03. Toxic
O ar gelado fora da pista de patinação me golpeava o rosto, mas, na verdade, o frio vinha de dentro. Cada passo que eu dava longe daquele garoto irritante de moicano parecia ressoar na minha cabeça, como um eco do incômodo que ele provocava. Descarte. Foi essa palavra que ficou gravada na minha mente. Não era só a ousadia dele de tentar flertar comigo depois de levar um fora da Jean. Era o fato de ele ter me colocado nessa posição, como se eu fosse apenas uma alternativa, uma segunda opção conveniente. A irritação fervia dentro de mim, mas eu mantinha o rosto controlado, porque eu sabia que explodir não ia me levar a lugar nenhum.
Passei a mão pelo coque frouxo no meu cabelo, tentando arrumar os fios rebeldes que escapavam, enquanto caminhava para longe da pista. Meus pensamentos estavam a mil. Não era só sobre ele. Não era só sobre essa noite. Era sobre tudo. Sobre Jean, sobre meu pai, sobre essa cidade que parecia tão pequena e ao mesmo tempo cheia de desafios que me forçavam a confrontar partes de mim mesma que eu preferia ignorar.
Jean. Minha irmã mais nova. O reencontro com ela deveria ter sido um alívio, um abraço apertado, um "eu senti sua falta" sem palavras. E foi, por um instante. Mas o alívio foi rapidamente substituído pela tensão. Ela estava magoada. Dava para ver nos olhos dela, mesmo que tentasse esconder atrás de um sorriso compreensivo.
"Você me deixou," ela havia dito mais cedo, a voz carregada de uma frustração que ela tentou disfarçar como brincadeira, mas eu sabia que não era brincadeira. "Você sempre foi quem cuidava de mim. Quando você foi embora... Eu não sabia o que fazer. Você sabe disso, não sabe?"
Aquelas palavras ficaram comigo como um peso no peito. Claro que eu sabia. Eu sabia que Jean precisava de mim. Eu sabia que ela se sentia perdida, que minha ausência a deixou sozinha em momentos importantes da vida dela. E o pior? Eu não podia culpar ninguém além de mim mesma. Eu tomei a decisão de sair. Não foi uma escolha fácil, mas foi minha.
E ela, como sempre, era compreensiva. Ela não disse que me odiava. Não gritou. Não jogou toda a culpa em mim, mesmo que tivesse o direito de fazer isso. Jean sempre foi assim, doce demais, compreensiva demais. Talvez isso fosse o que me machucava mais.
Suspirei, parando ao lado de uma das mesas para me sentar. Cruzei os braços e olhei para o chão, mas não conseguia desligar minha mente.
E meu pai? Bem, esse era um problema completamente diferente. A última vez que eu o vi antes de hoje foi há anos, e naquela época, nossas interações eram praticamente combates. Não físicos, mas quase. Nós discutíamos como se estivéssemos no meio de um torneio de karatê, cada palavra uma tentativa de derrubar o outro. Ele era tão teimoso quanto eu, talvez até mais.
E foi por isso que nossa família se desfez. Ele foi embora, e eu segui meu caminho, deixando Jean e a mamãe para trás. Foi a escolha certa? Não sei. Talvez nunca saiba. Mas, quando nos vimos hoje, tudo o que senti foi... Vazio. Não havia raiva. Não havia discussões. Apenas aquele silêncio desconfortável, como se ambos soubéssemos que não sabíamos o que dizer. Ele parecia perdido, tanto quanto eu.
Ele tentou sorrir, eu acho. Foi um sorriso fraco, quase ensaiado, e tudo o que consegui fazer foi forçar algo semelhante em resposta. Nos olhamos por alguns segundos, e eu percebi que ele ainda era meu pai, mesmo que a conexão entre nós parecesse tão distante quanto um sonho esquecido.
Afastei o pensamento, sentindo os dedos começarem a formigar de tanto apertar os braços contra o peito. As emoções ferviam dentro de mim, irritação com aquele garoto, frustração com minha irmã, confusão com meu pai.
Levantei o olhar e percebi o movimento ao meu redor. Pessoas riam, conversavam, patinavam na pista, como se a vida delas fosse simples e tranquila. E ali estava eu, tentando manter minha compostura em um lugar que parecia me desafiar a cada momento.
Eu não deveria estar aqui. Não hoje, pelo menos.
Passei as mãos no rosto, tentando clarear a mente, mas a sensação de peso persistia. Era isso que acontecia quando se deixava pontas soltas na vida, reencontros difíceis, palavras não ditas, expectativas frustradas. Eu queria consertar as coisas com Jean, talvez até com meu pai. Mas como?
E, no meio de tudo isso, ainda tinha o moicano irritante. Ele tinha sorte de eu só tê-lo derrubado na pista.
Eu enfim tomei coragem para ir embora, por mais que o cansaço já tivesse me tomado por completo. Passo por Jean e pelo amigo do garoto do moicano, um garoto de cabelos enrolados e olhos escuros como a noite, que parecia um pouco deslocado naquele ambiente, talvez desconfortável pela presença de Jean, como o que aparentava ser. Minha expressão estava dura, fechada como uma armadura. Jean me viu e levantou a mão, chamando minha atenção.
— Lauren, onde você vai?
Paro por um momento, o olhar fixo no dela. Ela estava sentada com o garoto, ambos com milkshakes em mãos, e havia uma serenidade na cena que contrastava com a tempestade dentro de mim. Não queria estragar o momento dela.
— Vou voltar para casa — Digo, tentando manter o tom neutro. — Você se divirta, ok?
Jean franze a testa, talvez querendo insistir, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, eu já estava me afastando. Meu passo firme e determinado, mesmo que a irritação ainda borbulhasse por dentro.
O ar frio da noite de inverno cortava minha pele enquanto eu caminhava pelas ruas. As luzes da cidade estavam suaves e amareladas, iluminando meu caminho até o pequeno apartamento que eu dividia com Yelena e Mikan. Esse lugar, fornecido por nossos senseis, era o que chamávamos de lar agora, uma base temporária enquanto começávamos a montar as fundações do novo dojô em Marietta.
Quando cheguei ao prédio, subi as escadas desgastadas e destranquei a porta com cuidado. O ambiente era pequeno, mas organizado. Um sofá velho no canto, a mesa de jantar encostada na parede, e uma cozinha aberta que parecia acolhedora, apesar de simples. O lugar tinha o cheiro familiar de chá verde, provavelmente algo que Yelena tinha feito antes de sair.
O silêncio no apartamento era bem-vindo. Tirei os sapatos e joguei minha jaqueta sobre o encosto do sofá, me permitindo relaxar um pouco. Caminhei até o meu quarto e me sentei na cama. O colchão era firme, e a colcha escura parecia convidativa.
Suspirei, deixando o peso do dia cair sobre mim. A conversa com Jean ecoava na minha mente, assim como o reencontro com meu pai. Essas relações, tão complicadas e cheias de mágoas do passado, eram algo que eu não sabia como consertar. Mas o pior de tudo era a sensação de que o tempo estava se esgotando.
Amanhã começariam os treinos intensivos para o regional. Essa competição era mais do que apenas um torneio. Era um teste. Não apenas de força ou técnica, mas de liderança. Eu não podia errar. Não podia vacilar. Cada movimento, cada decisão que eu tomasse, refletiria no futuro do dojô.
Deitei-me na cama por um momento, olhando para o teto. As palavras de Yama ecoavam na minha mente, firmes e implacáveis, "A responsabilidade está nos seus ombros. Não aceite nada menos do que a perfeição, porque ninguém vai aceitar."
Fechei os olhos, respirando fundo.
Perfeição. Essa palavra pesava como uma corrente no meu tornozelo. Desde pequena, fui treinada para buscá-la, mas, por mais que tentasse, parecia sempre fora do alcance. Será que algum dia seria suficiente? Para Jean? Para meu pai? Para os senseis que depositaram tanta confiança em mim?
Lembro-me de Mikan rindo mais cedo, antes de sairmos para o treino. Ele sempre tinha um jeito de aliviar as tensões. "Relaxa, Lauren. Não é como se o futuro do karatê mundial dependesse de você." Era brincadeira, claro, mas às vezes parecia que sim, que esse peso de fato estava sobre minhas costas.
Levantei-me da cama, incapaz de ficar parada. Fui até a cozinha e preparei um chá, o calor da xícara ajudando a descongelar um pouco do frio que ainda sentia, tanto por fora quanto por dentro. Meus olhos recaíram sobre um caderno que estava sobre a mesa.
Era meu diário de treino. Todas as metas, estratégias e pensamentos sobre as lutas estavam ali. Abri em uma página onde tinha anotado minhas fraquezas e áreas de melhoria. Ler aquilo me deu um estranho senso de controle. Não podia consertar tudo na minha vida de uma vez, mas podia, ao menos, controlar minha performance no tatame.
Depois de alguns minutos de leitura, senti o peso do dia finalmente me alcançando. Terminei o chá, lavei a xícara e voltei para o quarto. Quando deitei, meus pensamentos ainda estavam correndo, mas, dessa vez, havia uma determinação maior.
Amanhã seria um novo dia. E eu precisava estar com os pensamentos organizados. Não havia espaço para erros ou distrações. Eu não podia deixar meu passado, minha família ou um garoto irritante de moicano atrapalharem o que realmente importava.
Com essa certeza, fechei os olhos, permitindo-me descansar. O silêncio do apartamento era um lembrete de que, por mais tumultuada que fosse minha mente, eu ainda tinha controle sobre o caminho que escolhia trilhar. E amanhã, no tatame, eu provaria isso.
No entanto, o silêncio foi curto. Muito curto.
Estava quase pegando no sono quando a porta do apartamento se abriu com um baque que parecia mais alto do que o necessário. Vozes invadiram o ambiente como um trovão, preenchendo o espaço antes tão calmo com uma mistura de frustração e risadas contidas.
— Eu não acredito que ele disse isso! — A voz de Yelena cortou o ar, carregada de indignação. — Quem ele pensa que é?
— Ah, vamos lá, Yelena. Não foi tão ruim assim... Ele só falou daquele jeito porque achou que tava ajudando... — Respondeu Mikan, tentando soar conciliador, mas havia uma leve risada na sua voz.
Eu bufei, irritada, jogando as cobertas de lado e me levantando da cama. A porta do meu quarto se abriu com um estrondo controlado, e eu me arrastei até o pequeno corredor que dava para a entrada, onde eles já estavam tirando os sapatos.
Mikan estava meio agachado, desamarrando as botas, com um sorriso que ele claramente tentava conter. Yelena, por outro lado, estava de braços cruzados, pisando firme no chão enquanto tirava os próprios calçados, o rosto vermelho de irritação.
— Vocês dois sabem que o conceito de silêncio existe, certo? — Perguntei, cruzando os braços e encostando na parede, minha expressão de puro sarcasmo. — Ou será que têm alguma cláusula no contrato do dojô que exige gritaria constante?
Mikan levantou o olhar para mim, aquele sorriso despreocupado se alargando.
— Ah, Lauren, sua majestade do silêncio. Desculpe-nos por perturbar sua serenidade.
— "Sua majestade"? — Arqueei uma sobrancelha, soltando uma risada seca. — Se sou a majestade, você deve ser o bobo da corte, porque só fala besteira.
Ele colocou a mão no peito, fingindo estar profundamente ofendido.
— Como ousa? Eu sou a voz da razão aqui.
— Razão? — Yelena entrou na conversa, disparando como uma flecha. — Você é o motivo pelo qual eu estou assim! Por que você não disse nada quando ele foi um babaca?
— Porque, Yelena — Ele respondeu, levantando-se e encostando no batente da porta com aquele ar relaxado que só ele conseguia manter em momentos tensos —, se eu tivesse dito alguma coisa, você teria jogado uma cadeira nele e provavelmente estaríamos presos agora.
— E teria valido a pena! — Yelena rebateu, apontando para ele como se estivesse ganhando a discussão.
Eu suspirei, esfregando o rosto. Era sempre assim com os dois.
— Ok, ok. O que aconteceu agora? — Perguntei, cansada, mas curiosa.
Yelena se virou para mim, os olhos brilhando de frustração.
— Aquele idiota do grupo de treino avançado.
— O que ele fez dessa vez?
— Ele disse que as mulheres só estão lá para preencher uma cota e que não têm a mesma força ou habilidade para competir de verdade.
Meu sangue ferveu instantaneamente, mas me mantive calma por fora.
— E você, Mikan? — Perguntei, olhando para ele com reprovação. — Ficou calado mesmo?
— Hey, eu sabia que ela ia lidar com isso! E... Bem, tecnicamente, ele não tá mais andando direito depois daquela rasteira que ela deu nele. — Ele sorriu, como se aquilo fosse um consolo.
Não consegui segurar um sorriso de canto, mas mantive o tom sério.
— Vocês dois são impossíveis.
— E você nos ama assim mesmo. — Mikan respondeu, piscando para mim enquanto tirava o casaco e o pendurava no gancho ao lado da porta.
— O que eu amo é o silêncio que vocês quebraram — Retruquei, mas havia um toque de humor na minha voz agora.
Yelena suspirou, largando o casaco dela ao lado do dele.
— Ele tá certo, sabe. Aquela rasteira foi satisfatória.
— Então, tecnicamente, ele merece um ponto por não interferir — Brinquei, me afastando e caminhando até a cozinha para pegar água.
— Obrigado, Lauren! Finalmente, alguém que reconhece minha genialidade.
— Não se acostume — Gritei da cozinha.
Enquanto enchia o copo, ouvi os dois discutindo baixo na entrada, mas o tom deles já era mais leve, como se o peso do episódio anterior tivesse desaparecido. Terminei minha água, voltei para o quarto e fechei a porta, satisfeita por ter restaurado um pouco da paz.
Amanhã seria um dia longo, e eu precisava de toda a energia possível para lidar com os treinos, e com esses dois.
⋆౨ৎ˚ ⟡˖ ࣪
Depois de um treino longo e exaustivo, daqueles que faziam cada músculo protestar e o corpo implorar por descanso, Mikan surgiu com uma sugestão inesperada.
— E se a gente fosse ao cinema? — Ele propôs, enquanto amarrava o casaco na cintura. – Tá passando um filme de kung fu. Perfeito pra relaxar depois de um dia desses.
Eu, ainda secando o suor com uma toalha, arqueei uma sobrancelha.
— Relaxar vendo mais gente se socar na tela? Você tem ideias bastante controvérsias de diversão.
— Ah, vamos! Vai ser divertido, prometo. — Ele insistiu, com aquele sorriso exagerado que era quase impossível de ignorar.
Yelena estava ao lado, colocando o cabelo em um rabo de cavalo. Ela deu de ombros.
— Por que não? Melhor do que voltar pro apartamento e ouvir você roncar. — Provocou, lançando um olhar de canto para Mikan.
Ele abriu a boca em falsa indignação, apontando para ela.
— Eu não ronco!
— Se você acha isso, deveria ouvir as gravações que fiz — Ela retrucou, um sorriso vitorioso nos lábios.
Eu ri da troca entre os dois, sacudindo a cabeça.
— Tudo bem, vamos ao cinema. Mas se o filme for ruim, a culpa vai ser toda sua. — Apontei para Mikan.
Ele fez uma pequena reverência, como se estivesse aceitando uma honra especial.
Assim que chegamos no local, pude sentir o ar diferente. O shopping parecia diferente dos lugares que eu frequentava na Rússia. Havia algo na energia do lugar, na maneira como as pessoas andavam despreocupadas de um lado para o outro, como se o tempo não tivesse pressa. Caminhamos juntos pelos corredores, Mikan tagarelando sobre como esse filme era um clássico do kung fu que nenhum de nós poderia perder.
— Tenho certeza que o protagonista dá pelo menos cinco chutes giratórios em sequência. Se não der, quero meu dinheiro de volta. — Ele dizia, gesticulando exageradamente enquanto andava à frente.
— Cinco? Isso é muito específico — Yelena retrucou, o tom sarcástico. — Vou cronometrar pra ter certeza de que não tá inventando.
Mikan parou, colocando a mão no peito, fingindo estar ofendido.
— Eu nunca invento nada. Sou a enciclopédia ambulante de filmes de kung fu.
Eu apenas seguia, rindo baixo da interação entre os dois. Mantinha meus braços cruzados e a postura ereta, como de costume, observando as pessoas ao nosso redor enquanto seguíamos em direção ao cinema.
— Lauren, você não tem nada pra acrescentar? — Mikan perguntou, olhando para trás.
— Só estou aproveitando o show de comédia grátis — Respondi, sem conter o sorriso. — Ou então o show de horrores.
Mikan deu uma risadinha baixa, revirando os olhos, enquanto Yelena fez uma careta ao me encarar.
Quando nos aproximamos do corredor que levava ao cinema, percebi um pequeno grupo vindo na direção oposta. Demorei um segundo para processar, mas logo o garoto do moicano, Eli, apareceu no meu campo de visão.
Meu humor azedou na hora.
Revirei os olhos e cerrei o maxilar, mas continuei andando. Mikan e Yelena, no entanto, não tinham ideia de quem eram aquelas pessoas.
— Olha só, parece que o garoto do moicano trouxe a gangue hoje. — Comentei, a voz seca, o olhar firme em Eli.
Ele estava cercado por outros jovens, o garoto latino que eu reconhecia como Miguel, a garota asiática que parecia estar em alerta, e um garoto mais jovem com um sorriso confiante demais para alguém daquela idade.
Mikan pareceu notar a tensão no meu tom e inclinou a cabeça para mim, curioso.
— Quem são eles?
— O outro lado — Respondi, enigmática.
— Outro lado de quê? — Yelena perguntou, franzindo o cenho.
Antes que eu pudesse responder, nossos caminhos se cruzaram.
Eli foi o primeiro a notar minha presença. Seu olhar encontrou o meu, e o sorriso convencido que surgiu em seus lábios quase me fez querer socá-lo.
—Lauren... — Ele disse, arrastando o tom como se estivéssemos num reencontro cordial.
— Do moicano. — Respondi no mesmo tom, cruzando os braços e o encarando com desdém.
— Ah, vocês já se conhecem? — Mikan perguntou, olhando de mim para ele, confuso.
— Infelizmente. — Murmurei, estreitando os olhos para Eli.
Yelena ficou quieta, mas seus olhos analisaram o grupo à nossa frente. Era como se ela estivesse tentando medir cada um deles, uma habilidade que ela tinha desenvolvido nos treinos, avaliar adversários sem dizer uma palavra.
Miguel pareceu perceber a tensão no ar e deu um passo à frente, tentando quebrá-la.
— Ei, não queremos problemas. Estamos só aqui pra assistir a um filme. — Disse ele, em um tom calmo.
—Ótimo. Então vão assistir ao filme de vocês e fiquem longe de nós — Respondi, seca.
Eli riu, balançando a cabeça.
— Relaxa, Lauren. Estamos em território neutro.
Eu não respondi, apenas fuzilei ele com o olhar antes de seguir adiante, empurrando Mikan pelo ombro para que ele saísse do caminho.
— Ok, ok, já entendi. — Mikan disse, erguendo as mãos em rendição enquanto olhava para Eli e os outros com curiosidade renovada.
Yelena seguiu logo atrás, mas lançou um último olhar ao grupo antes de virar a esquina.
Quando finalmente entramos no cinema, Mikan não conseguiu segurar a língua.
— Ok, quem eram aqueles caras?
— Adversários de outro dojô. — Respondi, curtamente, enquanto procurávamos nossos assentos.
— E o garoto do moicano? Parece que tem história ali.
— Ele provocou, com um sorriso malicioso.
— Larga mão de ser intrometido, Mikan.
Yelena apenas riu baixo, mas não disse nada. Estávamos todos mais tensos agora, mas fiz o possível para afastar aquilo da mente. Afinal, estávamos ali para relaxar, ou pelo menos tentar. Mesmo que a raiva por aquele garoto fosse eminente, eu não deixaria que atrapalhasse a saída que deveria ser um descanso entre eu e meus amigos.
Obra autoral ©
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