𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 31
CAPÍTULO 31
Agora
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- Espera, quantos anos você tinha aqui? - Cinco coloca seu dedo na fotografia, em cima do meu rosto.
- 23. Foi no casamento da Allison - Eu pego o papel para mim, sorrindo ao me lembrar daquele dia. Não nos víamos há muito tempo, e me lembro de receber o convite de seu casamento repentinamente.
- Você não mudou nada - Cinco me encara, talvez procurando sinais de idade que não existiam quando aquela foto foi tirada. Seus olhos brilham um pouco mais, e é como se estivessem sorrindo para mim.
Ele não percebe, mas faz isso com todas as fotos que encontra.
Estávamos apenas arrumando a bagunça que os antigos colegas de trabalho de Cinco deixaram, quando acabamos encontrando minha caixa de fotografias. Ela também foi alvo da destruição que os imbecis causaram, porém muitas fotos estão preservadas.
Cinco se interessou tanto por elas que decidiu, por conta própria, guardar as que estão intactas e restaurar com fita as que foram rasgadas. Bom, isso foi no começo, agora, estamos nós dois sentados no chão conversando sobre a história de cada fotografia, como se o quarto ao nosso redor não estivesse em pedaços.
- Meu bem, quando foi isso? - Ele pergunta, pegando outro papel. Eu inclino minha cabeça para observar a foto, um terço dela está rasgada, mas me lembro desse dia perfeitamente.
- Ah, o aniversário de 1 ano da Claire! Ela estava do outro lado da foto - Eu digo, procurando pelos retalhos a parte que falta. - Foi a última vez que vi ela.
- Por quê?
- Elas se mudaram pra Los Angeles depois disso.
- Como ela é? A Claire.
Eu solto uma risada fraca, tentando me lembrar do que já me falaram dela. Quase não me recordo de suas características.
- É doce e bagunceira. Palavras da Allison.
- Quero conhecer ela um dia - Cinco diz, um tom baixo, voltando a missão de encontrar fotos inteiras.
Cinco me conhece tanto que às vezes esqueço que ele não estava aqui nos últimos dezessete anos, e que tudo o que aconteceu nesse período ele não participou. Nem mesmo conheceu a sobrinha.
Ao meu lado, eu escuto um leve suspiro, somente porque o quarto está num completo silêncio. Eu me viro naturalmente, disfarçando em querer saber o que ele encontrou. Na sua mão há uma foto na horizontal, eu no centro de branco segurando um pequeno buquê.
De um lado, a família enorme de Ethan, suas tias e primos, todos com um sorriso orgulhoso. Do outro lado, só os meus irmãos. Diego virado para trás e me vendo entrar, Allison com um lenço nos olhos, Klaus distraído, procurando algo em seu bolso, e Viktor assistindo atentamente.
A cerimônia era simples, apesar de Ethan ter orçamento o bastante para algo maior, e mesmo assim eu achava que estava feliz naquele dia. Eu não me lembrava o que era felicidade de verdade.
- Você estava linda - Diz ele, sem desviar o olhar. - Muito.
Eu abro um sorriso que provavelmente ele nem notou. Cinco guarda essa foto na caixa, os olhos o tempo todo grudados no papel como se desejasse que algum dia eu me vista assim para ele.
O silêncio agora não é mais de nostalgia e curiosidade, mas de ressentimento. Cinco ainda olha para o meu passado com esse descontentamento, mesmo me tendo.
A sua risada exagerada me fez tremer o corpo inteiro de susto.
- Que terno mais repugnante! - Cinco diz, misturando sua risada com desgosto. - Eu nunca usaria isso.
Bem, tenho que concordar. Era um marrom horroroso que Ethan escolheu.
- Você não precisa olhar fotos dele...
- Claro que não - Cinco a rasga no mesmo segundo, colocando junto com os retalhos que vão para o lixo. Ele percebe o quanto pesa o clima quando fala de Ethan. - Olha, seria mais fácil se você fosse viúva.
- Desiste. Não vou consentir isso.
- Se mudar de ideia...
- Não.
Com um sorriso perverso, ele procura mais fotos inteiras, guardando-as na caixa certa. Colamos com fitas fotos de viagens que fiz, boa parte delas eu não estava sozinha, e isso trouxe à feição de Cinco um leve desconforto.
- Ei, você não está nessa foto - ele me mostra o dia em que Ethan fez uma festa no salão do hotel quando foi promovido. Tinha pelo menos quinze amigos dele fazendo exatamente a mesma pose para a câmera.
- Estou sim. Bem aqui.
- Não tem ninguém aqu... Ah, entendi.
- Essa foi a última?
- Foi, sim - ele também rasga essa foto em vários pedaços.
Cinco fecha a caixa com as fotos inteiras e recuperadas passando a fita em torno dela. Enquanto os pedaços que não tiveram restauração, ou que Cinco propositalmente destruiu, estão no saco de lixo junto com minhas decorações quebradas do quarto.
Ele se levanta do chão primeiro, se espreguiçando para aliviar a tensão de horas sentado. Cinco estende sua mão para mim, e eu a seguro enquanto ele me tira do chão. Sua mão se apoia em meu rosto delicadamente, o polegar em minha bochecha.
- Tô feliz que você conheceu muitas coisas nesse tempo em que eu não estive. Eu tive muito tempo pra pensar no apocalipse e não gostava da ideia de você presa naquela casa, esperando eu voltar.
- Bem, eu deixei a luz acesa até os dezessete anos, caso você voltasse à noite.
Cinco solta uma risada, que incrivelmente me faz rir também. Nunca achei que eu estaria rindo da pior época da minha vida, mas parece que agora não me afeta tanto. Já passou. Excedemos esse trauma.
Ainda com um sorriso na boca, Cinco chega mais perto, beijando meu pescoço. Era inevitável, então me arrepiei, fazendo com que ele apertasse minha cintura com mais força. Sua boca traça um caminho direto para os meus lábios, e ele me beija com a mesma intensidade que usamos todos os dias, sozinhos aqui.
Cinco adentra meu cabelo com seus dedos, puxando levemente, tirando qualquer resquício de sanidade que eu possa ter. Fico totalmente sem rumo, permitindo que coisas como essa se repitam. Eu tinha incertezas se eu o deixava louco assim como ele me deixa, porém, algo crescendo gradativamente e encostando no pé da minha barriga não deixa dúvidas.
- Vai ter que me mandar ir pra sala - diz ele, sem ar, beijando abaixo da minha orelha. - Amber, não consigo dormir mais nem um dia do seu lado.
Existia outras formas de dizer o quanto me quer sem parecer que odeia minha companhia.
- Só se quiser adiar... porque eu...
- Não quero adiar - Eu digo, também ofegante. Para falar a verdade, não sei porque enrolamos tanto, e dormir juntos realmente virou uma tortura.
- Perfeito.
Ele se abaixa um pouco, apenas para segurar minhas coxas e colocá-las em seu quadril. O tempo inteiro sinto sua boca em meu pescoço. Cinco dá meia volta, cuidadosamente me deitando sobre a cama, subindo em cima de mim na mesma velocidade. Minha cama não está exatamente arrumada, há roupas rasgadas do estrago que o meu quarto ficou, e eu me esqueci de dar o mesmo fim a elas que eu dei nas fotos.
Cinco só levanta a minha cabeça e joga as montanhas de roupas para o chão, subindo sua boca para a minha como se essa distração fosse um mero empecilho. Se a temperatura lá fora está congelando, eu não percebo, porque estou com tanto calor que começo a suar.
Num movimento só, Cinco tira a sua camisa, passando-a pela cabeça, arremessando para algum lugar desse quarto que nunca mais vamos encontrar. Fico hiperfocada em seu peitoral que ele faz questão de exibir em certas ocasiões, como quando ele toma banho com a porta aberta e, acidentalmente - ou não - eu reparo.
Mas é ainda melhor de perto.
Passo minha mão sobre sua pele, sentindo seus pelos arrepiarem sob meus dedos. É tão novo os níveis de intimidade que estamos alcançando que me dá dose extra de ansiedade. E uma sensação de adolescência muito estranha.
- Você toma pílula, meu bem? - diz ele, beijando minha mão e seguindo a extensão do meu braço, os olhos fixos nos meus.
- Sim.
E minha voz tremeu como de uma adolescente.
Ele abre um pequeno sorriso de satisfação, se afastando para abrir o zíper de sua calça. Cinco a tira com pressa, arremessando a calça para um lado e sua carteira voando para outro. Ele volta a se deitar sobre mim e eu mal consigo deixar meus olhos abertos. As pernas são mais fáceis.
Sinto sua mão quente passar debaixo da minha blusa, subindo pela minha cintura até encontrar a renda do meu sutiã. Ele segue o tecido até o meio das minhas costas, com apenas uma mão conseguindo abri-lo. Uma habilidade que me dá um pouco de ciúme.
Depois de tirar minha blusa e sutiã ao mesmo tempo, ele fica imerso na nova visão que tem. É a primeira vez que temos tão pouca roupa num mesmo ambiente. Eu levo minhas mãos ao redor de seu rosto, caso precise controlá-lo na velocidade da sua próxima ação.
E mesmo assim não consegui.
Cinco respirou fundo antes de se abaixar e enterrar sua cabeça em meu pescoço, me beijando com tanta força que posso jurar que senti seus dentes na minha pele. Sua mão na minha coxa sobe devagar, apertando por onde passa, até encontrar os botões da minha calça. Ele também tira com urgência essa peça.
- Amber... - a voz dele parece mais grave, sem fôlego, enquanto ele apoia seus lábios nos meus como um beijo longo. - Você é ainda mais linda do que eu imaginava.
E como se não bastasse acabar com todo o ar dos meus pulmões, Cinco desce seus beijos em uma linha reta. E eu sei o destino. Sinto sua boca em meu colo, entre meus seios, descendo pela minha barriga que não para de se mexer pela minha respiração. Os olhos verdes dele estão atentos, e até satisfeitos, porque ele sabe exatamente como está me deixando.
Ele começa a beijar a parte interior da minha coxa, e antes mesmo de começar, eu arqueio minhas costas buscando um caminho para me livrar dessa tensão. Com minha mão apoiada em seu cabelo, vejo o teto do meu quarto desaparecer aos poucos, ao passo que reviro meus olhos.
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Eu me acostumei a levar minha vida medíocre como uma vitória. Se o meu marido odeia os meus poderes, tudo bem, pelo menos tenho alguém. Nunca almejei algo melhor porque não achei que era possível. Porém Cinco faz diferente. Ele mostra que tem uma estrada infinita de coisas melhores para a minha vida, e que irá trazer todas elas para mim.
Ele provou isso olhando nos meus olhos.
Pela primeira vez, tenho a sensação de aproveitar cem por cento todas as emoções. E eu sabia que vivia meus sentimentos pela metade. Mas é tão bom poder sentir tudo intensamente. É bom me sentir completa de novo. Viva.
Eu senti prazer em lugares do meu corpo que eu nem sabia que existia, e ele só estava começando. Às vezes eu não sabia se eu tinha 29 ou 13 anos, porque a experiência de testar algo novo com Cinco é nostálgico. Diferente do nosso primeiro beijo caótico, eu quero mais dessa vez.
Agora ele enrola seus braços em mim, puxando o meu quadril para trás para estarmos o mais perto possível. A onda maluca de excitação passou e começamos a sentir o frio do ambiente, e Cinco coloca o cobertor sobre nós. Sei que devíamos tomar um banho antes, mas eu sou incapaz de me mexer. Estou perfeitamente confortável nos braços dele, sentindo seu dedo indicador passear pela minha cintura. Não vou sair daqui.
- Sabe o que eu pensei? - Ele pergunta, a voz contra o meu cabelo, no pé do meu ouvido. Achei que eu já estava satisfeita, mas a voz dele rouca e com preguiça trouxe os formigamentos de volta.
- O quê?
- Se a gente tivesse transado naquela época, não ia dar certo.
- Claro que não. Mal sabíamos beijar.
- Eu pensava que a gente ia descobrir juntos. Éramos curiosos demais.
Tá, isso é verdade. Me lembro de sentir muitas coisas perto dele, e se ele não tivesse ido embora, tenho certeza que acabaríamos como agora. Só que talvez sem as partes boas que a experiência traz.
Cinco me dá um beijo na bochecha, se aconchegando e suspirando profundamente. Aposto que em poucos minutos vamos pegar no sono mais pesado das nossas vidas e acordar na tarde do dia seguinte.
Bem, talvez depois de atendermos a porta. No momento que fechei os olhos a campainha tocou.
- Tá esperando alguém? - Pergunta Cinco, atrás de mim.
- Não.
- Deve ser a Allison de novo.
- Eu acho que não consigo ficar de pé.
- Deixa que eu vou, meu bem. Fica aqui - Cinco se levanta, vestindo suas calças. Sem ele aqui estou sentindo frio batendo em minhas costas, e desejo que ele volte o quanto antes. Somente com as calças, ele se inclina para me dar um selinho, saindo pela porta do quarto até a sala.
Agora, sozinha e com os olhos completamente abertos, parece que tudo não passou de um sonho. Solto suspiros como alguém apaixonado, e me deito de lado, observando a porta atentamente, agarrando o cobertor.
Ele está demorando muito ou estou sentindo sua falta cedo demais?
Eu escuto alguns baques vindo da sala, mas nem me mexo. Às vezes meu apartamento faz uns barulhos por ser velho. Eu espero tanto por ele que começo a pegar no sono. E antes que eu adormeça, a porta se abre.
Cinco entra de cabeça baixa, as mãos e seu peitoral cobertos de sangue. Respingos de sangue até em seu rosto. Não parece ser sangue dele, não vejo feridas. Surpresa, eu me sento rapidamente na cama.
- Porra, Cinco.
- Preciso da sua ajuda.
⦿ 2.272 palavras
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fica aí o questionamento:
beijinhos curupiras libidinosos 💛
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