— Baji?

— Peraí — Kazutora interrompeu vocês, tão confuso quanto — Vocês se conhecem?

Keisuke e você se encararam por alguns segundos, sem entenderem nada do que estava acontecendo.

— Calma — O moreno falou, intercalando o olhar entre você e o Henemiya — Ela que é a sua melhor amiga de infância?

— Ele que é o seu melhor amigo da faculdade? — Você perguntou logo em seguida, lembrando de ele ter falado algo sobre o melhor amigo dele ter cabelos longos e íris cor de bronze.

Kazutora só franziu as sobrancelhas por uma fração de segundos, já que, logo depois, entendeu tudo o que estava acontecendo. O tatuado acabou soltando uma risada alta quando percebeu que você era a garota que Baji queria chamar para sair e que Baji era o cliente fiel do seu petshop que ia todos os dias no final de seu turno.

Claro que, como melhor amigo dos dois, ele já tinha ouvido falar muito sobre vocês, sem ter conectado os pontos.

— Puta merda — Ele sussurrou — Eu sou muito imbecil mesmo — Mesmo que você e Keisuke conseguissem ouvir o que ele falava, vocês não entenderam absolutamente nada — Mas, enfim, [Nome], esse é Baji, meu melhor amigo da faculdade — Depois, ele se virou para o moreno — Baji, essa é [Nome], minha melhor amiga de infância — Você encontrou com as íris cor de bronze de novo, que ainda estavam tão arregaladas quanto os seus próprios olhos — Agora eu vou deixar vocês aí e vou ver se o pessoal já tá chegando.

Você abriu a boca para reclamar com ele, mas o Henemiya já tinha saído de vista. Keisuke estava tão desconcertado quanto você. Poucos minutos atrás, ele ainda estava frustado que não havia conseguido chamar você para a festa e, do nada, você aparece. Além disso, ele descobriu que você é a amiga de Kazutora, que sabia plenamente sobre a "garota que ele estava tentando chamar para sair". Se o Henemiya soubesse somar dois mais dois, saberia que era você quem Baji queria chamar para sair.

— Não sabia que você era amigo do Kazutora — Sua voz o tirou dos próprios pensamentos, fazendo ele piscar algumas vezes antes de encarar você de novo.

— Ele fala que sempre te chama pra sair com a gente, mas você nunca quer — Suas bochechas coraram instantaneamente com a fala dele, que soltou uma risada divertida — Relaxe, ele falou que você é tímida e tudo mais.

— Eu sou mesmo — Admitiu, com um pequeno sorriso no rosto — Mas ele me convenceu a vir hoje.

— Que bom, então — O sorriso no rosto dele lhe prendeu por alguns segundos. Aqueles caninos pontudos realmente lhe chamavam atenção, mesmo você tentando evitar — Já conheceu o resto dos meninos?

— Só o Draken e o Mikey.

— Eu te apresento ao resto mais tarde — Só então, ele percebeu o copo que estava em suas mãos — Você bebe?

— De vez em quanto — Respondeu, agora também olhando para o copo, que você tinha até esquecido que estava lá — Mas Kazutora colocou mais vodka do que suco.

— Posso provar? — Ele perguntou, depois de rir do seu comentário.

Você estendeu o copo na direção dele, sem conseguir tirar o sorriso do rosto nem por um segundo sequer. O moreno pegou a bebida de suas mãos e levou aos lábios, sem tirar os olhos de você.

— Não 'tá tão forte — Disse, assim que acabou de beber um pouco — Prova aí.

Mesmo relutante, você levou o copo aos lábios, não se importando em dar um gole consideravelmente grande. O ardor da vodka descendo pela sua garganta queimava toda a área, fazendo você ter que se segurar para não tossir. Mas você não conseguiu evitar de fazer uma careta, arrancando uma risada alta do moreno.

— Não 'tá tão forte um caralho — Você falou, baixo, mas o suficiente para ele conseguir ouvir e rir mais ainda.

— Mas não 'tá — Ele retrucou — Posso fazer um mais fraco, se você quiser.

— Eu me acostumo — Você respondeu, balançando o copo em mãos — Mas obrigada, Baji.

— Já disse pra me chamar de Keisuke — Você assentiu com a cabeça, sem conseguir evitar de sorrir com o jeito meigo que ele falou isso — Quer voltar lá pra festa?

Você abriu a boca para responder, mas, logo em seguida, vozes risonhas vieram na direção de vocês, entrando na cozinha logo em seguida.

— Você 'tá aí, [Nome] — Mikey falou, assim que lhe viu — Kazutora 'tá te chamando pra jogar beerpong.

— Puta que pariu — Você sussurrou, em um suspiro, fazendo todos ali rirem.

No fundo, você sabia que isso ia acontecer. O Henemiya te arrastaria para todos os jogos que você pudesse imaginar, tentando te fazer ficar o mais bêbada possível. Acabou que vocês voltaram para a sala, não precisando de muito esforço para localizar Kazutora, que acenava na direção de vocês.

Na frente dele, tinha uma mesa longa, com dez copos de cada lado, formando um triângulo. O tatuado segurava uma bolinha de ping pong na mão e tinha um sorrisinho travesso no rosto, fazendo você revirar os olhos só de imaginar o que ele planejou para você.

— Mana, esse daqui é o Chifuyu — Ele falou, assim que você chegou perto o suficiente, apontando com a cabeça para um garoto loiro mais novo ao lado dele. Você sorriu para o mais baixo, recebendo um aceno de cabeça em resposta — Vai ser eu e ele contra você e Baji.

— Você sabe que eu não sou acostumada a beber.

— Não faz mal, se você der pt, eu cuido de você — Depois de piscar brincalhão na sua direção, você suspirou fundo e foi para trás do outro lado da mesa, sendo seguida por Keisuke, que ria quase que o tempo todo.

Tinham muito mais pessoas agora, principalmente na sala e no quintal da frente. Particularmente, você não conhecia ninguém que não tivesse sido apresentada a pouco tempo, tirando Kazutora e Baji.

A música alta invadia os seus tímpanos de forma não agressiva, fazendo você querer viver cada vibração que corria pelo seu corpo. O cheiro de cigarro eletrônico e maconha entrava pelas suas narinas, fazendo você torcer o nariz algumas vezes, antes de se acostumar.

— Eu vou primeiro — O Henemiya disse, já com a bolinha em mãos.

As primeiras jogadas sempre eram as mais fáceis, já que tinha o número máximo de copos e todos eles estavam juntos. Por isso, Kazutora não teve nenhum problema em acertar um dos copos do meio, logo na primeira tentativa.

— Boa porra! — Ele gritou, enquanto comemorava com Chifuyu — Algum dos dois tem que beber.

— Eu bebo — Antes que você pudesse responder, Baji falou, já pegando o copo em cima da mesa e tirando a bolinha, virando todo o líquido sem nenhuma dificuldade. Você o olhava com os olhos meio arregalados, pensando em como iria conseguir virar tudo aquilo quando fosse a sua vez — Quer jogar primeiro?

Você assentiu com a cabeça, agradecendo quando o moreno deu a pequena bolinha para você. Sabia que teria mais chances de acertar nas primeiras jogadas e não queria passar vergonha na frente dos amigos de Kazutora. Sem muita dificuldade, você conseguiu acertar o copo da primeira fila, arrancando uma comemoração exagerada de Keisuke, que tentava irritar o Henemiya.

— Agora [Nome] vai beber — O tatuado falou, dando a bola para o loiro ao lado dele e virando todo o líquido do copo que tinha em mãos.

Chifuyu também não teve muita dificuldade em conseguir acertar um dos copos, já que o jogo ainda estava bem fácil. Depois de um suspiro, você pegou o copo e tirou a bolinha de dentro, dando ela para Baji, que tinha um sorriso divertido no rosto.

Você teve que respirar fundo antes de começar a beber daquele copo, sentindo um enjoo percorrer todo o seu corpo, assim que sua língua entrou em contato com o líquido extremamente doce. Você não tinha ideia do que era aquilo, mas imaginou que fosse algum tipo de gummy, uma mistura de vodka, sprite e refresco em pó. Mas, independente do que fosse, estava fazendo você quase vomitar.

— É isso aí, [Nome] — Draken gritou, um pouco afastado de onde vocês estavam, assim que você colocou o copo vazio em cima da mesa.

— Quem diria que um dia eu ia te fazer virar um copo de gummy — Kazutora falou, rindo alto.

Um copo já tinha sido o suficiente para quase fazer você passar mal, além de que você sabia que os efeitos do álcool só bateriam em alguns minutos. No jogo, você beberia, no máximo, cinco desses. Talvez conseguisse aguentar.

— Você 'tá bem? — Você se virou assim que ouviu a pergunta e sentiu uma mão quente em seu ombro, vendo Keisuke com um semblante levemente preocupado.

— 'Tô sim — Respondeu, com seu melhor sorriso — Só achei muito doce.

Uma risada alta escapou dos lábios dele, que começaram a ficar tão atraentes de repente. Você começou a perceber que o álcool estava, aos poucos, tomando conta do seu organismo. Além de virar um copo de 400ml de gummy, tinha bebido metade do copo que Kazutora tinha feito de suco de uva e vodka para você.

— Isso não tem como acabar bem — Mas, mesmo esse sendo o pensamento que se passava na sua cabeça, não hesitou nem um segundo em continuar o jogo.

Vocês mais gritavam do que falavam, e isso porque a música nem estava tão alta. Draken tinha se juntado ao time do Henemiya, enquanto Mikey foi para o seu. Durante o tempo que se passava, você ia conhecendo alguns outros amigos deles, sempre tentando ser o mais simpática que conseguia, enquanto xingava Kazutora 70% do tempo.

Os copos já estavam quase no fim, faltando apenas três do seu lado e dois do lado do tatuado. Quanto mais copos vocês acertavam, mais difícil ficava de acertar o resto. A gritaria lhe contagiava e você não conseguia parar de rir, já tendo virado três copos do gummy e roubado alguns goles grandes da cerveja de Mikey.

— Puta merda — Você reclamou alto, assim que Draken acertou outro copo de vocês, sendo a sua vez de beber.

— Não pode voltar atrás, hein [Nome] — O loiro alto atiçou, fazendo você dar a língua para ele, pouco antes de levar o copo aos lábios e beber tudo o que tinha dentro.

Estava cada vez mais fácil de virar o álcool, provavelmente por você já estar meio bêbada. Sua cabeça flutuava um pouco e estava ficando mais difícil de se concentrar nas coisas. Além disso, você já não conseguia mais mirar nos copos do outro lado da mesa. Mesmo assim, toda a vergonha e timidez que você estava tendo antes sumiram, como num passe de mágica. De repente, você e Mikey já estavam conversando como se fossem velhos amigos, até porque, ele também estava bêbado.

Somente quando Baji acertou o último copo do grupo de Kazutora, vocês três, e outras pessoas que pararam o que estavam fazendo para ver o jogo, começaram a comemorar loucamente. Suas bochechas estavam doendo de tanto sorrir e sua garganta ardia de tanto que você gritou. Mas isso não passava de meros detalhes e você não pararia de se divertir para prestar atenção nisso.

Por causa de todo o álcool consumido, sua bexiga começou a apertar, anunciando que você precisava ir no banheiro, urgente. Acabou perguntando para Mikey onde ficava o banheiro, se tocando de que nem sabia de quem era a casa. Só sabia que não era de Kazutora, que morava em um apartamento, e você já foi lá diversas vezes.

Andou em passos meio duvidosos até entrar no corredor atrás da sala, não tendo muita dificuldade em saber qual era a terceira porta à direita e entrando por ela logo em seguida. Não demorou muito lá dentro, passando a maior parte do tempo de analisando no espelho, tendo que ficar bem perto do seu reflexo para conseguir enxergar alguma coisa.

Se apressou em sair de lá e pedir um copo de água para Kazutora, quando uma voz familiar lhe chamou a atenção.

— [Nome]? — Você se virou na direção do som feminino, tendo que estreitar um pouco os olhos para reconhecer sua colega de trabalho.

— Emma? — Antes que pudesse pensar em como cumprimentar a loira, ela já veio até você e lhe abraçou, lhe fazendo estranhar um pouco, já que nunca fizeram isso no trabalho.

— Ainda bem que você 'tá aqui — Finalmente, ela te soltou, se afastando só o suficiente para conseguir lhe encarar — Achei que eu ia acabar ficando sozinha.

— Você não conhece ninguém aqui?

— O Mikey é meu irmão, então eu conheço alguns dos meninos faz tempo — Emma fez uma pausa antes de continuar, desviando o olhar e corando levemente as bochechas — E eu fico com o Draken, as vezes — Você deixou um pequeno sorriso escapar quando pensou o quão fofa a loira estava agora — E você? Conhece alguém daqui?

— Só o Kazutora e o Baji.

— Você fica com algum deles?

— Não não — Se apressou em responder, balançando as mãos negativamente — Kazutora é meu amigo de infância e Baji vai no petshop de vez em quando.

— Falando nisso, ligaram pro petshop procurando você — Sua boca já estava se abrindo para concordar, se lembrando que você havia encontrado o dono do gato que Keisuke tinha levado no dia anterior e ele havia ficado de ligar para combinar de pegar o felino — Acho que era o Baji.

A última fala dela lhe deixou completamente desconcertada e, do nada, as palavras sumiram da sua boca. Até hoje, você e o moreno só tinham tido interações profissionais, com você sendo a atendente da loja em que ele costumava ir. Mas a ideia de que ele havia ligado apenas para perguntar algo sobre o petshop logo se instaurou em sua mente.

Mal você imaginava que, o que ele queria mesmo, era ser o responsável por lhe trazer aqui hoje.

Você abriu a boca para falar, mas uma voz grossa e forte atrás de você lhe fez tomar um quando susto de onde estava.

— Aí 'tá você, Emma — Nem precisava se virar para saber que era o Draken quem estava falando — Kazutora 'tá procurando por você também, [Nome].

O loiro foi até vocês, passando o braço por trás do pescoço da loira, que corou imediatamente.

— Certo, obrigada — Você respondeu, com um sorriso simpático no rosto — Até mais, Emma.

Quando ela assentiu com a cabeça na sua direção, você deu meia volta e começou a andar por onde tinha vindo. Tentava se lembrar onde tinha deixado sua bolsa, com a carteira e o celular, mas não conseguia se lembrar de jeito nenhum.

Ao entrar novamente na sala, você logo avistou o Henemiya, começando a andar na direção dele. Mas, enquanto seus olhos percorriam a sala, uma onda gelada e um frio na espinha percorreu todo o seu corpo assim que seus olhos pararam em Shuji Hanma, um dos melhores amigos de Kisaki.

Você acabou se lembrando de que não tinha falado para o loiro que ia sair com Kazutora. Se seu namorado descobrisse onde você estava, ia, no mínimo, ser um caos. Mas, por mais que você tentasse virar o rosto e sair de lá, você só conseguiu desviar o olhar quando as íris douradas pararam em você por um instante.

Imediatamente, você se virou e voltou a andar na direção do seu amigo, tentando ignorar o olhar intenso que você sabia que estava na sua direção. Por mais que vocês tivessem se encarado nos olhos por pouco tempo, você não sabia se isso teria sido o suficiente para Hanma perceber que era a namorada de Kisaki.

— Ei — Você acabou se assustando com a mão que pousou delicadamente no seu ombro, mas, assim que se virou às pressas, relaxou ao ver as íris cor de bronze de Baji — Você 'tá bem?

— Eu preciso de um pouquinho de ar, na verdade — Você respondeu, tentando não parecer tão nervosa quanto estava. Olhando ao redor, você não conseguiu mais encontrar com Hanma, mas não sabia se isso te aliviava ou deixava ainda mais tensa.

— Vem comigo.

O moreno pegou na sua mão de forma delicada, andando pelo meio da pequena multidão na sala e puxando você logo atrás dele. Acabaram entrando no mesmo corredor que você tinha ido antes, mas, dessa vez, subiram as escadas no final dele, entrando em outro corredor, só que menor.

Não tinha ninguém lá em cima e o barulho do som alto estava bem mais fraco do que antes, fazendo seus ouvidos destamparem com a relativa calmaria.

Baji abriu uma das portas, a última do corredor e passou por ela, soltando a sua mão logo em seguida. Você acabou arqueando levemente as sobrancelhas quando percebeu que estavam em um quarto, que tinha uma varanda enorme.

Sem nem esperar o moreno, você entrou no cômodo e foi até a porta de vidro, a abrindo e entrando no lado de fora, sentindo a brisa fria da noite entrar em contato com cada centímetro da sua pele, coberta apenas pelo vestido pequeno que você usava.

O frio era completamente suportável, levando em consideração que você conseguia finalmente respirar fundo e clarear um pouco a mente. Talvez tivesse bebido demais, mas imaginar a possibilidade de uma confusão com Kisaki tinha realmente iniciado um conflito na sua cabeça.

Os pelos do seu corpo começaram a se arrepiar quando o frio começou a se tornar mais intenso, mas, antes que você tivesse tempo de levar as mãos até os braços, para esquenta-los, sentiu um tecido grosso e confortável em cima dos seus ombros.

— Toma, pode usar — Keisuke falou, logo atrás de você, arrepiando ainda mais os seus pelos.

— Obrigada — Você agradeceu, finalmente se virando para encara-lo.

Parece que, sob a luz da lua, os olhos bronze de Baji ficavam ainda mais intensos. Era como se a cor deles se acentuasse ainda mais, fazendo você ficar completamente perdida ao olhar para eles. E, sinceramente, você não queria mais sair da hipnose que era encarar aquele homem.

— Você fica ainda mais linda com vergonha, sabia disso? — A fala dele fez suas bochechas corarem na mesma hora, ao mesmo tempo em que você percebia que tinha encarado ele por segundos demais.

— Essa.. casa é sua? — Você tentou mudar o assunto, desesperadamente, se amaldiçoando amargamente por ter gaguejado levemente.

— É minha sim — O moreno respondeu, pouco depois de soltar uma risada fraca com o seu desconcerto — Mas, e aí, vai me falar o que aconteceu?

Você voltou a encarar as íris bronze mais uma vez, pensando se deveria ou não contar para ele. Baji tinha sido um príncipe com você a noite inteira e, sinceramente, você queria muito desabafar com alguém agora, mas a ideia de buscar Kazutora lá em baixo não parecia tão boa.

— Um dos amigos do meu namorado 'tá lá em baixo — Respondeu, depois de um suspiro cansado — Fiquei com medo de ele contar pra Kisaki que eu 'tô aqui.

— É verdade, você namora com aquele puto.

— Mais um pra lista de pessoas que odeiam meu namorado — Falou, irônica, arrancando uma risada do moreno.

— Mas, por que você não queria que ele soubesse que você 'tá aqui?

— Ele sempre implica com essas coisas — Deu de ombros — Além de não gostar nem um pouco do Kazutora.

— É por isso que você nunca vinha 'pras festas que ele te chamava?

— Em parte.

Você estava encostada no muro da varanda, que era alto o suficiente para não lhe deixar com medo de cair. Baji estava um pouco na sua frente, mas você não tinha os olhos nele, e sim no chão, relativamente envergonhada pelo rumo que a conversa estava tomando.

— Olha, eu conheço o Kisaki faz alguns anos e eu posso dizer, com toda a certeza do mundo, que aquele cara não presta — Você voltou a olhar para ele, com as sobrancelhas meio franzidas — [Nome], aquele cara é um filho da puta que não tem nem um pingo de respeito por ninguém e faz o que bem entender.

— 'Tá bom, já chega — Você disse, se afastando um pouco mais do muro, diminuindo a distância entre vocês — Kisaki pode ter muitos defeitos, mas ele ainda é o meu namorado.

— Aquilo não é um namorado — Baji retrucou, com um sorriso divertido nos lábios — Um namorado te apoia; faz você se sentir bem; 'tá com você nos momentos felizes e trastes; compartilha a vida com você; te elogia; ele é um companheiro que agrega em algo na sua vida — Enquanto ele falava, seus olhos iam se arregalando — Kisaki te consome inteira; tira toda a felicidade de você; te usa como bem entender; não liga pros seus sentimentos ou pensamentos; te coloca pra baixo o tempo todo e sempre te deixa como segunda opção pra tudo.

Você sabia que Keisuke só sabia de tudo isso porque Kazutora tinha contado para ele, mas não poderia estar mais feliz que o amigo tivesse feito isso. Era como se você tivesse passado muito tempo precisando ouvir essas palavras, que nunca foram ditas a você. Tinha consciência de que era exatamente assim que o Henemiya se sentia em relação ao seu relacionamento com Kisaki, mas ele nunca teve coragem de falar nem perto disso.

— [Nome], você é uma pessoa incrível e sensacional — Baji continuou a falar, dando um passo em sua direção, aproximando ainda mais os seus corpos — Você merece, no mínimo, um cara que te valorize pela pessoa maravilhosa que você é e que não fique te usando como um brinquedo — Devagar, ele pegou sua mão, que ficou quente instantaneamente — Você merece um cara que te trate melhor.

— Tipo você? — Talvez fosse o efeito do álcool, mas essas exatas palavras saíram da sua boca, deixando o moreno com uma expressão claramente surpresa. Mas, mesmo assim, o espanto dele se foi muito rápido, enquanto um sorriso satisfeito surgia nos lábios dele.

— É, tipo eu.

Devagar, Keisuke colocou uma das mãos na lateral de seu rosto, juntando seus lábios logo em seguida. Você não demorou nada para fechar os olhos e retribuir o ato, passando os braços por trás do pescoço dele, sentindo o braço livre dele rodear a sua cintura. Você sabia que era errado, mas nada importava no momento.

A única coisa em que você conseguia se concentrar era na língua quente do moreno invadindo a sua boca.