0.9

   — Aqui faz frio de noite.

   Você murmurou com a voz trêmula enquanto se aconchegava mais contra os braços do homem, ele estava sentado contra os diversos travesseiros e cobertores com as pernas abertas, você estava deitada por entre elas com o rosto recostado contra o peitoral de Bokuto que puxava mais um cobertor para cobrir seus corpos, estava realmente frio, talvez pelo fato da casa de ópera se encontrar no meio do bosque e não ter nenhum tipo de eletricidade; o homem de cabelos acinzentados passou as mãos sobre suas costas quase como se quisesse lhe esquentar minimamente, deixou um beijo fraco contra o topo de seus cabelos, o pequeno televisor manual de pilha iluminava o local, um filme antigo de romance passava sobre o mesmo, as vozes ecoando pelo teatro vazio.

   — Quer mais uma coberta, gatinha? — ele indagou com a voz baixa, você apenas negou com a cabeça devagar antes de se aninhar mais contra o peitoral do homem, seus olhos caíram sobre o televisor pequeno fitando o filme que passava no mesmo, riu fraco quando o casal caiu de modo desastroso contra uma poça de lama — Como era a peça que você interpretou? Aquela que você disse que escolheu o nome da gata.

   Ele murmurou de maneira curiosa, você desviou o olhar do televisor levando a atenção até o homem, conseguia enxergar apenas o traço de seu rosto graças aos candelabros em volta de vocês que iluminavam o local suavemente a luz das velas, suspirou pesadamente pensativa, pressionou os lábios.

   — O nome da Alteza Leopoldina você diz?

   — Uhum, esse mesmo.

   Bokuto disse com a voz baixa enquanto esfregava a pontinha do nariz contra o seu couro cabeludo, você riu baixinho tentando se desvencilhar de seu toque sem sucesso, caíram sobre os cobertores e travesseiros de modo desastroso, você engoliu em seco se arrumando sobre o corpo do homem pousando as duas mãos contra o peitoral dele, encolheu os ombros.

   — O nome do musical era "Visões de Gideão" eu interpretei uma princesa chamada Leopoldina, ela era apaixonada por seu professor de piano Harriet. 

   — E quem é o tal Gideão? 

   Ele indagou perdido, você riu de maneira fraca antes de negar com a cabeça devagar, enlaçou suas pernas contra as do homem, brigaram por alguns segundos por dominância, você perdeu em fração de segundos tendo sua perna direta presa por entre as de Bokuto.

   — Gideão era uma metáfora, ele era um moço do bíblia, não sei se já ouviu falar, mas ele possuía várias visões de deus, aprendeu várias coisas com ele e depois que conseguiu cumprir o seu objetivo deus simplesmente não apareceu mais — sussurrou, levou as pontas dos dedos até o rosto do homem desenhando seus traços com cuidado, desde o formato do nariz até seus lábios —, Leopoldina era retratada como Gideão, depois que cumpriu o seu objetivo e aprendeu Beethoven, seu professor simplesmente sumiu, sobrando para ela apenas as "Visões", ela o procurou por anos e mandou diversas cartas mas ele não as respondia.

   — O que aconteceu no final?

   Ele indagou com a voz cautelosa, você respirou fundo antes aproximar o rosto devagar do de Bokuto, tocou seus narizes com cuidado, conseguia sentir a respiração quente do mais velho contra seus lábios, suspirou pesadamente.

   — Seu professor de piano respondeu uma única carta, ela dizia que do mesmo modo que deus deixou Gideão depois de cumprir seu objetivo ele fazia o mesmo, a última fala do musical foi muito marcante para mim, ele dizia que amava Leopoldina mas a história deles deveria se encerrar ali e que ele guardaria as visões de Gideão como uma eterna lembrança.

   Murmurou por fim, Bokuto fungou baixinho quase como se estivesse prestes a chorar a qualquer segundo, passou um dos braços por sua cintura lhe segurando mais perto.

   — Céus, que história trágica... você beijou o professor de piano?

   Ele indagou cerrando os olhos desconfiado arrancando um riso alto de seus lábios, negou com a cabeça devagar.

   — Eu não beijei, a Leopoldina que beijou, foi um beijo técnico. 

   — Estou com ciúmes, me dê um beijo técnico também.

   — Não prefere um beijo de verdade?

   Sussurrou roçando os lábios contra os do homem que apenas riu de maneira fraca antes de concordar com a cabeça devagar, deslizou as pontas dos dedos contra a curvatura de sua cintura adentrando a mão grande por entre o tecido do suéter que vestia, respirou fundo sentindo Koutarou acariciar sua pele com o polegar, apertou mais forte sua cintura girando seus corpos com cuidado fazendo com que caísse de costas contra os travesseiros e cobertores, subiu sobre você fitando seu rosto iluminado graças aos diversos candelabros presentes no chão.

   — Gatinha, eu amo ouvir essas suas histórias, conte mais sobre elas depois.

   — Sim senhor. 

   Disse com a voz baixa, Bokuto aproximou o rosto do seu, seus narizes se tocaram com cuidado, não demorou muito para que juntassem seus lábios em um beijo calmo, passou os braços ao redor do pescoço do homem o puxando para mais perto aprofundando o beijo pouco a pouco, arfou baixinho contra os lábios do mais velho o sentindo empurrar a boca contra a sua enquanto apertava a curvatura de sua cintura por entre os dedos; rompeu o beijo em um estalo baixo deslizando os lábios em direção ao seu pescoço beijando a pele de maneira pouco delicada vez ou outra a mordiscando antes de chupar a derme com força fazendo com que você ofegasse afundando as unhas contra a nuca do homem o arranhando de leve o escutando resmungar baixinho contra sua pele.

   Fechou os olhos devagar enquanto ele abaixava mais o rosto por seu pescoço deslizando os lábios por sua pele, roçou a pontinha do nariz contra a sua clavícula exposta pelo suéter longo a mordiscando de leve antes de chupar a pele sem cuidado, você arfou baixinho levando uma das mãos até os fios acinzentados do homem os puxando devagar por entre os próprios dedos o sentindo sorrir contra você enquanto levantava o rosto lhe encarando ali esparramada contra os cobertores e completamente ofegante a luz das velas.

   — Você fica muito linda assim.

   — Assim como?

   Indagou com a voz fraca vendo o homem aproximar o rosto do seu devagar, roçou seus lábios sem lhe beijar de fato.

   — Assim... tão minha.

   Sussurrou contra seus lábios antes de lhe beijar mais uma vez dessa vez de maneira mais faminta do que antes, você sentiu um arrepio percorrer seu corpo inteiro apertando mais ainda os braços contra o pescoço do homem o puxando para mais perto quase como se quisesse fundir seus corpos, Bokuto mordiscava e chupava seus lábios sem muita paciência enquanto adentrava mais ainda com a mão grande por entre sua camisa em direção ao seu seio coberto pelo tecido fino do sutiã o apertando com cuidado arrancando um gemido baixo de seus lábios ao o sentir passar as pontas dos dedos contra o seu mamilo.

   Rompeu o beijo sem ar completamente ofegante virando o rosto para o lado sentindo o homem continuar a beijar sua bochecha, maxilar e pescoço de modo faminto, sentia suas pernas completamente trêmulas quando ele empurrou as pontas dos dedos contra o seu mamilo eriçado fazendo com que soltasse um arfar fraco de seus lábios; Bokuto estava prestes a arrancar o suéter que cobria seu corpo quando escutaram um ruído alto no chão do palco, afastaram os corpos rapidamente, você se sentou sobre os cobertores assustada se detendo com um homem alto mais a frente que lhes encarava de maneira estática, tinha uma sacola com algumas garrafas de bebida, seus cabelos eram espetados e escuros como a noite.

   — Cara, eu não sabia que você ia trazer uma garota pra cá hoje, foi mal — murmurou passando a mão por trás da nuca, sorriu fraco —, sua namorada?

   Bokuto bufou irritado antes de passar a destra contra o rosto, parecia visivelmente irritado, lançou um olhar raivoso até o homem.

   — O que você quer, Tetsurou?

   — Eita, calma, não precisa ficar irritadinho, achei que estaria sozinho e trouxe bebidas — murmurou andando até vocês se sentando ao seu lado, você engoliu em seco correndo os olhos até o homem de cabelos escuros, aproximou mais o corpo de Bokuto de maneira nervosa, não era boa socializando —, qual o seu nome, lindinha?

   Ele indagou sorrindo curto, você entreabriu os lábios sem saber muito bem o que dizer, remexeu os dedos de maneira nervosa.

   — (Nome)?

   Murmurou com a voz baixa confusa consigo mesma, Tetsurou piscou confuso.

   — Você está perguntando pra mim se esse é o seu nome?

   — Não... é (Nome), isso... é (Nome). 

   — Que bonitinha — ele murmurou rindo, lançou um olhar para Bokuto que fitava o amigo de modo praticamente mortal, o homem de cabelos escuros levantou as mãos em sinal de rendição —, não estou dando em cima dela, não se preocupe.

   O homem de cabelos acinzentados bufou irritado passando um dos braços ao redor de seu ombro lhe puxando para mais perto, você piscou surpresa levantando o rosto até ele.

   — Por favor, Tetsurou, eu te conheço desde os cinco anos, sei quando está dando em cima de alguém — ele disse irritadiço, levou o olhar em sua direção antes de deixar um beijo suave contra o topo de sua cabeça —, esse é Kuroo Tetsurou, gatinha, o meu amigo de infância que eu te falei, pode ignorar ele se quiser.

   — Pare de ser malvado, Koutarou — Kuroo respondeu rindo, volteou o olhar em sua direção —, prazer em te conhecer, lindinha, vamos tomar um café qualquer hora dessas.

   — É (Nome) — murmurou de maneira envergonhada, encolheu os ombros desviando o olhar —, não precisa me dar apelidos.

   — E o café? 

   — Prefiro chocolate quente.

   — Então vamos tomar...

   — Kuroo Tetsurou, saia daqui! — Bokuto exclamou irritado juntando as sobrancelhas, você não conseguiu conter o próprio riso ao ver o homem de cabelos escuros arregalar os olhos assustado — Pelo amor de deus estou no meio de um encontro, vai embora.

   — Bokuto, eu sou seu superior, não fale assim comigo!

   — Não estamos trabalhando agora, vamos saia, xô.

   Disse fazendo um gesto com a mão para que ele saísse, Kuroo revirou os olhos antes de concordar com a cabeça devagar se levantando contra a vontade, se despediu de você deixando um beijo estalado contra a sua bochecha que você apenas fez uma careta enquanto Bokuto ameaçava avançar no amigo de maneira raivosa, não demorou muito para que ele deixasse o teatro para trás.

   Você riu baixinho jogando o seu corpo contra o do homem fazendo com que vocês dois caíssem de maneira desastrosa contra os cobertores, correu os olhos pelo rosto do homem o fitando de maneira divertida, arqueou uma das sobrancelhas.

   — Estamos em um encontro? Não estou vendo comida?

   Sussurrou, Bokuto revirou os olhos antes de sorrir curto.

   — A comida sou eu, quer me morder?

   — Que lindo você oferendo o seu corpo como sacrifício para um tribo canibal.

   — Não, somente pra princesa da tribo, quero que os outros morram de fome.

   Ele disse de modo dramático enquanto rodeava os braços contra sua cintura lhe abraçando com força, você riu alto antes de negar com a cabeça devagar fingindo estar magoada.

   — Mas eles são minha família, Kou.

   — Mas eu gosto de você, não deles.

   Murmurou, você arregalou os olhos suavemente sentindo suas bochechas queimarem de leve, engoliu em seco esparramando as duas mãos contra o peitoral do mais velho.

   — Gosta de mim?

   Indagou com a voz baixa, ele sorriu fraco antes de encolher os ombros, desviou o olhar até seus lábios.

   — Só um pouquinho, não se sinta convencida.

   Sussurrou fazendo com que você sentisse seu coração bater quase que desesperado contra o próprio peito, aproximou os lábios dos do homem o beijando de maneira delicada, ele sorriu contra a sua boca fazendo com que sentisse seu corpo se arrepiar por completo, afastaram os lábios em um estalo baixo, levantou o olhar até os olhos amarelos do homem iluminados pelo fogo dos candelabros.

   — Eu também gosto de você, Kou, só um pouquinho.

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