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A noite, para a maioria das pessoas, pode ser definida como uma parte do dia sem propรณsito, jรก que o horรกrio comercial teve seu fim e todos voltam para suas pacatas vidas.

Isso normalmente as impede de enxergar a verdadeira beleza da escuridรฃo do cรฉu, que na minha humilde opiniรฃo, assim como na de Hera, รฉ muito mais interessante que os raios de sol.

Sim, a forรงa da garota sempre esteve na solidรฃo. Ela nรฃo tem medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas; pois รฉ o prรณprio escuro da noite, o qual engole e sufoca qualquer um que ouse se aproximar.

Hera รฉ como aqueles relรขmpagos nos grandes temporais: rรกpidos e destrutivos.

Talvez fosse coincidรชncia a chuva sempre ter sido sua coisa predileta no mundo. Algo tรฃo incerto e volรกtil. Assim como ela. Assim como acordar todos dias. Chegava a ser uma piada alguรฉm tรฃo crente em destinos, que tinha uma paixรฃo ensurdecedoora pelo mundo, ser justamente a vรญtima da fragilidade que era a vida.

Serรก que essa era a resposta para seus questionamentos? Sua crenรงa de que pessoas eram destinadas a algo extraordinรกrio na vida, era a culpada por este fardo que carregava? O destino, geralmente concebido como uma sucessรฃo inevitรกvel de acontecimentos relacionados a uma possรญvel ordem cรณsmica, queria lhe ensinar alguma coisa, certo?

O destino conduzia o que lhe restava de vida de acordo com uma ordem natural que ela tinha que descobrir qual era, pois segundo a qual, nada do que existe pode escapar.

Mas por que demorou tanto para saber qual era o seu destino? Nรฃo, essa nรฃo era a pergunta que vocรช queria fazer.

Na verdade, Hera queria saber o porquรช demorou tanto para encontrar a pessoa que estava destinada a conhecer.

Talvez a resposta fosse mais simples do que imaginava, jรก que nenhum dos dois estavam prontos para tudo o que podiam dar um ao outro antes.

Atรฉ porque, sabemos que o amor รฉ lรญquido.

Ele muda de acordo com a forma. Muda de acordo com a circunstรขncia. Muda de acordo com a superfรญcie, que รฉ tempo. ร‰ mutรกvel. ร‰ condicionado. Nรฃo รฉ sรณlido. Nรฃo tem bases concretas.

Nรฃo hรก nada racional no amor.

Apesar disso, ele nรฃo deixa de ser belo. E ela precisava descobrir isso.

Chega a ser engraรงado que os seres que sรฃo capazes de sentir e descrever o amor dessa maneira sejam aqueles menos dignos de sentir algo tรฃo profundo e de uma beleza fascinante.

ร‰ quase um fardo: nosso coraรงรฃo costuma escolher aquele coraรงรฃo que nรฃo vai ficar. Parece que sempre vamos querer dar tudo para quem nรฃo aguentaria tudo o que somos. Sempre vamos querer mover montanhas por aqueles que nรฃo moveriam um dedo por nรณs.

E o pior รฉ que sรฃo essas pessoas que nos farรฃo incrivelmente bem, atรฉ nos destruir da pior maneira possรญvel.

Era isso que Baji pensava em relaรงรฃo a Hera.

Nรฃo era possรญvel que justo ela, alguรฉm tรฃo incrรญvel e รบnico, pudesse realmente destruir seu coraรงรฃo daquela forma depois de tudo o que passaram.

Ele sabia que vocรช nรฃo tinha culpa. Nรฃo mesmo. Na mente dele, vinham todas as memรณrias dos momentos deles dois juntos, felizes ou tristes. Mas as que Hera o olhava e dizia que aquilo nunca daria certo se destacavam.

Droga... Ela sempre quis evitar tudo isso, certo? Sempre quis evitar levar ele para o fim cruel que estava fadada a ter.

Baji ainda nรฃo entendia. Mas, pouco a pouco, era como se toda a sua mente se iluminasse de um apagรฃo. Hera sรณ queria protegรช-lo.

Mesmo assim, o fim o agredia enquanto a saudade o invadia.

Ele queria que Hera estivesse ali para guiรก-lo. Ele sabia desde que ela havia entrado em sua vida, tinha se tornado dependente da sua voz, cheiro e corpo; dela por inteiro.

E pensar nisso o fazia perceber o quanto era assombrado pelo seu fantasma. Ele precisava dela.

Esse sempre foi o problema de dar tudo a alguรฉm, porque esse alguรฉm sempre terรก vocรช nas prรณprias mรฃos para lhe quebrar ou lhe descartar.

Baji teve tudo, e agora nรฃo tinha nada de Hera. Tudo o que ele queria era que o levasse de volta para a noite em que se conheceram.

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