinha seu corpo curvado soltando uma longa gargalhada sendo acompanhada por Shoyo que sentia seu corpo tremer pela alegria. Estavam contando sobre seus dias e assuntos aleatórios que passavam por suas mentes.
— Não brinca que você invadiu um treino que você nem foi convidado! — o japonês sentia seu rosto arder lembrando do quão louco ele havia sido por ir ao treino que só era para pessoas escolhidas pelo treinador da Shiratorizawa, Tanji Washijo.
— Eu era novo! Também tinha o fato do Kageyama ter sido convidado para o treinamento intensivo nacional juvenil! Um treino que só os melhores do país vão! — se explicou nervosamente dizendo com raiva o nome do rival. Só de se lembrar do quão frustado ele havia ficado naqueles dias, fazia o estômago do ruivo de revirar.
Por sorte Tsukishima lhe deu a ideia de invadir o treino — o loiro só não esperava que ele fosse realmente fazer aquilo.
— Então decidiu invadir um treino fechado. Ótima ideia japinha. — debochou.
— Não me julgue! Estava desesperado! — se exasperou arrancando risadas de Ana Carolina. — Eu morria de medo do treinador deles e ele com certeza não gostava de mim, tanto que eu fiquei de recolher as bolas perdidas no treinamento. — fez um biquinho.
— Ele não te deixou jogar?
— Ele ter me deixado ficar já foi o suficiente da boa vontade dele. — suspirou sorrindo calmamente. — Mas o meu treinador disse para eu não subestimar a ação de recolher bolas.
Carol franziu o cenho não entendendo de como aquilo ajudaria o ruivo. Mas só de pensar que ele havia aprendido algo já bastava para ela sentir menos vergonha da situação.
— O senhor Tanji Washijo me dizia que sem o Kageyama eu não era nada...
— Mas que velho desgraçado! — Carol fez uma careta exagerada arrancando uma risada do ruivo.
— Está tudo bem Carol. Ele estava certo. — relaxou o corpo pegando um pedaço de presunto no palitinho. — Eu dependia muito dos levantamentos do Kageyama. Não sabia bloquear e nem rebecer.
— Mas isso não dava o direito dele de desmerecer seus esforços. — revirou os olhos.
— Sim. Mas ele se arrependeu.
— Como sabe?
— Se não fosse por ele eu não viria ao Brasil. Foi graças ao senhor Tanji Washijo que eu comecei a morar na casa do Pedro. E se eu não tivesse conhecido o Pedro eu não te conheceria. — ele sorriu. — Além do mais, eu sei que ele acredita em mim.
Carol arregalou seus olhos escuros travando por alguns instantes. Relaxou os ombros sorrindo grandemente para ele agarrando seus ombros toda feliz.
— Adoro esse senhor. Ele é um fofo.
Shoyo riu inclinando levemente sua cabeça para o lado observando as bochechas rubras de Carol. Se aproximou dela dando um selinho em seus lábios rosados sentindo um pouco de vergonha por estarem em local público.
— Agora é a sua vez de me contar algo vergonhoso que fez na adolescência. — disse Hinata. Carol cruzou os braços fazendo um semblante pensativo.
Ela não era de fazer coisas vergonhosas na adolescência pois pensava muito antes de agir. Até que se lembrou de algo. Se ajeitou na cadeira rindo nervosamente.
— Eu estava no sétimo ano. Ano em que todas as crianças são doidas e que adoram atenção, ainda mais se for do seu paquera. — ela levantou as sobrancelhas. — Tinha um menino do oitavo ano que eu era apaixonada. Seu nome é Lucas. E o Lucas era aquele garoto que grande parte das garotas tinham uma queda, eu estava incluida.
Ana Carolina suspirou colocando uma mecha solta atrás da orelha sentindo as bochechas queimarem.
— Resumindo. Contei para minhas colegas que eu namorava ele, ja que eu estava morrendo de ciúmes pois todas gostavam dele! Só não contava que fossem fofoqueiras. As duas espalharam para a escola toda que eu e o Lucas namorávamos, e isso chegou até ele!
— E o que ele achou!?
— Ele me chamou para nos encontrarmos atrás da escola. E nessa hora eu sentia meu coração doer de tanto que batia rápido. — respirou fundo. — Quando cheguei lá, ele disse que também gostava de mim...
— Mas que merda? Isso não é vergonhoso Carol!
Ana Carolina o encarou com os olhos grandes. Respirou fundo e disse por fim.
— Eu neguei... Disse que era tudo invenção do povo...
Hinata a encarou como se ela fosse uma louca, e Ana Carolina entendia de certa forma. Estava tão nervosa e pensava que o garoto fosse negá-la que o que havia ensaiado na sua cabeça apenas saiu, mesmo ela adorandoba resposta.
A garota se arrependeu por anos...
Mas depois de encarar Hinata ela dispensou esses arrependidos. Nada melhor do que ele ser seu primeiro namorado.
— A Madu ficou desacreditada por bastante tempo. E eu fiquei conhecida como a Garota que negou o Lucas... — ela suspirou, riu depois das lembranças do passado. — E sabe o pior? Ele era japonês! E você sabe a quedinha que tenho por japoneses!
— Sei? — Shoyo questionou com um sorriso sarcástico no rosto.
— Sabe... — se aproximou da orelha do ruivo com a mão sob a coxa. Ele sentiu um arrepio gostoso quando ela começou a fazer um carinho alí. Com a voz calma, disse: — Eu já te falei da paixão que eu tive no Kokimoto do Carrosel e no Yudi do Bom dia & Cia.
— Carol! — ele se afastou dos toques dela enquanto Ana Carolina ria.
— O Kokimoto parece com você!
— Como é que é?
— Ele é japonês e ruivo! — a morena diz com a expressão mais admirada de todas.
— Nada haver Carol! — ele exclama formando um biquinho nos lábios. Carolina não se aguentava, ria tanto que até soltou um som de porquinho fazendo Hinata rir juntamente.
Depois de se acalmarem, a garota se levantou arrumando a saia do vestido rose estendendo a mão em seguida para o garoto. Shoyo sorriu grandemente agarrando sua palma beijando cuidadosamente o torso.
Carol sorriu envergonhada.
— Estamos aqui à algum tempo e nem dançamos nada! — ela o guiou até o centro onde casais e solteiros dançavam pagode. — Se solta Shoyo!
Ele riu antes de a puxar pelo quadril colando seus corpos. Ana Carolina tinha seu rosto reluzente. Shoyo a girava incontáveis vezes que a garota até se sentia tonta, e quando ele tentou sambar, ela exclamou:
— Nossa Shoyo, você é o próprio molho!
Hinata a puxou pelo braço soltando uma alta gargalhada, a virou pela centésima vez escutando risadas e exclamações da mesma.
— Essa foi a pior piada de todas Carol!
— Me respeita japonês. Eu sou a rainha da comédia.
— Ata. — ele fez uma careta quando ela o beliscou. — Aí Carol!
Ela sorriu agarrando os ombros largos do ruivo aproximando-se dele. Shoyo apertou a cintura da garota tentando acompanhá-la na dança rindo quando se saia desengonçado.
Todas as horas que o tempo tem para conceder à ele. Shoyo aproveitaria com Carolina.
🇧🇷
O casal saiu cedo do estabelecimento querendo aproveitar as ruas iluminadas de noite.
Balançavam suas mãos juntas caminhando calmamente observando as paisagens e as pessoas. Rindo de coisas bobas e conversando quando pensavam em algum assunto.
Chupavam picolés e a todo instante Shoyo mostrava sua lingua roxa para Carol por conta do sorvete de uva.
— Quem mostra lingua pede beijo, Shoyo. — Carol levantou as sobrancelhas escutando um risinho vindo dele.
— É mesmo? — ele disse com a lingua pra fora. Ana tentou segurar a risada, mas ver Shoyo mostrando a lingua, ainda mais naquela questão era algo de se rir.
— Você é um besta.
— Você sempre me diz isso Cacau. — ele sorriu gostando de ver o rosto vermelho da namorada. — Olha, um parquinho!
Hinata apontou para o lugar um pouco escuro puxando a morena alegremente. E mesmo que a garota estivesse com sandálias, Carol não reclamaria da areia entre os seus dedos pois se balançar no brinquedo era sua prioridade.
Cada um sentou em um balanço dando impulsos. Estavam em silêncio, mas não precisavam dizer nada naquele momento onde se sentiam satisfeitos com a presença do outro.
Hinata respirou fundo, observou Carolina se balançar com um sorriso simples. Os cabelos ondulados esvoçando quando pegava velocidade sempre com os olhos escuros brilhando para o céu estrelado.
Foi nesse momento que Shoyo pensou em dar seu presente. Engoliu em seco tateando o bolso da calça escura tirando de lá uma caixinha preta. Encarou o perfil da brasileira chamando-a cuidadosamente.
— Carol... — ela se virou para ele desacerando o balanço, e quando ele percebeu que toda sua atenção estava para si, Shoyo sorriu nervosamente cutucando a caixinha. — Muito obrigado pelos presentes que fez. Com certeza deu muito trabalho...
— Não importa Shoyo, se você gostou valeu a pena o esforço. — ela sorriu.
— Eu amei. De verdade. — suspirou sentindo o coração descompassado. — É por isso que agora é a minha vez te dar o seu presente Ana.
A morena inclinou levemente a cabeça notando a caixinha nas mãos do ruivo. Enrrugou as sobrancelhas sentindo-se ansiosa ao ponto de coçar suas mãos.
— E-Eu fiquei pensando por bastante tempo no que te daria, mas nada parecia ser o suficiente. — diz nervosamente. — Mas acabou que eu entrei em uma loja e encontrei umas coisas bem legais... Enfim, feliz dia dos namorados Carol. — entregou o presente recebendo risadas da garota pelo nervosismo.
Carol sorriu agradecida antes de pegar o embrulho e abrir cuidadosamente tirando de lá um colar dourado com um pingente interessante.
— Isso é uma laranja? — murmurou depois de alguns segundo em silêncio, admirada pelo pingente com o formato e a cor da fruta.
Focou seu olhar nas bochechas coradas do garoto subindo para os olhos castanhos vivos. Como uma tarde ensolarada.
— Sim... — respondeu notando suas mãos estarem suadas de vergonha. — Pensei em te dar algo que faça você se lembrar de mim. Sei que é egoísta, mas ficaria muito feliz de saber que quando olhasse pra esse colar você pensaria em mim.
Shoyo remexeu um pouco mais afundo no bolso de sua calça tirando de lá uma correntinha mostrando para Ana Carolina.
— Esse é uma correntinha que comprei para mim. O pingente é um cacau.
Carol respirou pesadamente. Não desviou seus olhos dele passando brevemente sua visão para o pingente dourado no formato da fruta que era o seu apelido.
Cacau.
Ela nem sabia descrever o que vivenciava naquele instante. Seu estômago se revirava dos vários sentimentos que tocava seu coração. A garota notava seus olhos transbordarem lágrimas, mas ela não queria chorar.
Carol amava Shoyo como nunca amou ninguém.
Focou sua atenção em seu novo colar com a laranja no centro soltando uma risada aliviada. Limpou rapidamente a lágrima que estava para cair sorrindo tão grande para Shoyo que sentia estar da mesma maneira.
— Você é bem bobo de pensar que iria te esquecer Shoyo. — ela diz pesadamente colocando o colar em si.
— Gostou?
— Se eu gostei? Eu amei o presente! — se levantou puxando-o do balanço. — Ainda mais sabendo que comprou algo para você que faça te lembrar de mim.
Hinata suspirou fazendo um carinho na bochecha dela. Aproximou com cuidado suas bocas beijando-a com a mais pura calma. Ambos com os corações acelerados e doloridos.
Carol pendeu a cabeça para trás sentindo a língua de Shoyo procurar a sua. Ela adentrou seus dedos nos fios ruivos acaríciando-os. Shoyo arfou diante do gesto apertando suas mãos firmemente nas bochechas dela colocando seus corpos quentes não querendo se separar.
— Você é bem boba de pensar que eu iria te esquecer Ana. — murmurou focado nos olhos escuros. — Comprei esse colar para te mostrar que você vai estar comigo aonde eu ir. — relou cuidadosamente no pingente laranja sorrindo para a brasileira. — O mesmo vale para você. Vou sempre estar contigo.
Os olhos do ruivo ardiam. Ele queria chorar.
Chorar pois seus dias com a garota estavam contados, tinham menos de dois meses para estarem juntos e era tanta coisa que ele queria experimentar com Ana Carolina, no Brasil.
Ficou dias pensando no que dar para a morena, e depois de passar em uma loja avistando os pingentes, ele só achou o certo a se fazer.
Ele ficaria com o cacau e ela ficaria com a laranja. Nunca se separariam. Estariam pertos um do outro.
Por isso quando notou os olhos dela estarem que nem os seus, molhados. Ambos sabiam que estavam fodidos.
Pois mesmo namorando, não tinham certeza do futuro juntos.
Hinata a puxou para um abraço apertado não querendo-a soltar nunca, temendo que se deixasse um pouco frouxo, ela escaparia de suas mãos.
Muito obrigada pelos 17k de visualizações, graças a vocês fico mais motivada a escrever e entregar algo que agrade!
lovzblake muito obrigada pela ajuda.
E se preparem para o próximo capítulo porque vou soltar bomba. Tirem as crianças da sala e tranquem bem as portas.
Amo vocês moonstrinhos.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top