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𝐋𝐀𝐋𝐈𝐒𝐀 𝐌𝐀𝐍𝐎𝐁𝐀𝐍

Acho que finalmente minha vida está voltando aos eixos. Há alguns dias estou conseguindo dormir em paz, sem tantas preocupações e isso é tudo que eu precisava. Mas estou preparada para caso as coisas se deteriorem, afinal, minha vida é assim.

Vim buscar a Celine na escolinha enquanto Jungkook está em casa, provavelmente aprontando algo porque ele não sabe como ficar quieto em um pós operatório.

ㅡ Mamãe?

ㅡ Oi, amor? ㅡ Pelo retrovisor vi que ela encarava o exterior, com a cabeça encostada na cadeirinha.

ㅡ O Kook agora é meu papai?

Bom, eu não me preparei para essa conversa. Eu sabia que um dia Celine questionaria isso, mas é difícil ter uma resposta de forma que ela entenda. Não quero confundir sua cabecinha, nem impor ao Jungkook um papel que nem sei se ele quer ter. Ainda estamos muito recentes para eu chegar já dizendo que ele agora é pai dela.

ㅡ Filha, isso é uma coisa que só vamos saber com o tempo. Ainda é muito cedo para dizer isso. Entende?

Ela assentiu, fazendo beicinho. Respirei fundo, estacionando o carro na garagem do condomínio do Jungkook. Desci e dei a volta para ajudar Celine sair da cadeirinha.

ㅡ Você gosta que a mamãe e o Kook estejamos juntos? ㅡ Segurei a mãozinha dela, travando o carro.

ㅡ Sim, o Kook é muito legal. Queria que ele fosse meu papai.

ㅡ Ele é seu padrasto agora.

ㅡ O que é isso? ㅡ Arqueou a sobrancelha, enquanto eu acionava o elevador.

ㅡ Quando uma mulher cria uma criança sozinha e depois ela arruma um namorado, ele ajuda a criar a criança e se torna padrasto dela. É como se fosse um papai, só não é de sangue.

ㅡ Entendi, mamãe. Que legal!

Eu sorri, me sentindo mais aliviada por a conversa ter dado certo. Saímos do elevador no décimo terceiro andar e abri a porta do apartamento. Deixei a mochila da Celine no canto e ela saiu correndo para a sala, dando um gritinho de alegria então me apresso para descobrir o motivo.

Jungkook está sentado no sofá, com uma caixa enorme entre suas pernas embrulhada em papel de presente com estampa de ursinhos e corações rosa. Não faço ideia do que seja, pois não tenho parte nisso.

ㅡ Abre ㅡ Ele incentiva ela, sorrindo.

ㅡ O que é isso? ㅡ Questionei indo me sentar ao lado dele.

ㅡ Comprei para ela. Não tem problema, né?

ㅡ Claro que não, mas qual o motivo?

ㅡ Nenhum em específico ㅡ Me puxou pela cintura, sorrindo ㅡ Só quero agradar minhas meninas.

Eu abri um sorriso de orelha a orelha, dando um selinho nele.

Minhas meninas.

ㅡ Somos suas meninas?

ㅡ Enquanto quiserem ser.

ㅡ Para sempre então.

Jungkook sorriu, me dando beijinhos.

ㅡ Mãe, me ajuda!

Me virei para a criança que estava pelejando para abrir a grande caixa de papelão, mas conseguimos. Ajudei ela a tirar as coisas de dentro e a cada item Celine dava um pulinho.

ㅡ Olha, Line! Que lindo!

Era um kit de pintura de verdade, com um cavalete pequeno que ela daria altura, um banquinho pequenininho para ela se sentar para pintar, kit de pincéis, várias telas e todos os tipos existentes de cores de tintas.

Celine tem uma aquarela pequena e simples que ela adora, porque pintar é oque ela mais gosta de fazer, e ela tem muito talento para isso, apesar se ser tão novinha. Ver que Jungkook se atentou tanto a esse detalhe, e fez questão de dar a ela um presente tão único, encheu meu coração.

ㅡ Kook, esse é o melhor presente do mundo!

Agarrou o pescoço dele e Jungkook a abraçou, com um sorriso enorme. A alegria dela é tão genuína...

ㅡ Gostou mesmo, nuvenzinha?

ㅡ Sim! Muito muito!

ㅡ Como se diz? ㅡ Cutuquei ela.

ㅡ Obrigada, Kook! Você é muito legal!

Ele sorriu, dando um beijo na testa dela.

ㅡ Por nada, Line. Espero que você se divirta.

ㅡ Obrigada ㅡ Falei, recebendo um beijo e um sorriso em resposta.

ㅡ Preparei uma coisa para a gente ㅡ Ficou de pé ㅡ Vamos para a sala de jantar.

Me levantei também e fui até o cômodo do lado, mas fiquei estagnada na porta com olhos arregalados.

ㅡ Infelizmente não posso te levar para um encontro no momento, então trouxe o encontro até você.

Me virei segurando seu rosto e lhe dei um selinho demorado. Queria muito beijá-lo, mas temos um pinguinho de gente no mesmo ambiente.

ㅡ Você é incrível, Jung ㅡ Me virei olhando para a mesa posta ㅡ Como você fez isso?

ㅡ Pedi um restaurante para entregar as comidas e algumas coisas Sana me ajudou.

ㅡ Que bom que você não está se esforçando demais, precisa fazer repouso ㅡ Olhei a mesa novamente ㅡ Está tudo lindo, obrigada.

Ele espalhou pétalas de rosas na mesa e pôs pratos, talheres e taças para nós dois. Meus olhos param no copinho rosa de canudo, pratinho de plástico também rosa e a colher de ursinho. Jungkook preparou um jantar romântico e mesmo assim fez questão de incluir Celine.

ㅡ Posso comer?

A menina questionou me tirando do transe, fazendo a gente rir. Jungkook deu a volta na mesa, pegando um buquê em cima da cadeira que eu não tinha visto ainda e me entregou.

Abri um sorriso maior ainda, se é que é possível. Pego o buquê de rosas amarelas e envolvo o seu pescoço com o braço desocupado, dando outro selinho nele.

ㅡ Acho que vou dormir com você essa noite ㅡ Sussurrei em seu ouvido.

ㅡ Por favor!

Soltei uma risada, colocando o buquê na bancada e fomos nos sentar para o nosso jantar romântico em família. Nem nos meus melhores sonhos eu imaginaria viver algo assim. Sou uma mulher do tipo que se agrada dos detalhes, e ver o quanto Jungkook é detalhista, é maravilhoso.

A comida do restaurante que Jungkook escolheu é maravilhosa, nem parece que estou jantando em casa. Em algum momento me perco em pensamentos. Celine está tão feliz, Jungkook trata ela tão bem, que não consigo mais ignorar esse sentimento.

Agora eu tenho certeza que amo esse homem.

ㅡ Tenho mais uma coisa para você ㅡ Jungkook disse, me trazendo de volta a realidade.

ㅡ O quê?

Ele mordeu os lábios, tirando a mão de debaixo da mesa, colocando na minha frente uma caixinha de veludo preta já aberta.

Arregalei os olhos, vendo as duas alianças de compromissos prata, uma delas cravejada com pequenos diamantes.

ㅡ É sério?

ㅡ Mais sério do que nunca ㅡ Me estendeu a mão e estiquei minha mão trêmula para ele, que colocou a aliança no meu dedo anelar.

ㅡ Meu Deus, Jungkook, é linda! ㅡ Olhei para minha mão, admirada ㅡ Obrigada!

ㅡ Mamãe, posso ir brincar?

ㅡ Pode, amor ㅡ Limpei sua boca suja de molho e ela desceu da cadeira correndo corredor afora.

ㅡ Melhor você se deitar, se esforçou muito.

ㅡ Você vem? ㅡ Se levantou lentamente, se apoiando na mesa.

ㅡ Vou só colocar tudo na lava louças. A gente podia assistir um filme, o que acha? ㅡ Me levantei, indo até ele.

ㅡ Tudo que você quiser ㅡ Colocou meus cabelos para trás, segurando meu rosto.

Envolvi meus braços em volta da sua cintura, prendendo nossos olhares.

ㅡ De tudo que você já fez por mim, nada me tocou tanto quanto esse jantar.

ㅡ Mas foi tão simples...

ㅡ Mas você fez de coração. E oque mais me deixou feliz, foi você ter incluído Celine em um momento para nós dois. Você podia ter combinado com a Sana para ficar com ela, eu não me importaria. Mas ao invés disso, você fez questão que ela participasse desse momento, escolhendo até a colher favorita dela ㅡ Senti meu coração palpitando no peito, ansiando que tais palavras fossem ditas ㅡ Sempre pensei que o homem certo para mim, seria aquele que aceitasse minha filha e a amasse, mesmo que não fosse sua. E você tem feito isso. Por esse motivo, sou incapaz de negar que te amo.

Seus olhos se arregalaram levemente, expressando o choque que minhas últimas palavras o causaram. Mas eu fui sincera, realmente o amo. São os mínimos detalhes quem me fazem amá-lo.

ㅡ Você me ama?

ㅡ Amo ㅡ Respondi rindo.

ㅡ Ai, graças a Deus! ㅡ Falou olhando para o teto ㅡ Eu estava com tanto medo de você deixar os traumas te impedirem de se entregar ㅡ Tocou meu rosto ㅡ Eu sei que não sou o pai da Celine, mas se você me permitir, quero poder ser um. Quero que ela tenha a chance de ter um homem que a proteja, que ela possa pintar as unhas e passar maquiagem, que possa buscar ela quando você não puder, até mesmo ameaçar algum menino por partir o coração dela. Celine é a criança mais adorável do mundo e se eu puder estar presente no crescimento dela, vou estar realizado. Quero que possamos criá-la juntos e quem sabe um dia dar um irmãozinho para ela. Mas o mais importante que quero que você saiba, é que eu também te amo. Lisa, você me fez descobrir o amor. Todo amor do mundo eu guardei para você, sem nem saber.

Meus olhos estavam marejados, suas palavras Invadiram o fundo do meu coração.

ㅡ Eu confio em você para fazer esse papel na vida dela. E acredite em mim, tudo que ela mais quer é ter você como paizinho.

ㅡ Eu vou cuidar de vocês duas, para sempre.

Ele me puxou em seus braços. E mal tive tempo de pensar antes de ele me beijar. Com uma das mãos na minha cintura, me segurando perto, a outra mão na minha nuca, os beijos eram firmes e deliberados, suplicantes. Parei de pensar. Tudo no que havia trabalhado para desvendar meu coração tinha sido poderoso demais para que eu pudesse resistir. Agora eu não era nada a não ser coração, e estava puxando-o mais perto e o beijando, e quando eu o beijei de volta, ouvi um gemido escapar dele. Eu me afastei, ofegante, e ele me puxou de novo para junto de si, como se precisasse de mim mais do que precisava de ar. 

•🏁•

Sana veio almoçar com a gente e juro que nunca vi essa mulher tão sorridente. Eu também estou muito feliz depois de ontem a noite, então quem sou eu para julgá-la.

ㅡ Você não vai falar? ㅡ Jungkook questionou ela, entediado.

ㅡ Tá! Tá bom! ㅡ Ergeu as mãos, tentando esconder um sorriso ㅡ Eu saí com o Bianchi, estamos nos conhecendo.

ㅡ Sério?!

Eu expressei surpresa e meu namorado fez careta.

ㅡ Credo Sana, você gosta de velho?

ㅡ Para a sua informação, ele não é velho e está com tudo encima.

Eu soltei uma risada.

ㅡ Quantos anos ele tem?

ㅡ Quarenta.

ㅡ Ele é treze anos mais velho?!

ㅡ Sim, mas é melhor do que muitos novinhos que eu já fiquei ㅡ Deu de ombros.

ㅡ Me poupe dos detalhes.

ㅡ Eu quero saber dos detalhes ㅡ Pisquei para ela, recebendo o olhar indignado do Jungkook ㅡ O que foi? Você acha que as mulheres conversam sobre o quê?

ㅡ Você que ouse contar para ela sobre anteontem, viu ㅡ Cruzou os braços e fui obrigada a rir.

ㅡ O que aconteceu?

O celular de Jungkook tocou, tirando nossa atenção.

ㅡ É a Yeri ㅡ Falou atendendo ㅡ Alô?

Sua expressão foi mudando lentamente se tornando preocupado. Jungkook ficou de pé, coçando a cabeça.

ㅡ Está bem, eu estou indo.

Ele desligou o celular, jogando-o em cima da mesa.

ㅡ O que foi?

ㅡ A mãe da Yeri me ligou. Ela passou mal e tiveram que adiantar o parto. Eu preciso ir para lá.

Olhei para Sana sem saber oque fazer.

ㅡ Pode ir com ele, eu fico com a Celine.

ㅡ Certeza?

ㅡ Absoluta, fica tranquila.

ㅡ Obrigada! ㅡ Me levantei e fui atrás de Jungkook, que já estava em seu quarto ㅡ Ela só disse isso?

ㅡ Ela estava com pressa porque precisava entrar para acompanhar a Yeri. Mas falou que o parto era emergencial, ela está desacordada ㅡ Me olhou ㅡ Lisa, e se...

ㅡ Não, nem diga isso ㅡ Toquei seu rosto ㅡ Deus está cuidando dos dois, eles vão ficar bem.

ㅡ Ela acabou de completar oito meses...

ㅡ Isso é bom, o Killian nascendo os dois param de correr riscos ㅡ Lhe dei um selinho ㅡ É melhor a gente ir logo, provavelmente quando chegarmos lá ele já vai ter nascido.

Jungkook assentiu, indo até o closet. Com o coração apertado, saí de seu quarto e fui até o de hóspedes para me trocar. Não vou deixar transparecer para ele minha preocupação, mas a situação não é boa. Eu espero que tudo fique realmente bem, Yeri e Killian merecem isso.

•🏁•

Estamos sentados no corredor do hospital, esperando por notícias. Faz umas quatro horas que chegamos aqui, Killian nasceu e foi logo para a UTI neonatal. Ninguém viu ele, nem mesmo Yeri que estava desacordada no momento do parto.

Jungkook está de mãos dadas comigo, a cabeça encostada na parede enquanto acaricia meu polegar. Sei que ele está preocupado e estressado, por isso fico quieta, dando apoio a ele apenas com minha presença. Oque ele menos precisa agora é que eu fique falando asneiras em seu ouvido.

Uma enfermeira vem até nós e nos direciona um sorriso tranquilizador.

ㅡ Trago boas notícias ㅡ Sorriu ㅡ O bebê Killian está bem. Está reagindo bem aos medicamentos, então provavelmente vai ganhar alta em breve. Querem vê-lo?

Olhei para Jungkook, que me direcionou seu olhar apertando minha mão.

ㅡ Vem comigo?

ㅡ Claro.

ㅡ Hoje não posso permitir que vocês entrem na UTI e tenham contato físico com ele, infelizmente. Mas podem vê-lo pelo vidro, tudo bem? ㅡ Nos olhou com pesar.

ㅡ Tudo bem. Já vai ser alguma coisa.

Nos levantamos e seguimos ela até a UTI neonatal e nos aproximamos da grande janela, vendo do outro lado três bebêzinhos que estavam dentro das incubadoras.

ㅡ É esse menininho aqui ㅡ Apontou para a incubadora mais próxima da janela ㅡ Vou deixar vocês a vontade.

Jungkook se aproximou da janela, apoiando a mão no vidro. Dei alguns passos adiante, mas sem invadir o espaço dele. Meu coração doeu dentro do peito ao ver o bebê tão pequenininho dentro da incubadora, a pele levemente arroxeada e abaixo do peso ideal que deveria ter.

Meus olhos marejaram e senti na pele a dor como uma mãe. Eu jamais quero imaginar a dor de dar a luz e não poder abraçar seu filho porque ele precisa ficar na UTI, o sofrimento que o pequeno Killian deve estar sentindo por precisar de aparelhos para respirar e se alimentar é inimaginável.

Ouço um soluço e olho para Jungkook, vendo ele encostar a testa no vidro e chorar. Os ombros balançando com os soluços, foi o equivalente a facadas no meu peito. O abracei pelas costas e ele agarrou minhas mãos junto ao peito. Seu choro balançava meu corpo junto ao seu e as lágrimas que eu segurava rolaram junto as suas.

Queria dizer que tudo vai ficar bem, mas não consegui. Nunca pensei que veria Jungkook em tamanha vulnerabilidade. Tudo que eu queria poder fazer era tirar essa dor dele e todo sofrimento do Killian.

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