4.7

   Shoyo dirigia de modo quase que desesperado por entre as ruas de Tokyo, Orie tremia sem parar por entre seus braços, parecia ao ponto de começar a convulsionar ali mesmo, você estava completamente aflita, seu corpo inteiro estava tenso, o carro parou de qualquer jeito na frente do hospital, você desceu do veículo correndo para dentro do enorme prédio com a garota ruiva em seus braços, uma das enfermeiras pegou uma maca prontamente ao ver a menina completamente vermelha.

   — Acho que ela... que ela está tendo uma reação alérgica.

   Disse com a voz trêmula segurando o choro, colocou a garota com cuidado sobre a maca vendo outros enfermeiros chegarem para guia-la em direção ao corredor, tanto você quanto Shoyo os seguiram quase que desesperados, conseguiu ver a boca de Orie começar a espumar e seu corpo tremer por completo, uma das enfermeiras segurou o corpo da garota.

   — Choque anafilático grave, ela está convulsionando, a levem para a sala agora!

   Um dos homens gritou, você deu mais um passo a frente aflita ao  verem adentrar com a maca por uma das portas dobráveis do hospital, uma enfermeira lhe segurou impedindo que você continuasse, tentou se soltar dela quase que desesperada, sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos correndo por suas bochechas, aproximou o rosto da pequena janela que havia na porta que dava caminho para o outro corredor que havia sido impedida de adentrar, sentiu seu corpo inteiro tremer, chorou de maneira violenta enquanto Shoyo passava os braços ao redor de seus ombros lhe abraçando com força.

   — Minha filha, eu preciso ver minha filha, Shoyo, faça alguma coisa!

   Você gritou praticamente aos prantos levantando o rosto em direção ao homem, seus lábios tremeram, ele respirou fundo, lhe abraçou mais forte, os olhos castanhos estavam completamente marejados, ele respirou fundo, as mãos grandes pareciam tremer suavemente contra suas costas, você suspirou, escondeu o rosto contra a curvatura do pescoço do ruivo, suspirou trêmula tentando manter a própria calma, fungou baixinho, estava simplesmente em pânico. 

   — Vai ficar tudo bem, princesa, conseguimos chegar no hospital a tempo, vai... ficar tudo bem, eu prometo.

   Ele disse com a voz suave, mesmo que ele parecesse tão assustado e nervoso quanto você naquele momento a única coisa que ele fazia invés de se desesperar era tentar lhe deixar calma; deixou um beijo forte contra o topo de sua cabeça antes de lhe guiar devagar em direção a uma das diversas cadeiras da sala de espera ajudando você a se sentar, sentou-se ao seu lado segurando seu rosto o pousando devagar contra o próprio ombro para que você descansasse um pouco; suspirou sentindo suas mãos tremerem, fungou tentando parar o próprio choro antes de respirar fundo.

   — Justo no dia que ela foi ver os ursos, oh céus, coitadinha.

   Você murmurou com a voz embargada sentindo outra lágrima correr por sua bochecha, não demorou muito para que Shoyo ficasse em completo silencio, apertou mais forte sua mão, o escutou fungar baixinho, mesmo que não pudesse ver o rosto do ruivo tinha a forte sensação de que ele estava chorando. Continuaram daquele por minutos torturantes, simplesmente parecia que o ar não vinha para os seus pulmões, escutaram a porta se abrir, tanto você quanto Hinata se levantaram de uma vez, um médico andava até você seguido de um enfermeiro, os dois tinham uma feição completamente aflita no rosto; engoliu em seco sentindo seu peito se apertar rapidamente, o médico tirou a máscara devagar, fechou os olhos antes de respirar fundo.

   — Podem me acompanhar até meu escritório por favor? — ele pediu com a voz calma, você arregalou os olhos sentindo seu corpo inteiro tremer, seus joelhos falharam, Shoyo segurou seu corpo para que você não caísse no chão, o médico negou com a cabeça rapidamente — Ela está bem, conseguimos conter o choque anafilático, está dormindo... mas precisamos conversar.

   Ele disse com a feição séria, um suspiro aliviado escapou de seus lábios, concordou com a cabeça devagar tentando se equilibrar no chão, levantou o olhar até o ruivo, ele parecia completamente tenso, seus ombros e nuca estavam rijos, ele respirou fundo enquanto segurava a sua mão por entre a própria lhe puxando para mais perto enquanto andava ao seu lado seguindo o médico e o enfermeiro em direção a uma das salas mais afastadas. Você não sabia ao certo o que estava acontecendo ali, se Orie estava bem por que diabos precisava o seguir para o seu escritório?

   Suspirou pesadamente adentrando na sala, se sentou em uma das cadeiras que ficavam de frente para uma mesa amadeirada e pequena, Shoyo se assentou ao seu lado, segurou sua mão com força enquanto viam o médico tomar seu lugar de frente para vocês, o homem possuía o cabelo preto, alguns fios grisalhos se fazendo presentes, ele arrumou os óculos em seu rosto antes de coçar a garganta em uma tosse baixa, tinha uma expressão aflita em seu rosto quando juntou as mãos sobre a mesa.

   — Pedi para alguém verificar a ficha médica da Aurora, ela tem alergia a morangos, certo?

   Ele indagou com a voz baixa, você engoliu em seco antes de concordar com a cabeça devagar sem entender muito bem até onde aquela conversa levaria, suspirou.

   — Certo, mas ela está bem, não está?

   Shoyo respondeu, correu os olhos ansiosos pelo rosto do médico que assentiu devagar, puxou o colarinho de sua camisa quase como se estivesse tentando respirar melhor.

   — Quem mais sabe da alergia da Aurora?

   Você piscou confusa ao escutar suas palavras, encolheu os ombros.

   — Acho que apenas meu noivo, minhas amigas do Brasil e um amigo da Argentina, por que está perguntando tudo isso?

   Indagou por fim de maneira nervosa, apenas queria ver sua filha de uma vez, o médico respirou fundo, fechou os olhos devagar antes de os abrir novamente.

   — Eu chamei a polícia, acho que pode ter sido uma tentativa de homicídio.

   O homem de cabelos grisalhos disse por fim, você arregalou os olhos pouco a pouco, sentiu seus ombros tremerem, entreabriu os lábios sem saber muito bem o que dizer naquele momento, um riso nervoso escapou de sua boca, respirou fundo, sentia que a qualquer momento fosse começar a hiperventilar.

   — O que?

   Indagou com a voz fraca, o homem a sua frente engoliu em seco, Shoyo apertou mais a mão contra a sua, o médico continuou.

   — Encontramos resíduos de morango na boca dela, da fruta, alguém deu a fruta para ela — ele murmurou, os olhos escuros caíram sobre o enfermeiro, fez um gesto com a cabeça para que o mesmo se aproximasse, estendeu um plástico em direção ao homem que o segurou com cuidado o colocando sobre a mesa, havia um papel pequeno dentro do mesmo — e encontramos esse bilhete no bolso dela.

   O médico murmurou, você levou os olhos assustados até o plástico, arfou baixinho sentindo seu peito se apertar em terror, seus lábios tremeram ao ver o que estava escrito ali, Shoyo apertou mais forte sua mão, o escutou ofegar desesperado; correu os olhos mais uma vez pela escrita quase como se quisesse ter certeza de que havia lido certo.

   "Vocês merecem pagar pelo o que fizeram comigo".

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