2.7

   //Sua mãe vai ter um nome e uma aparência//

   Fazia um certo tempo que você não se sentia tão irritada como estava naquele momento.

   A tarde já chegava no seu fim enquanto você andava de um lado para o outro em seu quarto gritando em francês contra a tela do seu celular. Kenma e Suna lhe encaravam de modo curioso sentados na cama mesmo que não entendessem palavra alguma naquele momento.

   — Você é idiota por acaso, Aran?

   — Não grite comigo em francês, me faz ter a sensação que você quer me matar.

   Ele respondeu de modo cauteloso fazendo você soltar uma risada incrédula.

   — Ah, mas pode ter certeza que eu quero te matar!

   Você gritou de modo violento com o sotaque francês se fazendo mais presente do que antes, Suna encolheu o corpo quase que de imediato olhando assustado para Kenma que apenas encolheu os ombros.

   — S/N, tudo o que eu fiz foi avisar para a sua mãe que você estava aqui o que tem...

   — É exatamente isso, Aran, ela não precisava saber que eu estava aqui, ela me ligou mais cedo me xingando de péssima filha por estar em Paris e não ter ido visitá-la!

   Você disse irritada parando de andar se encostando contra a parede, sentia que poderia se enfiar em um buraco no chão e nunca mais sair de lá, Aran suspirou cansado do outro lado da linha.

— Bem, se eu fosse sua mãe eu também estaria irritado por não querer me ver depois de dois anos, sendo que você está na cidade onde ela mora.

Ele disse cauteloso e você bufou fechando os olhos com força tentando manter a própria calma.

— Aran.

— Sim?

— Eu não quero ver a cara de uma pessoa que diz que eu deveria fazer alguma coisa de útil e não ficar "brincando" de fazer sujeira com tinta — você disse abaixando a voz, sentia sua cabeça doer —, eu tentei fugir dizendo que havia vindo junto com alguns amigos e ela disse que não importava e que era para eu levar eles também.

— Quando?

— Jantar, hoje a noite, ela nem me deu espaço para responder e apenas desligou na minha cara.

Então você não pode não ir.

— Se eu não ir é capaz que ela nunca mais olhe na minha cara.

— Eu vou estar lá quando escurecer então, fale para o Suna não arrumar confusão.

— Está bem.

Você murmurou antes de desligar a ligação jogando o celular contra a cômoda ao seu lado, levou os olhos em direção a Suna e Kenma que estavam lhe olhando esperando que você dissesse alguma coisa, qualquer coisa.

— Temos que jantar fora hoje, se arrumem.

❦ ════ •⊰❂⊱• ════ ❦

Kyoko teve que dirigir o carro, simplesmente pelo fato que Suna Rintarou estava tremendo demais para conseguir segurar no volante.

   — Por que diabos você está tão nervoso? É só um jantar e o Kenma e a Kyoko vão estar lá também.

   Você disse rindo passando as mãos contra as costas do homem que estava apoiado contra o banco da frente onde Kenma estava sentado respirando fundo, Kyoko riu.

   — Sim, eu vou estar lá para dar um soco no seu estômago caso você engasgue, manobra de heimlich melhorada — ela disse rindo, ficou em silêncio por alguns segundos —, legal, tomara que você se engasgue fiquei vontade de ver se funciona.

   Suna revirou os olhos mau humorado encostando o corpo contra o banco de couro, girou o rosto em sua direção, encolheu os ombros.

   — O que eu deveria dizer para sua mãe? Oi muito prazer em te conhecer, eu trabalho como guarda costas e no meu tempo livre eu amo beijar a sua filha?

   Ele perguntou abrindo um sorriso curto correndo os olhos por seu rosto e você soltou um riso deitando também o rosto contra o banco lhe encarando ali perto de você.

   — Então quer dizer que você ama me beijar?

   Você sussurrou arqueando uma das sobrancelhas, Suna piscou devagar, tocando sua bochecha com o polegar acariciando devagar antes de deixar um beijo fraco e levemente úmido contra seus lábios.

— Amo.

Ele sussurrou contra sua boca e você sorriu de leve retribuindo o beijo de modo quase que delicado, escutou Kenma grunhir irritado.

— Pelo amor de deus, parem com isso.

   Ele chiou mau humorado e tanto você quanto Suna riram baixinho se afastando devagar um do outro.

   Não demorou muito para que vocês chegassem em frente a uma casa grande, um pouco maior do que a de Kenma, Suna arregalou os olhos enquanto abria a porta do carro saindo e oferecendo a mão para te ajudar.

   — Sua família é rica?

   — Classe média alta.

   Você murmurou mau humorada enquanto saía do carro tocando a grama do quintal com os saltos finos, cruzou os braços, Suna piscou confuso.

   — Por que eles não ajudaram a pagar sua faculdade então?

   — Porque eu não quis fazer medicina, ou advocacia, por isso, eles acham uma perda de tempo estudar artes.

   — Que idiotas — ele disse encolheu os ombros —, ainda bem que meus pais nunca se meteram em minhas escolhas, digo, eu não tenho pais.

   Ele disse franzindo o cenho confuso consigo mesmo, você segurou o riso antes de assentir prensando os lábios um contra o outro, não demorou muito para que uma voz conhecida se fizesse presente.

   — Cheguei! Acabei de descer no ponto de ônibus, ainda bem que não fica muito longe daqui — Aran disse erguendo a voz, tinha uma travessa de vidro coberta por papel alumínio em suas mãos, você levou o olhar ainda irritado em sua direção, ele suspirou —, eu já pedi desculpas por deus, pare de me olhar como se fosse atirar em mim

   — Suna me de sua arma.

   Você disse com a voz séria estendendo a mão e Aran revirou os olhos.

   — Por que diabos eu traria uma arma para casa da sua mãe?

   Ele perguntou rindo e Kyoko tossiu coçando a garganta, você volteou o olhar em sua direção, ela passou a mão por trás da nuca.

   — Eu... eu trouxe a minha.

   Ela disse levantando a barra da camisa mostrando o coldre da arma preso contra o cós da sua calça, você arregalou os olhos.

   — Kyoko, você está doida? Guarde isso no carro, ande ande!

   Você sussurrou quase que desesperada empurrando a mulher em direção ao carro, Suna segurou o riso enquanto desviava o olhar.

   — É o meu trabalho eu não posso ficar...

    — Guarde a arma Kyoko!

    — Céus, está bem, me solte.

    Ela disse irritada se afastando de você enquanto abria a porta do carro escondendo a arma dentro do banco. Travaram o carro e você andou em direção a porta, respirou fundo antes de tocar a campainha, não demorou muito para que a porta se abrisse, você se deteve com ela, tinha um sorriso em lábios, trajava um vestido completamente florido e brincos de pérolas gigantescos em suas duas orelhas, abriu um sorriso entre seus lábios cobertos pelo batom extremamente vermelho, os cabelos castanhos estavam presos em um coque alto.

    — Ma petite fille!

   Ela disse dando dois passos para frente te abraçando de modo forte, você resmungou baixinho sentindo seu corpo ser esmagado.

   — Japonês, mãe.

   Você disse sem conseguir respirar direito e a mulher concordou enquanto lhe soltava, levou o olhar em direção ao restante do seu pequenino grupo.

   — Meu nome é Crista Amélia prazer em conhecer vocês — ela disse com um sorriso em lábios, deu um passo para o lado —, vamos entrando.

   — Boa noite, tia, eu trouxe boeuf bourguignon.

   Aran disse mostrando a travessa em suas mãos e a mulher sorriu antes de assentir segurando a travessa com cuidado.

   — Obrigada, meu amor, vamos entrando venham.

   Ela disse voltando a para dentro da casa e você suspirou pesadamente agarrando o braço de Suna, ele sussurrou contra seu ouvido.

   — Ela não parece tão chata assim.

   Você bufou.

   — Pode ter certeza que ela é.

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