5.5
Você sentia que toda a água presente em seu corpo havia escapado por seus olhos nas últimas vinte horas.
Faltavam poucas horas para que eles fossem embora, todos eles, você estava encolhida contra os braços de Kenma, jogados sobre a cama do mais novo, o sentia acariciar seus fios com os dedos longos enquanto o filme de animação passava na televisão rente a cama, o moletom que o homem loiro vestia estava completamente molhado pelo tanto que você já havia chorado.
— Quer jogar alguma coisa? Pode te acalmar um pouco.
Ele murmurou com a voz baixa enquanto lhe abraçava mais forte, você chorou mais, negou com a cabeça diversas vezes, sua cabeça simplesmente não parava de latejar, talvez pelas horas contínuas de choro, Suna não estava mais na casa de Kenma, havia dito que ficaria na casa de Lev até a hora de pegarem o avião, mesmo que não estivessem mais juntos você agradecia aos céus por Alisa ainda estar no hospital.
— O pequeno príncipe está bom — murmurou com a voz baixa em meio a um soluço sofrido, respirou fundo, esfregou a bochecha molhada contra o moletom de Kenma, ele fez uma careta você soltou um riso baixo por entre seus lábios —, eu te amo, gatinho, muito muito mesmo.
Kenma sorriu, voltou a acariciar seu cabelo tentando lhe acalmar, ele parecia cansado.
— Eu também.
Você levantou o rosto de seu peitoral para o encarar, cerrou os olhos.
— Você também o que?
Kenma riu de maneira incrédula.
— Nem sonhe que eu vou dizer a frase inteira.
— Kozume Kenma!
— Nem pensar.
— Eu acabei de terminar meu namoro tenha um pouco de amor no coração!
— Não vou falar.
Ele disse firme, você revirou os olhos antes de soltar um riso fraco, fungou baixinho, voltar a repousar o rosto contra o peitoral do mais novo, ficaram daquele modo por alguns minutos, não demorou muito para que você voltasse a chorar de maneira sofrida, ofegou baixinho enquanto fechava os olhos.
— Eu não vou conseguir ficar sem ele, Kenma.
— Eu sei que vai doer por um tempo, mas depois vai melhorar — ele sussurrou, respirou fundo antes de bocejar —, você sabe que ele está certo, não sabe? Ele provavelmente pensou que era o melhor para você ficar afastada de tudo isso, eu também acho que é melhor.
Você respirou de maneira cortada, sentiu seu corpo tremer em um espasmo curto.
— Você acha mesmo?
— Sim, Alisa por exemplo, ela teve que criar uma identidade falsa para me doar a medula sem sujar a sua carreira de modelo, apenas por precaução, sabe, ninguém nunca sabe quando vamos ser parados pela polícia, ou presos, já aconteceu tantas vezes que eu perdi as contas — ele murmurou com a voz baixa, parou o carinho em seus cabelos, encolheu os ombros —, não faz diferença nas nossas vidas ter o nome sujo, mas você tem a mínima noção do quanto sua vida pode estar fodida se seu nome acabar sujo? Você acha que vai conseguir algum emprego bom?
Engoliu em seco ao escutar suas palavras, negou com a cabeça devagar, piscou de maneira cansada, fechou os olhos, havia parado de chorar pelo simples fato que parecia não existir mais uma gota de água sequer em seu corpo.
— Mas mesmo assim dói.
— Claro que dói — o homem de cabelos loiros suspirou, voltou a acariciar seu couro cabeludo —, mas não quer dizer que vai doer para sempre.
— Você acha melhor eu ficar aqui?
Indagou com a voz trêmula, Kenma suspirou pesadamente, assentiu devagar.
— Acho que é uma boa oportunidade, quando eu e Kuroo viermos para Paris podemos te visitar, quando for meu casamento você também pode ir.
Você riu baixinho ao escutar suas palavras, concordou com a cabeça.
— Mas me coloque em uma mesa afastada da do Suna, não quero sofrer.
— Se você for a entrada do Suna vai ser banida não se preocupe.
— Obrigada por pensar em mim.
— Eu sempre penso em você.
— Pelo amor de deus, cale a boca.
Você disse o imitando como ele sempre fazia, Kenma riu antes de revirar os olhos, bocejou, ele parecia visivelmente cansado, encolheu os ombros.
— Agora durma um pouco, pelo amor de de deus, eu não aguento mais ficar acordado.
Riu baixinho antes de concordar com a cabeça, precisava dormir, quem sabe assim talvez parasse de pensar nele apenas um pouco.
— Está bem.
❦ ════ •⊰❂⊱• ════ ❦
Sentia seu corpo inteiro tremer de frio, o vento gelado se chocava contra a pele de seu rosto arranhando suas bochechas, seus dentes bateram uns nos outros, estavam no aeroporto particular de Kuroo, o céu estava completamente escuro, não sabia que horas eram mais ou menos mas com certeza passava das duas da manhã, Kenma estava sentado em uma cadeira de rodas e completamente empacotado, ainda estava com muita dor nas costas para conseguir andar segundo ele.
Suna estava ao longe, conversava com Lev, vez ou outra lançava um olhar em sua direção de maneira discreta, os olhos dourados pareciam completamente inchados, você respirou fundo desviando o olhar, sentiu suas narinas arderem com o ar gelado, seus olhos caíram sobre Kenma, fez um gesto para que você se aproximasse, apenas o obedeceu se agachando em sua direção, ele retirou uma chave do bolso a estendendo em sua direção, você a segurou de maneira confusa por entre seus dedos, você suspirou pesadamente.
— O que é isso?
— A chave da casa, você pode usar de vez em quando, se quiser fazer uma festa ou algo do tipo, ou enquanto não encontrar algum lugar para ficar.
Você abriu um sorriso trêmulo por entre seus lábios, quis chorar, encolheu os ombros.
— Não precisa, eu vou ficar na casa do Aran até ter dinheiro para comprar um apartamento.
Kenma revirou os olhos.
— Mas fique com a chave mesmo assim, sem espaço para discussões.
Você riu baixinho antes de assentir, guardou a chave em seu bolso.
— Está bem, prometa que vai me ligar todos os dias, chamada de vídeo.
— Por deus, mulher, eu já prometi isso pelo menos dez vezes.
— Prometa mais uma vez então, apenas para eu ter certeza.
Kenma chiou irritado, cerrou os olhos em sua direção.
— Eu prometo que vou ligar todos os dias em chamada de vídeo, céus, que garota chata.
Você riu enquanto jogava o corpo sobre o dele de maneira delicada para não o machucar, o abraçou com força, escutou passos por trás de você, virou o rosto para o lado se detendo com um homem vestido com um uniforme amarelo, olhou o relógio em seu pulso antes de levar os olhos em sua direção.
— Vamos decolar a Senhorita precisa sair daqui.
Ele disse, você respirou fundo antes de assentir, abraçou Kenma uma última vez, logo depois Kyoko, apertou a mão de Taketora.
Se aproximou em passos curtos até Suna, ele levou os olhos dourados em sua direção, respirou fundo, ficaram se olhando por alguns segundos em silêncio, ele respirou fundo, segurou seu pulso lhe puxando para perto, seus corpos se chocaram de maneira desastrosa o sentiu lhe abraçar com força e naquele momento você sentiu as lágrimas quentes correrem por sua bochecha.
— Se cuida, por favor, pare de comer lamen instantâneo toda a noite e não durma com a janela aberta, você ainda vai pegar uma gripe.
Ele pediu com a voz falha, quase como se estivesse segurando o choro, você engoliu em seco, um soluço sofrido escapou por entre seus lábios, respirou fundo, o abraçando mais forte.
— Tome... tome cuidado lá no Japão, por favor.
— Eu vou.
Ele murmurou com a voz trêmula, o homem de uniforme amarelo gritou.
— Senhorita, você precisa sair daqui, agora!
Você respirou fundo se afastando dele, levantou os olhos até Suna, seu rosto parecia completamente acabado, desviou o olhar.
— Adeus, S/N.
Ele murmurou enquanto lhe soltava andando até Kenma segurando a parte de trás da cadeira de rodas, o homem de uniforme amarelo lhe guiou para longe para dentro de um pequeno edifício com uma proteção de vidro, seus olhos permaneceram fixos no avião, respirou de maneira trêmula o vendo decolar, sabia que estava chorando porque o próprio homem de uniforme amarelo estendeu uma caixa de lenços em sua direção.
— Adeus, Suna Rintarou.
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