O1 ★︎ ARE YOU SERIOUS?
Os fãs gritavam com uma euforia surreal. As mãos ao alto, vozes em sintonia com a de Chelsea que agora cantava a música de maior sucesso da banda, "R U Mine?", escrita por Skylar.
Ela tocava intensamente a guitarra púrpura, sorrindo para os jovens que gritavam seu nome. A Divine Brush foi ao ar em 2004, no ano passado, e desde então vem ganhando a atenção do público sem parar, meninas e meninos. E mesmo após um certo tempo, a sensação de tocar para milhares de pessoas sempre seria fora do comum.
Quando o show terminou, as meninas se despediram aos sorrisos e Chel prometeu a eles uma próxima apresentação quando ouviu os resmungos dos fãs. Agora estavam no camarim, descansando, antes de irem ao hotel.
── Cara, eu tô exausta ── Agatha comentou, tombando a cabeça para fora do sofá.
A garota estava toda esparramada no acolchoado, com os pés no colo de Misuki. A japonesa retirou as pernas da amiga com brutalidade, quase fazendo-a cair.
── Encosto.
── Se ferra, eu estava descansando.
Skylar revirou os olhos com as implicâncias rotineiras das duas enquanto afinava a guitarra. Chelsea estava na cadeira giratória vendo tudo que os fãs estavam comentando sobre o show no Facebook.
── Se liguem nisso ── disse a loira, chamando a atenção das outras. ── "Essas meninas da Divine Brush são demais, merecem mais reconhecimento do que outras bandas".
Agatha se ajeitou no sofá depois das reclamações de Misuki e jogou o cabelo para trás, se apoiando nos joelhos.
── A pessoa citou outras bandas?
Perguntou erguendo as sobrancelhas. Chel fez uma expressão confusa e voltou a ler.
── Ela não, mas os comentários da postagem citaram a Tokio Hotel ── deu de ombros, jogando o celular no puff.
── Que ótimo, depois a gente que é culpada pela rivalidade ── a Monroe reclamou, deixando a guitarra cuidadosamente no suporte.
No momento seguinte, Benjamin entrou no camarim com uma prancheta em uma das mãos enquanto a outra apertava a escuta em seu ouvido. Ele fazia parte da agência das meninas, cuidava de toda a sua agenda.
── Sim, sim, já achei elas ── o homem falou ao fechar a porta, antes de se virar para as meninas. ── O show foi ótimo, garotas, mandaram bem.
Elas sorriram, agradecendo.
── Mas é o seguinte, teremos uma pequena mudança no contrato de vocês ── Benjamin deixou a prancheta sobre a mesa ao lado de Chelsea, onde estava todos os dados da tal mudança.
Foi questão de segundos para o sorriso sumir. Agatha e Misuki se entreolharam, preocupadas, e se aproximaram junto com as outras da mesa. Skylar passou os olhos pela folha do contrato, torcendo o nariz quando subitamente achou o nome da banda masculina.
── Vocês e a Tokio Hotel estão disputando a atenção do público jovem sem parar e isso está começando a sair do nosso controle. ── Benjamin começou a explicação.
Elas sabiam do que estavam falando. Constantemente, alguns "fãs" passavam dos limites e atacavam os artistas de maneira direta e bruta; um ou dois já chegaram a ser presos, de ambas as bandas. Vez ou outra as agências tinham que intervir para não estourar nas mídias e trazer má fama para as duas partes.
── Nós conversamos com o pessoal de lá e tomamos uma decisão. Vocês vão começar a trabalhar juntos por tempo indeterminado, mostrando um bom desenvolvimento em equipe. ── falou por fim, indicando no contrato a parte que comentava sobre.
Skylar se apoiou na quina da mesa, colocando a mão na testa.
── Agora eu posso declarar minha morte.
── Ah, para, não é tão ruim assim. ── Misuki passou o braço pelos ombros dela, a tranquilizando.
── Vocês começam amanhã. Vão acordar cedo para ir até o hotel dos meninos. ── Benjamin finalizou, saindo do camarim logo em seguida e deixando as quatro meninas com as maiores caras de pânico para trás.
── Ok, é ruim sim.
Deviam ser cinco e meia da manhã quando quatro, quatro despertadores tocaram ao mesmo tempo. Um som ensurdecedor ecoou por todo o quarto de hotel e logo depois o barulho de algo se quebrando.
── Garota, você jogou seu despertador na parede? ── Agatha questionou sonolenta, coçando os cabelos emaranhados.
── E eu fiz errado? ── Chelsea respondeu com outra pergunta, correndo para o banheiro antes das outras.
Skylar resmungou, batendo na porta para que ela fosse mais rápida. Se encostou na parede e deslizou até o chão, desejando mais do que tudo poder dormir mais. Não tinham dormido quase nada desde que voltaram do show, nem mesmo tinham trocado de roupa; só se jogaram nas camas esperando que o dia amanhecesse com preguiça.
Hoje elas iriam se mudar para o hotel da banda masculina e a partir dali todos eles teriam a mesma rotina, turnês, agenda. O que seria uma catástrofe, já que cada um dos grupos tinha seu próprio estilo.
── De zero a dez, o quão errado vocês acham que vai dar? ── Misuki saiu da cozinha já com a xícara de café em mãos. Essa garota não abria os olhos sem visualizar aonde estariam todos os utensílios para se empanturrar de cafeína.
── Vinte. ── a guitarrista falou, dobrando as pernas e apoiando a testa nos joelhos. O sono ainda a dominava e ela poderia amaldiçoar todos os responsáveis por ela ter que acordar cedo no momento. Até lembrar que a maioria era fã dela.
Agatha tropeçou nas próprias malas que estavam espalhadas pelo chão, quase indo de encontro ao chão. O sono pode machucar, sabiam? Chel finalmente saiu do banheiro e se assustou quando viu Skylar de guarda na porta, momentos antes da morena correr para dentro.
As meninas demoraram, no mínimo, duas horas para arrumar tudo. Quatro pessoas com a cama nas costas tendo que arrumar milhões de malas às cinco da matina. Tenha dó. O carro estacionou na frente do hotel dos meninos e Skylar se espreguiçou assim que desceu dele. Pessoas da outra agência vinham as ajudar com suas bagagens. "O mínimo por terem me feito acordar agora", ela pensou.
O prédio era bonito tanto por fora quanto por dentro, mas elas não tiveram muito tempo para analisar os detalhes. Querendo ou não, estavam nervosas. Apesar da briga constante entre fandons, as bandas nunca haviam tido nenhum contato direto, mas era definitivo que não se dariam bem. Uma mulher abriu a porta para as quatro e elas entraram, sendo seguidas pelo pessoal com seus pertences.
Assim que adentraram o lugar, deram de cara com o quarteto fantástico jogado no sofá – como se a presença delas fosse o de menos. Apenas Bill, o vocalista, estava sentado direito, mas também sem dar muita bola.
── Que ótimo, enfim todos reunidos! ── o assistente da Tokio Hotel falou sorridente, batendo palmas. Pelo canto do olho, viu Sato revirar os olhos com o ato. ── Eu imagino que todos vocês já se conheçam e se não, é melhor irem começando, vão passar muito tempo juntos.
Skylar revirou os olhos, se jogando no puff preto que tinha em um canto dali. As meninas se sentaram no chão ao redor dela.
── A casa é de vocês. ── Tom Kaulitz ironizou, a postura totalmente relaxada enquanto olhava para as quatro.
── Que fofinho, obrigada. ── a Monroe devolveu, sem dar muita importância.
── Ânimo, pessoal! ── o homem falou mais uma vez. ── Por agora, vamos deixar as meninas se instalarem nos novos aposentos. Mais tarde, vocês terão uma entrevista para contar sobre essa nova mudança.
── E aqui está o script ── a mesma mulher que abrira a porta saiu distribuindo um conjunto de folhas para os dois grupos.
Georg fez uma expressão de desgosto, folheando rapidamente. Chelsea passou os olhos à procura do seu nome, torcendo o nariz quando viu o quão pouco falava.
── Por que eu que sou a vocalista, tenho tão poucas falas? ── balançou as folhas brutalmente para chamar a atenção dos adultos.
── Essa é a sua preocupação? Devia reclamar que estamos recebendo a merda de um texto pronto. ── Gustav revirou os olhos.
── Ensaiem bem e gravem tudo, voltamos de noite. ── o assistente ignorou os dois com um sorriso no rosto como se não tivesse os ouvido. Assim que o resto da equipe terminou de deixar as bagagens, todos saíram.
Skylar não sabia se era impressão, mas jurou que os adultos pareciam querer fugir o mais rápido possível da tensão instalada entre os adolescentes.
Quando a porta foi fechada, o famoso silêncio desconfortavél reinou no lugar, todos encarando suas falas com a maior repulsa do mundo.
── "Nós e os meninos da Tokio Hotel somos grandes amigos de infância, e ver todo esse hate massivo entre os fãs nos entristece". ── Skylar recitou uma de suas falas, a voz carregada de sarcasmo.
── Não acredito que vamos precisar passar por essa humilhação. ── Tom estalou a língua no céu da boca. ── Sério, não tinha como vocês controlarem os fãs de vocês?
── Desculpa, Romeu, mas foi uma fã sua que levou uma faca para o nosso show. ── Agatha defendeu, discretamente apertando as folhas em suas mãos ao se lembrar do ocorrido.
Aconteceu há dois meses. De um jeito totalmente desconhecido, uma menina conseguiu levar o item para o show e planejava ferir alguns fãs do Divine Brush para espalhar por aí que a agência não se preocupava com a segurança do público das meninas. Até porque é meio fora de cogitação ir performar pensando se haverão pessoas armadas ou não. Desde então, a segurança do show foi aumentada em níveis absurdos: O Divine Brush não responderia por si se seus fãs fossem feridos injustamente.
Skylar achava que a ideia inicial era machucar a banda diretamente, mas uma só pessoa não conseguiria fazer isso com tantos adultos e responsáveis por perto, então decidiu seguir pelo caminho mais fácil. A sorte foi que Agatha, na bateria, estava prestando mais atenção na plateia – diferente das outras que mantinham os olhos fechados – e então viu o vislumbre de algo metalizado e afiado. E para não aterrorizar o povo, utilizou apenas uma das mãos para tocar enquanto a outra apertava a escuta que usava para se comunicar com sua equipe durante o show. Os seguranças foram rápidos em interceptar a menina antes que ela ferisse alguém.
O caso nunca chegou ao público, caso contrário só pioraria a rivalidade entre eles e a Tokio Hotel seria mal falada.
── Deixando esse script de lado, vamos ao que importa. ── Bill interrompeu antes que o irmão desse uma resposta pior. ── Tom tem o maior quarto, então ele humildemente concordou em deixá-lo para vocês quatro dormirem juntas.
── Humildemente é uma palavra muito forte. ── Georg alfinetou, desviando do tapa na nuca que o guitarrista quase lhe deu.
Skylar se levantou, largando as folhas no colo de Misuki.
── Sendo assim, eu vou dar a dormida que Deus tinha reservado pra mim hoje. Estou morta. ── falou se espreguiçando. ── Bom trabalho em lidar com eles, meninas. Amo vocês.
── Falsa.
Chelsea resmungou e viu quando a australiana sumiu pelo corredor. Ela nem sabia aonde ficava o quarto, então todas sabíamos que ia sair mexendo em todos eles até achar.
── Calma aí, eu não terminei de tirar minhas coisas, porra. ── Tom se levantou na velocidade da luz, indo atrás da menina.
Tarde demais, Sky já estava parada da porta do quarto, apreciando a paisagem. O quarto estava uma bagunça, parecia que um furacão fez uma visita ali. Se bobear, tinha roupa até no teto.
── Meu Deus.
Essa foi a única reação dela, com Tom revirando os olhos atrás de si. Ela entrou sem mais delongas, desviando dos itens esparramados pelo chão. O garoto foi logo depois. Skylar pegou o amontoado de roupa sobre a cama e delicadamente — ou não — jogou em cima da mesinha do computador, deitando-se logo depois. Esperava do fundo do coração que apenas Kaulitz tivesse se deitado ali.
── Que merda você está fazendo? ── ele perguntou, cruzando os braços.
── Vou assistir Barbie, garoto. ── ironizou, se acomodando mais na cama. ── Acabei de falar que iria dormir. Você pode ir arrumando essa bagunça enquanto isso.
Tom arqueou uma das sobrancelhas, incrédulo. Definitivamente era estranho ver uma desconhecida na sua cama sem convite nenhum. E ainda mandando ele arrumar o quarto enquanto isso.
── E você vai dormir numa boa sabendo que eu estou aqui?
Sky, virou-se de lado para vê-lo, um sorriso falso no rosto.
── Você não é nenhum bicho papão, Kaulitz. Se tentar alguma coisa, eu acabo com você. ── sorriu amarelo, cobrindo-se com o edredom e voltando a ficar de bruços.
Tom abriu a boca para refutar, mas imaginou que a garota iria apenas ignorá-lo. Totalmente contrariado, começou a juntar todas as suas coisas, já que teria que fazer isso mais cedo ou mais tarde. Vinte minutos juntos e ele já estava odiando.
▐ 🎸▐
━━ oi, galera! mais uma fanfic fresquinha para vocês e dessa vez, desse guitarrista dos anos 2000.
━━ comentem e votem para que eu possa saber se estão gostando.
até a próxima!
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