⩩ : 𝙤𝙣𝙚 , 𝗇𝗈𝗏𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋 𝟥
[ 🌧️ playlist the nigth we meet ]
♪ m.a.a.d. city, kendrick lamar ♪
"this m.A.A.d city I run, my nigga
Brace yourself, I'll take you on a trip
down memory lane
This is not a rap on how I'm slingin
crack or move cocaine."
🌧️
"eu sempre lembrarei do fogo que acendeu quando bati meu olho no teu."
3 de outubro de 2021.
Os postes de iluminação pública criam intervalos de luz e penumbra, alumbrando parte do asfalto lamacento das ruas pouco movimentadas do bairro mais ao sul da capital do Japão.
A brisa enregelada sopra, uiva e espirala por todo o corpo que se desloca em alta velocidade em uma Suzuki GSX-R K5 preta. A moto se mistura com a escuridão noturna e uma corrente de adrenalina percorre as veias de Baji. Ele fecha o punho, torce a mão coberta pelas luvas de couro com mais força e acelera, se tornando um vulto que perpassa as ruas vazias, deixando o som do motor potente e as marcas do pneu para trás.
Ele se aproxima de uma curva, desacelera meticulosamente e deita o corpo para o lado. A perna, coberta pela calça jeans escura com um leve rasgo no joelho, passa rente ao chão negro, até que ele se erga novamente para voltar a velocidade máxima do veículo. As faixas de luz refletem no vidro espelhado do capacete, enquanto Keisuke estala a língua impaciente, repreendendo-se metalmente por ter atendido a ligação de Chifuyu, que reclama sem parar do outro lado da linha.
ㅡ O Mikey vai te matar ㅡ a voz ecoa pelo fone via bluetooth posto na orelha do moreno ㅡ Sério que você tinha que se atrasar para uma luta tão importante?
ㅡ A luta começa duas e ainda faltam dez minutos ㅡ bufa, fazendo o ar quente circular pelo capacete ㅡ Então, cala a boca que eu não estou atrasado.
ㅡ Quantas vezes eu tenho que dizer que-
Ele não deixa que o loiro termine mais uma bronca; solta a alavanca esquerda e leva seus dedos ao applewatch que enfeita seu pulso direito; pressiona a pequena tela para encerrar o contato com Matsuno e faz outra curva, dessa vez, chegando ao seu destino. O símbolo da Toman desenhado na lateral do capacete é reconhecido de imediato pelos seguranças do local quando o moreno chega até o portão dos fundos do prédio parcialmente decaído.
Baji passa pelo amontoado de homens e segue até a entrada do estacionamento subterrâneo do lugar, que está lotado. As pistas bem delimitadas e as faixas indicando para onde cada tipo de veículo deveria seguir, foram uma das principais mudanças feitas por Mikey na reforma finalizada há cerca de dois meses e, como o lugar já era quase como sua segunda casa, o garoto sabia exatamente para onde deveria ir.
Assim que chegou a ala privada, disposta apenas para os principais membros e lutadores da organização, Manjiro já o estava esperando. O loiro continha sua expressão tipicamente singela, neutra; mas que para aqueles que o conheciam desde criança, como era o caso de Baji, sabiam que a leve curva em seu lábio e um véia tensionada na têmpora esquerda, eram indícios da sua irritação.
Keisuke suspira. Para a moto e desliga o motor, saindo de cima do veículo à medida que Kazutora se aproxima de onde ele está. Suas mãos vão até a fivela do capacete, abrem a mesma e puxam o objeto para cima, entregando-o para o dono da tatuagem de tigre no pescoço. Os cabelos que já passavam dos seus ombros recaem como uma cachoeira negra pela jaqueta preta de couro.
A brisa frígida constante lambe o rosto pálido e afasta os fios longos escuros, desenhando as sobrancelhas contraídas. Ele abre o zíper do tecido pesado que cobre seu tronco, revelando a blusa de mangas curtas cinza. Os dedos se tocam, tamborilam uns nos outros cobertos pelas luvas escuras até que um sorriso meia boca surja nos lábios de Baji.
Ele passa suas mãos entre os fios, puxa suavemente o cabelo para trás e encara Mikey.
Merda.
ㅡ Não olhem para mim assim ㅡ aponta para os cinco garotos que estão ao seu redor ㅡ Eu tive que resolver umas paradas e acabei perdendo a noção do tempo.
ㅡ Em qualquer outra ocasião, eu não teria o menor problema em colocar outro lutador no seu lugar ㅡ Manjiro diz ㅡ Mas você tinha que resolver essas "paradas" hoje, Baji? Justo hoje?
ㅡ Sim ㅡ respondeu simplista ㅡ Algumas coisas não se adiam, nem mesmo por uma luta dessas.
ㅡ Você tem muita sorte do filho da puta do Hanma ter se atrasado também ㅡ Draken avisa.
ㅡ Eu não acredito que vocês realmente encheram o meu saco por causa da hora para o Hanma também estar atrasado ㅡ o moreno olha para os demais indignado ㅡ Eu só não mando tomar no cu porque-
ㅡ Por que os dois estão errados em se atrasar para essa merda ㅡ Mikey o interrompe ㅡ Você sabe que o horário de pico é duas da manhã e por isso colocamos as lutas mais importantes neles. Lucramos mais. A próxima vai ser na casa da Valhalla e quem decide a porcaria do horário são eles, não a gente.
ㅡ Ok, ok... desculpe pelo atraso ㅡ dá de ombros e acompanha quando Chifuyu arqueia a sobrancelha em sua direção, completamente descrente da veracidade do seu pedido ㅡ A quem eu quero enganar... Não estou me sentindo mal pelo atraso para ter que me desculpar. Estou aqui de qualquer forma, se contentem com isso.
ㅡ Francamente... ㅡ Mitsuya nega e o puxa para caminharem em direção ao elevador ㅡ Você não tem jeito mesmo.
ㅡ Como se alguém aqui tivesse ㅡ ironiza, revirando os olhos.
Os cinco adentram a caixa metálica e esperam, em meio a atmosfera tensa, a chegada do primeiro andar. O tilintar das portas do elevador ecoa pela terceira vez e assim que elas se abrem, o espaço completamente lotado inunda a visão de Baji. O cheiro de tabaco, suor e álcool contamina o lugar; os corpos quentes dançam uns contra os outros e os feixes de luz coloridos se espalham entre a multidão.
A gritaria inçada adentra seu corpo e percorre as veias. A euforia da pré-luta o enche, enquanto as pupilas dilatam com os intervalos de luz e sombra no espaço, dando-o a pequena noção dos vultos que se movimentam. Seu sorriso cresce; contamina a expressão ao mesmo tempo que um calafrio de ansiedade passa por sua coluna ao encarar o lugar que ele mais gosta de estar no mundo.
O ringue onde as lutas acontecem de fato, se localiza no meio andar, onde a parte superior do teto não existe e todos os refletores ficavam direcionados para o centro do tatame, fazendo o lugar parecer um mini coliseu. Muitos dos que estavam ali, acabavam assistindo as lutas da parte de cima do lugar, onde Mikey havia deixado pequenos resquícios de concreto, o suficiente para que quem conseguisse um lugar ali, iria ter uma visão privilegiada dos combates.
Sob o olhar dessas pessoas e dos membros da Valhalla, que esperavam impacientemente por Keisuke, os seis caminharam entre a multidão, que abria espaço para a passagem deles como um rio encontrando uma pedra. O moreno sorri de lado, sentindo as mãos das inúmeras garotas percorrerem seu corpo coberto enquanto passa entre elas.
Eles dão mais alguns passos na direção da lateral direita do ringue, onde o lutador da casa sempre fica, enquanto o visitante se concentrava na lateral esquerda. Eles se aglomeram entre si, evitam que qualquer um consiga ver o que acontece no interior do círculo, e nesse segundo de privacidade ínfima, Baji se livra da calça jeans escura, mostrando o short kick boxing preto que usava por baixo.
Ele puxa o zíper da jaqueta de couro para baixo e a tira; põe as mãos na barra inferior da blusa e as levanta, logo a afastando do próprio tronco. Keisuke desvia dos outros presentes, sobe no ringue e sente a adrenalina percorrer seu corpo quando os gritos alvoroçados da multidão alcançam seus tímpanos. O ar incorpora violento. Ele sente pulsação do próprio coração. Um sorriso cresce em seus lábios quando os olhos encontram seu oponente.
Eles se aproximam. Apenas centímetros dividem o espaço entre ambos, que se encaram com um olhar mortífero, apesar da pequena curva nos lábios de Baji permanecer ali por todos os segundos que se sucedem. Eles trocam respirações e uma rivalidade irracional. Não se mexem, mas começam a trocar ofensas um ao outro em pequenos sussurros.
Chifuyu puxa o amigo para trás, o senta em um pequeno banco no canto do ringue e começa a enrolar suas mãos com as ataduras com a ajuda de Kazutora. Assim que terminam, Takemichi se aproxima por fora do ringue e passa para Matsuno as luvas de boxe na cor preta com o símbolo da Toman no centro do estofado do punho; Baji as põe, escora os cotovelos nos joelhos e curva as costas.
ㅡ Já sabe os pontos fracos dele, não é? ㅡ Kazu pergunta, massageando os ombros do moreno.
ㅡ Sabe que eu derrubo o Hanma mais fácil que meu avô, não sabe? ㅡ responde debochado.
ㅡ Seu avô era professor de MuayThai, é óbvio que derrubar ele era mais difícil ㅡ Chifuyu lembra, ganhando um olhar quase mortal do amigo ㅡ Não esqueça de acertar a perna esquerda, ele é mais fraco nela.
ㅡ E soca melhor com a direita, ou seja, sempre precisa trocar de posição para dar o golpe mais forte dependendo do que quer ㅡ completo, olhando fixamente para o oponente do outro lado do ringue.
ㅡ Boa ㅡ Kazutora parabenizou ㅡ Aproveita o giro porque eu quero um nocaute.
ㅡ Pode deixar, Kazu. Mas não precisa se preocupar, até porque você sabe... ㅡ ele ergue o queixo, sorri convencido e dá de ombros ㅡ Eu nunca perco.
Assim que os dois garotos saíram da linha de visão de Baji e desceram do ringue, o moreno se levantou do pequeno banco, que logo foi retirado dali. Hanma dava pequenos pulinhos do lado oposto ao do moreno, socando o ar com movimentos técnicos, enquanto Keisuke andava de um lado para o outro com os braços caídos na lateral do corpo, carregava um sorriso presunçoso nos lábios e observava cada movimento do oponente.
O meio loiro foi o primeiro a avançar quando o gongo soou pelo lugar. Os gritos de euforia contaminaram por completo o prédio; aquela atmosfera tensa, repleta expectativa, ansiedade, tóxica e acima de tudo, cheia de adrenalina era tudo o que Baji mais amava no que fazia. Ele amava a adrenalina. E sempre que lutava, seu corpo era feito disso por completo; se pudesse, sentiria aquilo o tempo todo.
Hanma aplicou um gancho de direita, mas Keisuke desviou do ataque e depositou um forte soco na costela esquerda, o qual foi possível escutar um pequeno estralo dos ossos do outro. O moreno sorriu satisfeito ao ver a expressão de dor do outro, que não recuou nem por um segundo e o atacou novamente, aplicando dois jabs e um cruzado.
Baji cambaleou minimamente para trás com o último golpe, sentindo a bochecha latejar com o impacto que aquele soco havia lhe causado. Suas costas colidiram fracamente contra as faixas do ringue e assim que seus olhos se levantaram na direção de Hanma novamente, encontrando um sorriso convencido como se aquilo realmente tivesse determinado o rumo da luta, uma fúria tomou conta do seu corpo.
ㅡ Vamos lá, Baji. É tudo o que tem? ㅡ provoca, abrindo os braços como se o desafiasse ㅡ Chegou atrasado e não se aqueceu. Acho mesmo que eu sou fácil de derrotar assim?
ㅡ Não Hanma, não acho que você seja tão fácil de derrotar assim ㅡ ele diz, passando a luva pela lateral da boca e rindo ㅡ Sou eu que é difícil de perder mesmo.
ㅡ Como é? ㅡ franze o cenho com ódio.
ㅡ Ah, vai me dizer que além de socar fraquinho desse jeito, ainda tem problema de audição? ㅡ ele maneia a cabeça de um lado para o outro e estala a língua com um olhar decepcionado ㅡ Eu esperava mais do cabeça da Valhalla.
ㅡ Eu vou te arrebentar, seu merdinha egocêntrico ㅡ gritou, completamente enfurecido.
ㅡ Quero só ver você tentar.
Não se passou nem meio segundo até que os dois avançassem nas suas respectivas direções com sangue nos olhos. Todos sabiam da rivalidade absurda entre a Toman e Valhalla desde o princípio, não era a principal inimiga da casa que estava recebendo a luta essa noite, mas era uma das principais, pois desde suas fundações ocuparam a área sul de Tokyo, o que os faziam rivais além do ringue, mas também de território.
Por isso a luta era tão importante e Mikey havia ficado tão furioso com o atraso do moreno, porque não era só uma luta ou ego inflado de Baji em jogo, era muito além disso. Keisuke não podia perder. Ele nunca se deu esse luxo, porque perder não fazia parte dos ensinamentos do seu avô, não fazia parte da sua natureza; ele sempre ganhava e não seria agora, contra Hanma, que iria mudar.
Com essa certeza em mente, Baji desvia da joelhada que o outro tenta encaixar, deposita uppercut e faz com que o meio loiro praticamente despenque sobre as faixas laterais com tamanha força. Ele escuta os amigos de Hanma exigirem que o mesmo se levanta e assim o faz. Porém, agora que Keisuke havia começado, agora que a raiva havia tomado conta do seu corpo, nada o pararia.
Hanm deu passos incertos em sua direção, completamente zonzo, tentou golpear o moreno, mas assim que este desviou e se afastou por breves segundos, o suficiente para encarar os olhos amarelos do oponente, ele avançou com uma determinação avassaladora. Uma série de socos e joelhadas foram deferidos, alguns conseguiam ser defendidos, mas a grande maioria acertava os pontos mais sensíveis no corpo do mais alto.
Baji se abaixou para esquivar de um ataque do outro e então, deu uma cotovelada na parte interna da perna alheia, fazendo Hanma perder o equilíbrio da perna atingida e cair de joelhos no chão. Foi nesse momento, que Keisuke se afastou cinco centímetros do outro e girou seu corpo por completo, levantando a perna e acertando em cheio o rosto do oponente, fazendo-o cair no chão completamente desacordado, formando uma poça de sangue em segundos causada pela brutalidade da força do impacto.
Os gritos de comemoração soaram como uivos enlouquecidos. Logo, Drake surgiu ao lado do moreno com um olhar que já lhe dizia tudo e por isso, Baji sorriu convencido, enquanto sentia seu braço ser erguido para cima no centro do ringue, mostrando para todos os presentes quem tinha sido o vencedor da luta. A plateia gritava o nome de Keisuke, como bons fãs fervorosos que eram.
Ele rodeou o ringue pelas laterais com os braços abertos, mostrou a luva para as pessoas e apontou para o símbolo da Toman, bateu no peito e ergueu o equipamento. Todos ali sabiam o que aquilo significava. Não precisavam escutar as palavras proferidas por Baji que eram abafadas pelo barulho. Aquilo era o mantra dele; sempre que ganhava gritava a mesma frase para todos escutarem:
ㅡ Aqui é Toman, porra!
Foi nesse momento, com o orgulho estampado no rosto do moreno que seus olhos se fecharam minimamente por conta de um clarão incômodo que atacou sua visão. Ele abaixou a cabeça e esfregou as pálpebras com os dedos já livres da luva de boxe e voltou sua atenção para a plateia novamente, agora procurando quem havia sido o autor do flash que quase o cegou.
Assim que seus olhos encontraram a pessoa que segurava uma câmera fotográfica profissional na frente do rosto, cobrindo metade dele, deixando apenas os olhos magníficos para serem vistos, ele sentiu o tempo desacelerar por segundo.
Todos os sons externos foram abafados e por uma fração de tempo, era como se existisse somente ele e àquela desconhecida, que se destacava entre a multidão não só pelo equipamento que tinha em mãos, mas pelas roupas que contratavam com as das demais garotas.
Agora, uma sensação estranha percorre seu peito e tudo o que ele podia pensar era naqueles olhos brilhantes como noite o encarando.
Quem é ela?
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hi sunshines! gostaram do capítulo?
primeiramente, eu postei o aesthetic da fic no tiktok e tô aceitando biscotinhos!! <3 ㅡ o user é o mesmo daqui, yourselfpark.
hoje é aniversário do baji e, em homenagem a ele, essa data vai ser super importante ao decorrer da fic, então guardem ela!!
bom, nesse capítulo eu quis focar na vida do baji como lutador e na ㅡ quase inexistente ㅡ primeira aparição de vocês. além disso, deu pra notar como vai ser mais ou menos a personalidade do baji aqui e eu juro gente, a convivência de vocês com ele vai ser quase um enemies to lovers mais leve. A M O.
e é isso!! até próxima e beijinhos <3
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