#10
Suna estava deitado em seu quarto jogando seu tempo fora em um jogo qualquer de celular enquanto a pilha de afazeres em sua escrivaninha crescia a cada dia mais.
Era péssimo o fato de que estava em meio a um bloqueio criativo quando tudo o que precisava era ter criatividade, sua mente não processava nada e tudo o que fazia era direcionado ao lixo, nada o agradava ou chegava aos pés dos antigos trabalhos.
Tudo tão ultrapassado, nada o dava aquele gosto e prazer de fotografar mas a dúvida eminente sempre vinha à tona nestes momentos.
"E se eu perguntasse?"
Ele tinha plena certeza de que ele e Hana ainda não eram amigos, aquela noite, por mais que tenha sido ótima, foi apenas um momento de fraqueza e ambos provavelmente não iriam ceder daquele jeito tão cedo.
Mas não custava perguntar, ele estava desesperado de qualquer jeito...
Espantou o pensamento desconexo da mente, não era possível que essa ideia sequer tenha passado por ela. Era óbvio que antes de Hana dizer não, ela iria olha-lo de cima a baixo, dar um sorriso de canto e dizer algo que provavelmente iria ferir ainda mais o ego de Suna.
Ele suspirou irritado jogando o celular de lado envergonhado consigo mesmo, ele não queria chegar a essa patamar, era frustante a situação em que se encontrava.
— Oi Rin! - apareceu à porta uma garota com uma saia burberry em tons frios, camisa social por dentro da saia junto a um blazer preto, com o rosto iluminado e sorridente, ela era baixa, os cabelos castanhos que iam até a cintura com ondas perfeitamente hidratadas e os olhos... Exatamente iguais aos dele.
Akane Suna, irmã mais nova do famoso Sunarin.
Ele não conteve o sorriso ao ver a garota, se levantou em um impulso indo abraça-la — O que faz aqui? - ele enterrou o rosto na curvatura do pescoço dela — Pensei que só fosse te ver depois do verão...
Akane estudava em uma área mais afastada de Tóquio, a irmã sempre ficava na alçada do pai, onde o homem pudesse vigia-la de perto para que não acontecesse o mesmo erro.
O homem temia que um dia Akane se tornasse igual a Rin. Um rebelde que renegava o nome da família.
— Talvez eu me ferre muito por ter fugido das aulas mas valeu a pena - ela retribuiu na mesma intensidade o abraço.
Porque independente da fúria do pai, sempre foi os dois contra tudo.
Até Suna ir embora.
Os dois se sentaram na cama e o garoto se prontificou a ouvir cada detalhe sobre o curso da garota, ela fazia direito em uma faculdade particular em uma área nobre do Japão, era muito rígida e requeria muito do esforço dela mas Akane parecia feliz com o curso que sempre sonhou.
Os dois tinham apenas três anos de diferença mas conversavam de igual para igual, sempre fazendo piadas internas junto com as manias antigas.
— Que bom que está gostando - Suna se encostou na cabeceira de sua cama — Fiquei com medo de que não adaptasse.
Igual ele não se indentificou e abandonou no segundo semestre.
— Eu amo meu curso mas...
Ela parecia ansiosa e receosa ao falar, a conversa inteira ele a viu levando a mão na boca roendo as unhas e balançando as pernas freneticamente.
— Eu... Quero pedir transferência para Tóquio - ela falou mais baixo do que o normal — Não quero continuar naquela casa, com a mamãe doente e o pai quase não parando em casa... Aquele lugar não é mais meu lar sem você.
Suna foi até ela se sentando em sua frente, com a expressão séria — Sabe que ele nunca vai te perdoar se fizer isso.
— Ele não é tão ruim quanto parece Rin... Ele mudou, talvez possa me ouvir.
Suna deu a ela um sorriso triste — Você sabe que ele teve que errar muito comigo para aprender a ser certo com você. Nossa relação não é nada comparada a de vocês dois, ele não é tão bonzinho quanto parece, Akane. - ele acariciou o rosto dela com o polegar — Não quero que você seja tratada da mesma maneira que eu.
— Me desculpa por ser egoísta... - ela olhou para as próprias mãos — Mas eu não quero mais ficar lá, eu já verifiquei alguns documentos e nesse início de semestre teve muitas desistências e matrículas incompletas, minha unidade é filiada com essa não vai ser complicado pedir transferência - Ela começou a falar rápido e desesperada — Te juro que não atrapalho, só quero viver a minha vida sem ser controlada a cada passo, vou resolver isso sozinha.
— Akane... Pense melhor sobre isso.
Ela franziu o cenho antes de falar um pouco mais incomodada — Não vim aqui pedir sua permissão, só achei legal te falar antes de começar a mudar... Porque diferente de você, Suna, eu ainda confio no meu irmão.
Ele sabia que um dia essa conversa iria acontecer.
Suna foi embora, largou a faculdade de direito e se mudou para o campus, morando em um apartamento pequeno e renegando qualquer tipo de ligação com a família, infelizmente mantinha o sobrenome, mas era só isso, dinheiro e privilégios ele fez questão de deixar de lado e passou qualquer coisa em seu nome para Akane.
Ele fez tudo isso sem dizer uma palavra sequer para ela.
Ele visitava a mãe quando o pai estava fora do país os do distrito e trocava mensagens constantemente com a mulher mas com Akane era um comunicação bem unilateral, ele não tinha coragem de responder uma pessoa que traiu a confiança.
— Pensei que fosse ficar feliz de me ter por perto... - Akane se levantou — Mas não importa. Já deixou de importar faz muito tempo.
— Espera Akane! - ele correu para alcança-la até a porta — Não vamos nos afastar de novo... Por favor, eu não posso te perder mais uma vez.
Aqueles olhos suplicantes que infelizmente a lembrava da mãe.
Talvez fosse por isso que toda vez que seu Pai batesse nele, um olhar bastava para se arrepender. Suna era incrivelmente semelhante a mulher.
A garota cogitou em virar as costas e deixar o rancor e a mágoa tomar conta de si novamente mas não era isso que foi ensinada a fazer.
Talvez ela tivesse passado tanto tempo com o pai que acabou se tornando uma versão mais nova dele.
Egoísta e instável.
Alguém que não sabe ouvir algo que não lhe convém ou que contrária sua própria verdade, Akane sabia que seu maior defeito era ser parecida demais com aquele que mais a machucou.
Essa era a diferença entra ela e Suna.
O garoto sempre lutou para permanecer com as qualidades da mãe enquanto ela se entregou aos péssimos ensinamentos do pai.
— Eu... Eu... Me desculpa - ela olhou para os pés — Não queria descontar em você.
Os dois estavam prestes a se encarar quando alguém apareceu a porta do quarto fazendo a garota recuar.
— Oê, Suna! - o loiro gritou entrando no quarto mas quando a viu perdeu a linha de raciocínio — Akane...
Suna franziu o cenho ao ver a irmã engolindo em seco ao ver Atsumu, os dois se olhavam como se milhares de coisas precisassem ser ditas mas... Eles se conheciam?
— Merda - a morena sussurrou para si mesma — Eu te ligo quando terminar de conversar com o pai, tchau Rin.
Ela apenas se virou esbarrando com força no gêmeo loiro fazendo o garoto acompanha-la com os olhos até o final da escada.
Ver Atsumu calado e sério era um tanto quanto preocupante.
— Pode me explicar que porra foi essa? - Suna falou um pouco mais rude do que planejava mas não se importou de primeira.
— Você não sabe? - Atsumu parecia desconsertado, Akane o desestabilizou sem sequer dar uma palavra.
— Se eu soubesse acha que estaria perguntando?
O loiro deu um curto riso sem humor alguém antes de encarar o amigo se preparando para ir.
— Então acho que não conhece sua irmã.
[...]
— Uau! - a loira disse admirada — Cara, você é muito organizada.
Hana forçou um sorriso fraco se lembrando do pedido de Yachi — Obrigada... Bem, quer ajuda?
A loira se virou balançando as mãos — Não precisa, eu te prometo que consigo arrumar igualzinho o seu lado... Ou pelo menos vou tentar.
— Tudo bem, não me importo com esse tipo de coisa.
Era mentira.
Hana se incomodava muito com bagunça, tanto no seu espaço do quarto quanto o da sua colega.
Seja gentil.
— Já conhece o campus? - Hana foi até ela ignorando a negação de ajuda — Se não, posso te levar a um pequeno tour.
— Ah sim, eu já conheço - ela sorriu em agradecimento — Tenho uns amigos das fraternidades e sempre apareço nas festas, acontece que entre uma festa e outra eu acabei decorando os lugares do campus e das áreas externas.
Hana apenas sorriu de volta e continuou a dobrar.
Mayumi e ela provavelmente não tinham nada em comum mas era necessário conhecimento sobre o outro para a adaptação.
— Qual curso você faz?
— Design gráfico. Também sou tatuadora - Mayumi guardou mais um blusa na gaveta — Você eu já sei que faz medicina, fiz uma leve pesquisa antes de vir.
Hana engoliu em seco — E o que descobriu nessa pesquisa? — Ela perguntou da maneira mais desinteressada possível, tentando não transparecer o fato de havia ficado nervosa.
— Kuroo me contou que você faz medicina, que gosta de ler poemas, que descobriu recentemente que gosta de doces... - Mayumi pareceu meio aflita ao falar — E que odeia gente barulhenta e bagunceira.
Hana fez uma nota mental sobre esganar Kuroo por falar coisas que não deveriam ser ditas.
— Não leve ele a sério, eu não gosto especificamente dele fazendo barulho e bagunça - A loira soltou uma risada anasalada — O resto do mundo é tolerável.
Mayumi pareceu se perder nas feições delineadas de Hana, os olhos esverdeados mesclados com castanho claro, o olhar marcante e os lábios perfeitamente desenhados.
Hana era linda.
A loira pensou consigo mesma que ele adoraria tirar uma foto dela.
— Você é muito linda - Mayumi esticou os braços se alongando — Por que anda com aquele esquisito? - A garota brincou se sentando na cama.
— Não faço a mínima ideia - Hana sorriu com o pensamento — Mas eu até que gosto deles.
— Deles?
— Sim. Kuroo, Kenma e o resto da Nekoma.
— Kenma fala com você? - Hana concordou com a cabeça — Cara, demorei 6 meses pra fazer ele me responder olhando nos meu olhos.
Hana riu anasalado se sentando em frente a ela.
Mayumi por mais que não ficasse quieta por um segundo e conversasse sempre balançando as mãos e rindo, era muito inteligente, sempre mostrava o que aprendia e tinha um dicção muito boa. Hana percebia esse tipo de coisa nas pessoas, e sabia muito bem o que achava atraente nelas.
— Desculpe por encerrar nossa conversa - Hana bradou se levantando — Mas agora eu tenho que ir a biblioteca, até mais tarde.
A garota deu um sorriso fraco para a loira que se deitou na cama vendo-a colocar um casaco, pegar a bolsa e sair fechando a porta com cuidado.
Hana era realmente muito interessante.
Queria poder contar a Suna sobre a sua nova colega de quarto e em como ela era gata.
Mayumi não sentia o mesmo por ele mas o amava incondicionalmente como seu melhor amigo, sentia muito a falta dele ao seu lado e se arrependia todo santo dia por sido tão impulsiva e ter dormido com ele.
Era triste demais perder um amigo pela luxúria que ambos tiveram um pelo outro.
Seu telefone tocou e sem sequer olhar quem era o levou para a orelha — Mayumi falando.
— Oi meu bem.
A voz amarga ressoou pelo telefone a fazendo arrepiar.
— O que você quer Terushima?
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