𝙋𝙧𝙚𝙛𝙖𝙘𝙞𝙤

Meu único sol.

" Compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras,mas isso é injuriar estas últimas.
-Dostoiévski."

Aimee Asimov.

8 anos antes.

- Mamãe,oque está acontecendo? Onde está o papai? - O olhar de minha mãe contia medo,um olhar que eu nunca havia visto antes.

Era noite,e estava frío.
Nossa casa de madeira não conseguia manter o gelo do lado fora por conta do seu estado velho e decadente. Havia pessoas do lado de fora,e elas gritavam tão alto que fazia eu me encolher nos braços de minha mãe.

A porta foi aberta com força,fazendo a mulher que antes me abraçava agora me colocar para trás dela.

Um grupo de homens adentrou o lugar que estavamos fazendo minha mãe gritar um grande "fuja!",foi naquele momento que eu sai correndo antes que um dos homens conseguisse me pegar.

Enquanto eu corria pela neve podia ouvir os gritos estridentes de minha mãe,gritos que eu nunca foram esquecidos por mim...

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Ravka Oeste,Kribisk.

Dias atuais.

Hoje era meu primeiro dia no acampamento do exército,eu havia sido transferida para cá após um comandande ver que eu era uma boa rastreadora,e de acordo com ele seria bom eu estar aqui.

Enquanto caminhava para a minha tenda pude ver alguns Grishas treinando,eles eram tão fascinantes,nem parecia que ao mesmo tempo eram tão orgulhosos e cheios de sí.

- Aimee Asimov! - Uma voz tão conhecida por mim fez eu tirar minha atenção da Grisha que acabará de atirar uma rajada de vento em seu alvo.

- Dmitri! - Falei sorrindo indo em direção ao mesmo. - Nunca mais achei que veria você,já faz tanto tempo...

- É quem diria,eu reconheceria esse seu cabelo loiro em qualquer lugar.

Dmitri Mendeleiv,o único amigo que já tive,nos encontramos pela primeira vez ao sul de Halmhend,sua familia me acolheu,mas assim que completei dezesseis anos resolvi seguir meu próprio caminho. Oque eu não esperava era que Dmitri resolveu fazer o mesmo,e a gente vem se reencontrando de tempos em tempos.

- Mas me diga,como veio parar no primeiro exército? - Perguntei enquanto começavamos a caminhar.

- Sou um rastreador agora,e por conta disso fui designado para cá.

- Então fico feliz em te dizer que iremos ficar na mesma tenda! Sou uma das rastreadoras também. - Falei animada vendo o garoto a minha frente sorrir.

Enquanto caminhavamos começamos a conversar sobre tudo que haviamos passado até chegarmos aqui,mas o som vindo da tenda do Tenente nos fez parar a conversa.

- Oque será que querem dessa vez? - Dmitri falou bufando enquanto seguiamos o som como todos a nossa volta.

Assim que adentramos o local vimos o homem grisalho sobre a mesa já começando a explicar sobre para onde iriamos ir,ele também começou a dizer que os Grishas iriam fazer uma travessia pela dobra,onde eles tentarram ir até Novo-Kribirsk,e se tudo der certo eles vão trazer suprimentos e alimentos com eles.

- E claro,eles precisam da nossa ajuda para trazer os suprimentos,então alguns daqui serão designados.

Após a fala do Tenente,o som de sussuros se espalhou pelo lugar,a verdade era que todos tinham medo de atravessar a dobra das sombras,mas ninguém tinha coragem o bastante para adimitir.

- Rastreadora Aimee Asimov...

Nesse momento a única coisa que eu fiz foi olhar para Dmitri que estava com o rosto repleto de indignação.

- Não,deve ter sido um engano. - Falou pegando na minha mão.

- Não pareceu ser um engano.

- Eu vou resolver isso! - E antes que eu pudesse impedi-lo ele deu as costas para mim e saiu andando entre os soldados.

Respirei fundo e sai de dentro da tenda que já estava começando a me sufocar,andei até o mais perto do grande paredão escuro que pude,e suspirei.

Era tão sombrio que imaginei até ouvir algo voando lá dentro,talvez fosse o meu destino desde sempre,viver para entrar nas sombras e ser morta por elas,no fim não seria uma morte tão insignificante quanto eu achei que seria...

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Resolvi não ir para o jantar,não estava com animo para enfrentar aquela fila por um simples pedaço de pão,não que eu estivesse reclamando,apenas não tinha vontade para isso,então apenas deitei em minha cama e me deixei descançar.

A noite passou em um piscar de olhos,logo já estava amanhecendo e todos já estavam começando a se preparar para a embarcação.

- Dmitri,não te vi a noite inteira,onde estava? - Perguntei ao ver o garoto andando com uma espingarda na mão.

- Digamos que eu convenci o Tenente que apenas uma rastreadora,sem ofensas,não é o bastante. Agora vem! Vamos zarpar em vinte minutos!

- O que? Não,você não pode ir,é muito arriscado! - Disse ficando em frente ao mesmo.

- O certo não era eu estar lhe dizendo isso? Além do mais ordens são ordens. - Ele falou com um sorrisinho nos lábios e logo voltou a andar em direção ao esquife.

Corri para dentro da barraca novamente apenas pegando minha mochila e logo andei rapidamente até o pequeno barco.

Já estavam todos lá,desde os Grishas até os cartógrafos,uma onda de euforia passou por minha espinha ao ver eles levantando as cordas e assim fechando a entrada do navio.

- Certo,e agora? - Perguntei ao garoto ao meu lado que deu de ombros.

- É assim que vai ser,vamos entrar na dobra vai ficar escuro,mas gostamos disso pois assim não chamamos tanta atenção,a única luz que usamos é aquela luz azul ali no mastro,é fraca mais segura. - Disse uma infernal morena que parecia ter total confiança no que estava dizendo.

E sem mais delongas começamos a navegar no Não Mar,e assim que estavamos prestes a adentrar a dobra fechei meus olhos sentindo um vento forte bater em meu rosto, assim que os abri novamente já estavamos na escuridão.

Era um lugar totalmente desolado,e o silêncio era assustador.

Mas logo esse silêncio foi quebrado por algo passando voando perto do esquife,oque fez todos começaram a entrar em um pequeno pânico,e assim que a luz azul apagou e um dos cartógrafos acender um lampião foi a bastante para uma daquelas coisas que estavam nos sobrevoando o atacar.

Logo o chão já estava em chamas por conta do lampião que havia sido derrubado e já estavamos todos sendo atacados por Volcras.

Meu olhar logo se encontrou com o de Dmitri que era um dos últimos que tentava atirar nas criaturas,mas em questão de segundos senti garras me pegarem pelo ombro e vi o garoto correr até mim tentando me segurar,mas uma sensação de quentura e uma bola de luz saida de mim foi a última coisa que ví antes que apagar.

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