LVII

•Narrador•

A poltrona estava sendo a cama temporária de Carl durante os três dias que passaram. Ele estava tomando banho no banheiro do quarto e se alimentando na enfermaria junto com a médica. Negan havia ido embora na noite anterior, alegando ter que ir cuidar do Santuário, mas dizendo que logo voltaria para ter o que ele queria.

Rick e Michonne estavam em uma busca, então ainda não haviam visto Carl e enfrentado a fúria que o homem tinha dentro de si em relação as mentiras dos dois. Eles haviam sido avisados de como ele havia chegado na comunidade e com quem estava, o que deixou Rick com raiva e com medo da conversa que teria com o filho.

- Precisa de mais alguma coisa? - a médica questiona.

- Não, estou bem. Pode descansar.

A médica deixou o quarto fechando a porta e deixando o homem sozinho com a namorada. As mãos de Carl seguraram a de April e ele suspirou pesado, analisando os machucados, roxos e as cicatrizes que ela tinha. A mordida estava menor, não tanto quanto ele queria, mas já era um progresso.

- Queria que não precisasse usar isso! - ele exclama encarando a algema. - Mas não sabemos o que pode acontecer. Eu tenho medo de te perder, medo de não conseguir te salvar como você me salvou das outras vezes. Eu te amo April Lockheart, e eu preciso de você no meu mundo.

Ele suspirou desanimado quando não teve sua vontade atendida. Carl queria que ela apertasse sua mão, que ela lhe desse um sinal de que tudo ficaria bem e de que ela acordaria, mas não houve nada.

_

Rick entrou pela sala da ala médica e pediu a médica informações sobre o Carl, as recebendo e dizendo onde ele estava. Os passos do homem seguiram até o quarto e quando ele abriu a porta, encontrou o filho com a cabeça deitada na cama e com a mão segurando a de April. Ele engoliu seco e entrou.

A visão do corpo machucado e mais magro que o normal de April lhe causou um enorme embrulho no estômago. Era culpa dele.

- Carl? - ele o chama, tocando em seu ombro para o acordar.

Carl se levantou da cama e encarou o pai, com o olhar desprezível, tirando a mão do homem de seu ombro.

- Filho,  eu senti sua falta, você...

- Não fale comigo. - ele pede se afastando da cama e do pai. - Você mentiu pra mim! Disse que ela -  aponta para a cama - que a garota que eu tanto amo havia morrido tentando me salvar, quando na verdade, você tinha entregado ela para um cara, um que a machucou, a usou, a deixou com fome e frio. Você é um monstro!

- Me escuta, por favor!

- Não tenho o que escutar. Chega de controlar minha vida! - ele grita - Chega de mandar em mim como se eu ainda tivesse 12 anos. Eu sei o rumo que eu quero que a minha vida tome. Eu quero poder ser livre para amar essa mulher, quero poder ser livre pra poder ser feliz! Não tenho mais 12 anos pai, sou um homem agora, um homem feito. Mentir para mim desse jeito só me fez perceber que...

- Eu queria te proteger Carl, eu e Michonne tivemos medo de você se arriscar no mundo e acabar morrendo.

Rick estava com os olhos cheios, estava com uma de duas mãos esticadas enquanto falava com o filho e sentia a repulsa que o mesmo sentia sobre ele. Era doloroso sentir aquilo e saber que ele havia feito o errado pensando estar certo.

- Não preciso da sua proteção, não dessa, não desse jeito. Você só destruiu as coisas que eu tentava construir. Tenho 20 anos pai, tenho vivido nesse mundo por anos e tudo que me ensinou está guardado, mas mentir pra mim? Dizer que a mulher que eu amo estava morta, que os Salvadores haviam a matado? Eu os ataquei, matei homens que poderiam ter uma remissão mesmo depois de tudo que eles fizeram.

- Me perdoa!

- Quando April acordar, nós vamos morar em Hilltop. - ele diz pela última vez, se sentando de costas para o pai.

Deu B.O
Gostaram? Carl jogando umas verdades na cara do pai...vai ter muito isso ainda. Estamos querendo acabar a história antes do meio do ano, então, talvez tenha mais publicações. Mas capítulos quase todos os dias, tem que ter muito votos e comentários.
Comentem e votem.

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