009

Maggie caminhou pela rua estreita, o som ritmado de seus passos ecoando contra o silêncio do bairro. As nuvens densas no céu ameaçavam uma tempestade, e a leve brisa carregava o cheiro de chuva iminente. Ao avistar sua casa, um misto de alívio e inquietação tomou conta dela. O relógio em seu pulso marcava 18:10. Dez minutos separavam Maggie das respostas que tanto a consumiam desde que recebera a primeira mensagem daquele número desconhecido.

Ela abriu a porta de casa e entrou. O ambiente estava quieto, com apenas o leve tic-tac do relógio na parede preenchendo o espaço. Deixou a mochila no sofá, pegou o celular no bolso e se sentou, encarando a tela como se fosse um portal para uma revelação. Faltavam cinco minutos.

O tempo parecia se arrastar, cada segundo parecendo uma eternidade. Maggie sentia as mãos suadas, o coração batendo num ritmo acelerado. Finalmente, o relógio marcou 18:30, e uma notificação soou no celular. O brilho da tela iluminou seu rosto, e ela clicou na mensagem com dedos trêmulos.

A mensagem era breve, direta, e ainda mais intrigante:

"Encontre-me no endereço: Rua das Acácias, 42. Venha sozinha. Não conte a ninguém."

Maggie piscou algumas vezes, absorvendo aquelas palavras. O número, novamente desconhecido, parecia querer brincar com sua curiosidade. Não havia explicação, nenhuma indicação de quem poderia estar por trás daquilo ou o que a esperava naquele lugar.

Ela encarou a mensagem por alguns instantes, um turbilhão de perguntas invadindo sua mente. "Devo ir? É seguro? Quem pode ser?"

O relógio continuava marcando o tempo, mas Maggie já sabia que não conseguiria sossegar até descobrir o que estava acontecendo.

Maggie estacionou sua bicicleta alguns metros antes da casa abandonada, observando-a à distância. A estrutura estava deteriorada, as janelas quebradas e cobertas de poeira. Parecia saída de um filme de terror, mas o que realmente a assustava era o motivo que a tinha levado até ali.

Ela respirou fundo, ajustando a alça da mochila. Você tem um plano, repetiu para si mesma, tentando se convencer. Não podia deixar o medo impedi-la agora. Com passos leves, atravessou o portão enferrujado e entrou pela porta entreaberta.

O interior da casa era frio e silencioso. O chão rangia a cada movimento, e o cheiro de mofo impregnava o ar. Maggie olhou ao redor, tentando encontrar algo que explicasse o que sua mãe estava fazendo ali. Nada parecia fora do lugar - apenas uma casa esquecida pelo tempo.

Quando chegou ao pé da escada, hesitou. Subir parecia a decisão errada, mas ela ouviu vozes vindo do andar de cima. Uma delas era inconfundível: a de sua mãe.

Maggie engoliu em seco, subindo devagar e tentando não fazer barulho. Assim que alcançou o topo, viu uma porta entreaberta. Aproximou-se com cuidado, posicionando-se de forma que pudesse ver sem ser vista.

- Você só vai receber sua parte quando fizer o que eu falei. -Afirmou Karen, mãe de Maggie.

A voz dela estava tensa, quase cortante. Maggie segurou a respiração, chocada ao vê-la em uma conversa séria com um homem que claramente não era confiável. Ele tinha uma garrafa na mão e cambaleava levemente, o cheiro de álcool chegando até onde ela estava.

-O Homem com um sorriso cínico então respondeu. - Vai fazer o que, hein? Sabe o que eu posso fazer? Eu posso contar tudo pra sua filhinha. Ela vai descobrir a qualquer momento mesmo.

Ele deu uma risada curta e debochada, enquanto Karen o encarava, visivelmente irritada.

- Você vai ficar quieto se quiser ganhar seu dinheiro. -Respondeu a mulher com firmeza.

O homem deu um passo para trás, balançando a garrafa com desdém.

- Não se esconda da verdade, Karen. Sua filha vai descobrir uma hora ou outra.

Com isso, ele deu um último gole na garrafa e saiu, empurrando a porta. Maggie se jogou contra a parede ao lado, segurando o ar para não ser percebida. Quando os passos do homem ecoaram pela escada, ela aproveitou o momento para descer o mais rápido possível sem fazer barulho.

O coração de Maggie martelava contra o peito. Ela não sabia como tinha conseguido passar despercebida, mas assim que colocou os pés fora da casa, pegou sua bicicleta e pedalou o mais rápido possível. Não olhou para trás até estar a uma boa distância.

Quando finalmente parou, sua mente estava um turbilhão. O que minha mãe está escondendo? E por que tem algo a ver comigo? Maggie sabia que não podia ignorar o que viu. As palavras do homem ecoavam em sua mente como um alerta sombrio.

Ela precisava de respostas. Mas a pergunta que mais a assombrava era: Ela está pronta para descobri-las?

Enquanto pedalava rapidamente pela rua deserta, Maggie se sentiu perdida. Sua mãe sempre foi uma mulher complicada e difícil, mas isso era algo diferente, algo que parecia ser sério. Ela precisava de respostas, mas não sabia por onde começar.

Maggie pedalava com pressa, o sol castigando sua pele. O suor escorria pelo rosto, e sua garganta ardia seca. Quando avistou a casa de Sarah, um alívio percorreu seu corpo. Era muito mais perto do que voltar para a sua própria casa. Sarah entenderia. Ela sempre entendia.

Deixou a bicicleta caída no gramado e subiu os degraus da varanda com passos firmes. Bateu à porta, esperando ver o sorriso amigável de Sarah. Mas, quando a porta se abriu, o coração de Maggie deu um salto desconfortável.

Era Rafe.

O sorriso de canto dele, quase zombeteiro, formou-se imediatamente ao reconhecê-la.

- Maggie... que surpresa - ele disse, encostando-se ao batente da porta, bloqueando a entrada. Os olhos dele percorreram a garota de cima a baixo, avaliando cada detalhe com uma intensidade que a deixou desconfortável.

Maggie tentou disfarçar a inquietação, limpando a garganta. - Oi, Rafe. A Sarah tá em casa?

Ele ergueu as sobrancelhas como se a pergunta fosse engraçada. - Nah, ela saiu. Mas... o que você precisa? - O tom dele era levemente provocador, com aquele jeito típico de quem gostava de brincar com os nervos das pessoas.

- Nada demais. Eu só... - Maggie hesitou, desconfiada. - Acho que vou esperar ela voltar.

Rafe deu uma risada curta, como se a ideia fosse absurda. Ele abriu mais a porta, inclinando-se para o lado. - Relaxa, Mags. Quer uma água? Parece que tá morrendo aí. Você é ruim em esconder que tá meio... sei lá... quebrada.

Maggie mordeu a parte interna da bochecha. Algo nela queria recusar. Mas a garganta seca e o calor sufocante a fizeram reconsiderar. - Não, tô bem... Eu só vou voltar depois.

Rafe inclinou a cabeça, fingindo surpresa. - Vai voltar como? Tá desmaiando de calor, garota. Nem vai conseguir chegar ao fim da rua sem tombar.

Ela sabia que ele exagerava. Esse era o estilo dele: falar alto, dramatizar, manipular. Mas mesmo assim... o vento que aquela casa tinha, o ar fresco, bem precisa de ar. Aquilo parecia tentador.

- Tá. Só uma água, então - ela disse, finalmente cedendo.

Rafe sorriu, vitorioso. - Isso aí. Vem, entra. Não vai morrer no meu gramado, por favor.

Ele abriu espaço para ela passar, fechando a porta atrás dela com mais força do que o necessário. Maggie percebeu que a casa estava estranhamente silenciosa, o que aumentava sua sensação de vulnerabilidade. Enquanto ele caminhava em direção à cozinha, ela ficou parada, incerta.

- Relaxa, não vou te morder, Maggie - ele disse, voltando com um copo d'água em mãos. - Quer com gelo ou assim tá bom?

- Assim tá ótimo, obrigada. - Ela pegou o copo, mantendo uma distância segura. O olhar dele ainda estava sobre ela, como se estivesse calculando o próximo movimento.

Rafe cruzou os braços e inclinou-se contra a bancada. - Sabe, nunca entendi como você e minha irmã viraram amigas. Vocês são tão... diferentes.

Maggie bebeu um gole d'água, tentando ignorar a provocação. - É porque a Sarah não tenta intimidar as pessoas o tempo todo.

Ele soltou uma risada curta, mas havia algo nos olhos dele que indicava que a resposta o irritou. - Intimidar? É assim que você me vê? - Ele deu um passo à frente, reduzindo ainda mais o espaço entre eles. - Tá errada, Maggie. Eu só faço as pessoas respeitarem. Talvez você devesse tentar.

Ela respirou fundo, tentando manter a calma. - Eu só quero esperar a Sarah. Não vim aqui pra isso, Rafe.

- Claro. - Ele ergueu as mãos em um gesto falso de rendição, mas o sorriso permanecia, desafiador. - Só tô dizendo. Às vezes, ser legal demais não te leva a lugar nenhum. Mas você vai aprender, eventualmente.

Maggie engoliu seco e desviou o olhar. Ela sabia que Rafe adorava jogar com as inseguranças das pessoas, e não queria dar a ele a satisfação de saber que estava desconfortável.

- Vou esperar lá fora. - Ela colocou o copo vazio na bancada e caminhou até a porta.

Rafe não tentou impedi-la, mas suas palavras a seguiraram como uma sombra: - Pode fugir, Maggie. Só não esquece... às vezes, você não tem escolha a não ser entrar.

O tom dele era enigmático, quase ameaçador, e a fez andar mais rápido. Lá fora, o calor parecia muito menos opressivo do que a presença de Rafe.

Aqui está uma continuação baseada na sua ideia, capturando a essência de Ward Cameron da série Outer Banks:

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Maggie sentou-se na beirada da varanda, deixando as pernas balançarem enquanto tentava afastar os pensamentos sobre Rafe. O calor continuava intenso, mas ela preferia estar ali fora do que dentro daquela casa, tão opressiva quanto o olhar de Rafe.

Os minutos passaram devagar, e Maggie começava a considerar ir embora quando o som de um carro se aproximando chamou sua atenção. Ela ergueu a cabeça e viu o SUV preto estacionar na entrada. A porta do motorista se abriu, e Ward Cameron desceu com aquele sorriso calculado, tão amigável quanto estudado.

- Maggie! - Ele exclamou, surpreso e animado. - O que você está fazendo aqui, querida? Não devia estar lá dentro? Esse sol tá de matar! - Ele fechou a porta do carro e começou a caminhar na direção dela.

Maggie levantou-se rapidamente, ajeitando os cabelos desajeitados pelo vento. - Oi, senhor Cameron. Eu só vim ver a Sarah, mas parece que ela não tá em casa.

Ward inclinou a cabeça ligeiramente, analisando-a com um olhar gentil, mas penetrante. - Sarah já deve estar voltando. -Ele sempre tinha essa habilidade desconcertante de fazer Maggie sentir que ele sabia mais do que deixava transparecer. - Ela saiu com o Topper. Mas, por favor, não fique aqui fora no calor. Entrou pra pegar algo pra beber?

- Sim... o Rafe me deu água - respondeu Maggie, hesitando ao mencionar o nome do filho.

O sorriso de Ward ficou um pouco mais contido, mas ele manteve a expressão agradável. - Rafe? - Ele riu baixo, balançando a cabeça. - Espero que ele tenha se comportado. Sabe como ele pode ser às vezes.

- É... ele foi... ok - respondeu Maggie, tentando soar neutra, mas sem muito sucesso.

Ward captou o tom imediatamente. Ele deu um passo para mais perto, abaixando um pouco a voz, como quem compartilha uma confidência. - Rafe pode ser intenso, eu sei. Ele anda passando por muita coisa ultimamente, sabe? Pressões que a maioria das pessoas não entende. Mas ele tem um bom coração. Só... às vezes, ele precisa de uma mão firme pra guiá-lo. - Ele sorriu de forma quase paternal, como se estivesse justificando qualquer comportamento inadequado de Rafe.

Maggie apenas assentiu, incerta sobre o que dizer. Ward tinha esse talento para suavizar qualquer situação, mesmo quando ela sabia que algo estava errado.

- Mas olha só - continuou ele, estendendo a mão num gesto acolhedor. - Não quero que você se sinta desconfortável aqui. A Sarah adora você, e nossa casa também é sua. Sempre que precisar de algo, me avisa, tá bem?

- Obrigada, senhor Cameron - disse Maggie, um pouco aliviada pela mudança de assunto.

- Ward, por favor. Senhor Cameron me faz parecer velho - disse ele com uma risada educada, apertando levemente o ombro dela. - E eu conheço você desde você era bem nova, não precisa de formalidade. Agora, vem. Vamos entrar. Não vou deixar você derreter lá fora.

Antes que ela pudesse protestar, a porta da frente se abriu novamente. Era Rafe, encostando-se no batente com aquele olhar preguiçoso e provocador. Ele notou a interação entre Maggie e o pai, e sua expressão endureceu por um momento.

- Olha só, o papai chegou pra salvar o dia - disse Rafe, o sarcasmo escorrendo em cada palavra.

- Rafe - Ward respondeu com um tom afiado, mas ainda controlado. - Que maneira é essa de falar com a Maggie? Seja um bom anfitrião, filho.

Rafe ergueu as mãos em falso arrependimento. - Só tô dizendo. Ela parecia bem lá fora. Achei que gostava de ar fresco.

Ward suspirou, claramente irritado com o comportamento do filho, mas ainda mantendo a compostura. Ele voltou-se para Maggie, ignorando Rafe por um momento. - Não liga pra ele. Por que não espera a Sarah no ar-condicionado? Eu te faço companhia.

Maggie hesitou, mas o tom caloroso e a presença controladora de Ward fizeram com que ela se sentisse segura o suficiente para aceitar. - Tá bom. Obrigada.

Ela entrou novamente na casa, sentindo o alívio imediato do ar fresco, enquanto Rafe continuava parado na porta, observando-a com aquele sorriso enigmático. Ward lançou-lhe um olhar sério, antes de segui-la.

Dentro da casa, Ward guiou Maggie até a sala de estar. - Então, Maggie, me conta. Como estão as coisas? Escola, família... algum problema que eu possa ajudar?

Maggie percebeu que Ward estava genuinamente interessado, mas, como sempre, havia algo nas perguntas dele que parecia calculado, como se estivesse extraindo mais informações do que oferecia. Ward tinha uma coisa estranha que Maggie não conseguia decifrar. - caloroso por fora, mas impossível de decifrar completamente.

Maggie permaneceu na sala por mais alguns minutos, trocando palavras amigáveis com Ward. A conversa fluía com leveza, como sempre acontecia entre eles. Ward, com seu sorriso constante e jeito descontraído, fazia questão de mantê-la à vontade. Mas, ao lado dele, estava Rafe, sentado no canto, observando-a com aquele olhar enigmático que a deixava desconfortável.

Quando finalmente decidiu que era hora de ir, Maggie se levantou e agradeceu a hospitalidade. Ela virou-se para Ward e lhe ofereceu um sorriso caloroso.

- Foi bom conversar com você, Ward. Até mais!

- Sempre que quiser, Maggie - respondeu ele com o mesmo tom acolhedor de sempre.

Ao se voltar para Rafe, as palavras pareceram travar em sua garganta. Ele a encarava, como se esperasse algo, mas o que exatamente, ela não sabia dizer. Forçando um sorriso sem muita convicção, ela disse rapidamente:

- Tchau, Rafe.

Ele acenou com a cabeça, o rosto impassível. Maggie não sabia se ele estava irritado, indiferente ou apenas sendo ele mesmo - como se fosse impossível decifrá-lo.

Sem esperar mais, ela saiu pela porta e sentiu o ar fresco da noite acariciar seu rosto. Caminhou até onde havia deixado sua bicicleta e subiu nela, dando um suspiro de alívio. A tensão que sentira nos últimos minutos ficou para trás, junto com aquela casa e Rafe.

Enquanto pedalava pelas ruas tranquilas em direção ao seu lar, o som dos pneus contra o asfalto e o vento suave a fizeram relaxar. Maggie gostava daquele silêncio que preenchia o espaço entre suas idas e vindas, um momento só seu para reorganizar os pensamentos. E, enquanto a noite avançava, ela deixou para trás o desconforto, focando apenas no caminho à frente e na sensação de liberdade que a bicicleta lhe proporcionava.

Maggie entrou em casa com passos leves, tentando não fazer barulho. O cheiro familiar de madeira velha misturado com o perfume fraco de lavanda a acolheu. No sofá, o pai dormia profundamente, com a cabeça inclinada de um jeito que provavelmente o faria acordar com dor no pescoço. Zack estava na cozinha, apoiado no balcão, mastigando algo distraído.

- Você tá bem? - perguntou ele, enquanto olhava a irmã.

Maggie hesitou, mas assentiu com a cabeça.

- Tô. Só cansada.

Sem esperar por mais perguntas, subiu as escadas. Cada degrau rangia sob o peso de seus pensamentos, mais do que de seus passos. Ao chegar no quarto, fechou a porta atrás de si e encostou-se nela, sentindo o peso da noite se acomodar em seus ombros.

Por que sua mãe estava naquela casa? Por que estava com aquele homem? Maggie não conseguia tirar a imagem da cabeça: sua mãe, com um sorriso estranho, algo entre tristeza e resignação, ao lado de alguém que não deveria estar ali, alguém que parecia errado em todos os sentidos.

Ela caminhou até a janela e afastou a cortina. A noite lá fora estava calma, com a luz do pôr do sol iluminando os telhados das casas vizinhas. A bicicleta que a trouxera de volta ainda estava no quintal, com as rodas sujas de poeira, lembrando-a da estrada que percorrera e da confusão que carregava no peito.

O que aquilo significava?

O que ela tinha a ver com aquilo? A pergunta a perseguiu enquanto se jogava na cama, encarando o teto. As sombras dançavam, formando formas que ela não conseguia decifrar, assim como o quebra-cabeça que sua vida havia se tornado.

A ideia de que tudo isso pudesse ser sobre ela, de que fosse o centro de algo que nem sequer entendia, fazia seu estômago revirar. Maggie fechou os olhos, mas as imagens não desapareciam. Sua mãe. Aquela casa. Aquele homem. Era como se tudo estivesse conectado por fios invisíveis, e ela precisava descobrir como.

Mas como começar, se nem sequer sabia o que procurar?


Do outro lado da ilha, Luna estava empoleirada na cadeira, olhando para o relógio do restaurante com um nível de frustração que parecia crescer a cada segundo. O barulho das conversas ao redor misturado com o som de pratos e talheres só aumentava sua irritação. O trabalho estava insuportável, e a única coisa que ela queria era ir para casa, deitar e esquecer daquele dia cansativo.

Ela estava tão concentrada nos seus pensamentos, que quase não percebeu quando a porta do restaurante se abriu com um estrondo, trazendo consigo um grupo de jovens que causou uma leve agitação entre os funcionários. Luna suspirou fundo, resignada. Não, não pode ser. Quando ela olhou para a porta, lá estava ele: Rafe Cameron. O mesmo cabelo loiro desarrumado, que Luna dizia que parecia que algum animal lambeu o cabelo dele. Aquele sorriso arrogante, e o olhar que parecia medir o ambiente como se fosse seu reino pessoal.

"Merda." Luna murmurou para si mesma, torcendo para que algum outro atendente fosse chamado para aquele grupo.

Mas, claro, nada disso aconteceu. Quando seus olhos se encontraram com os de Rafe, ele deu um sorriso presunçoso. - Oi, oi, Luna. Quanto tempo, né? -Ele sabia exatamente como ela se sentia, mas adorava fazer aquele jogo.

Luna rolou os olhos. Ela não tinha paciência para aquele tipo de gente. - Rafe, o que você tá fazendo aqui? E, sério, por que você trouxe essa turma toda de Kooks idiotas pra cá? Isso não é o lugar de vocês.

- Relaxa, é só um restaurante. -Ele fez um gesto com a mão, se acomodando na mesa. - Mas, pelo visto, não vai me deixar de boa aqui, né? Então vamos logo. Nos atende, por favor, antes que minha paciência acabe também.

Luna cerrou os dentes, caminhando até a mesa com o passo acelerado. "Que falta de sorte," ela pensou, o estômago embrulhando de raiva. Ela não sabia o que a irritava mais: o jeito de superioridade de Rafe ou o fato de que ele sempre parecia achar que podia fazer o que bem entendesse.

- Então, o que vai ser? -Luna perguntou com um sorriso falso. - Vai querer o quê, Rafe? Talvez um prato especial de arrogância com um lado de merda?

Rafe riu, como se estivesse se divertindo. - Caiu bem, Luna. Tô começando a achar você mais interessante. -Ele se recostou na cadeira, lançando um olhar para os amigos ao redor. -Vamos querer umas bebidas, aí, começa com o básico. Água, cerveja, você sabe. O básico de sempre.

Luna assentiu, ainda tentando controlar a raiva. - Claro. Vou te trazer isso e mais um pouco de sossego, porque acho que é o que você mais precisa.

- E o que você precisa, Luna? - Rafe a olhou de uma maneira que ela não soube como responder. Ele estava se divertindo, sem dúvida alguma, mas Luna não estava disposta a ser o alvo de mais uma piada do tipo que ele adorava fazer com ela.

- Preciso de paz. -Luna disse sem hesitar. - E você... precisa de mais educação, e um cabelo descente.

- Eu sou educado o suficiente, pode crer. Rafe se recostou mais ainda na cadeira, seu sorriso arrogante nunca saindo do rosto. - E qual o problema com meu cabelo?

Luna respirou fundo, querendo fugir daquele lugar, mas sabendo que tinha trabalho a fazer. Ela se virou e foi até o balcão para pegar as bebidas, seu corpo todo tenso. Quando voltou à mesa, uma das amigas de Rafe tentou dar um sorriso amigável. - Ei, Luna, você não está tão mal-humorada assim. Não leva a sério o que ele fala, sabe como ele é.

Luna tentou manter a calma. - Eu não levo, não. Só prefiro não me dar ao trabalho de ser legal com quem não merece.

Rafe lançou um olhar de canto, observando a interação, mas Luna não queria saber. - Aqui estão as bebidas, tudo certinho. -Ela colocou as garrafas na mesa, querendo terminar logo o serviço. Quando ela virou para ir embora, ele chamou.

- Luna... -Rafe disse, e ela olhou de volta, esperando o pior. -Não seja tão chata. Vai, não custa nada dar um sorriso, vai.

Luna estava praticamente virando as costas para a mesa quando ouviu a voz de Rafe chamando a Maybank novamente. Cheia de aquele tom entediado e desdenhoso que ele adorava usar. Algo dentro dela simplesmente quebrou. Sem nem pensar, ela se virou bruscamente e, com um olhar gelado, levantou a mão direita. O movimento foi rápido, preciso - um dedo do meio alto, apontado diretamente para ele. Não houve palavras, apenas o gesto que falava por si só.

A sala pareceu congelar por um instante. Rafe, surpreso, abriu a boca para dizer algo, mas Luna já estava virando de costas, ignorando qualquer tentativa dele de responder. Ela não se importava com quem estivesse olhando, com as risadinhas dos Kooks ou com o que Rafe pudesse pensar. Para ela, aquele gesto era o suficiente, uma resposta definitiva a tudo o que ele representava.

Ela caminhou para longe, o som das risadinhas e o olhar de Rafe ficando para trás. Mas Luna sentia algo novo: uma sensação de alívio. Ela tinha deixado sua raiva sair de uma vez por todas, sem culpa, sem preocupações.

Luna caminhava pelas ruas tranquilas de sua cidade, seus fones de ouvido a acompanhando enquanto ela tentava se distrair de toda a confusão com Rafe. Ela abaixou a cabeça, permitindo que seus pensamentos se perdessem nos problemas que ainda não conseguira resolver. O som da música em seus ouvidos parecia distorcer o restante do mundo, até que, de repente, ela sentiu um impacto. Alguém esbarrou nela com força suficiente para fazer seus fones caírem.

"Desculpa!" a voz era familiar. Quando ela olhou para cima, seu coração deu um salto. Sarah Cameron estava ali, com o sorriso encantador que Luna lembrava tão bem, os cabelos loiros bagunçados, o estilo descontraído, como sempre. Mas não era só isso. Algo em seu olhar a fez lembrar do passado que ambas tentaram enterrar.

Luna olhou fixo nela, os olhos estreitos em desconfiança. - Você? Por acaso hoje é dia de ver todos os Camerons? -Indagou a garota com desdém na voz.

Sarah fez uma careta, os dedos brincando com uma mecha de cabelo. - Eu sei, foi mal. Eu... estava distraída.

A raiva de Luna cresceu como uma chama em seu peito. Aquelas palavras, aquela desculpa, eram as mesmas que Sarah dizia sempre que aparecia. Sumia por semanas, até meses, e então voltava como se nada tivesse acontecido, como se o beijo que compartilharam nunca tivesse ocorrido, como se ela não tivesse partido o coração de Luna.

A raiva de Luna era misturada com algo muito mais complicado. Ela olhou para Sarah, o rosto dela um reflexo de tudo o que Luna queria esquecer, mas não podia. O desejo, a mágoa, a confusão. As duas se gostavam, isso era certo. Mas depois do beijo, Sarah havia sumido, desaparecido sem explicações, e Luna ficou ali, sozinha, tentando entender tudo. Até agora.

- Eu não sei o que você quer, Sarah. O que você quer de mim agora? -Luna perguntou, sua voz parecendo que iria aumentar a qualquer momento.

Sarah parecia hesitar, e por um momento Luna pensou que ela fosse simplesmente se afastar de novo, fugir como sempre fazia. Mas, ao contrário, Sarah continuou ali.

Sarah inclinou a cabeça para o lado, os olhos brilhando com um misto de desconcerto e impaciência. Ela já estava cansada de discussões. Cansada de voltar a lugares que achava que já tinha deixado para trás. Mas ela também não sabia como escapar de Luna.

- Eu não quero nada de você, Luna. Eu só esbarrei em você, tá legal? -Respondeu a Cameron.

Luna cruzou os braços, sentindo o calor da raiva subindo de novo. Todo o seu dia foi estressante e ligar com dois Camerons no mesmo dia não era algo que Luna Maybank precisava naquele momento.


001: Oii amores! Perdão pela demora, eu estava com um certo bloqueio mas estou de volta.

002: Capítulo maior para recomeçar o tempo que demorei para postar esse.

003: O capítulo 10 já está quase pronto e provavelmente vou postar amanhã.

004: Não se esqueçam de curtir e comentar porque isso me ajuda a saber se vocês estão gostando ou não.

005: Tenho uma conta no tik tok onde posto vários edits de fanfic e tem o mesmo nome daqui. ( Kietzxd ).

006: Obrigada se você leu até aqui! Bjs e até o próximo capítulo <3

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