2.9
Atsumu arregalou os olhos de modo assustado ao ter as costas empurradas contra a parede gélida da casa de praia de Koutarou, você agarrou com força os ombros do loiro o empurrando mais ainda contra a superfície esbranquiçada antes de franzir o cenho completamente determinada em não o deixar sair de lá de maneira alguma, entreabriu os lábios devagar correndo os olhos pelas feições de seu melhor amigo que parecia planejar mentalmente um plano de fuga qualquer para escapar de suas mãos, você negou com a cabeça por fim, Koutarou havia saído para o mercado e lhes deixado ali sozinhos enquanto esperavam por Kuroo que os acompanharia até a casa de ópera mais tarde.
— Pode ir abrindo o bico, Miya Atsumu.
Disse de uma vez, o loiro bufou antes de cerrar os olhos lhe encarando ali, pendeu o rosto para o lado fingindo uma expressão confusa.
— Não faço a mínima ideia do que você está falando, (Nome).
Você cerrou os olhos de maneira irritada simplesmente não conseguindo acreditar na tamanha cara de pau que o Miya loiro possuía; respirou fundo antes de negar com a cabeça devagar tentando manter a própria calma, não era uma das pessoas mais calmas do mundo por assim dizer quando se tratava de seu melhor amigo escondendo coisas de você, aquilo era mais do que um crime contra sua amizade, sempre contavam tudo um para o outro desde quando se entendiam por gente.
Naquele momento a teoria de Koutarou sobre Atsumu ter assassinado uma pessoa e querer ajuda para esconder o corpo realmente fazia o mínimo de sentido.
— O que você está escondendo?
— Nada.
— Miya Atsumu, você nem sonhe em querer testar minha paciência, abre o bico!
Disse irritadiça enquanto franzia o cenho vendo o loiro suspirar pesadamente antes de negar com a cabeça devagar, desviou o olhar para os próprios pés antes de encolher os ombros de maneira cautelosa, ele abriu um sorriso frágil em lábios quase como se fosse começar a chorar a qualquer segundo.
— É que... Entenda, (Nome), eu amo você, mas eu não sei se estou preparado para dizer isso em voz alta, mesmo que seja pra você — ele disse com a voz baixa em meio a um sussurro, quase como se o mundo todo pudesse os escutar naquele momento; você piscou de maneira confusa o encarando ali sem saber muito bem o que o loiro queria dizer com aquilo, afastou as mãos com cuidado dos ombros dele sem romper o contato visual por um instante sequer —, só é complicado, entende? Minha mente está uma confusão no momento e eu não sei dizer se posso continuar com o que estou fazendo... Prometo que te conto quando conseguir entender minha própria mente, okay?
Ele disse em um sussurro lhe oferecendo o dedo mindinho como uma espécie de jura, você respirou fundo antes de concordar com a cabeça por fim juntando seus mindinhos os enlaçando com cuidado em uma promessa silenciosa, conseguiu ver um sorriso divertido crescer nos cantos dos lábios do loiro.
— Só não me diga que você matou alguém e não sabe como esconder o corpo.
Atsumu piscou confuso ao escutar suas palavras, pendeu a cabeça para o lado antes de rir baixinho.
— De onde você tirou isso, garota?
— Bokuto.
Ele revirou os olhos não conseguindo conter o próprio riso concordando com a cabeça por fim quase como se fosse óbvio que aquela teoria sem sentido viria do lado do homem de cabelos acinzentados que possuía uma mente mil vezes mais fértil do que a sua o que para Atsumu seria algo completamente impossível, você era uma pessoa tão criativa que chegava a ser assustador para o loiro e encontrar alguém que conseguia superar seus limites era mais assustador ainda. O loiro suspirou pesadamente enquanto escondia as mãos nos bolsos do moletom acinzentado que vestia, nunca havia visto aquela roupa com ele antes.
— Não matei ninguém.
— Se precisar de ajuda com o corpo pode me falar, okay? Não vou contar pra ninguém.
Murmurou elevando uma das mãos em uma espécie de jura, o Miya loiro bufou antes de concordar com a cabeça por fim, jogou o corpo sobre o seu lhe abraçando com força, você arfou sem ar o abraçando de volta sentindo os ossos de suas costas estralarem.
— Você me ajudaria a esconder um corpo, (Nome)? Que lindo.
— Vai que você tenta jogar a culpa em mim, melhor eu te ajudar do que ser presa.
— Por que diabos eu jogaria a culpa em você, garota?
— Porque você é covarde, Atsumu, não sobreviveria um dia na cadeia.
Disse por fim antes de jogar a cabeça para trás fitando o teto esbranquiçado da casa de praia de Koutarou, um sorriso curto cresceu em seus lábios ao ver as estrelas fluorescentes que continuavam ali presentes, havia as colado a uma semana atrás com a ajuda do homem de cabelos acinzentados que simplesmente não sabia dizer "não" para nenhum de seus pedidos; simplesmente amava o modo como o sol se punha ao longe deixando a sala levemente na penumbra enquanto as luzes esverdeadas das estrelas decorativas se faziam presente.
"Nosso pequeno universo".
Era o que havia dito quando ele lhe puxou para uma dança simples, era o que mais faziam quando estavam juntos, dançavam como se a qualquer mísero segundo não o pudessem mais, você tinha a sensação de que nunca encontraria alguém como Bokuto, ele havia sido uma das únicas pessoas com quem tivera uma conexão tão forte que fazia com que seus ossos doessem apenas em pensar na possibilidade de não o ver mais. Correu novamente o olhar em direção ao seu melhor amigo que tinha a testa franzida em uma expressão mau humorada, ele revirou os olhos antes de cruzar os braços sobre o abdômen.
— E você acha que sobreviveria um dia na cadeia, (Nome)?
— Eu tenho um instinto de sobrevivência, Atsumu.
— Por favor, uns meses atrás você me ligou desesperada escalando a pia do banheiro dizendo que viu uma barata correndo no piso, tive que ligar para o Kita te socorrer para que você não tivesse um ataque cardíaco.
Você bufou irritadiça ao escutar as palavras do homem loiro, não deixava de ser verdade mas mesmo assim não gostava de quando ele jogava o óbvio contra sua cara, entreabriu os lábios prestes a o contradizer enquanto afastava o corpo do dele quando escutou passos adentrando na casa de praia, olhou para o lado rapidamente se detendo com os fios escuros e levemente espetados que conhecia muito bem já que o dono deles sempre conseguia fazer algo para lhe deixar minimamente irritada, parecia uma espécie de talento.
— Lindinha! Não sabia que já estaria aqui, vamos levar o Atsumu hoje?
Ele indagou de maneira animada se aproximando de você em passos rápidos antes de curvar o corpo sobre o seu deixando um beijo estalado e molhado contra sua bochecha, fez questão de empurrar a boca contra a sua pele arrancando uma careta de seu rosto que riu de maneira assustada tentando o afastar, esfregou a bochecha babada no ombro quando o homem de cabelos escuros como a noite se afastou minimamente, concordou com a cabeça por fim antes de levantar o olhar até ele, encolheu os ombros.
— Ele disse que quer conhecer a casa de ópera, digo é algo novo para nós, moramos aqui a vida toda e nunca soube da existência desse lugar até conhecer o Kou.
Kuroo sorriu antes de pender o rosto para o lado correndo os olhos castanhos claros por seu rosto.
— O pai do Bo era militar, aquela casa de ópera não pode ser derrubada pela prefeitura por ser um resquício da segunda guerra mundial, mas mesmo assim eles não se importaram o suficiente para transforma-la em um patrimônio público — ele murmurou com a voz baixa, respirou fundo antes de continuar —, os pais dele se conheceram nessa casa de ópera segundo o que o Bo conta, ela fazia parte da prefeitura e ele do exército então foi comum para o Bokuto conhecer aquele lugar desde pequeno e me levar com ele vez ou outra.
Você entreabriu os lábios de maneira surpresa ao escutar as palavras do amigo de Koutarou, sorriu fraco antes de enfiar as mãos no moletom gigantesco azulado do namorado que vestia, o cheiro do perfume masculino continuava preso ao pano; suspirou pesadamente antes de abaixar o olhar para os próprios pés, realmente havia muitas coisas sobre o acinzentado que você ainda não conhecia, mas não era como se precisasse ter pressa para conhecer cada um dos lados que faziam Bokuto ser Bokuto.
— Você ficou triste quando ele se mudou?
Indagou de maneira curiosa levantando o rosto e volteando o olhar para Kuroo que prensou os lábios pensativo antes de concordar com a cabeça por fim.
— Bem, chorei bastante, todas as noites pra falar a verdade, ele era meu melhor amigo de Hateruma, fiquei feliz quando ele voltou, foi na mesma época que a Yukie e o Akaashi noivaram também, o Bo, o Kaashi e ela viraram um trio inseparável, fiquei excluído por um tempo.
Você piscou de maneira curiosa ao escutar as palavras do homem, respirou fundo, realmente haviam muitas coisas sobre o homem de cabelos acinzentados que não conhecia.
⸙͎۪۫
— O Bokuto era mulherengo?!
Atsumu indagou por entre um riso alto deitado contra a quantidade excessiva de cobertores e travesseiros macios que se encontravam no chão amadeirado do palco, estava ao lado de Kuroo que riu mais alto ainda antes de concordar com a cabeça por fim levando a garrafa esverdeada da cerveja em direção aos próprios lábios dando três goles de uma vez antes de chiar baixinho empurrando a garrafa em direção ao loiro que a pegou rapidamente. Você bufou incomodada se encolhendo mais contra o corpo de Koutarou, estava entre as pernas do homem de cabelos acinzentados que parecia concentrado demais no jogo de vôlei que passava no celular para que conseguisse prestar atenção na conversa dos dois enquanto acariciava seus braços de automático tentando lhe aquecer minimamente.
— O maior mulherengo de Hateruma, lembro que alguns anos atrás ele apanhou de uma mulher por entregar o sutiã errado para ela — ele disse, esfregou o nariz com o punho antes de rir de maneira soprada abrindo um sorriso divertido em lábios —, eu que coloquei um dos sutiãs de uma das mulheres que eu fiquei nas coisas dele, não sabia que a namorada dele da época ficaria tão irritada.
Você revirou os olhos ao escutar as palavras de Tetsurou levantando o rosto em direção a Bokuto que ainda permanecia vidrado na partida de vôlei que passava na tela do celular, deixou um beijo no topo de sua cabeça sem tirar a atenção do jogo.
— Quer que eu xingue o Kuroo, gatinha? Se quiser eu expulso ele aos chutes.
Ele disse com a voz baixa em um sussurro apenas para que você ouvisse desligando a tela do celular por fim volteando o olhar em sua direção antes de lhe abraçar mais forte, você riu baixinho antes de negar com a cabeça devagar.
— Deixe ele contar tudo de ruim que você já fez para o Atsumu, meu melhor amigo se diverte falando mal da desgraça alheia.
— Meu melhor amigo também se diverte falando mal da desgraça alheia, principalmente se for a minha — Bokuto murmurou com a voz baixa arrancando um risinho soprado de suas narinas, o sentiu curvar o corpo sobre o seu devagar deixando um beijo suave contra seus lábios, sorriu contra eles —, talvez nossos melhores amigos virem melhores amigos.
Você suspirou ao ouvir as palavras do homem, apenas em pensar naquela possibilidade seu esqueleto tremia, Atsumu e Kuroo serem melhores amigos realmente era algo que preferia manter distância, aqueles dois virariam um tornado de animação, principalmente se Koutarou estivesse no meio, e sinceramente não sabia se estava preparada para aquilo. Estava prestes a abrir os lábios para dizer algo quando seu celular tocou de maneira desesperada contra o bolso do moletom, suspirou pesadamente o pegando rapidamente atendendo sem ver o nome do contato.
— Quem é?
Indagou com a voz baixa sentindo os olhos amarelos de Koutarou sobre você enquanto ele contornava seu rosto com as pontas dos dedos arrancando um riso baixo de seus lábios, conseguiu escutar uma respiração acelerada do outro lado da linha, uma voz conhecida se fez presente.
— (Nome), você sabe onde o Hinata, está? Ele não atende minhas ligações.
Piscou confusa ao escutar as palavras de Keiko na ligação, levou a atenção até Bokuto que lhe fitava como se esperasse você dizer o que estava acontecendo.
— Kou, você sabe do Hinata? — perguntou em um sussurro, ele franziu o cenho antes de negar com a cabeça devagar, você suspirou pesadamente — Não sei onde ele está, Sra. Hinata, aconteceu alguma coisa?
Indagou por fim, a escutou respirar fundo quase como se sentisse dor, ficou em silêncio por alguns segundos antes de falar por fim.
— Estou em trabalho de parto.
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