𝚏𝚒𝚟𝚎
Keisuke não demorou mais do que poucos segundos para entender o que estava acontecendo e, rapidamente, reagir. Para a sua surpresa, ele nao recuou. Muito pelo contrário, ele levou as mãos até a sua cintura, a segurando de forma firme, trazendo o seu corpo para mais perto do dele.
O beijo, que antes era meio inseguro, foi se intensificando cada vez mais, fazendo você se entregar quase que completamente ao moreno. Os lábios dele eram como um imã para os seus e, se dependesse de você, podia passar o resto da madrugada beijando ele.
Seu fôlego ia começando a se perder, a medida em que tudo ia se intensificando mais e mais. Respirar já estava sendo muito complicado e, além disso, seus corpos completamente colados, roçando levemente um no outro, estava lhe deixando louca.
Quando você já estava ficando com falta de ar, o beijo foi delicadamente interrompido e Baji se afastou levemente de você, só o suficiente para lhe encarar nos olhos. Você tentava não franzir as sobrancelhas, se perguntando se tinha feito algo de errado. A insegurança já começava a causar uma sensação incômoda no seu peito e você já estava relativamente nervosa.
— Quer entrar? — Foi o que ele perguntou, esboçando aquele sorriso, que fazia suas pernas ficarem fracas, e olhando para atrás de você — Não sei se ficar aqui fora de madrugada é a melhor opção.
Você esboçou um sorriso divertido, mas também aliviado, assim que percebeu que você não tinha feito nada de errado. Logo depois, concordou com a cabeça e, se afastando mais ainda de você, Keisuke segurou sua mão, de forma firme, percebendo o quão fria ela estava.
— Vem — Ele disse e você apenas concordou com a cabeça novamente, seguindo o moreno para dentro da casa.
A sala de estar parecia um lugar completamente diferente do que você estava uma hora antes. Não tinha mais ninguém lá e tudo estava muito organizado. Nem parecia que tinham umas setenta pessoas lá minutos antes.
O caminho que vocês estavam tomando já era bem conhecido por você. Sabia que estavam indo para o quarto de Keisuke e, por causa disso, seu corpo começou a ficar tenso e a ansiedade já tomava conta do seu organismo.
Mas, você nem teve tempo de deixar a insegurança invadir a sua mente, já que, assim que se deu conta, já estava no quarto dele. O barulho da chave rodando e trancando a porta do cômodo fez você se virar para trás e encarar as íris cor de bronze dele. O moreno vinha devagar em sua direção, sem o sorriso habitual, mas olhava você fixamente nos olhos, lhe fazendo sentir como uma pequena presa, prestes a ser atacada.
Você não teve coragem de se mover, ou de dizer que não queria aquilo, por isso, se manteve parada até que Keisuke estivesse bem perto de você.
O moreno colocou uma das mãos na lateral de seu rosto, se inclinando para frente e juntando os seus lábios novamente. Ele não demorou quase nada para pedir passagem com a língua e transformar o selinho em um beijo quente e sedento.
Estava bem claro onde ele queria chegar, e você nem o culpava. Tinha tocado a campainha dele e já atacado os lábios do Baji desde primeira. Claro que ele iria pensar que você queria também. E você até queria. Mas a insegurança falava mais alto na sua mente, principalmente quando Keisuke guiou você até a cama e fez com que você se inclinasse para trás, até sentir as costas entrarem em contato com o colchão macio.
Ele lhe beijava com ainda mais intensidade, só dando trégua para os seus lábios quando concentrava os beijos no seu pescoço. Suas pernas estavam meio abertas, com ele entre elas, mas você não conseguia se sentir confortável com a situação.
Somente quando uma das mãos dele foi parar na barra da sua camisa, você forçou a quebra do beijo e o empurrou um pouco para cima, só o suficiente para conseguir sair de baixo dele. Completamente envergonhada, você se sentou na cama, não ousando olhar na direção dele.
Baji tinha as sobrancelhas meio arqueadas e uma expressão de confusão no rosto. Ele te desejava a tanto tempo e achava que você sentia o mesmo, principalmente agora que você voltou na casa dele e, praticamente, o atacou. Agora que ele percebeu que você não queria ir tão longe quanto ele queria, as bochechas dele acabaram levemente rosadas.
Um silêncio intenso e constrangedor pairou no quarto durante longos segundos, que mais pareciam horas. Você tinha vontade de sair dali o mais rápido possível, mas se lembrou de que não podia voltar para o apartamento, caso Kisaki resolvesse tentar alguma coisa. Pensou em ligar para Kazutora, mas ele provavelmente estava dormindo aqui, em um dos quatros de hóspedes.
Mesmo que quisesse fugir, você sabia que teria que concertar a situação primeiro. A vergonha e culpa por ter feito Baji acreditar que você queria algo a mais consumia a sua mente. Precisava se desculpar.
— Me desculpa — Mas, não foi você quem falou, e sim ele. Finalmente, você virou o olhar para Keisuke, que tinha uma expressão envergonhada no rosto — Eu fui rápido demais e tentei forçar as coisas — Enquanto falava, ele desviava o olhar de você — Não queria apressar nada, nem te deixar desconfortável. Por isso, me desculpa.
— Não... não precisa se desculpar — Quando começou a falar, você não olhava mais para ele. Olhava para as próprias mãos, apoiadas no seu colo, enquanto mexia discretamente os dedos nervosos — Eu que te fiz entender errado as coisas. Eu é que preciso pedir desculpas.
— Você não fez nada de errado, [Nome] — Antes que você pudesse perceber, as mãos dele estavam segurando os seus dedos, os fazendo parar de se mover. Era mais confortável do que você podia imaginar — Não tem problema dizer "chega".
Você levantou o olhar para encarar as íris douradas de novo. Nem se lembrava da última vez que tinha ficado tão confortável assim com alguém que não fosse o Kazutora.
Seu corpo começou a relaxar um pouco e a ansiedade ia embora aos poucos. O sorriso que Baji esboçava para você fazia você se sentir incrível, como se nada do que você fizesse estava errado.
Durante muito tempo, você sempre foi extremamente insegura com todas as suas relações com outras pessoas. O único que lhe deixava verdadeiramente confortável era Kazutora. Depois que você começou a namorar com Kisaki, tudo ficou pior. O loiro sempre lhe colocava para baixo, mais do que qualquer um. Talvez seja por isso que você criou um bloqueio em si mesma. Talvez seja por isso que você não conseguia acreditar que um cara como Baji estava lhe tratando tão bem. Talvez seja por causa dessa insegurança que você acha que vai estragar tudo com o moreno.
— Mas, e aí? — A voz de Keisuke quase fez você dar um pulo de onde estava, se esquecendo completamente da situação ao seu redor — Não tô reclamando, nem um pouco, mas por que você voltou?
— Eu e Kisaki terminamos — Você olhava para baixo, mais por vergonha do que por tristeza. Percebeu que as mãos do moreno ainda estavam envolvendo as suas — E meu vizinho recomendou que eu não ficasse em casa essa noite, porque ele podia voltar.
— Então você veio por causa da minha casa? — Mesmo que ele tenha falado em um tom de brincadeira, você ficou nervosa e levantou o olhar, apenas a tempo de ver o sorriso brincalhão no rosto dele — É brincadeira.
Você não conseguiu desviar os olhos daquele sorriso, tão perfeito que faria você passar horas encarando, sem nem perceber.
— Fiquei feliz que você voltou — A fala dele fez você erguer o olhar e encarar as íris douradas de novo.
— Eu também fiquei.
O sorriso dele se alargou mais ainda.
Keisuke acabou te emprestando uma camisa larga e uma cueca box que ele nunca tinha usado e que ainda estava na caixa. Te mostrou onde era o banheiro e te entregou uma toalha.
Enquanto você tomava banho, todos os acontecimentos das últimas horas atingiram você de vez. Algumas lágrimas pesadas escorreram pelas suas bochechas no processo. Não porque você estava triste por ter terminado com Kisaki, mas por estar frustrada de não ter feito isso antes.
Por mais que não acreditasse, você merecia alguém que te tratasse melhor.
E foi com esse pensamento em mente que você saiu do banheiro, usando a camisa e a cueca que Baji lhe deu. Tinha escovado os dentes com uma escova nova que o moreno abriu para você.
Um assobio de Keisuke fez com que suas bochechas ficassem vermelhas e, antes que pudesse olhar para ele, desviou o olhar, corada.
— Caralho — Ele disse, em um tom que não parecia brincalhão — Você ficou uma gata com minha camisa — Uma risadinha divertida escapou dos lábios dele — Se bem que, você tá sempre muito gata.
De fato, você corou ainda mais. Nem achava possível uma pessoa ficar tão vermelha quanto você ficou naquele momento. Estava pensando em mil e um jeitos diferentes de responder ele do mesmo modo, mas, quando você levantou o olhar, ficou sem palavras.
Deitado na grande cama de casal, Baji estava nu da cintura para cima, revelando os músculos secos, mas definidos. Ele usava uma calça moletom cinza escura e os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo mal feito, apenas para tirar os fios escuros do rosto dele.
Você nunca tinha visto ele tão bonito assim.
— Posso te chamar de gatinha? — A pergunta dele fez você desviar o olhar de você e corar mais do que antes, o que arrancou uma risada divertida dele — Só quando não tiver ninguém por perto, então?
Você assentiu levemente com a cabeça, sentindo suas bochechas ficarem menos vermelhas. Devagar, você foi até a cama, levemente hesitante e envergonhada, mas o moreno percebeu e fingiu estar mexendo em algo no celular, para deixar você mais confortável em se deitar na cama, não muito longe dele.
Somente quando você já estava aconchegada ao lado dele, Keisuke bloqueou a tela do celular e se virou para você, que também olhava para ele, levemente envergonhada. Ele lhe observava com tanta intensidade, fazendo as íris douradas brilharem, que você já estava sentindo duas bochechas corarem mais uma vez.
— Você é linda, sabia disso? — A pergunta dele fez você desviar o olhar, o que arrancou uma risada fraca dele — Não gosta de elogios?
— Não sei lidar muito bem com eles — Admitiu, em voz baixa.
— Imagino que Kisaki não te elogiava com tanta frequência — Você não respondeu, e nem virou o olhar para ele de novo — Como é que alguém tão incrível como você ficou tanto tempo com um cara como ele?
— Eu não sou tão incrível quanto você acha — Antes que ele pudesse retrucar, você continuou a falar — E no início eu não sabia que ele era assim.
— Por que não terminou com ele quando descobriu, então?
— Não sei direito — Você deu de ombros, voltando a encarar as íris douradas — Eu não tenho muitos amigos e não queria ficar sozinha.
— E Kazutora?
— Eu amo ele, mais do que eu amo qualquer pessoa nesse mundo — Era engraçado o modo como Baji prestava atenção em cada palavra que saísse da sua boca, como se elas fossem realmente importantes — Mas eu nunca gostei da ideia de prender muito ele. Sabe, Kazu tem muitos amigos, diferente de mim. Então não queria que ele perdesse muito tempo comigo, ao invés de ficar com vocês.
— Tenho certeza de que, pra ele, você não é nenhuma perda de tempo.
Mais uma vez, você corou, mas as palavras dele passaram um tempo sendo marteladas em sua mente. Você sabia que Kazutora lhe amava muito, mas sempre se sentiu insegura, achando que, em alguns momentos, acabava aperreando ele ou atrapalhando os planos do mais venho.
— Por que você e Kisaki terminaram? — Somente depois, Keisuke percebeu a intensidade da pergunta que tinha feito, então balançou negativamente a cabeça e falou rápido — Não precisa responder, se não quiser.
O leve nervosismo dele fez você soltar uma risadinha fraca, achando fofo o leve desconcerto dele.
— Ele começou dizendo que eu devia deixar de ser amiga do Kazu — Você começou a explicar, se lembrando da intensa briga que tiveram a poucas horas atrás — Eu fiquei com raiva e disse que não, então ele começou a me xingar e tudo mais. Isso acontecia quase sempre, só que, dessa vez, eu 'tava tão cansada de tudo que só terminei com ele.
— E ele obviamente não gostou nem um pouco, não é? — Você até riu com a pergunta dele.
— Ele disse que eu nunca ia achar ninguém e que ele tinha feito um favor sendo meu namorado — Ao ouvir isso, Baji soltou uma risada estridente, o que fez você rir também — Depois ele disse que tinha me traído, várias vezes.
— O que você respondeu?
— Que estávamos quites, então.
A risada de Keisuke preencheu todo o quarto e, quando você viu, já estava imersa na risada junto com ele. Era incrível como o moreno conseguia fazer você rir dessa situação que, em momentos normais, faria você chorar até não ter mais lágrimas para escorrer pelo seu rosto.
— Eu daria tudo... — Baji tentava falar, com dificuldade por causa dos risos — Pra ver a cara dele... Quando você disse isso — Só então, ele parou para pensar um pouco e, do nada, a expressão dele mudou completamente — Ele fez alguma coisa com você? — Não só o rosto dele tinha mudado, como o tom de voz. Agora, o moreno estava sério e irritado, fazendo você ter que engolir seco antes de responder.
— Não — Você desviou o olhar dele, já que as íris douradas estavam intensas demais agora — Acho que ele ia fazer, mas meu vizinho chegou na hora e ele foi embora.
— Foi esse vizinho quem mandou você ir pra outro lugar?
— Uhum — Você respondeu em um murmuro — Ele esperou até o táxi chegar pra entrar no apartamento de novo.
Olhando de relance, você viu que a expressão tensa no rosto dele suavizou.
— Você devia falar com Kazutora sobre isso — Em um movimento rápido, Keisuke se sentou na cama, virado para você — Seria melhor se você ficasse na casa dele por um tempo.
— Eu... — Era difícil controlar a insegurança e ansiedade, principalmente quando você já estava tão acostumada a isso — Eu não quero atrapalhar ele.
— Eu até ofereceria pra você ficar aqui — Você tentou não arregalar muito os olhos ao ouvir o que ele falou — Mas tenho certeza que Kazutora vai fazer questão de cuidar de você ele mesmo.
— Posso falar com ele amanhã.
Uma expressão de alívio tomou conta do rosto do moreno. Você também não conseguiu deixar de perceber que sua mente estava mais leve com a ideia de ficar um pouco longe daquele apartamento. Com Kazutora por perto, as chances de Kisaki vir aperrear você eram mínimas.
— Você ligou pro petshop hoje mais cedo, não foi? — Você perguntou, quando a lembrança de Emma te contando veio à sua mente. Esperou até Keisuke assentir com a cabeça, concordando — O que você queria?
Por mais que você já tivesse colocado na cabeça que era apenas alguma informação sobre o petshop, a pergunta estava entalada na sua garganta por muito tempo. Justamente por isso, você teve que se segurar para não arregalar muito os olhos, quando ele respondeu.
— Eu ia te chamar pra vir pra cá — Baji respondeu, dando de ombros — Queria te chamar pra sair faz um tempo, mas não sabia como fazer isso direito.
— Você não parece o tipo de cara que teria problema com isso.
— Normalmente eu não tenho — Ele disse, depois de rir da sua brincadeira — Mas você é diferente das garotas com quem eu já saí.
— E isso é bom ou ruim?
Keisuke aproximou um pouco o corpo do seu e, com vocês dois deitados, acabaram ficando muito próximos um do outro. Você já sentia os batimentos fortes do seu coração e sua respiração ficando mais densa, a medida em que você ia ficando levemente nervosa.
— É ótimo.
Depois de sussurrar a resposta, o moreno acabou com todo o espaço entre os lábios de vocês, dando início a um beijo lento e calmo. Os lábios dele tinham gosto de pasta de dente e estavam tão macios quanto antes.
A sensação de beijar Baji era, no mínimo, extraordinária e lhe deixava com as típicas "borboletas no estômago". Se você pudesse, ficariam assim para sempre. Se fosse possível, você congelaria aquela noite para sempre, onde vocês ficaram ali, deitados, trocando beijos e carícias, conversando até sentirem que se conhecem melhor.
Você não se sentia forçada a fazer algo que não queria, muito pelo contrário, Keisuke lhe deixou confortável para escolher os limites das carícias, até onde ele podia colocar as mãos bobas, até que parte de sua pele os lábios dele poderiam tocar. E você amava isso. Amava não precisar se forçar ser alguém ou fazer alguma coisa só para agradar ele.
Os beijos do moreno eram como uma droga pesada, que já deixava você viciado na primeira vez que você provasse. Você o beijou até que seus lábios ficassem inchados e até que suas pálpebras ficassem extremamente pesadas por causa do cansaço.
E foi assim, exausta, que você adormeceu nos braços de Keisuke Baji.
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