18| ᴘᴇ́ ɴᴀ ᴀʀᴇɪᴀ.

CAPÍTULO DEZOITO.

"Dois amantes namorando na beira da praia.
Pé na areia, a caipirinha, água de coco, a cervejinha. Pé na areia, água de coco, beira do mar..."

SHOYO QUERIA APRENDER A SURFAR. Depois de assistir Gabriel competindo à alguns dias atrás, o garoto ruivo ficou com vontade de saber a sensação de estar em cima de uma prancha.

Deu a ideia para seus amigos de irem à praia do Arpoador recebendo concordâncias animadas. Fazia um tempinho que os cinco não se reuniam. E depois de dias longe, conseguiram arrumar tempo para aquilo deixando o ruivo mais energético que o habitual.

Então, quando seu despertador tocou, ele já estava acordado, ansioso demais para chegar ao horário marcado. Pulou de sua cama correndo para o banheiro afim de tomar sua ducha matutina rápida, e depois de terminar, se apressou a ir ao quarto de seu melhor amigo.

Shoyo entrou silenciosamente rindo do modo em que Pedro estava adormecido. A boca entreaberta por causa de sua rinite, abraçado com um pikachu de pelúcia.

Pegou sua JBL que se encontrava com a fita em seu ombro tendo o volume no máximo deixando próximo do ouvido do cacheado. E quando apertou o play, assistiu Pedro pular de susto.

"Acorda, Pedrinho. Que hoje tem campeonato.
Vem dançar comigo, vai ver que eu te esculacho."

Acorda Pedoro! — exclama Shoyo acendendo a luz enquanto dançava no quarto do garoto ao som da música.

Pedro ficou sem reação. Encarou profundamente Hinata que se balançava animadamente. Formou uma carranca tampando seu rosto com seu travesseiro.

— JAPONÊS DO CARALHOO! — seu grito havia sido abafado. — VAI TOMAR NO OLHO DO SEU CUU!

Hinata soltou uma risada não ligando para o surto do amigo. Cantava altamente a canção causando dores de cabeça no moreno.

Aquilo era o trauma do brasileiro.

Pedro perdia anos de vida toda vez que o ruivo acordava ele com aquela merda de música. Ele deveria começar a trancar a porta de seu quarto. Ana Carolina era uma filha da puta por ter mostrado aquela canção para o japonês.

O cacheado sentiu vontade de chorar. Ficou com os braços abertos ainda tendo o travesseiro em seu rosto. Estava tendo um sono tão bom...

— Bora Pedro! — Shoyo diz antes de se esquivar do pikachu sendo arremessado com força pelo moreno.

— VAI SE FODER SEU PORRA! — Pedro se levantou rapidamente indo atrás do ruivo que fugiu fechando a porta do lado de fora com força. Shoyo escutava vários xingamentos vindo do amigo descobrindo novas formas de combiná-las.

O ruivo logo soltou a maçaneta correndo para o seu quarto afim de se trancar temendo ser pego pelo brasileiro puto, levava consigo a caixinha de som que agora tocava "De 10 mulher, 11 é maluca". Sabia que Pedro havia perdido completamente o sono e não voltaria a dormir tão cedo.

Mais uma manhã tranquila.

🇧🇷

A Praia do Arpoador era uma das praias mais famosas em relação ao Surf. Haviam combinado de se encontrar com Gabriel, Madu e Carol no lugar, por isso o ruivo caminhava  tranquilamente ao lado de Pedro que pensava em várias formas de vingança contra japonês.

As ruas estavam movimentadas para uma manhã. Não era de menos já que era sábado. Observou restaurantes e bares abertos se preparando para o pico de clientes e vendas.

Pedro usava óculos escuros e boné preto tentando esconder o rosto cansado, porém notava-se a careta dele de insatisfação.

— Pedro. — chamou não recebendo nenhuma resposta. — Tá bravo comigo?

— Vai para a puta que te pariu.

Shoyo jogou sua cabeça para trás soltando uma risada. Se aproximou do moreno forçando um abraço sobre os ombros. O brasileiro se debatia ficando cada vez mais estressado com o japonês, e nem era dez horas da manhã!

— Eu vou te matar seu desgraçado do caralho. Mete o pé porra!

— Você é o meu melhor amigo Pedro. — disse Shoyo não se importando com a agressividade do brasileiro. — Minha demonstração de afeto é pertubando a pessoa.

— Coitada da sua namorada então.

— Na verdade, a Carol que fica me perturbando.

— Isso se chama Karma, seu merda.

Hinata sorriu soltando ele, deu batidinhas em suas costas dando espaço para voltarem a andar como antes, e mesmo Pedro tentando se fazer de sério, riu do japonês concordando com o que disse.

Porém sua alegria não durou muito.

Desviou seu olhar para o caminho colocando suas mãos nos bolsos do short. Hinata estava feliz e era claro para todo mundo, principalmente para Pedro que presenciava a alegria dele de perto. Ele sabia que essa felicidade vinha de Carolina. Por isso, não segurando a lingua, foi direto como sempre era.

— Já conversou com a Carol?

O ruivo desviou sua atenção de um tênis que por algum motivo estava no fio da energia se movimentando com a ajuda do vento, se perguntava como aquilo foi parar ali. Encarou Pedro com o cenho franzido coçando as sobrancelhas.

— Sobre o que?

— Sobre como irão fazer quando for voltar para casa.

Shoyo respirou fundo sentindo seu peito se apertar. Todos os dias, todos os momentos, toda hora ele tentava evitar esse assunto ou pensar nele, mas Pedro não o ajudava tocando logo na ferida.

Fez uma careta voltando seus olhos castanhos para as pessoas que usavam vestimentas coloridas, uma diferente da outra. Da música alto que saia das caixas de som dos carros rebaixados. Da alegria e do calor que eles emanavam.

Porra. Aquilo vai doer.

Partir daquele país ira doer. Ainda mais se Ana Carolina estiver incluída. Seu amor, sua paixão, a garota que ilumina seus dias.

Sua namorada bonita que tinha o melhor sorriso que ele já havia visto. Da risada estranha ou da ótima conselheira e ouvinte.

Caralho!

Pedro ficou quieto apertando suas mãos em punhos. Notou os olhos castanhos claros de Shoyo brilharem e ele jurou ver o garoto segurar o choro. Respirou fundo murmurando cuidadosamente.

— Espero que se resolvam logo. Deixar para última hora pode ser pior.

— Não quero conversar com a Carol sobre isso, Pedro.

— O que você quer fazer?

O ruivo bufou revirando os olhos, estressado por pensar nisso.

— Web namoro?

Pedro soltou uma gargalhada sendo acompanhado pelo sorriso minino de Hinata.

— Vamos mudar de assunto?

— Claro. Mas o meu conselho é conversarem o quanto antes. Eu conheço a Ana Carolina á mó cota e obviamente ela está que nem você. Com medo.

Shoyo acenou em concordância não ligando muito para o assunto. Ele queria que aquele dia fosse sem preocupações e engaveteria essa conversa com Ana Carolina até o último instante.

Depois disso, Pedro tratou de puxar assunto com Shoyo fazendo com que chegassem antes que percebessem à praia. O ruivo sorriu pela vista sentindo a forte pressão do vento ajudando na formação das ondas.

De longe avistou os dois amigos conversando com uma caixinha de som ao lado. Estavam debaixo de um guarda sol amarelo com a logo da Skol e o japonês notou logo de cara que Carol não estava com eles.

Estranhou, mas se aproximou sendo notado primeiramente por Maria Eduarda.

— Olha quem chegou! Bom dia! — se levantou da sua cadeira de praia abraçando fortemente os garotos.

— Bom dia Madu! — respondeu Shoyo animadamente enquanto Pedro apenas murmurou.

— Shoyo. Sua prancha está quase pronta. — Gabriel disse. O garoto estava curvado no chão passando a parafina em uma prancha verde. Hinata sentiu frio na barriga, ansioso.

— O que você está fazendo?

— Passando a parafina. Isso serve pra evitar que você deslize na hora de remar, e tem aderência para os pés. — explicou não tirando o foco do seu trabalho.

O japonês acenou em concordância, mas logo franziu o cenho.

— Cadê a Carol?

Maria Eduarda riu chamando a atenção dele. A garota abaixou seu óculo escuro dizendo calmamente.

— Está surfando. — indicou com o olhar a garota no mar.

Shoyo entreabriu a boca focando seus olhos em uma pessoa que no exato momento, se impulsionou para cima ganhando equilíbrio e descendo rapidamente de uma onda mediana. Ana Carolina tinha seus cabelos esvoçando fortemente, mas não a impediu de fazer curvas incríveis. Desfaz o rosto sério sorrindo grandemente depois de conseguir fazer o que queria

Shoyo sentiu seu coração acelerar que nem louco.

— Puta que pariu... — murmurou encantado com a visão de Carol na prancha.

Essa garota vai doer...

Carolina desviou seu foco do mar avistando de longe a cabeleireira ruiva. Acenou para Hinata remando tranquilidade até onde eles estavam.

— Fecha a boca Shoyo, senão vai escorrer baba. — debochou Pedro arrancando risadas dos amigos. Mas Hinata não se importou com a zoação, muito focado em Ana Carolina saindo do mar com a prancha debaixo de seu braço correndo em sua direção.

A garota usava um maiô adequado para o esporte e de longe ele avistou os cabelos castanhos em nós.

— Oi! — Ana Carolina se aproximou deles tentando ajeitar os fios emaranhados. Cravou a prancha azul na areia sorrindo para os recem chegados.

— Oi Carol. — respondeu Pedro rindo da falta de resposta do japonês.

— Oi Cacau. — ele murmurou. Ana Carolina soltou uma risada abraçando seu namorado. Beijou a bochecha dele ainda mantendo seus braços na cintura do ruivo. — Quando iria me contar que sabia surfar?

Carol enrrugou as sobrancelhas dando de ombros.

— Nunca te contei?

— Não! — Ana Carolina riu altamente. — Não acredito que você sabe surfar e nunca me contou!

— Você é amigo do Kenma e também não tinha me contado. — pontuou vendo-o fazer uma careta. — E saber é uma palavra muito forte. Eu sei apenas o básico.

— Carol, você fica equilibrada em uma prancha que está em movimento com ondas de uns três metros. — diz indignado com a modéstia dela. Carolina poderia até não saber fazer manobras, mas ela fazia umas curvas incríveis. — Isso já te torna melhor que muitos surfistas.

Carol revirou os olhos sentindo seu rosto arder. Não era muito boa recebendo elogios, ainda mais em relação ao surf. Ela aprendeu na adolescência sendo ensinada por Gabriel que já era muito bom naquilo. Mas para ela, o esporte era apenas um hobbie que praticava raramente, tanto que estava enferrujada.

— Faz tempo que eu não surfo. Esse ano quase não pratiquei. Estou por pouco que nem você. — Shoyo mostrou a lingua pela leve ofensa. — De qualquer forma, está pronto?

Shoyo respirou fundo acenando com a cabeça. Virou-se para o lado observando Madu tomando tereré enquanto Pedro mexia no celular.

— Vocês não vem?

— Pode ir tranquilo Shoyo. — respondeu Madu dando o copo com a erva para o garoto do seu lado. — Eu e o Pedro não somos bons no surf.

— Toda vez que eu tento surfar, eu bebo água pra caralho e fico com uma dor de cabeça da porra. — diz Pedro arrancando uma risada de Gabriel.

— Lembro da vez que você chorou porque seu nariz ardia.

— Eu não chorei. Meu olho tava lacrimejando porque me engoli água, animal. — Pedro respondeu arrancando mais risadas de Gabriel.

— Me lembro nitidamente que você chorou, tanto que até a Carol ficou preocupada. — deu de ombros pegando sua prancha preta. Pedro apenas enviou um dedo do meio fazendo pouco caso. — Bora japonês.

Biel saiu em disparara para o mar sendo acompanhado pelo olhar dos amigos. Shoyo franziu o cenho prestes a encarar Ana Carolina, entretanto só avistou as costas dela acompanhando o amigo.

— Pega a sua prancha e vem, Shoyo! — ela gritou rindo altamente dando as costas novamente.

Hinata soltou uma risada pegando a prancha vermelha no chão seguindo-os, animado por finalmente aprender.

Só esperava não ser que nem o Pedro...

🇧🇷

Depois de tantas quedas doloridas, engolidas de água e nariz ardendo, Shoyo percebeu que talvez fosse pior que Pedro.

Já havia perdido as contas de quantas vezes tinha caido, e Ana Carolina rindo do seu lado não o ajudava.

— Shoyo. Relaxa.

— Fica difícil relaxar com você tirando uma com a minha cara! — diz estressado sentindo dores de cabeça. Carol soltou um risinho apoiando-se na prancha dele.

Estavam no raso, sentiam a areia em seus pés. E só depois que ele pegar o jeito poderiam ir mais à fundo, porém aquilo demoraria um pouco mais.

— Tá bom. Me desculpa por isso. Mas você me complica quando faz essa cara de assustado!

Hinata revirou os olhos focando seu olhar para a praia avistando Pedro relaxado na areia da praia. Realmente, karmas existem...

— Vamos tentar de novo.

— Surf não é pra mim Carol. Já deu por hoje. — murmurou sentido. A garota enrrugou fortemente suas sobrancelhas dando um beliscão no braço dele. — Carol! Pra que isso!? — a olhou massageando o lugar dolorido. Carolina o encarava firmemente fazendo-o ter um arrepio na espinha.

— Já vai desistir? Você ainda não ficou em pé na prancha Shoyo.

— Por isso mesmo. Não tenho o dom que nem você e o Biel...

Ana Carolina bufou revirando os olhos. Deu outro beliscão no ruivo que murmurou novamente de dor.

— No início é assim mesmo, anta. Se equilibrar numa prancha em movimento não é fácil! Você estava tão animado e já quer desistir!? — diz firmemente fazendo o ruivo ficar envergonhado pelo pessimismo. — Você é assim com o vôlei também?

— O que? Claro que não!?

— Então trate de remar de novo e esperar a próxima onda!

Hinata soltou uma risada pelo olhar sério que Carol lhe lançava, isso fez com que a garota desfazesse o semblante tenso dando um sorriso mínimo para ele.

— Olha Shoyo. Seu real problema é que você fica nervoso quando uma onda se aproxima. Minha dica é relaxar. Pode ser bem bobo, mas muda tudo. — começou a explicar calmamente. — Quando a onda chegar, se impulsiona pra cima e tente manter o equilíbrio. De resto, deixa o mar te guiar.

Hinata acenou em concordância olhando para o horizonte observando o vasto mar se encontrando com o céu. Ficar sentado na prancha esperando o momento certo o deixava estranhamente calmo. De vez ou outra olhava para o lado encontrando Ana Carolina em silêncio observando a mesma vista que a sua.

E quando notou uma onda se aproximar, respirou fundo repassando tudo o que Carol disse em sua mente. Shoyo se impulsionou para cima forçando seus braços e abdômen ganhando equilíbrio.

Ana Carolina arregalou os olhos quando percebeu ele em pé na prancha — não que Shoyo estivesse diferente.

— Carol! — gritou tremendo dos pés à cabeça. — Cacau! Eu tô surfando! — comemorou desviando rapidamente o seu olhar encontrando os olhos jabuticabas focados em si com um grande sorriso no rosto.

Ana Carolina sentiu orgulho em seu ser. Mesmo Shoyo indo numa velocidade pequena, aquilo era uma grande conquista já que estavam alí por bastante tempo.

Entretanto, ainda não era momento para se comemorar.

— Shoyo! Olha pra frente! Não desvia o olhar!

Hinata não teve tempo de absorver a dica pois no instante segundo, ele se desequilibrou batendo suas costas na água.

Shoyo sentiu suas narinas arderem pela pressão e rapidamente foi agarrado por braços firmes o puxando para cima.

— Caralho! Você está bem? — questionou Carol olhando-o preocupadamente. O barulho das costas dele contra a água havia sido alta, ela apostava que aquilo tinha doído.

Você viu? — murmurou com a voz rouca tossindo repetidas vezes.

— Oi? — ela franziu o cenho ajeitando a cabeleireira ruiva do rosto dele. Shoyo abriu seus olhos encontrando Carol com o semblante tenso.

— Você viu!? Eu surfei Cacau!

Ana Carolina revirou os olhos soltando uma risada. Abraçou o japonês sendo retribuída na mesma intensidade.

— É claro que eu vi! Parecia o Cadu em cima da prancha! — riu dando selares na bochecha corada de vergonha pelo elogio.

Mesmo ele não sabendo quem era.

— Quem é Cadu?

— É um pinguim que surfa. Do filme Tá dando Onda! — explicou notando o rosto dele ficar ainda mais confuso. — Você nunca assistiu? O que você e o Pedro assistem na sua casa!?

— A gente assiste anime Carol...

Ela o encarou incrédula. Respirou fundo fazendo sinal de negação.

— Da próxima vez que eu ir na sua casa, a gente tem que assistir.

— Combinado Patroa.

— Meu Deus... Então você não entende o do porquê o Gabriel é chamado de João Frango... — murmurou mais para si do que para ele.

— Nunca passou pela minha mente que fosse por causa de um desenho...

— Pensou que fosse o que?

— Sei lá. Porque ele parece um frango?

Ana Carolina soltou uma gargalhada gostosa agarrando os ombros dele para ter mais apoio. Hinata permaneceu com o rosto tranquilo sentindo o corpo dela vibrar pela risada.

— Não é por isso que ele é chamado assim japinha. Depois eu te mostro... — respirou fundo contendo a risada.

Carol continuou a ajeitar os fios emaranhados do japonês calmamente. Shoyo fechou os olhos aproveitando os dedos de Carolina fazendo de certa forma, carinho. Colocou suas mãos na cintura dela abraçando seu corpo novamente e inalando o cheiro de mar que se impregnou nela.

Hinata estava com medo.

Afastou seu rosto do pescoço dela olhando cuidadosamente para cada canto do rosto da brasileira. Os cílios curvados e molhados pela água, o nariz com a pontinha redondinha, as bochechas queimadas do sol. A pintinha do lado do lábio avermelhado, o chamando constantemente para beijar aquele lugar.

Shoyo sabia que alguma hora teria que conversar com ela. Mas de modo algum seria naquele momento onde estão tranquilos demais para algo estragar.

Ele suspirou pesadamente colocando ambas as mãos nas maçãs rubras da garota. Lambeu levemente seus lábios encarando profundamente os olhos escuros.

— Posso te beijar? — murmurou sentindo a voz sair rouca.

Ana Carolina sorriu só daquele jeito que ela sorria. Meiga e safada ao mesmo tempo. Inclinou sua cabeça para o lado dizendo calmamente.

— Sempre.

"Sempre" seria a melhor palavra para acalmar Hinata. Mas ele sabia que não poderia ser para sempre.

Ele aproximou devagar sentindo as respirações se misturarem, e quando apenas encostou os seus lábios nos dela, ele sentiu que aquilo não poderia estar mais que certo.

Se afastou minimamente de Carolina encarando-a com a boca entreaberta pedindo para ser beijada novamente. Tão linda só do jeito dela. Abaixou o olhar selando novamente suas bocas, só que diferente da primeira vez, foi algo prolongado, necessitado e intenso.

Shoyo desceu sua mão para a cintura de Carol com certa firmeza apertando bem a região. Ana Carolina puxava os cabelos ruivos do homem descendo para o pescoço. Suas línguas se encostando lentamente aproveitando cada segundo.

Hinata estava louco. Louco para sentir ainda mais o gosto da boca dela. Para matar a saudade avassaladora que sentia mesmo estando do lado dela. Para se sentir vivo novamente.

A manteve firme colocando sua perna entre o vão das coxas dela querendo aproveitar ainda mais a sensação de seu corpo quente colado na dela.

Carol desceu suas mãos para o tronco desnudo de Shoyo, ele se arrepiou sentindo as unhas um pouco compridas o arranhar levemente em seu abdômen.

— Porra. Eu te adoro Carol. — Carolina gemeu com a frase proferida por Shoyo.

Aprofundando ainda mais o beijo deixando mais lento, profundo, ele agarrava o pescoço de Carol não querendo se separar dela tão cedo.

Ele sentia que ficaria louco.

Carolina desgrudou os labios inchados dele tentando recuperar o ar que lhes faltou, subiu seu olhar para os castanhos de Shoyo que estavam úmidos.

Ele só torcia para terem mais momentos assim.

🇧🇷

Depois de ainda ficarem um bom tempo no mar afim de treinar mais um pouco. O casal decidiu sair pois já estava batendo fome.

Caminhavam tranquilamente até onde os amigos estavam avistando Gabriel deitado em uma canga rosa florida.

O garoto havia surfado pra caralho não dando pausas nas manobras ou nas curvas. Queria treinar depois de ter ficado em segundo lugar na última competição de surf.

Para ele, o segundo é pior que o terceiro colocado. Ainda mais se o arrombado do Diego estaria em primeiro.

Carol chegou do lado do moreno deitando no espacinho que tinha, — mesmo uma parte de seu corpo ficando na areia. — Fechou os olhos respirando fundo tendo a cabeça de Shoyo apoiada em sua barriga, estava tão cansado quanto.

— Cansaram? — questionou Madu sorrindo para os amigos. Pedro sorriu pegando seu celular tirando foto dos três destruídos no chão.

— Nem tanto. Tenho muito o que melhorar ainda. — murmurou Gabriel sem mover um músculo.

— Se você tem muito o que melhorar, imagina eu. — diz Shoyo indignado pela fala do moreno. — Você é o melhor surfista que eu conheço Biel!

Gabriel sorriu agradecido, mas não durou muito.

— Você só conhece eu de surfista Japa. E a Carol não conta. — a garota citada nem fez questão. — Enfim. Tô com fome.

— Por que não vamos no quiosque? — questionou Shoyo recebendo em troca risadas. O japonês fez careta não entendendo o que havia perguntado de errado.

— Lá está lotado japinha, e se pedirmos a comida vai demorar para chegar. Também não é barato e ninguém tá com grana agora. — respondeu Carol calmamente.

— Eu trouxe sanduíche, biscoito, e tem alguns docinhos. — falou Madu tirando da sua bolsa as comidas. — E no isopor tem refri e água também.

— Também não podia faltar a caipirinha! — comentou Carol pegando a bebida dando um breve abraço na amiga que pensou em tudo.

— Como sempre Maria Eduarda fazendo a boa. — comemorou Gabriel se levantando. — Nunca te critiquei gatinha.

— O que seriam de vocês sem mim? — sorriu sarcasticamente jogando as tranças para trás.

— Seríamos pessoas felizes longe de qualquer chatisse e encheção de saco. — diz Pedro abrindo um saco de biscoitos.

— Vai se foder Pedro.

O grupo de amigos logo entraram em uma conversa aleatório fazendo com que o dia passasse mais rápido.

Jogaram um pouco de vôlei e altinha com alguns desconhecidos que queriam participar para matar o tempo enquanto ainda não dava o horário que poderiam entrar na água — Já que Carol falou que a sua avó disse que quem entrar no mar antes de esperar uma hora, pode morrer afogado.

E ninguém queria testar se a velha estava falando a verdade ou não.

Depois de um longo sábado, Shoyo sentia seus músculos doloridos. Ficar o dia inteiro no mar e depois jogar bola o deixou daquele jeito. Ele se espreguiçou estralando alguns ossos ajudando após a recolher as coisas que os amigos trouxeram para a praia.

Havia sido um dia bom e isso o deixava com um sorriso bobo no rosto.

Ficou atrás junto de Carol avistando um pouco mais à frente Pedro, Gabriel e Madu em alguma discussão besta. Colocou seu braço sobre o ombro de Ana Carolina caminhando coladinhos.

— Eai? Gostou da experiência? — perguntou Carol andando no ritmo dos passos do japonês. Shoyo sorriu minimamente dando um beijinho na bochecha da garota.

Ele respirou fundo encarando a rua agora iluminada pelos postes e comércios.

— Muito. Mesmo sendo um pouco doloroso. — ele riu.

— Acho que todo esporte é doloroso. — diz Carol pensativa. — No vôlei por exemplo, se recebesse uma bolada na cara seria muito doído.

— Credo Ana Carolina. Não me faz me lembrar disso. — ela riu quando ele fez uma careta.

Levar boladas na cara era o trauma dele.

— Cacau, por que não levou o surf a sério como o Biel? Com certeza já teria ganhado uma medalha de ouro. Você aprende as coisas super rápido.

— Eu gosto de surfar, mas eu não amo o surf como o Biel ama. — Carol disse com tranquilidade estampada em sua face. — Além do mais, eu sempre coloquei pressão muito cedo sobre faculdade em mim mesma, então me afastei daquilo que eu gostava para focar nos estudos. — suspirou pesadamente. — E eu odiaria ganhar do Biel em algo que ele se esforça muito para ser o primeiro...

Shoyo a escutou atentamente ficando surpreso pela última frase proferida. Nunca pensou que Carol se sentiria assim.

— Ele tem problemas de inferioridade?

— Acho que não. Digo como se fosse comigo mesma. Odeio me esforçar em algo, e do nada uma pessoa que tem talento vai lá e conquista com mais facilidade que eu. Me sinto frustada. — Shoyo engoliu em seco sentindo a mesma coisa em relação ao vôlei.

— Mas o trabalho duro vence o dom natural. — Carol solta uma risadinha entendendo a referência.

— Diz isso para o atual Rock lee.

— Carol! Não ofende o Rock lee!

— Eu não estou ofendendo! Chorei na derrota dele contra o Gaara tá?!

— Tópico sensível Ana Carolina. — Shoyo diz arrancando mais risadas dela.

Shoyo era apaixonado por aquela risada, mesmo sendo estranha como era. Assistir a garota sorrir daquele jeito apenas para ele era uma das melhores sensações. Por isso a puxou fazendo eles se perderem de vista os amigos.

— Tá me levando para onde doido?

— Não sei. Onde eu posso te levar para te beijar?

Carolina soltou uma longa gargalhada sentindo seu rosto arder. Shoyo também sorria daquele jeito fofo dele fazendo os olhos escuros da garota brilharem de alegria.

— Estamos no Brasil Shoyo. Pode me beijar aqui mesmo.

— Mas eu sinto vergonha Carol. — sentiu as bochechas queimarem.

Ana Carolina só soube rir. Feliz por viver ao lado dele. Como dois amantes namorando na beira da praia.

Nunca escrevi um capítulo tão brega. Puta que pariuu! Dedico esse grude pra você que ama grude lovzblake.

Não gostei tanto dele, mas estava à tanto tempo no meu rascunho que decidi postá-lo.

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