0.2

Você soltou um riso alto batendo a mão sobre a mesa tentando recuperar o ar ao que o homem de cabelos ruivos soltou dois jatos de mojito por suas narinas ao tentar segurar a risada, você quase se engasgou com a caipirinha de maracujá que havia acabado de colocar entre seus lábios, arfou de modo desesperado encarando o homem a sua frente que tossia sem parar limpando o nariz com um guardanapo.

— Merda... está ardendo.

Ele choramingou enquanto você tentava acalmar a própria respiração, sorriu de modo cansado voltando a bebericar o líquido amarelado do maracujá em seu próprio copo, encolheu os ombros.

— Cara, você acabou de espirrar a porra de um mojito do seu nariz, obviamente vai estar ardendo.

   Você disse arqueando uma das sobrancelhas, ele abriu um sorriso dolorido antes de assentir devagar, fez uma careta, curvou o corpo sobre a mesa arrancando sua bebida de suas mãos, você franziu o cenho.

   — Nunca mais vou conseguir chegar perto de um mojito, esse copo é gigantesco, divida comigo um pouco para não ter coma alcoólico.

   Ele disse colocando seu canudo entre seus próprios lábios, você riu de modo incrédulo, cruzou os braços.

   — É impossível eu ficar bêbada só com um copo de caipirinha.

   Você balbuciou enquanto jogava alguns palitinhos de dente sobre a mesa montando uma imagem qualquer sobre a superfície extremamente amarelada de plástico, o homem de cabelos alaranjados deu um gole em sua bebida antes de a empurrar novamente em sua direção, encolheu os ombros antes de cruzar os braços, afundou o corpo contra a cadeira de plástico.

— Então você aguenta bebida?

Ele indagou curioso, você levantou o rosto correndo os olhos até o homem, abriu um sorriso curto entre seus lábios antes de assentir devagar.

— Aguento, mas depois eu fico morrendo de dor de cabeça.

   — Eu sou péssimo com bebida, eu prefiro não beber muito, uma vez eu vomitei depois de duas garrafas de 51.

O homem ruivo disse com a voz baixa quase que envergonhado, você arregalou os olhos incrédula, soltou um riso soprado, levou o canudo até seus lábios sugando o líquido para a sua boca, ele desviou o olhar, você sorriu mordendo o canudo levemente antes de o soltar, pendeu a cabeça para o lado.

— Então da próxima vez que sairmos talvez eu tenha que te comprar uma coca já que você consegue dar um PT com 51.

   Você disse, ele arqueou uma das sobrancelhas, cutucou a bochecha com a ponta da língua antes de voltear os olhos castanhos em sua direção, abriu um sorriso de lado.

   — Está me chamando para sair com você de novo?

   — Talvez eu esteja.

   Você murmurou por fim, ele curvou o corpo suavemente sobre a mesa de plástico, apoiou os braços sobre a superfície amarelada, o homem encolheu os ombros.

   — Mas da próxima vez eu escolho o lugar.

   Ele disse estendendo a mão em sua direção como se fosse uma espécie de trato, você riu antes de assentir segurando sua mão entre seus dedos a apertando com cuidado, ele a apertou sem muita força, passeou o polegar pelas costas de sua mão, abaixou os olhos castanhos para suas mãos juntas, você engoliu em seco sentindo seu estômago se revirar suavemente, mesmo que o Rio de Janeiro estivesse queimando como sempre você sentia sua barriga gelada.

   — Você que manda, ruivinho — sussurrou com a voz baixa, ele levantou os olhos em sua direção, sorriu fraco, apertou sua mão mais forte entre seus dedos longos, você respirou fundo, o sentindo soltar sua mão deslizando as pontinhas dos dedos pelos seus —, você não é brasileiro, né? Você tem sotaque.

   Ele negou devagar com a cabeça, esticou os braços se espreguiçando.

   — Sou do Japão, estou aqui a dois anos, é provável que eu volte daqui a alguns meses.

   — Uau, Japão — você murmurou surpresa, bocejou de modo preguiçoso —, está fazendo o que aqui?

   — Treinando vôlei de praia, quando eu voltar pretendo entrar em algum time profissional.

   Ele murmurou, você arregalou os olhos de modo surpreso, encolheu os ombros antes de abrir um sorriso trêmulo entre seus lábios.

   — Eu tenho um amigo em São Paulo que é viciado em vôlei.

   — Ah, você já foi pra São Paulo?

   O ruivo indagou de modo surpreso como se fosse uma coisa de outro mundo, você assentiu antes de rir baixo.

   — Eu moro lá, Zona Sul, estou apenas passando as férias aqui.

   — Está em algum hotel?

   — O que fica de frente para a praia bem ali.

   Você disse apontando o dedo para o prédio enorme, o homem ruivo arregalou os olhos pouco a pouco, abriu um sorriso de canto a canto.

— É ali que eu geralmente jogo!

— Sério?!

Você exclamou surpresa, ele assentiu. Vocês se levantaram da mesa logo depois de você terminar seu copo de caipirinha porque o seu acompanhante parecia não aguentar mais um gole sequer de álcool, já estavam andando por algum tempo na areia, ele estava por trás de você empurrando seus ombros porque você havia dito que não aguentava mais andar.

Riu alto quando seu pé estancou na areia o sentindo agarrar seus ombros com força para que não caísse lhe puxando para mais perto, ele riu se desequilibrando suavemente, piscou devagar.

   — Ruivinho, você está tentando me matar sufocada na areia? Primeiro me derruba e depois tenta me jogar?

   Você disse de modo dramático ele revirou os olhos, lhe ajudou a se equilibrar novamente no chão soltando seus ombros e ficando ao seu lado, cerrou os olhos fingindo estar irritado.

   — Você que esbarrou em mim, dona moça.

   Ele disse sério, você riu, negou com a cabeça.

   — Você que ficou no meu caminho, olhe aqui minhas coxas estão todas machucadas.

   Você disse erguendo uma das pernas enquanto apoiava a mão no ombro do ruivo para que não caísse, ele suspirou abaixando os olhos para sua coxa, levou uma das mãos até sua perna passando as pontinhas dos dedos ali, você engoliu em seco, o homem volteou os olhos castanhos em sua direção.

   — Me desculpe por isso.

   — Com uma condição.

   — Qual?

   — Anote meu número.

   Você sussurrou, ele arregalou os olhos devagar, não sabia se era por causa da luz da lua mas jurou ver as bochechas dele ficarem levemente avermelhadas, ele riu baixinho antes de assentir retirando o celular de seu bolso o estendendo em sua direção, você sorriu o segurando em suas mãos vendo o teclado de números ali, anotou seu número o salvado antes de o entregar novamente ao homem, ele sorriu guardando o celular no bolso novamente.

   — Aliás, me chamo Hinata Shoyo, mas as pessoas aqui me chamam só de Shoyo.

   Ele disse, você sorriu de canto, cruzou os braços.

   — Hinata igual a mocinha do Naruto?

   Você indagou ele revirou os olhos antes de assentir, riu baixo.

   — Você não é a primeira pessoa que diz isso, sim, Hinata igual a mocinha do Naruto.

   Ele disse com a voz baixa, você sorriu.

   — Pode me chamar de S/N.

   Você murmurou, ele concordou com a cabeça, sorriu, voltou a lhe empurrar pelos ombros para que você andasse. Depois de alguns minutos ele lhe guiou até o hotel onde você estava hospedada já que não ficava muito longe, vocês pararam rente a portaria, ele sorriu nervoso, passou as mãos sobre os shorts que vestia.

   — Então... amanhã eu vou jogar aqui, se você quiser aparecer.

   Ele disse, você prensou os lábios antes de assentir, abriu um sorriso animado tentando o esconder.

   — Apareço sim, me mande mensagem com o horário.

   — Mando sim... Okay, até mais — ele disse com a voz nervosa enquanto se afastava sem tirar os olhos dos seus, tropeçou nos próprios chinelos quase caindo na areia, você riu alto, ele sorriu sem jeito passando a mão na nuca — Tinha uma pedra.

   — Uma pedra na areia?

   Perguntou arqueando uma das sobrancelhas enquanto abria a porta do hotel, ele revirou os olhos.

   — Até amanhã, mocinha.

   — Até amanhã, ruivinho.

   Você respondeu antes de adentrar no hotel, subiu as escadas rapidamente em direção ao seu quarto, seu celular vibrou em seu bolso, o pegou rapidamente, abriu um sorriso curto ao ver a mensagem.

   [ (XX) XXXX - XXXX ]

   / Você realmente salvou seu contato como "Namorada de férias" ? /

   Você riu antes de digitar rapidamente e salvando o contato do ruivo.

   [Você]

   / Sim, algum problema com isso? /

   [Namorado de férias]

   / Fique a vontade, linda, eu não me importo nenhum pouco /

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