09|ʜᴏɴᴇꜱᴛᴀ.

A DOR DE CABEÇA QUE MAYA sentiu quando abriu os olhos a arrancou uma careta e um chiar de desconforto. Notou estar em seu quarto, mesmo ele estando completamente escuro, ela reconheceria sua cama à quilômetros.

Ficou alguns minutos observando o nada tentando se lembrar de todos os acontecimentos da noite e da madrugada que teve. Ela e Ayumi haviam voltado para casa às cinco da manhã sendo acompanhada pelos garotos da Inarizaki.

Foi uma tarefa difícil caminhar da casa de Taketora até a sua pois a cada passo, eles paravam inventando alguma brincadeira ou apenas porque a conversa estava muito boa para acabar. Ficaram por bastante tempo no parquinho perto da casa de Maya apenas aproveitando a companhia um do outro e comentando sobre a festa, já que o álcool se esvaziou do corpo de todos, — bem, exceto de Osamu que cochilava com a cabeça apoiada na Yukimura.

Maya gostou da noite, mesmo tendo algumas questões não tão legais assim.

Havia dançado muito com Ayumi, se encontrou com seu primo e seus amigos depois de alguns meses, passou um tempo com Kenma que havia resolvido descer para a festa, e beijou Atsumu Miya.

Esse último ela ainda não absorveu a ideia completamente.

Porém, mesmo tendo um das melhores noites daquele ano, rido com suas pessoas favoritos e fazendo memórias, ela sentiu falta de alguém.

Depois do pequeno desentendimento que teve com Kuroo, May não o encontrou mais na festa, e ela era grata por isso. Ainda não sabia o que fazer em relação a tudo que o envolvia e a cada dia que se passava confusa, mais se sentia cansada desse sentimento.

Maya amava Kuroo, porém a amizade era muito acima desse amor que nutria por ele. E em pensar que teria que se afastar para não incomodar Naomi, a deixava triste.

Acho aque uma das suas qualidades, é se colocar demais no lugar das pessoas. Maya imaginou se fosse ela ao invés de Naomi, a garota com certeza também se incomodaria com a amiga do seu namorado. Insegurança é a palavra que a Yukimura mais conhecia, então ela entendia perfeitamente aquele sentimento que a ruiva sentiu.

Mesmo isso afetando sua amizade com Tetsurou.

Maya respirou fundo bufando logo após, mal havia acordado e já tinha várias coisas na cabeça. Levantou-se da cama nem se dando ao luxo de arruma-la, lavou o rosto rapidamente no banheiro do corredor e desceu as escadas procurando por sua mãe ou avô o encontrando na cozinha bebendo uma xícara de café enquanto observava a paisagem através da janela.

— Bom dia vô. — murmurou com a voz rouca. Tanabe se virou arqueando a sobrancelha grisalha soltando uma risadinha depois de reparar na cara acabada da neta.

— Bom dia? São duas horas da tarde Maymay.

— O que!? Por que me deixaram dormir tanto assim!?

— Você nunca sai, e isso é a primeira vez que acontece, então tudo bem de vez enquanto. — deu de ombros tomando um gole do seu café. A garota suspirou enquanto prendia devidamente seus cachos sentando-se na cadeira.

— Cadê a mãe?

— Foi no salão fazer hidratação no cabelo e depois ela me disse que passaria no mercado.

Maya acenou lembrando-se da mulher dizendo que iria fazer isso no dia anterior. Focou seus olhos na paisagem vendo as folhas das árvores se movimentarem com o vento fazendo uma brisa suave adentrar a cozinha. Seu avô gostava de ficar quieto apenas observando o dia.

— Como foi a festa? Gostou? — questionou a assistindo sorrir.

— Sim. Inclusive, o Rin tá na cidade, ele apareceu por lá. — comentou apenas esperando o surto do avô.

— O que!? Mas aquele moquele nem para vir me visitar! Agora pra ir em festa ele vai! — exclamou puto da vida enrrugando sua testa. May sorriu cinicamente.

— Foi o que eu disse à ele.

— Pois mande mensagem pra ele agora mesmo May! Quero conversar com esse malcriado!

Maya riu altamente pegando seu telefone. Amava fazer a cova de Rintarou, isso é por todos os anos em que ele puxava seu cabelo. Porém, depois de ver que tinha algumas mensagens de Kuroo, o sorriso da garota se esvaziou.

Tetsu <3

Maya.
Dormiu bem?
Não te vi mais desde aquela hr.
Vamos conversar hj pfv.
Desculpa por ontem.
[11:42]

A cacheada respirou fundo, olhou para o avô que ainda tinha uma carranca pelo neto não ter aparecido para vê-lo, e resolveu questionar. Ela tinha uma grande intimidade com ele, mais do que a sua mãe. E quando estava uma confusão de sentimentos, sempre recorria à ele.

— Vô, o senhor já sofreu com amor não correspondido?

Tanabe a olhou surpreso não esperando aquele tipo de pergunta. Desfez a carranca observando o rosto calmamente da neta que se encontrava levemente vermelho. Suspirou respondendo com sinceridade:

— Ah Maymay, isso foi o que eu mais sofria. — A garota riu interessada na vida amorosa do senhor.

— Sério?

— Sim. E todas as vezes fui dispensado. — ela riu novamente sendo acompanhada pela risada falha dele.

— E com a vovó foi assim?

— Na verdade, com a sua avó foi muito fácil. Não sofri de amor por ela porque nos apaixonamos na primeira vez que nos conhecemos. — diz simplista como se fosse a coisa mais fácil do mundo. — Mas por que dessas perguntas May, está sofrendo de amor?

Tipo isso... — suspirou coçando a bochecha levemente envergonhada. — Como faço para dar um fim nisso? Nesse sentimento?

Tanabe discordou com a cabeça rindo baixinho. Maya franziu o cenho estranhando essa reação.

— Sentimentos não são como massinhas May, não conseguimos mudá-los ou modela-los. Mas podemos achar um alívio para ele. — diz fazendo uma pose de sábio, porém aquilo não desconcentrou a garota. — Se você gosta tanto desse garoto e ele não sente o mesmo por você, meu conselho é que seja honesta com o que sente e espere a resposta dele, se foi como você esperava, pelo menos tentou. Assim fica mais fácil seguir em frente, sem arrependimentos.

— Mas eu tenho medo de perder a amizade, vô. — era nítida o tremor em sua voz, medo era a palavra que definia o que a cacheada sentia naquele instante, porém Tanabe não parecia nem um pouco afetado com o estado da neta. Ficou mais sério dizendo tranquilamente.

— O Kuroo não vai deixar de ser seu amigo por causa disso. — ela erregalou os olhos mesmo sendo óbvio que estivesse falando do capitão do time da Nekoma. — O amor verdadeiro não destrói, Maya. Se Kuroo é seu amigo de verdade, ele vai entender. Pode ser difícil no início, mas às vezes precisamos correr esses riscos para sermos honestos com nós mesmos. Esconder seus sentimentos só vai te ferir.

Maya escutou atentamente sentindo o nervosismo a preencher por pensar que realmente faria aquilo. Porém, mesmo diante daqueles conselhos, ainda se sentia inquieta e insegura.

— Acha que eu deveria fazer isso mesmo sabendo que ele vai dizer que está feliz com Naomi? — murmurou hesitante vendo-o acenar em concordância. — Que coisa mais masoquista é essa!?

Tanabe riu da expressão assustada da neta.

— Acho que deveria se confessar não porque você espera que ele mude de ideia, mas porque você merece ser honesta com o que sente. É um ato de amor próprio. E às vezes, quando nos abrimos assim, descobrimos que o amor pode aparecer de formas inesperadas, seja através de uma resposta ou através da coragem que ganhamos ao sermos sinceros.

Maya travou a respiração sentindo o peso das palavras de Tanabe. Ela sabia que a decisão final cabia a ela, mas algo dentro de si estava mais claro agora. O medo ainda estava lá, mas, por algum motivo, parecia mais suportável. Maya sabia que não podia continuar se escondendo por trás de suas inseguranças.

Ela olhou para o avô, sentindo uma nova onda de gratidão por suas palavras sábias.

— Obrigada, vovô. Acho que o senhor tem razão. Talvez seja hora de eu ser honesta, com ele e comigo.

Tanabe sorriu, apertando a bochecha de Maya antes de se levantar e lavar a xícara.

— É claro que eu tenho razão. — respndeu erguendo o queixo fazendo-a revirar os olhos com graça. — Você é mais forte do que pensa, Maya. E não importa o que aconteça, eu sempre estarei aqui para você.

Ela sorriu com seus olhos marejados não conseguindo expressar o que sentia por ele. Enquanto Tanabe se afastava, Maya sentiu um leve alívio preencher seu peito. Havia um longo caminho pela frente, mas, pela primeira vez em muito tempo, ela se sentia pronta para enfrentá-lo.

Sorriu para o avô em sinal de agradecimento mesmo ele não a vendo e como se não tivesse acabado de dar um dos melhores conselhos que havia escutado em sua vida.

Ela respirou fundo digitando rapidamente e enviando a mensagem, desligou a tela do celular para evitar mais nervosismos, porém quando ela sentiu a vibração do aparelho, seu estômago tremeu.

Eu.

oi Tetsu. dormi bem sim.
sobre ontem, tenho algumas
coisas para falar também,
então que tal um sorvete?
[15:13]

Tetsu <3

Vai ser por minha
conta monstrinha.
[15:14]

𖦹𖦹𖦹

A sorveteria favorida dos dois amigos eram aquela que tinha no centro da cidade. As cores pastéis do lugar sempre dava um ar nostálgico para Maya, e não era de menos, desde que eram amigos sempre iam alí, seja nos bons e mals momentos.

E agora era um dos mals.

Desde que combinaram de ir naquela sorveteiria, Maya tentava controlar sua ansiedade, suas mãos suavam e depois que o sininho da loja apitou mostrando que havia entrado alguém e percebeu que fosse ele, ela jurou que vomitaria.

Kuroo se aproximou mostrando seu típico sorriso sarcástico, bagunçou levemente os cabelos cacheados da garota esperando ela lhe dar um tapa, mas o que recebeu foi um sorrisinho contínuo. Estranhou, porém não reclamou.

— Fala aí festeira. — sentou-se na frente dela escutando sua risada. Kuroo riu juntamente enquanto a observava um pouco tensa.

— Cara, nem sair de casa eu saio direito. Só foi dessa vez.

— Falta de convite não foi. — ela revirou os olhos fazendo ele rir. — Qual super sundae vai querer hoje?

Questionou olhando no cardápio. Super Sundae era o maior sorvete daquele lugar, precisavam de no mínimo três pessoas, mas Kuroo e Maya valiam por um e meio. — Mesmo ela estando acostumada das reclamações do capitão e o arrependimento de comer muito, porém sempre quando iam de novo alí, faziam o mesmo pedido.

Comer aquilo era uma das suas inúmeras tradições, porém a cacheada não se sentia no direito de vivenciar naquele dia.

— Vou escolher um sorvete simples mesmo, Kuroo.

O capitão da Nekoma tirou seus olhos castanhos do cardápio focando-os no semblante nervoso que a garota demonstrava. Respirou pesadamente afastando um pouco a lista com os sabores. Ele chamou a garota com o propósito de conversarem sobre a noite passada, entretanto, não esperava que aquela conversa acontecesse logo naquele momento.

Tudo bem. sorriu minimamente sentindo uma sensação estranha em sua espinha. O desconforto era palpável no ar e Maya estar quieta, coisa rara de se acontecer, deixava o clima ainda mais esquisito. — Uma bola de chocolate e o outro de chiclete, então?

Maya abriu um sorriso não conseguindo evitar. Kuroo a conhecia bem até para saber quais eram os seus sabores favoritos de sorvete. Ela acenou fazendo ele sorrir e ir até a atendente afim de fazer seus pedidos, e quando ele retornou, o silêncio se fez presente novamente.

O moreno fez uma careta cansado daquele clima bizarro entre os dois. Nunca foram de ficar estranhos depois de uma briga, então por que parecia que aquela era uma questão diferente?

— May... Me desculpa por ontem. Não sei o que deu em mim para agir daquele jeito... Sei que agi como um babaca e não foi justo com você. Eu estava tão preso no meu próprio mundo que não percebi como estava afetando você. — murmurou envergonhado encarando o rosto da garota exceto os seus olhos.

No entanto, Maya não queria aceitar essas palavras. Desde que o garoto começará a namorar, ele tem agido de maneira estranha, e já que marcaram de sair para serem sinceros, ela falaria o que guardava à muito tempo em seu peito, mesmo se arrependo no futuro — e esperava para não se arrepender.

— Kuroo...

— Por que está me chamando de Kuroo? — a interrompeu sentindo-se levemente desconfortável. A garota arqueou uma sobrancelha surpresa com a fala. — Já faz um tempo que eu reparei nisso, pensei que era coisa da minha cabeça, mas não... Você está me chamando de Kuroo.

Bom, é o seu nome né? — riu sem graça mas ele permaneceu sério. Franziu as sobrancelhas estalando a lingua no céu da boca.

— É o meu nome, mas você quase não me chamava de Kuroo.

— É porque agora você namora, não posso ficar te chamando por um apelido carinhoso.

Ele enrrugou as sobrancelhas novamente. Aquilo de namoro de novo. Se afastou um pouco da mesa pois a atendente chegou com seus sorvetes a agradecendo logo após, e quando a moça deu as costas, ele voltou com o assunto lembrando-se do que ela havia dito na festa.

— Você sempre coloca o meu namoro como problema na nossa amizade. Ele é?

— Não. — negou na mesma hora, sendo que na verdade era.

— Mas você faz parecer.

— Me desculpa se eu penso na sua namorada diferente de você. — proferiu sarcasticamente.

— Do que está falando?

— Kuroo, as vezes eu não te entendo. Você sempre coloca a Naomi como prioridade, mas quando ela precisa estar em primeiro lugar, você deixa ela de lado.

— Eu e a Naomi já tivemos essa conversa e ela nunca reclamou disso Maya, diferente de você.

Maya respirou fundo, não pode ser verdade, sério que Naomi nunca comentou disso para ele? Diferente de quando foi com ela, a garota fazia questão de dizer para se afastar do capitão da Nekoma. Conversar com Kuroo sobre esse assunto à fazia parecer uma vilã.

— Ela nunca te disse nada? — murmurou ainda sem acreditar. Tetsurou revirou os olhos discordando veemente. — Ah.

Riu ainda desacreditada. Pegou uma colherada do sorvete que estava derretendo ficando em silêncio juntamente de Tetsurou que não sabia o que fazer. Ele respirou fundo tentando deixar algumas coisas claras.

— E eu a Naomi já discutimos sobre muitas coisas, e você sempre era a principal causa.

Maya arqueou a sobrancelha deixando a colherzinha de plástico na casquinha.

— Ela sempre me fala que você não é quem demonstra ser.

— Que merda...? A Naomi disse isso?

— Isso foi no início do nosso namoro monstrinha, ela não te conhecia. A Naomi colocava tanta coisa na cabeça que até me disse que você era apaixonada por mim. — riu sarcasticamente.

Maya sentiu um arrepio gigantesco na espinha, o estômago tremeu e a vontade de vomitar de nervosismo se fez presente. Puta merda. Não era daquela maneira que a cacheada gostaria de ter chego até aquele assunto.

A morena engoliu em seco continuando séria, e quando Kuroo percebeu que ela não havia o acompanhado na risada, ele estranhou.

— Tá tudo bem, monstrinha? Você está pálida. — murmurou preocupado enquanto a assistia suar frio. — Quer que eu peça uma água?

— Não... Tá tudo bem Kuroo.

— Mesmo? Eu peço agora. — iria se levantar mas a mão da garota segurando seu braço o impediu. Kuroo parou observando-a com a respiração um pouco alterada.

— Tá tudo bem. Mesmo. — suspirou pesadamente engolindo em seco. O garoto voltou a sentar-se ainda com os olhos preocupados em cima dela. — Foi por isso que eu aceitei o convite.

— Por isso o que?

Maya hesitou, sua mente gritava para não dizer aquelas palavras que clamavam por uma saída. Tinham mais de cinco anos de amizade, e ela mantia o medo de perdê-la após proferir o que tanto queria. Seu coração buscava por um alívio, cansado de guardar tanto aquele sentimento não correspondido mas já estava na hora de deixá-los ir.

Ela sabia que aquilo não podia continuar. Era um ciclo de sofrimento silencioso, um peso que ela carregava sozinha, e que só piorava cada vez que ela se forçava a sorrir e fingir que tudo estava bem.

— Kuroo, preciso te dizer uma coisa — Maya começou, sentindo sua garganta apertar enquanto as palavras ameaçavam desaparecer antes de sair.

Kuroo sentiu seu rosto ficando mais sério ao perceber o tom diferente de Maya. Ele se ajeitou na cadeira, inclinando-se um pouco para frente, preocupado.

— Tem uma coisa que eu venho guardado a bastante tempo. E não posso mais guardar isso.

Kuroo ficou em silêncio, esperando que ela continuasse. Seu olhar atento a deixou ainda mais nervosa, mas ela sabia que tinha que dizer.

— Eu... gosto de você, Tetsu. — As palavras saíram finalmente, mais fracas do que gostaria, mas o suficiente para que ele as ouvisse claramente. — E não de um jeito de amiga. Eu estou apaixonada por você há muito tempo.

— May...-

— Deixa eu terminar de falar. — revirou os olhos sorrindo minimamente. — Acho que começou naquele dia quando você bateu naqueles pirralhos que me pertubavam no fundamental. Você me disse que gostava de como eu era, mesmo eu sendo estranha para as outras pessoas. Foi a primeira vez que me senti acolhida, por isso, eu agradeço. Porque eu me senti protegida, eu te via como um herói Kuroo. — suspirou por fim. — E depois desse dia eu me sentia assim do seu lado. Como uma boba apaixonada. É até estranho você nunca ter percebido.

— Você sempre me xinga Maya.

— É a forma que eu demonstro meu afeto. — ela sorriu, mas ele não.

O silêncio que seguiu foi sufocante. Kuroo mantia os olhos levemente arregalados, claramente pego de surpresa. Ele abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas parou, parecendo procurar as palavras certas.

Maya engoliu em seco, já esperando a resposta que viria. Estava preparada para a negação, porque, claro, ele estava com Naomi. E Naomi era perfeita. O que Maya não era.

— Maya... — ele começou, sua voz baixa, quase um sussurro. — Eu não sabia que você se sentia assim...

Ela sorriu tristemente, desviando o olhar.

— Eu sei. Eu nunca quis que você soubesse, porque... bem, você está com Naomi. E ela é incrível. — sorriu tristemente com a garganta fechada tentanto ao máximo segurar o choro. —Eu só não consigo mais fingir que está tudo bem. Que eu posso ser só sua amiga e assistir você ser feliz com outra pessoa.

Kuroo estendeu a mão, como se fosse tocá-la, mas parou no meio do caminho, hesitante. Ele não queria magoá-la, isso era claro. Mas Maya sabia que ele não podia dar a resposta que ela queria ouvir.

— Naomi é minha namorada — ele disse, as palavras saindo com cuidado. — E eu... amo muito ela, Maya. Mesmo sendo falho como namorado. Não quero te machucar, de verdade, mas... eu não posso retribuir seus sentimentos.

Ela assentiu, já esperando por aquilo. A dor, no entanto, não foi menos e o constrangimento a preencheu por inteira.

— Eu sei — murmurou. — Eu sabia que você iria dizer isso.

Kuroo parecia desesperado para dizer algo, para consertar a situação.

— Mas May, nossa amizade... eu não quero perder isso. Você é importante pra mim, mais do que você imagina. Não quero que isso mude entre a gente. Podemos continuar sendo amigos, como sempre fomos. — forçou um sorriso fazendo a garota franzir o cenho, ela balançou a cabeça lutando para manter a compostura.

— Eu não consigo, Kuroo. Continuar sendo sua amiga e fingir que estou bem com isso não vai me fazer bem. Não quero ser "a outra" na minha própria história, sabe? Como... como na música da Lana Del Rey! — ficou mexendo as mãos nervosamente tentando explicar como se sentia em relação a tudo. — Eu não quero ser a garota que fica esperando algo que nunca vai acontecer. Eu mereço mais do que me sentir assim.

Kuroo ficou em silêncio, sentindo o peso das palavras de Maya. Ele sabia que ela estava certa, mas a ideia de perder a amizade deles o fazia sentir-se impotente. Maya estava com ele em tantos momentos. Ambos quando crianças tinham um sonho de nunca perderem a amizade e vendo que o oposto estava acontecendo, fazia o peito dele o sufocar.

Maya... Monstrinha... — pausou os chamados com a voz falha. — Por favor... — ele pediu, segurando as lágrimas. — Eu não quero te perder.

— Eu também não quero te perder. Mas eu sinto que me perdi, Kuroo. — suspirou com as mãos tremendo. — Eu me perdi quando me apaixonei por você. Sei lá. É um sentimento muito estranho, e agora, preciso me encontrar de novo. E isso significa que preciso me afastar, mesmo que você me chame de egoísta ou o que for, vai ser a primeira vez em muito tempo que eu irei me colocar acima de muita coisa.

Maya deu uma última colherada no sorvete antes de se levantar e puxar o garoto em um abraço apertado. Kuroo chorava baixo porém a cacheada sentia o seu corpo tremer fazendo com que ela não aguentasse segurar as lágrimas. Se afastou dele que tinha os olhos vermelhos, rindo pois com certeza não estava tão diferente do capitão.

— Obrigada por tudo Tetsu.

— Algum dia você vai voltar?

— Eu não vou embora idiota, só vou me afastar.

— Dá no mesmo. — ele respirou fundo ajeitando os cabelos cacheados da amiga. — Mas tudo bem May. Eu vou deixar você ir.

Maya o encarou com carinho. Beijou sua bochecha e o abraçou uma última vez antes de finalmente ir embora. Kuroo ficou ali, parado, sem saber o que fazer ou dizer, observando enquanto Maya caminhava até a porta.

Antes de sair, ela olhou para ele uma última vez, seu coração em pedaços, mas determinada a seguir em frente. E com isso, ela saiu fazendo o sininho da sorveteria apitar, deixando para trás o garoto que amava e a amizade que não podia mais sustentar.

𖦹𖦹𖦹


Olá monstrinhos. Sobre esse capítulo eu fiquei enrolando ele porque não sabia como expressar e escrever como a Maya se sentia em relação a paixão por Kuroo. Espero de coração que ela tenha passado esses sentimentos, mesmo não sendo da maneira que eu queria.

Também espero que a escrita não tenha ficado confusa. São tantas sensações e sentimentos que fico confusa até na hora de escrever.

Amo vocês!

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