1.7
Estavam sentados na sala de espera do hospital, você simplesmente não sabia o que dizer, Bokuto não levantava o olhar em sua direção nem que fosse por uma fração de segundos, olhava fixamente para o chão com os braços apoiados nos joelhos, segurava as mãos com força enquanto a perna direita tremia sem parar, ele parecia a um passo de entrar em uma crise enorme de ansiedade bem ali, sabia daquilo porquê bem, era o jeito que você ficava quando ficava estressada ou ansiosa demais. Levou uma das mãos até as costas do mais velho as acariciando de leve antes de curvar o corpo sobre o dele deixando um beijo fraco contra o ombro do homem.
— Hey, vai ficar tudo bem — sussurrou com a voz baixa, ele fungou baixinho levando o olhar de modo vacilante até você, os olhos amarelos pareciam levemente aguados, você tentou sorrir —, não foi culpa sua, está bem? Você não tinha como saber de nada.
Murmurou por fim deixando mais alguns beijos contra o ombro do homem voltando a acariciar suas costas, ele curvou o corpo sobre o seu escondendo o rosto na curvatura de seu pescoço, você suspirou pesadamente passando os braços ao redor dos ombros de Bokuto o abraçando com força, deixou um selar forte contra o topo da cabeleira acinzentada do homem, a respiração quente do mais velho se chocava contra sua pele lhe causando cócegas mas mesmo assim não se mexeu.
— Sou uma pessoa horrível.
Ele disse com a voz quebradiça, você arregalou os olhos antes de negar com a cabeça diversas vezes apertando mais os braços contra os ombros do mais velho o abraçando com força, respirou fundo.
— Você não é uma pessoa horrível, amor, juro de dedinho, vai ficar mais calmo se eu jurar de dedinho?
O imitou no dia em que ele teve que ir trabalhar e você quase entrou em crise de pânico; Bokuto riu de maneira fraca antes de concordar com a cabeça devagar estendendo o mindinho em direção a você que juntou seus dedos os segurando com cuidado, ficaram daquele modo por alguns minutos antes que ele levantasse o rosto em sua direção, um sorriso vacilante surgiu nos lábios do homem, aproximou o rosto do seu beijando sua testa de modo delicada enquanto afastava seus mindinhos devagar.
— Obrigado, gatinha — ele sussurrou contra sua testa afastando o rosto do seu, correu os olhos amarelos em direção aos seus antes de respirar fundo, ainda parecia levemente abalado por conta de tudo que havia acontecido —, você acha que ela vai ficar bem?
Concordou com a cabeça devagar antes de levar uma das mãos até o rosto do mais velho afastando alguns fios acinzentados que insistiam em cair sobre a sua testa os colocando para o lado, desceu a mão até a bochecha clara do homem a acariciando com o polegar.
— Ela vai ficar bem, Kou, estou mais preocupada com você para falar a verdade, não quero que fique achando que isso foi culpa sua.
Ele assentiu voltando a esconder o rosto na curvatura de seu pescoço, ficaram em silêncio enquanto você apenas acariciava os fios acinzentados sem saber muito bem o que dizer para que ele se sentisse melhor, mas bem, talvez Bokuto apenas precisasse de um tempo para si mesmo, um tempo para colocar os pensamentos no lugar, esperaria pacientemente até que ele melhorasse. Não demorou muito para que um médico andasse na direção de vocês, tinha o cabelo levemente grisalho, Koutarou afastou o rosto da curvatura de seu pescoço quase que de automático ao escutar a voz do homem que enfiou as mãos nos bolsos do jaleco.
— Vocês que estão esperando pela Hinata Aiko, certo? Podem ir embora, o hospital ligou para o marido dela e ele já está a caminho.
O médico murmurou, Bokuto se levantou de uma vez, remexia os dedos de modo ansioso, você respirou fundo se levantando junto dele ficando ao seu lado.
— Ela está bem?
O homem de cabelos acinzentados indagou de modo cauteloso e o médico sorriu de modo gentil antes de concordar com a cabeça, você suspirou aliviada correndo os olhos até Bokuto que parecia mil vezes melhor do que antes naquele momento, a testa do homem não estava mais franzida em preocupação.
— Ela desmaiou de exaustão, quando acordar vou dar uma bronca nela, já parou outras vezes no hospital por causa disso, ela está com oito meses e mesmo assim não para de trabalhar — ele murmurou de modo cansado antes de respirar fundo —, ela diz que o rendimento está muito baixo para contratar alguém e que não pode deixar o café vazio.
Você encolheu os ombros de modo pensativo enquanto corria o olhar até Bokuto que agora parecia mais preocupado do que antes, você suspirou sentindo algo gritar em seu interior para que fizesse alguma coisa, andou rapidamente em direção ao balcão da administração pedindo um pedacinho de papel e uma caneta, agradeceu baixinho enquanto anotava o próprio número de celular andando até o médico entregando a ele que lhe encarou de maneira confusa.
— Meu número está aí, entregue para ela e fale pra ela me mandar mensagens quando quiser ajuda — disse com a voz baixa de maneira envergonhada, sorriu fraco —, eu não estou trabalhando e dinheiro não é um problema pra mim, ela pode me chamar quando quiser.
— É muito gentil da sua parte, vou passar o recado por você, obrigado.
O médico murmurou uma última vez antes de se curvar deixando o local em passos rápido, Bokuto riu baixinho antes de lhe abraçar com força deixando alguns beijos fracos por toda a extensão de seu rosto fazendo com que você fechasse os olhos com força tentando se desvencilhar de seu toque.
— Céus, minha namorada é uma pessoa incrível — ele sussurrou deixando mais alguns beijos contra seu rosto fazendo com que você risse baixinho enquanto ele se afastava correndo os olhos amarelos por seu rosto quase como se quisesse guardar cada um de seus traços, o celular do homem tocou de maneira alta, ele respirou fundo desviando o olhar —, vou atender rapidinho, está bem?
Você sorriu antes de concordar com a cabeça devagar deixando um último selar fraco contra os lábios do homem se afastando por fim.
— Está bem — sussurrou o vendo sorrir de maneira carinhosa antes de deixar o corredor em passos preguiçosos atendendo o telefonema por fim, Bokuto franziu o cenho em preocupação vez ou outra correndo os olhos até você, murmurou uma última coisa para a pessoa do outro lado da linha antes de encerrar a ligação por fim, andou em sua direção, você piscou de maneira confusa —, aconteceu alguma coisa?
— Eu preciso ir para o quartel, querem falar comigo, consegue voltar sozinha para casa?
— Vou pedir um táxi, sem problema.
— Está bem, me ligue quando chegar.
Ele murmurou, você concordou com a cabeça o vendo curvar o corpo sobre o seu mais uma vez deixando um beijo fraco contra seus lábios, não demorou muito para que deixasse o hospital em passos apressados, você respirou fundo antes de enfiar as mãos nos bolsos do moletom azul do mais velho andando até o lado de fora do hospital para que pudesse ir para casa.
⸙͎۪۫
"Precisamos conversar".
Essas duas palavras nunca eram uma coisa boa, mesmo que viesse de Kuroo Tetsurou o amigo de infância do homem de cabelos acinzentados. Bokuto estava mais ansioso do que julgava ser saudável para si, estava com medo do que diriam para ele, apertou o passo enquanto adentrava por fim no quartel andando em direção as salas dos comandantes da qual fazia parte, Akaashi estava do lado de fora recostado contra a parede, os olhos azuis do homem correram em direção a Bokuto que apenas encolheu os ombros sem saber muito bem o que dizer.
— Eles estão te esperando, boa sorte.
Balbuciou com a voz baixa desviando o olhar por fim, quase como se soubesse o que aconteceria ali, Koutarou respirou fundo antes de concordar com a cabeça andando em direção a enorme porta de ferro a empurrando para o lado a abrindo em um som desastrosamente alto, o olhar de todos as pessoas ali presentes correram em direção ao homem, Kiyoko permanecia mais ao canto afastada em uma mesa isolada anotando cada uma das coisas que era dita por todos os presentes como era a secretária do quartel.
— Queriam falar comigo?
Indagou com a voz vacilante, Kita concordou com a cabeça sentado na cadeira central da enorme mesa retangular cumprida apontando com a mão para um lugar vazio, Bokuto concordou com a cabeça devagar andando até lá e se sentando ao lado de Kuroo que tinha uma expressão aflita em seu rosto.
— Certo, vou direto ao ponto aqui, Bo — Shinsuke murmurou enquanto abaixava o olhar para a própria papelada, respirou fundo volteando o olhar claro até o homem —, seu rendimento anda muito baixo nos últimos tempos, Akaashi disse que você parou de ir nas seções de terapia e que largou os remédios de lado, pelo jeito as suas crises aumentaram e por isso quase mandou o garoto novo para rua, Tsukishima não tem muita paciência com o pessoal novo, sabe disso.
Koutarou respirou fundo remexendo os dedos de maneira aniosa, encolheu os ombros sem saber muito bem o que dizer, correu os olhos amarelos até Tsukishima que não tinha uma feição nada boa em rosto enquanto tinha os braços cruzados acima do abdômen.
— Eu não estava pensando com clareza no momento, sinto muito, não vai mais se repetir.
Murmurou com a voz baixa desviando o olhar até seu chefe que apenas respirou fundo antes de passar a mão sobre o rosto, Kita parecia a um passo de enlouquecer com toda a pressão que haviam colocado sobre ele.
— Esse é o ponto, Bo, você não pode se dar ao luxo de não pensar com clareza, você é o primeiro tenente do corpo de bombeiros de Hateruma, você não pode deixar as suas obrigações de lado por causa dessas crises, não vai conseguir proteger as pessoas desse jeito — ele disse por fim, o homem de cabelos acinzentados arregalou os olhos amarelos pouco a pouco sentindo seu estômago se revirar por completo, não sabia até onde aquela conversa iria —, isso é por causa da Yukie? Você disse que estava melhor, você não parou de trabalhar depois de tudo o que aconteceu, não quis dar uma folga de luto sequer.
Shinsuke disse por fim, parecia não conseguir terminar aquilo, correu o olhar até Tsukishima que apenas respirou fundo juntando as mãos sobre a mesa, olhou fixamente para Bokuto.
— Conversamos e concordamos que é melhor você dar um tempo do trabalho, considere uma folga — murmurou de modo firme, Koutarou franziu o cenho irritado prestes a dizer alguma coisa quando o loiro cerrou os olhos —, isso não é um pedido, Bokuto, é uma ordem, você vai ficar afastado do corpo de bombeiros até segunda ordem, precisa colocar os pensamentos no lugar.
— Exatamente, não leve para o pessoal, estamos fazendo isso pelo seu bem — Kita disse enquanto se levantava, bateu os papéis que segurava sobre a mesa —, reunião encerrada, os demais voltem aos seus postos.
Disse por fim, Koutarou permanecia sentado completamente atônito, simplesmente não sabia o que dizer, o que sentir, estava em choque, nunca havia sido afastado do trabalho, ser bombeiro era uma das únicas coisas que fazia com que continuasse ali, era um obcecado por trabalho, não sabia o que fazer quando estava longe do corpo de bombeiros, se (Nome) não houvesse chegado na vida dele naquela altura ele certamente não saberia o que fazer naquele momento.
Se levantou da cadeira de modo vacilante quando todos já deixaram o local, se sentia sem chão, arrastou os pés sobre o assoalho até o lado de fora se detendo com Akaashi que continuava ali, tinha uma feição preocupada em seu rosto, Bokuto franziu o cenho irritado.
— Por que contou para eles que parei de ir no terapeuta?!
Disse sem muita paciência se aproximando do amigo em passos pouco delicados, o humor do acinzentado certamente estava mil vezes pior do que antes naquele momento; Akaashi cerrou os olhos com cara de poucos amigos.
— Porquê eu me preocupo com você, Bokuto, você estava se afundando cada vez mais, não queria que essa situação continuasse, eu também não me recuperei do que aconteceu mas eu estou tentando melhorar, parece que você nega ajuda!
O homem de cabelos escuros disse elevando a voz de maneira irritada, Bokuto bufou antes de negar com a cabeça diversas vezes, aquilo não estava certo, ele não queria se relembrar daquilo, não quando a pessoa mais importante para ele foi egoísta o suficiente de lhe deixar ali sozinho.
— Isso não é da sua conta, Akaashi, não é da sua conta.
— Claro que é da minha conta, Bokuto! — Akaashi gritou agarrando os ombros do acinzentado com força o empurrando contra a parede, estava respirando fundo de raiva, os olhos azuis levemente marejados pelo choro que insistia em querer rasgar a garganta — A Yukie era minha noiva, ela poderia ser sua melhor amiga mas mesmo assim era minha noiva, a porra da minha noiva! Acha que isso não é da minha conta?!
Bradou de modo raivoso, Koutarou arregalou os olhos pouco a pouco de modo surpreso, concordou com a cabeça devagar, abraçou o amigo com força, havia se esquecido que provavelmente o homem sentisse tanta dor quanto ele mesmo sentia — se não mais —, Bokuto havia perdido sua alma gêmea de amizade, a pessoa que mais havia se identificado consigo, a pessoa que levava suas dores como se fossem dela, Akaashi havia perdido sua alma gêmea romântica, o amor da sua vida, nunca mais havia se relacionado com alguém depois do que aconteceu.
— Me desculpe... vou dar um tempo de tudo, está bem, vou tentar me cuidar — o homem de cabelos acinzentados murmurou com a voz baixa enquanto afastava o seu corpo do de Akaashi, eles se olharam, o moreno concordou com a cabeça por fim, antes de respirar fundo, apontou com a cabeça para a escada como se pedisse para que ele fosse embora logo —, me ligue se precisar conversar, vamos sair qualquer dia desses para você conhecer a (Nome).
— Pode deixar, mande lembranças por mim.
Ele disse por fim, Bokuto sorriu fraco antes de concordar com a cabeça devagar enquanto se aproximava da escadaria de metal, desceu os degraus rapidamente deixando o quartel do corpo de bombeiros, o coração do homem estava batendo rápido demais para que pudesse se manter calmo, precisava dela, enfiou a mão no bolso retirando o celular de lá o desbloqueando rapidamente procurando o contato no meio das conversas, riu baixinho ao ver o nome do contato "Minha namorada gatinha", ligou para ele colocando o aparelho próximo a orelha escutando o som da voz da garota do outro lado da linha.
— Hey.
— Hey hey — ele disse de modo divertido, respirou fundo levantando o olhar para o céu límpido —, gatinha, vai fazer alguma coisa essa semana?
— Acho que não, por que?
— Vamos para a praia, fica a uns dez minutos de carro daqui.
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