#6

🥀⛓️

A culpa.

Talvez esse fosse o único sentimento constante de Hana.

A culpa por ter se distraído e agora precisar urgentemente se recompor e voltar para sua rígida rotina, onde diversão e distrações só seriam toleradas caso ela acabasse tudo o que tinha para fazer.

Independente se estivessem no começo do semestre ou não, ela não podia parar, parar resultaria na derrota, na insuficiência e imperfeição. E essas não eram opções aceitáveis. Mal eram opções na verdade, eram apenas possibilidades que Hana faria de tudo para evitar 

Analisando os seus horários juntamente com os planos de estudo que a própria faculdade disponibilizava, Hana se perguntava como conseguiria utilizar o seu método de estudo com os materiais que eram necessários para o curso.

A garota tinha o mesmo método de estudos desde o ensino fundamental e simplesmente não conseguia se livrar dele, se não fosse daquele jeito específico ela não conseguiria fazer um mísero cálculo.

Coisas pequenas que deixavam Hana a beira de um colapso.

Massageava suas têmporas enquanto encarava fixamente uma planilha de horários na tela do computador, sua cabeça latejava e suas costas gritavam por um descanso decente, mas a garota apenas se ajeitou na cadeira e respirou fundo, lembrando dos motivos que a fazem ser o que é e o que a motiva a continuar.

[...]

— Terminei! - Hana praticamente gritou no dormitório fazendo Yachi se levantar em um pulo.

— Quem invadiu?! Tá tudo bem! - A loira olhava para os lados freneticamente, ela estava dormindo antes de Hana gritar.

— Desculpe - Hana ajeitou a postura nivelando o tom de voz — Não quis te acordar.

Yachi esfregou os olhos — Relaxa - a loira disse em meio a um bocejo — Não é melhor você ir dormir? Já passa das duas...

— Vou ir comprar uma bebida naquelas máquinas... Volte a dormir, desculpe por atrapalhar - Hana rapidamente pegou um moletom pendurado no cabideiro, sua carteira e saiu com rapidez para fora do quarto.

Caminhando sob à luz do luar com o campus finalmente em silêncio, apenas com o barulho suave das cigarras, Hana aproveitava o momento singelo e curto de paz, pegando a deixa de esticar os músculos enquanto caminhava.

Espairecer a mente depois de muitas horas trancada em um dormitório sem ar-condicionado era sem igual, a brisa fresca acariciando seu rosto a fazia esquecer pelo menos um pouco de tudo.

Comprou uma daquelas bebidas energéticas que Yachi sempre leva para ela em seus dias de estudos incessantes, aprendeu a tomar gosto pela bebida de qualidade duvidosa e sabor mais ainda.

Deu uma longa golada limpando a boca com a manga do moletom já se preparando para tomar caminho de volta para o dormitório até seu telefone começar a tocar.

O coração de Hana disparou.

Absolutamente ninguém, além dele, tinha o seu número.

— Pai! - Hana disse animada — Boa noite, o senhor está bem? Por que não me ligou antes?

A voz cansada do homem de meia idade enchia o coração de Hana com amor mas logo substituído por tristeza ao perceber que era a mesma coisa de sempre.

— Oi meu bem, liguei para saber se chegou a ver seu irmão pelo campus... Ele não atende minhas ligações.

Antigamente ele se esforçava para demonstrar o mínimo de importância, tentava ser carinhoso, mas agora, Hana cresceu e não precisava mais da atenção que uma garotinha necessitava.

— Não, eu não o vi... Pensei que fosse me perguntar sobre minha faculdade, sabe, já vai fazer dois meses que estou aqui.

Estou sem tempo lindinha, o pai trabalha muito.

Talvez não tanto, já que tinha tempo o suficiente de ligar para seu irmão e persistir mesmo depois de ser rejeitado.

Mas ela não iria falar isso, não tinha cabeça para discutir sobre algo que era óbvio. Ele não amava ela como amava o filho mais velho, essa certeza ela sempre teve, mas ainda sim, doía muito.

— Tudo bem, eu entendo... - Hana apertou os olhos, se proibindo de chorar — Pode deixar que te mando uma mensagem quando encontrar ele.

— Obrigado meu anjo, tenha uma boa aula amanhã. Amo você

Estava cada vez mais difícil de conter as lágrimas, seu olhos já queimavam pela persistência — Eu também amo você.

"Talvez bem mais do que você me ame"

Mas outra vez, não teve coragem de dizer antes de ouvir o som da ligação se encerrando.

Hana inclinou a cabeça para trás respirando fundo, torcendo para não fazer a banalidade de chorar, apertava os punhos contendo ao máximo sua raiva.

Por que não ela?

Esse questionamento vem fazendo parte de sua vida desde que soube que não foi o suficiente para tê-la.

— Problemas com o pai... - Hana se assustou  ao ouvir voz conhecida, se virando para trás com um pulo por puro instinto — Isso explica muita coisa.

Suna Rintarou. O dia de Hana agora estava uma completa merda.

— Você é sempre sem educação assim? - Hana balbuciou com raiva — Escutar a conversa dos outros é totalmente fora de ética, e olha que já é a segunda vez que faz isso.

Suna apenas soltou um sorriso anasalado apontando para as salas próximas da máquina — Fotografia é aqui meu bem, vim beber algo e me deparo com a gatinha quase chorando.

Hana trincou os dentes semicerrando os olhos — Hoje eu não tô pra brincadeira, esse seu joguinho de merda só teve graça na festa.

— Só foi legal porque você estava na vantagem, já saquei qual é a sua — Suna cruzou os braços se escorando na máquina — Quando algo faz você se sentir fraca, automaticamente o classifica como sem graça, ou idiota, ou sem valor algum... Só porque não favorece você.

— Não fale como se me conhecesse — Hana era incrivelmente arrogante quando queria, sempre de nariz empinado e com olhos julgadores — Qual é o seu problema comigo?

Ela teria mantido a pose caso uma ventania forte não tivesse a assustado, ela abraçou os próprios braços e sentiu sua pernas nuas tremerem, usar um short de pijama não foi sua melhor escolha.

— Meu problema é que eu não consigo te odiar por mais que você seja totalmente desprezível.

Hana revirou os olhos soltando um risada desacreditada — Vou ignorar o fato de ter me chamado de desprezível e ressaltar aqui o seu péssimo gosto pra mulher.

— Eu tenho um ótimo gosto, já se olhou no espelho? - Suna saiu de perto da máquina caminhando em passos lentos na direção de Hana — E você tem um péssimo gosto para homem, sabe, eu sou mil vezes melhor que o loiro oxigenado.

— Fique longe de mim! - a garota bateu o pé no chão fazendo ele parar, ela cruzou os braços o encarando de volta com raiva — Você realmente acha que é alguma coisa? Não é tão atraente quanto pensa.

Suna sorriu ardiloso fitando sem pudor algum as penas de Hana, subindo vagarosamente o olhar até encontrar o dela — Você é linda pra caralho. - Ele a encarou com um sorriso ladino — E o fato de você ser uma filha da puta arrogante te deixa mais gata ainda.

A garota amenizou a expressão, substituindo-a por algo parecido com dúvida — O que quer de mim?

Suna desviou os olhar esticando os braços para cima como se estivesse se alongando — São tantas coisas...

— Me diga uma então. - Hana novamente se pegou entrando no jogo de Suna — Dependendo do que for, eu posso rir da sua cara.

— E como sabe que vai recusar o meu pedido? - Ele se inclinou para frente, ficando na altura dos olhos dela — A vida é uma contradição, meu bem. Não sabemos quando ela pode dar voltas.

— Me conheço bem o suficiente para saber que nunca vou atender um pedido seu — Hana torceu o nariz com aquela cara emburrada de sempre — Algumas pessoas não mudam, e talvez essa possa ser a própria contradição da vida delas.

As orbes amareladas se perderam no castanho absoluto dos olhos de Hana, tão vazios mas gritavam por algo mais, a alma de artista de Suna implorava pela garota.

A inspiração que ele sempre sonhou estava bem a sua frente.

— Você fica uma graça quando está brava.

— É sério? Você é inacreditável... - Hana deu a ele o mesmo sorriso ladino — Desista do que quer de mim Suna. Você nunca vai conseguir.

O garoto lutou contra a própria vontade de engolir em seco ao ouvir a conotação de seu nome sair da boca dela.
Mas ele não podia demonstrar fraqueza, então permaneceu naquela mesma estratégia.

— Não vou desistir de ter você - Suna selou a bochecha dela com um selinho demorado — Memorize essas palavras Hana, eu ainda vou fazer você ser minha.

Hana ficou estática, não conseguiu responder, só observou o garoto virando de costas voltando para a sala de fotografia.

— Até mais Hana! Espero que sonhe comigo!

Ela prometeu a si mesma que não cairia novamente em distrações. Evitou os meninos da nekoma e Yachi, se desviando daquilo que gostava para manter o foco

Mas mal sabia que sua maior distração seria a pessoa que mais detestava em todo o campus.

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N/A: Meu deus percebi agora que demorei muito para atualizar essa fic, estou me sentindo péssima com isso. Mas agora é sério, foco em todas e não só na friends!

Meus amores é muito bom fluir entre os meus casais, porque tipo, Aya x Megumi e Eren x Lia são uns amores, se adoram muito e dificilmente se odiariam. Agora Hana x Suna e Gojo x Lilian só faltam se matar toda vez que se olham.

Espero que vocês tenham gostado do capítulo, eu queria ter feito algo mais planejado mas não queria demorar para postar.

Beijos, até o próximo!

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