3.2
[O moço que quer a fantasia de gato]
>>> hey?
Você fitou a tela brilhante do celular que queimava suas retinas por completo fazendo contraste com o quarto escuro, respirou fundo levando a atenção até o relógio posto ao lado da sua cama que marcava três horas da manhã, ainda não havia pegado no sono, era difícil dormir quando o aniversário de morte da Lia começava a se fazer presente com o decorrer dos dias, sinceramente não sabia se estava preparada, sua ansiedade atingia barreiras inexpiáveis, quando Atsumu não estava por perto passava os dias deitada na cama e enrolada nas próprias cobertas sem comer nada mais do que um potinho de macarrão instantâneo, mas agora tinha Bokuto, o acinzentado com certeza lhe ajudaria nos momentos ruins; deslizou os dedos sobre a tela do celular digitando uma mensagem rápida.
[você]
hey hey<<<
aconteceu alguma coisa?<<<
Mandou por fim, não demorou muito para que o celular fino vibrasse por entre seus dedos, correu os olhos até a tela novamente fitando a tela se detendo com uma ligação de Koutarou, respirou fundo antes de cerrar os olhos na tentativa de conseguir ler com mais facilidade o que estava escuro graças a tela incrivelmente brilhante que lhe cegava momentaneamente, deslizou o dedo sobre a tela atendendo a chamada aproximando o celular do ouvido.
— Kou, está tudo bem?
Perguntou com a voz baixa e levemente rouca por não falar a muito tempo, conseguia escutar a respiração acelerada do homem do outro lado da linha, quase como se ele estivesse hiperventilando, franziu o cenho de maneira preocupada se sentando de uma vez sobre o acolchoado macio da cama ligando o abajur que ficava sobre a cômoda.
— Não consigo dormir, gatinha, não consigo, eu não... saí pra correr, posso ir pra sua casa?
Ele indagou com a voz trêmula quase como se fosse começar a ter uma enorme crise de choro a qualquer segundo, você respirou fundo passando a destra sobre o rosto concordando com a cabeça por fim mesmo que soubesse que ele não conseguia lhe ver, levantou o olhar até o teto sentindo o coração bater mais rápido contra o próprio peito, estava enlouquecendo naquele momento.
— Claro que pode, amor, onde você está?
Murmurou por fim sentindo um nervosismo tomar conta de seu corpo fazendo com que seu estômago ficasse bagunçado, o homem respirou fundo do outro lado da linha como se quisesse controlar o próprio ar que escapava de seus pulmões, quase como se quisesse que ele não se esvaísse por completo, a voz trêmula do mais velho se fez presente.
— Na esquina da sua rua, estou chegando.
— Certo.
Disse de uma vez antes de desligar a chamada, jogou o celular na cama de qualquer jeito socando os pés para fora do acolchoado sentindo as pontas em contato com o chão gelado fazendo com quem um arrepio tomasse conta de seu corpo por completo, respirou fundo andando em direção ao banheiro ligando a luz do mesmo fitando o reflexo contra o espelho, tentou arrumar os próprios cabelos o máximo que pôde e escovou os dentes de maneira apressada antes de deixar o banheiro por fim pegando o primeiro roupão de seda preta que viu pela frente. Deixou o quarto descendo os degraus rapidamente ao escutar uma batida da porta da sala, se aproximou da superfície amadeirada a abrindo de uma vez se detendo com os olhos amarelos e levemente marejados, ele suspirou de maneira chorosa antes de jogar o corpo sobre o seu lhe abraçando com força.
Você respirou fundo sentindo o corpo grande de Koutarou tremer suavemente por entre seus braços, engoliu em seco o trazendo para dentro da casa com cuidado fechando a porta com a ponta do pé enquanto acariciava as costas do acinzentado com uma das mãos na tentativa de o acalmar apenas um pouco, deixou um beijo suave contra a curvatura do pescoço do namorado o abraçando maia forte.
— O que aconteceu, hum?
Indagou com a voz baixa guiando o homem em direção ao próprio sofá o sentando ali com cuidado afastando o corpo do dele devagar, os olhos amarelos correram em sua direção, ele fungou baixinho antes de segurar sua mão com cuidado lhe puxando para mais perto quase como se pedisse para que você não se afastasse por um segundo sequer. Bokuto se deitou sobre o estofado lhe trazendo para ele fazendo com que deitasse sobre o corpo do homem, respirou fundo ajeitando o corpo ali enquanto repousava o rosto contra o peitoral do mais velho escutando o coração que batia quase que desesperado na caixa torácica.
— Estou me sentindo o perdido, gatinha — ele sussurrou com a voz fraca antes de passar os braços ao redor de seus ombros lhe abraçando mais forte quase como se tivesse medo que você se esvaísse de seu toque a qualquer segundo, céus, Bokuto realmente não queria aquilo, não queria que você sumisse, desaparecesse ou evaporasse, ele precisava de você o quanto tanto que você precisava dele, simplesmente não conseguiam se manter distantes, eram como ímãs —, amo muito você, sonhei que tinha desaparecido.
— Eu não vou para lugar nenhum, Kou.
— Muito menos eu, não consigo ficar longe de você.
O acinzentado murmurou de maneira fraca antes de lhe abraçar mais forte, suspirou trêmulo sentindo os ossos doerem apenas pensando na possibilidade de você sumir do mesmo jeito que ela havia sumido, esvaído. Não queria aquilo. Você fechou os olhos devagar deixando mais um selar suave contra o peitoral do homem o sentindo acariciar seus cabelos com as pontas dos dedos.
— Aconteceu mais alguma coisa?
Indagou com a voz baixa, Bokuto engoliu em seco concordando com a cabeça por fim parando o carinho sobre seus cabelos antes de entreabrir os lábios de modo cauteloso sem saber muito bem o que dizer naquele momento.
— Eu tinha uma melhor amiga, se chamava Yukie — ele disse de maneira fraca, um sorriso frágil surgindo sobre os próprios lábios —, ela sempre me ajudava quando eu entrava em crises, a casa dela era pra onde eu corria quando acontecia alguma coisa de ruim, era noiva do Akaashi, eu... fui um péssimo amigo pra ela, não consegui perceber que ela estava mal.
Koutarou disse antes de fechar os olhos com força como se quisesse controlar as próprias emoções, não demorou muito para que ele começasse e chorar de maneira baixa, levemente sofrida, seu corpo tremia de leve por baixo do seu; engoliu em seco sem saber muito bem o que fazer o abraçando mais forte sentindo o coração dele completamente acelerado contra a caixa torácica, ele respirou de maneira trêmula antes de continuar sentindo a própria cabeça doer, se sentia angustiado.
— Ela tirou a própria vida a alguns anos atrás, foi horrível encontrar ela no apartamento, (Nome), foi horrível... se eu tivesse percebido antes nada disso teria acontecido, não consigo parar de pensar nisso, está acabando comigo — ele murmurou por fim parando de chorar pouco a pouco, você sentia seu estômago se revirar por completo e um gosto amargo tomar conta de sua língua, era quase como se a culpa afligisse seu peito como uma adaga por não saber o que dizer naquele mísero momento —, me deixe te ajudar por favor, eu não vou aguentar se alguma coisa acontecer com você também, eu não vou, eu não...
O interrompeu de uma vez aproximando seus rostos sem cuidado deixando um beijo suave contra os lábios do homem, ele ficou em silêncio controlando a própria respiração, afastou seus rostos de modo delicado correndo os olhos pelo rosto do homem iluminado a penumbra, sorriu fraco antes de negar com a cabeça devagar.
— Não foi culpa sua, Kou, talvez tudo só... fosse demais pra ela, sabe? Depressão é algo complicado, você foi um bom amigo pra ela pelo o que Kuroo e Akaashi me contam, se culpar é inevitável, todos nós nos culpamos quando alguém que amamos morre, acha que não me culpo pela morte de Lia? Isso não quer dizer que necessariamente seja nossa culpa — murmurou com a voz baixa aproximando o rosto do namorado mais uma vez deixando um selar suave contra a pontinha de seu nariz arrancando um risinho fraco dos lábios alheios — Não precisa se preocupar comigo, estou bem, juro, não preciso de ajuda.
— Por que toma tantos remédios, então?
Ele indagou de uma vez, você piscou surpresa pela pergunta repentina afastando o rosto do dele antes de respirar fundo encolhendo os ombros por fim, não sabia que ele havia notado sobre os remédios, tentava ao máximo os tomar escondido, não queria que achasse que era louca.
— Não sou louca.
— Eu não disse que você é louca, gatinha — ele disse por entre um riso fraco antes de beijar suas pálpebras de maneira delicada —, é normal tomar remédios, eu também tomo, ansiedade.
Você piscou de maneira surpresa ao escutar as palavras do namorado, entreabriu os lábios devagar sem saber muito bem o que dizer, sorriu fraco.
— Os meus remédios também são para ansiedade... calmantes para crises de pânico também, ficou tudo muito difícil se lidar depois que ela morreu — balbuciou com a voz fraca correndo os olhos até Koutarou, encolheu os ombros fitando os olhos amarelos presos aos seus —, o aniversário de morte dela está chegando, podemos visitá-la no cemitério da montanha se você quiser, precisa conhecer pelo menos um membro da minha família, meus pais vivem na Alemanha.
O homem riu baixinho assentindo por fim lhe abraçando mais forte deixando um beijo suave contra o topo de seus cabelos, respirou fundo sentindo o cheiro do perfume masculino do homem.
— Vou levar algum prato para ela, o que ela gostava de comer?
— Lula frita com pasta de amendoim.
— Lula frita com pasta de amendoim? Credo.
— Sempre achei nojento, nunca tive coragem de comer mesmo ela insistindo desde de quando éramos crianças que era bom — murmurou fazendo uma careta ao ver a expressão perplexa do namorado, riu baixinho —, Lia era doida.
O homem de cabelos acinzentados riu ainda de maneira perplexa antes de concordar com a cabeça por fim levando uma das mãos até sua cintura a acariciando com cuidado.
— Ela que precisava tomar remédios pelo jeito, onde já se viu comer lula frita com pasta de amendoim.
— Você era nosso psiquiatra, Koutarou, deveria ter passado uma medicação mais forte para ela e não ter aumentado a minha dosagem!
Disse fingindo estar ofendida deixando um tapa suave contra o peitoral do homem que fez uma expressão de dor tentando segurar o próprio riso, negou com a cabeça devagar.
— Aumentei a dosagem porquê você continuava se atirando pra cima de mim, (Nome), onde já se viu uma paciente dar em cima de um médico e digo mais, um homem casado! — ele murmurou levantando uma das mãos mostrando o anel no próprio dedo, você revirou os olhos segurando o riso —, você não tem escrúpulos?
— Por favor, Bokuto, todos nesse hospício sabem que eu não sou louca de verdade, estou aqui porquê sei sobre os segredos de estado, sua esposa é a diretora desse lugar, ela que me colocou aqui — murmurou antes de correr os olhos em direção ao rosto do namorado, sorriu de maneira doce —, me tire daqui e vamos fugir para o Canada.
O homem de cabelos acinzentados suspirou pesadamente antes de negar, correu as orbes amarelas por seu rosto.
— Você é doida de pedra, não vou fazer isso, deveríamos te colocar em uma camisa de força!
Ele disse de maneira decidida não conseguindo conter o próprio riso ao ver sua expressão mau humorada, deixou um tapa forte contra o ombro do homem que resmungou baixinho.
— Você que é doido, vou bater sua cabeça na parede.
— Sou doido por você — ele sussurrou ainda rindo enquanto segurava sua cintura segurando sua cintura com força girando seu corpo de maneira simples invertendo as posições fazendo com que suas costas se chocassem contra o estofado, arfou baixinho o vendo subir sobre você enquanto aproximavam seus rostos com cuidado, conseguia sentir a respiração quente do homem —, só por você, não tem noção das loucuras que faria por você, gatinha.
— Você... transaria comigo agora, então?
Murmurou com a voz baixa passando uma das mãos por trás da nuca do homem o puxando para mais perto, ele sorriu quase que de imediato concordando com a cabeça por fim infiltrando uma das mãos em sua camisa acariciando sua cintura com as pontas dos dedos.
— Me deixe te levar para o quarto.
— Sim, senhor.
Murmurou rindo o sentindo deixar um selar suave contra seu pescoço, descendo os lábios até sua clavícula.
— Gatinha?
— Sim?
Ele sorriu contra sua pele antes de levantar os olhos amarelos em sua direção.
— Obrigado por ter me dado o melhor ano da minha vida.
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