𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 11: 𝐂𝐨𝐦𝐨 𝐚 𝐩𝐫𝐢𝐦𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐯𝐞𝐳!

⚠️ Possui gatilhos

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Minha cabeça lateja de dor. Parece que tem alguém enfiando uma faca e torcendo. Mesmo abrindo meus olhos, a única coisa que consigo ver é a escuridão e tateando o lugar, apenas o chão e uma parede ao meu lado. Pelo menos estou viva e Daya, junto com as outras crianças, segura. Eles me deram o antídoto no carro, então não demorou pra ficar bem de novo.

Não faço ideia da onde estou, Leonard tem vários locais pela cidade e fora dela. Posso estar em qualquer lugar e pelo silêncio envolta, deve ser um local bem afastado. Encolho-me no chão abraçando meus joelhos e respiro fundo.

Flashback

— Amelie, vamos querida.

— Eu não quero.

— Amelie, você precisa de cuidados. – papai diz se ajoelhando e olhando debaixo da cama.

— Não quero que me veja assim, sai daqui. – me encolho e abraço meus joelhos.

— Então tá. Você não sai dai, também não saio daqui – ele se senta encostando-se à cama.

Papai fica batendo os dedos no piso do quarto e como o conheço bem, passando os dedos da outra mão na testa. O que Tyler disse aconteceu, Mateo me estuprou. Estou machucada e com vergonha de sair debaixo da cama, além de estar um pouco drogada.

— Pai.

— Sim, querida. – ele para de bater os dedos.

— Eu sou uma suja agora, não sou?

Papai adivinhou na hora o que aconteceu. Cheguei em casa com sangramento nas pernas e cheia de cortes no rosto. Mas nem dei tempo dele perguntar porque já me enfiei embaixo da cama.

— Claro que não, Mel. O que aconteceu não foi sua culpa, querida.

— Foi sim. – começo a chorar. — É tudo minha culpa. – digo, papai se levanta e desencosta a cama da parede.

— Vem, Mel. – tento levantar, mas paro por causa da dor.

— Não consigo. Tá doendo. – digo. Papai dá a volta e me pega no colo. — Vai se sujar.

— Não me importo. – ele me coloca deitada na cama — Droga. – pega alguns panos e coloca no meio das minhas pernas. — Eu já liguei pra sua mãe. Ela vai vir pra cá cuidar de você. Essa coisa de medicina é com ela. – ele dá uma risada fraca e passa o dedo na minha bochecha.

— Você vai deixar de me amar, não vai? Eles disseram que deixaria.

— Amelie – papai se ajoelha, apoia os braços na cama e mexe no meu cabelo — Você é a minha filha, eu nunca vou deixar te amar. Não dê atenção ao que eles disserem. Vai sempre ser minha princesa. Lembra como são os votos de um casamento? Na alegria, na tristeza. Na saúde e na doença. Não se aplica só no casamento. – ele limpa meu rosto — São os votos que eu fiz com você. É a minha filha, então eu vou te amar na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença.

— Até que a morte os separe.

— Não, essa parte não se inclui a nós dois. Mesmo se eu morrer, eu ainda vou estar aqui – papai aponta para o seu peito — Nem a morte vai tirar o amor que eu sinto por você. Não importa o que aconteça.

Flashback

Depois de algum tempo, não sei quanto, escuto passos vindos em minha direção. Em questão de segundos escondo o pager na minha bota. Rapidamente, me levanto e, tateando as paredes, encosto mais ao fundo e abraço meus braços. A porta é aberta e a claridade foca justamente em mim.

— Olha só, a princesa voltou. – Mateo diz. — Vamos.

Mateo se aproxima e segura meu braço me arrastando pra fora. Olhando envolta, reconheço o lugar. É um dos esconderijos nucleares que Leonard mantém como cativeiro na floresta. Por ser subterrâneo, é fácil esconder os corpos aqui e ninguém desconfia.

— Tá me levando onde?

— Leonard quer te dar os parabéns pelo excelente trabalho que você fez. – Mateo diz entrando comigo num elevador — Eu só queria entender quando foi que você começou a ter rixa contra seus pais.

Nem me atrevo a revidar, porque ele me encurralaria aqui no elevador mesmo e nem ao menos teria onde me esconder. Chegamos ao sexto andar abaixo do solo e vou sendo arrastada pra fora e levada para uma sala, onde o primeiro que avisto é Tyler: amarrado, suado, machucado e desmaiado.

— O que fizeram com ele?

— Cala a boca. – Mateo me empurra fazendo meu rosto bater contra a parede. — Olha pra ele. – ele segura meu cabelo e me obriga olhar para Tyler — Isso é culpa sua.

Em seguida, Mateo me vira e soca meu maxilar. Meu rosto vira ao ponto de me fazer encarar Tyler novamente. Um sentimento de culpa toma conta de mim e um desespero de tocar meu amigo pra ver se ele está vivo. Mas ao mesmo tempo em que tenho culpa por Tyler se encontrar nessa situação, uma raiva descomunal ultrapassa meu ser e a primeira coisa que faço é chutar o joelho de Mateo e socar seu rosto várias vezes antes de fazê-lo cair. Aproveitando que ele está tonto, vou até Tyler para checar seus batimentos.

— Tyler, acorda. – chacoalho seus ombros, mas sem nenhum resultado.

— Vadia desgraçada. – ouço Mateo e graças aos meus sentidos, que são uma bosta porque costumam falhar às vezes, desvio do seu golpe chutando a barriga e rosto.

Mesmo assim ele não desiste e pega uma faca do cinto se preparando pra me atacar. E ele ataca, desferindo golpes com a faca na esperança de me acertar enquanto desvio. Não sei porque cargas d'agua havia um balde na sala que me fez tropeçar e cair de costas. No mesmo segundo Mateo veio pra cima de mim e por sorte consigo segurar seu pulso pra evitar um furo no meio da minha cara.

— Para Mateo, por favor.

Imploro, mas ele não escuta. Só força mais a mão pra baixo e mesmo eu tentando chutá-lo, ele não me solta. Ele desiste da faca, jogando-a longe. Mas disfere mais um soco em meu rosto que me faz ficar tonta e me vira de barriga pra baixo bruscamente enquanto abaixa minha calça e a dele em seguida apertando meu rosto contra o chão. Tento lutar, mas é em vão.

.

Depois de alguns minutos, Mateo sai de cima de mim me deixando jogada no chão. Só ouço o barulho do zíper da sua calça fechando. Ele me xinga de mais alguns palavrões e me levanta arrumando minha calça. Não demora muito pra porta ser aberta e Leonard entrar com seus homens pedindo pra que um deles me agarrar e amarrar pelos pulsos na cadeira. Antes disso, consegui pegar o pager do cara e escondê-lo.

— Olha, eu tenho que admitir que você é bem inteligente quando quer. – Leonard abaixa — Olha pra mim, Parker. – não obedeço e ele agarra meu queixo. — Não me desobedece garota. – cuspo um pouco de sangue em seu rosto.

— Você.. Prometeu que ia deixá‐los fora.

— Eu prometi com a condição que você sossegasse sua bunda no lugar. – ele levanta a voz e solta meu rosto bruscamente — Garota insolente. Não venha colocando a culpa em mim se você mesma decretou e matou seus pais. – desvio meu olhar — É, você. Seu pai deve estar revirando no túmulo agora.

— E-eu quero vê-los. Por favor, Leonard.

— Ah você quer vê-los? Vai ver, no inferno. – Leonard dá as costas pra mim. — Arrebentem ela, mas não matem. Quero que ela veja mais uma consequência das suas ações. Depois a joguem no cofre, sem comida e água.

Leonard sai da sala junto com Mateo que carrega Tyler pra fora, me deixando sozinha com Paolo, o grandalhão. Fecho meus olhos, esperando minha próxima punição do dia.

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