Chuva

   — Haiba, pare de me ligar, eu já disse que não quero sair com você... estou falando sério, eu vou te bloquear.

Você disse irritada para o celular em seu ouvido, o homem gigantesco suspirou pesadamente do outro lado da linha, ficou em silêncio por alguns segundos, já estava pensando em desligar quando a sua voz se fez presente novamente.

Mas abriu um restaurante novo, eu queria te levar lá! Você vai gostar eu prometo.

Ele praticamente implorou, você chiou de maneira irritada, revirou os olhos.

— Já disse que não, Lev, se me ligar novamente para me chamar para mais um encontro eu vou contar para o Kenma.

Disse com a voz séria antes de encerrar a ligação por fim, respirou fundo guardando o celular no bolso do suéter gigantesco acinzentado que chegava até o meio de suas coxas, arrumou a bolsa em seu ombro, andou em passos curtos até a saída do museu, estava chovendo, merda, deveria ter visto a previsão antes de sair de casa, não havia trago o guarda chuva.

— Hey.

Uma voz conhecida se fez presente ao seu lado, virou o rosto rapidamente se detendo com o homem de cabelos escuros, os olhos azuis correram por seu rosto, ele sorriu de maneira gentil antes de encolher os ombros.

— Hey, Keiji, tudo bem?

Ele assentiu devagar, os olhos azuis foram guiados até o lado de fora do museu, a chuva forte caía incansavelmente, vocês suspiraram, Akaashi volteou o olhar em sua direção, estendeu o guarda-chuva até você, o segurou com cuidado.

— Pode ficar, meu namorado está me esperando lá fora, ele veio de carro.

Você arregalou os olhos ao ouvir suas palavras, riu baixinho antes de concordar com a cabeça, arqueou uma das sobrancelhas de modo sugestivo.

— Estou ansiosa para conhecer o famoso jogador de vôlei.

Akaashi riu, encolheu os ombros enquanto colocava a pasta sobre sua cabeça respirou fundo quase como se estivesse prestes a mergulhar em uma piscina.

— Ele também está ansioso para te conhecer, até amanhã!

Ele gritou por fim antes de correr para fora do museu se infiltrando na chuva, entrou dentro de um carro azul, você sorriu ao ver ele beijar um homem de cabelos acinzentados pelo vidro, suspirou pesadamente desviando o olhar, haviam casais por toda a parte, lhe dava vontade de morrer. Abriu o guarda-chuva o arrumando sobre você antes de sair do museu, as gotas grossas de chuva batiam com força contra a superfície protetora acima de você, respirou fundo, as ruas estavam completamente coloridas, guardas chuvas de todas as cores.

Estava prestes a atravessar a rua quando escutou uma voz extremamente familiar por entre a chuva, por uma fração de segundos se pegou pensando se não estava louca.

— Ma chérie!

Foi o grito que escutou antes que um corpo praticamente se jogasse contra o seu, o guarda-chuva caiu no chão juntamente com um vermelho que você não fazia a mínima ideia de onde havia vindo, piscou atônita, completamente confusa, as gotas de chuva atingiram com força seu corpo.

Os braços grandes lhe abraçaram com tanta força que sentiu que todo o ar de seus pulmões estava sumindo de seu corpo, ficaram daquele modo por alguns segundos, talvez você estivesse atônita demais, em choque demais, mas simplesmente não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo, a chuva se intensificou, a pessoa afastou o corpo do seu devagar, seus rostos se encontraram, você sentiu seus olhos brilharem.

— Rinrin! — gritou com a voz embargada voltando a jogar o corpo contra o do maior de maneira quase que desesperada passando os braços ao redor se sua nuca o abraçando com força, ele arfou, lhe abraçou mais forte, se afastaram novamente, levantou os olhos até seu rosto, soluçou alto, nem ao menos sabia quando havia começado a chorar, bufou, deixou um soco forte contra o peitoral do mais velho, ele chiou em dor — Você tem noção de como eu fiquei preocupada?! Você tem a porra da mínima noção?!

Perguntou praticamente em prantos, ele respirou fundo, segurou seu rosto por entre as mãos grandes, você sentiu vontade de chorar, havia pensado que nunca mais sentiria aquele toque, a chuva que parecia destruir o mundo naquele momento havia se silenciado, Suna fechou os olhos com força ao escutar um trovão, suspirou trêmulo os abrindo novamente, os olhos dourados caíram sobre os seus.

— Me desculpa, princesa, é uma longa história, mas o que importa é que eu estou livre, se ainda me quiser de volta eu posso te explicar tudo.

Ele disse com a voz baixa, você riu por entre as lagrimas antes de assentir devagar, fungou baixinho, outro trovão, levantou o rosto para o céu, a chuva estava extremamente forte, volteou o olhar até Suna, encolheu os ombros.

— Está chovendo.

Murmurou com a voz baixa, ele suspirou antes de assentir de modo trêmulo.

— Eu sei.

Ele balbuciou, você piscou devagar, prensou os lábios, deu mais um passo para frente erguendo o rosto para o encarar, seus peitorais se tocaram com cuidado, ele levou as mãos até sua cintura a tocando de maneira tão delicada que parecia que tinha medo que você quebrasse, que simplesmente esvaísse por entre seus dedos.

— Não está com medo?

Perguntou em um sussurro, Suna respirou fundo antes de negar com a cabeça devagar.

— Eu tenho mais medo de perder você do que da chuva.

Você piscou de maneira surpresa ao ouvir suas palavras, ficaram se encarando em silêncio por alguns segundo, o sentiu abaixar o corpo suavemente em sua direção aproximando o rosto do seu, a respiração trêmula se chocou contra sua bochecha.

   Seus lábios se tocaram de maneira delicada e naquele momento tudo pareceu tão certo, o modo como seus lábios estavam molhados pela chuva, levemente salgados pelas lágrimas, ou como ele empurrava mais boca contra a sua, apertando as mãos de maneira firme contra a sua cintura quase como se não quisesse que você se afastasse, que não sumisse, seus lábios se afastaram de maneira lenta em um estalo baixo.

   Abriu os olhos devagar se detendo com os dourados a sua frente, respirou de maneira trêmula, naquele momento nada mais importava, nem a chuva, Yakuza, Nekoma ou a polícia, tudo o que importava era que ele estava ali, lhe segurando por entre seus braços enquanto o mundo parecia cair pela tempestade extremamente forte.

   Mas mesmo assim tudo parecia tão certo.

   Quase como se cada pecinha de seu quebra-cabeça completamente bagunçado houvesse se encontrado.

   Suna parecia certo.

   Ele piscou devagar, abriu um sorriso fraco por entre seus lábios.

   — Eu amo você.

   O homem de cabelos escuros balbuciou com a voz fraca, você sorriu, assentiu devagar, passou os braços ao redor de seu pescoço o puxando para mais perto, sussurrou contra seus lábios.

   — Eu amo você.

Suna nunca mais precisaria se preocupar em estar sozinho no meio da chuva, suas lágrimas nunca mais se derrubariam de modo sofrido ao se lembrar do passado, as tempestades não seriam mais um problema.

Porquê ela sempre estaria ali.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top