𝚎𝚕𝚎𝚟𝚎𝚗
— O que caralhos eu 'tô fazendo da minha vida? — Você sussurrou para si mesma, já sentada em sua cama, sozinha novamente.
Assim que olhou para o lado e viu que, mais uma vez, Levi não estava lá, um ódio e uma tristeza imensos surgiram no seu peito. Você sabia que, provavelmente, era só a tpm falando, mas, ainda assim, não conseguia deixar de sentir um aperto no peito ao saber que acordou, de novo, sozinha.
Mesmo depois de outra noite sensacional com o Ackerman, ele continuou saindo de fininho, como se nada. Talvez ele tenha de arrependido, assim como você deveria, mas não conseguia se arrepender de algo que lhe deixava tão bem. Levi Ackerman, com certeza, era a droga mais viciante que você já tinha provado, e não foram poucas.
Sinceramente, você preferia passar o dia inteiro nessa exata posição em que estava, mas, assim que começou a sentir as pontadas fortes da cólica, já se levantou e correu até o banheiro, não demorando em achar um remédio e tomar. Além disso, colocou o absorvente interno que já estava acostumada a usar, logo depois de tomar um banho rápido, apenas para tirar o cheiro de sexo que estava impregnado em todo o seu corpo.
Optou por colocar roupas leves, já aceitando que não sairia de casa hoje, e sabia que nem ia precisar. Já era perto da hora do almoço e sua barriga roncava de fome, mas, assim que pegou o celular para ligar para saber quanto tempo seus amigos iam demorar para chegar, você conseguiu ouvir o som da tranca da porta da frente se abrindo.
— Chegamos, [Nome]! — A voz animada de Sasha chegou até o seu quarto, fazendo você esboçar um sorriso involuntário e infantil, começando a andar em direção à sala logo em seguida — A bebê chegou — A morena disse, assim que viu você e abriu os braços para te abraçar.
Você odiava quando seus amigos lhe chamavam de "bebê", principalmente porque você sabia que era uma brincadeira, se referindo ao qual infantil você ficava quando menstruava.
— Chegou bem em casa ontem? — Connie perguntou, logo depois de deixar as sacolas com o almoço de vocês em cima da enorme mesa.
— Uhum — Você respondeu, em um murmúrio, ainda abraçada com Sasha — Pixis me deixou aqui.
— Então foi ele quem te trouxe? — Foi a vez de Jean perguntar, usando uma das mãos para separar a morena de você, que soltou um "vai se foder" alto, e lhe abraçou logo em seguida — Achei que você tivesse vindo de táxi — Completou, depois de receber uma confirmação sua com a cabeça.
— Você devia ter ido pra casa de Ymir ontem — A voz de Connie fez você virar na direção do careca, que já abria as embalagens de sushi e as espalhava pela mesa, enquanto Sasha ia na cozinha pegar os pratos — Ela apresentou a boyzinha nova dela, super gente boa.
— O nome dela é História, não é? — Você perguntou, se separando do abraço com Jean e vocês dois foram ajudar os outros a arrumar a mesa.
— É — Foi Sasha quem respondeu, voltando da cozinha — E advinha — Apenas esperou um sinal de cabeça sua, para que ela continuasse a falar — Ela e Eren já se pegaram há alguns anos.
— Mentira — Você exclamou, de olhos meio arregalados e boca entre aberta, tentando conter um sorriso divertido que queria escapar de seus lábios.
— Mikasa ficou boazinha — O tom de ironia na fala de Jean era evidente — Acho que ela não sabe sobre você e Eren, se não ia ficar esquisita que nem ficou ontem.
— Ainda não acho que ela ia se importar se soubesse — Os olhares debochados dos seus amigos foi o suficiente para fazer você revirar os olhos e continuar a falar — Eu e ela somos amigas.
— E o fato de você ser uma das melhores amigas de Eren ia piorar ainda mais as coisas pro seu lado — Connie retrucou, já se sentando na pesa e separando os hashis.
— Eu acho que ela ficar ficar estranha no começo — Foi a vez de Sasha responder, com a boca cheia — Mas não tem o que fazer — Deu de ombros — Você e Eren ficaram faz muito tempo e hoje vocês são muito amigos. Ou ela engole o que aconteceu, ou aqueles dois terminam.
— Ou ela faz ele se afastar de [Nome] — Assim que acabou de falar, Jean levou uma cotovelada, não tão fraca, da morena — Ai, porra! Mas é verdade.
— Não acho que Eren terminaria uma amizade tão valiosa pra ele por causa de uma namorada ciumenta — Sasha retrucou, voltando a prestar atenção na comida que tinha em mesa logo em seguida.
Você se sentou, finalmente, começando a comer também. A ideia do Yeager deixar de ser seu amigo por causa de uma ficada de muitos anos atrás estava revirando toda a sua mente. Além de ele ser uma das pessoas mais importantes na sua vida, a tpm colaborava para que tudo ficasse ainda mais triste.
Mikasa era sua amiga desde muito tempo. Na sua cabeça, ele nunca se afastaria de você ou pediria para o namorado fazer isso se descobrissem que você e Eren já ficaram. Tirando isso, ainda existia a possibilidade de ela já saber de tudo e isso não passar de paranoia da sua cabeça.
— Mas, e aí? — A voz de Jean lhe tirou de seus pensamentos — O que você fez ontem de noite?
— Assisti um filme — Respondeu, desviando o olhar para o nigiri que tinha no seu prato.
— Qual o nome?
— Eu não me lembro — Você respondia rápido, sem olhar nos olhos dele. No quesito de mentir, você era extremamente habilidosa, mas não quando se tratava de mentir para o seu melhor amigo. Jean sempre sabia quando você estava mentindo e, agora, não era diferente. O moreno sabia que você estava escondendo alguma coisa desde o início da semana, mas não tinha ideia do que era, nem queria lhe pressionar a falar — Acho que era alguma coisa com Pecados Capitais.
— Você viu o filme ontem e já não lembra mais do nome?
— É, eu não lembro — Dessa vez, suas íris estavam fixas nos olhos castanhos claros dele, que arqueou uma das sobrancelhas ao perceber o tom firme.
No mesmo instante, ele percebeu que esse era um assunto que você não queria falar sobre agora. Por mais que ele nunca tentasse extrapolar os limites do seu espaço pessoal, saber que você estava escondendo alguma coisa dele era muito estranho para Jean, até porque você sempre contou tudo para ele. Desde o seu primeiro jeito até sua última droga que você havia experimentado e, em nenhum momento, algo saiu da boca dele. Jean Kirstein era como o seu diário, onde você confiava todos os seus segredos, não importa o quão secretos eles eram. E saber que parte disso tinha se perdido preocupava mais o moreno do que ele gostaria de admitir.
— Certo — Ele disse, pegando mais um uramaki da bandeja — Se você lembrar depois, me diz.
Você não respondeu, apenas desviou o olhar e voltou a comer, em silêncio. Para a sorte de vocês dois, Sasha e Connie eram as pessoas mais lerdas que vocês conheciam e, por isso, não tinham percebido o clima tenso que se instalou na mesa. Mesmo assim, não demorou muito tempo para que Jean voltasse a conversar normalmente com você, fingindo que nada tinha acontecido.
Um suspiro aliviado escapou de seus lábios quando percebeu que ele não voltaria a tocar no assunto nem tão cedo. Realmente, a última coisa que você precisava agora era alguém descobrir sobre suas eventuais transas com o novo sócio da empresa do seu pai.
Involuntariamente, seus olhos foram parar no seu celular, que estava em cima da mesa, um pouco afastando de onde você estava. Seu coração gritava para que você mandasse uma mensagem para Levi, mas sua mente sabia que isso era uma ideia estúpida. Você ainda não conseguia entender o efeito que o Ackerman tinha sobre você. Era como se você estivesse completamente entregue a ele, sem mais nem menos. Pelo menos, você esperava que ele nunca soubesse disso.
Seu braço esquerdo se esticou até o aparelho, em um movimento quase involuntário para mandar uma mensagem perguntando se ele estava livre amanhã a noite.
"E não vamos fazer de novo". A voz de Levi veio na sua cabeça por um momento, fazendo você se recordar de quando descobriram suas conexões de trabalho e decidiram que aquela primeira noite de transa não se repetiria. Ainda que vocês tivessem transado de novo, o Ackerman tinha deixado claro que não queria que isso acontecesse de novo.
Talvez, ele só tivesse transado com você de novo por puro desejo ou necessidade. Talvez, ele só estivesse entediado ao ponto de querer transar com você. Talvez, ele não tivesse achado outra mulher para satisfazer as necessidades dele ontem e veio até você. Eram muitas possibilidades, mas, o que estava claro na sua mente era que Levi não se importava com você.
Ou, talvez, isso fosse só a tpm falando. Você nunca saberia.
O melhor que você poderia fazer era tentar esquecer e se afastar. Por mais que Levi despertasse sentimentos e sensações que você nunca tinha sentido antes, não valia a pena o esforço. Além de ter que correr atrás de um homem que, claramente, não te queria, teria que enfrentar o perigo de ser descoberta pelo seu pai e destruir a relação de vocês.
Sua mão não chegou a pegar o celular, acabou parando no caminho antes disso. Depois de um suspiro cansado, você a colocou perto do corpo novamente e esboçou seu sorriso mais convincente, entrando na conversa dos três amigos mais uma vez.
— A gente podia ver aquele filme de romance que lançou na hbo — Sasha disse, deixando o hashi em cima do prato, depois de ter comido mais que todo mundo.
— Your Name? — O tom de tédio era claramente visível na pergunta de Connie.
— Esse mesmo.
— Não, a gente vê outra coisa — Foi a vez de Jean falar, já juntando os pratos para colocar na cozinha.
— Por favor...
— Não adianta fazer essa voz de choro, Sasha — O careca disse, depois de revirar os olhos — A gente escolhe outra coisa pra assistir.
— Eu queria ver — Sua voz saiu mais baixa do que você queria, mas foi o suficiente para os dois homens olharem na sua direção. Instantaneamente, você desviou o olhar, sentindo as bochechas corarem de vergonha.
Isso sempre acontecia quando você estava de tpm. Sempre ficava mais manhosa do que o normal, e você detestava isso.
— A gente assiste — Jean foi o primeiro a falar, se levantando da cadeira e levando os pratos até a cozinha.
— Pois é — Logo depois, Connie concordou — Eu 'tava curioso pra saber como era, mesmo.
— Isso só pode ser brincadeira — Sasha murmurou, revirando os olhos ao mesmo tempo.
— Quando você tiver de tpm, a gente faz o que você quiser — O melhor amigo dela brincou, ganhando um soquinho leve como resposta.
Você esboçou um pequeno sorriso de lado involuntário, percebendo que nem conseguia mensurar o quanto era sortuda por ter os amigos que tinha. Não demorou muito para você soltar uma risada baixa, quando Connie e Sasha começaram a discutir, mas sua atenção foi tomada por uma mão leve em seu ombro.
— Quer começar a assistir agora?
Assim que raciocinou a pergunta de Jean, você assentiu com a cabeça e se levantou de onde estava sentada, indo até o extenso sofá da sala e se sentando ao lado do moreno, enquanto conversavam sobre a festa na casa de Ymir ontem. Logo depois, Connie e Sasha também se juntaram a vocês, não demorando muito para colocarem o filme e sessarem a conversa.
Ainda quando o filme estava no comecinho, você encostou sua cabeça no ombro de Jean, que não demorou mais do que poucos segundos para encostar a cabeça dele em cima da sua. Ele sabia que isso era um gesto seu de pedido de desculpas. Vocês dois sempre conseguiram ler muito bem um ao outro. Você tinha plena consciência de que o moreno sabia que você estava escondendo alguma coisa e que tinha ficado chateado com isso. E Jean sabia que você não estava escondendo nada de propósito e que, quando chegasse o momento certo, você contaria.
Mais do que tudo, você queria contar ao seu melhor amigo toda a situação com Levi. Mas, além da vergonha que estava sentindo por pegar a única pessoa que você jamais poderia se envolver, não queria que o Kirstein tivesse que guardar esse segredo também.
Sua cabeça estava cheia de pensamentos conflituosos, mas, assim que o filme começou de verdade, você nem teve oportunidade para focar nos seus problemas.
— [Nome], tá tudo bem? — Connie perguntou, levemente assustado.
— Você tá chorando faz uns vinte minutos seguidos — Foi a vez de Sasha perguntar, assim que os créditos do filme começaram a subir, anunciando o fim da obra.
— Não gostou do filme? — A voz baixa do moreno invadiu os seus tímpanos, que lhe abraçava de lado, fazendo um carinho suave no seu braço esquerdo.
— Eu amei — Sua voz saiu baixa e arrastada, enquanto você tentava controlar as lágrimas que não pararam de cair por causa do filme.
Uma verdadeira obra de arte.
Connie já tinha aberto a boca para fazer outro comentário, mas, assim que o fez, o som da companhia tocando o impediu. Depois de soltar um "eu vou lá", ele se levantou e foi até a porta.
Você finalmente conseguiu estabilizar a choradeira, mas seu coração ainda estava pesado pela história ter terminado. E que final.
Ainda assim, as lágrimas já pararam de cair e, mesmo que você ainda estivesse fungando, tinha conseguido controlar sua tpm.
— Ei — Connie chamou sua atenção, entrando na sala novamente, com uma caixa preta em mãos — Chegou isso aqui pra você.
Você franziu as sobrancelhas, vendo o pacote de tamanho médio nas mãos dele. Devagar, você se levantou do sofá e foi até ele, agradecendo e pedindo licença aos amigos. Sem nenhuma pressa, foi até a cozinha e pegou uma tesoura, abrindo o lacre que tinha na caixa.
Imaginava que seria alguma compra que você tinha feito pela internet e não se lembrava, mas, no momento em que você a abriu, suas sobrancelhas se arquearam. Além de uma diversidade incrível dos chocolates mais caros da cidade, havia uma única rosa azul dentro da caixa.
Com cuidado, você tirou a flor de dentro do pacote, a colocando perto do nariz e percebendo que não era artificial. Suas sobrancelhas se arquearam ainda mais ao se perguntar como essa pessoa sabia que sua cor preferida era azul, ou se foi apenas um chute.
Já estava se convencendo de que Erwin tinha mandado ela para você, até porque ele sabia que você estava de tpm pelo jeito como você agiu na festa de ontem. Mas, assim que viu um cartão branco no meio das barras de chocolate, o pegou e abriu. Sua boca ficou entre aberta e seus olhos se arregalaram ao máximo assim que leu as únicas duas letras escritas naquele pedaço de papel.
"L. A."
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