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— Precisamos ir — Você disse, olhando fixamente nas íris azuis de Satoru, não desviando nem um segundo para a mulher na frente dele.
— Agora? — O platinado olhou para o relógio que tinha no pulso — Ainda temos algumas horas antes do trem chegar.
Você conferiu o horário no seu próprio celular. Mesmo que ainda tivessem algum tempo, preferia tomar todas as providências para que nada desse errado nessa missão, afinal, sua aposentadoria dos dias como Espectro dependiam dela.
— Eu posso buscar a criança enquanto você fica... — Seu olhar desviou minimamente até a mulher ao lado dele, mas rapidamente se voltou para as íris azuis — Se despedindo da sua vida de solteiro — Dessa vez, não tentou esconder o sarcasmo em sua voz — Eu ligo quando tiver voltado com o Megumi.
Satoru abriu a boca para retrucar. Mal conhecia você e não queria uma estranha buscando o protegido dele em casa, ainda que você fosse ser a mãe de Megumi pelos próximos meses.
— Adorei a ideia — A mulher, que o Gojo não tinha ideia do nome, disse, o tirando dos próprios pensamentos e agarrando o braço do mais alto.
Um sorriso falso saiu de seus lábios, pouco antes de você estender a mão para o platinado. Sem nem precisar pensar muito sobre o que você queria, Satoru revirou os olhos e tirou as chaves do carro do bolso, colocando na sua mão estendida logo em seguida.
Com mais um sorriso, dessa vez verdadeiramente divertido, você deu as costas para o seu novo marido e seguiu até o elevador. Já que você e o Gojo se encontram antes de subirem, você tinha uma pequena ideia de onde o carro dele poderia estar.
Nem precisou ligar o alarme do carro para achar o veículo esportivo branco, tão chamativo quanto o dono dele. Não demorou mais do que poucos segundos para entrar no carro e arrancar ele dali, seguindo o Waze para o endereço que Masamichi havia lhe mandado.
Pelo pouco que conseguiu ler da ficha do garoto, Megumi Fushiguro adotou o sobrenome da família da mãe, já falecida, uma vez que a família do pai, Toji Zenin, queria usá-lo para ser o próximo líder da família. O, também falecido, pai dele conseguiu fazer o filho sair das garras da família Zenin, o colocando sobre a proteção de Satoru Gojo.
— No final das contas, todo mundo tem uma fraqueza — Você falou, para si mesma, enquanto analisava o prédio, relativamente humilde, pela sua janela direita.
Depois de um suspiro cansado, desceu do carro e pegou alguns papéis, se apressando em subir logo as escadas na lateral do pequeno edifício. Assim que achou o apartamento 804, bateu três vezes na porta, ouvindo a movimentação de passos lá dentro.
Quando a porta foi aberta, você teve que descer bastante o seu olhar. Já esperava uma governanta ou uma babá, mas, assim que percebeu o garoto com olhar monótono e sério no rosto, já soube de quem se tratava. De relance, você olhou para dentro da casa, a procura de algum adulto, mas seu olhar voltou para as íris escuras assim que percebeu que não havia mais ninguém na casa.
— Você deve ser o Megumi — Esperou ele assentir com a cabeça, antes de continuar — Eu sou a [Nome] [Sobrenome]...
— A Espectro? — Finalmente, o traço de indiferença sumiu do rosto dele, dando lugar a uma clara empolgação.
— É, a Espectro — Você respondeu, desviando levemente o olhar — Tem alguma pessoa responsável por você?
— Não, eu moro sozinho.
— E você tem seis anos? — Mais uma vez, esperou que ele concordasse com a cabeça — Não sei se Masamichi falou com você, mas...
— Eu vou fazer parte de uma missão com você e o Tio Gojo — Um sorriso divertido tomou conta dos seus lábios quando percebeu como o garoto chamava o platinado — Já arrumei minha bolsa.
Megumi deu um passo para dentro do apartamento e abriu mais ainda a porta, como um sinal para que você entrasse. Depois de pedir licença, você o fez, analisando o interior simples, mas totalmente aconchegante. Você sabia que era Satoru quem providenciava tudo para o Fushiguro e ainda estava impressionada que a criança de seis anos conseguia se virar sozinha.
— O Tio Masamichi me disse que você e o Tio Gojo iam vir me buscar — O garoto disse, pegando uma pequena mala, que era quase do tamanho dele e a arrastando pelas rodinhas — Mas cadê ele?
— Teve que resolver algumas coisas — Você mentiu, como uma verdadeira profissional, indo até a criança e pegando a mala dela, que era muito mais fácil para você carregar — Vamos buscar ele agora, certo?
O garoto de cabelos negros assentiu com a cabeça, andando na sua direção. Você estendeu a mão para ele, que não demorou muito para pega-lá.
Assim que Megumi trancou a porta do apartamento, quando vocês saíram dele, ambos foram andando até o carro branco, perfeitamente estacionado na frente do edifício.
— Esse não é o carro do Tio? — A criança perguntou, enquanto você atacava o cinto da cadeirinha dele, no banco de trás do veículo.
— É, ele me emprestou.
— Eu vou ter que te chamar de mãe? — Você parou tudo o que estava fazendo assim que a pergunta do Fushiguro atingiu seus tímpanos. Deveria ser difícil para uma criança entrar de cabeça em uma missão assim, tendo que fingir ser filho de um casal que ele sabe que não é real.
— Tem — Você respondeu, saindo de seus pensamentos e acabando de colocar o cinto de Megumi — Se não quiser, podemos falar com o Masamichi e achar outra opção.
— Eu quero — Ele se apressou em falar, enquanto você sentava no banco do motorista, arrancando o carro logo em seguida — Vai ser legal morar com o Tio Gojo.
— Sabe que vai ter que começar a chamar ele de "pai", não é?
O garoto não respondeu, apenas desviou os olhos negros dos seus, que o encarava pelo retrovisor do carro. Com isso, você decidiu não falar mais nada, apenas se concentrou nas ruas a sua frente.
Era evidente que o mais novo tinha um carinho enorme por Satoru, e isso era recíproco. Mesmo assim, você entendia que o Gojo não pretendia fazer Megumi entrar na vida conturbada e movimentada dele.
Por mais que essa criança fosse incrível, você já tinha aceitado que não poderia criar nenhum tipo de vínculo com ele. Até porque, depois que a missão acabar, você vai sumir da vida de Satoru e de Megumi para sempre.
[...]
O gemido fino e baixo da mulher ruiva era o único som audível na pequena sala de evidências. Ela jogou a cabeça para trás e fechou os olhos com força quando Satoru começou a estocar mais fundo e lento, o suficiente para levar ela à loucura.
A mulher estava sentada em cima da mesa principal da sala, com o Gojo entre suas pernas. O membro dele entrava e saía quase que completamente da intimidade dela e seus membros eram separados apenas pela fina camada da camisinha que Satoru usava.
— Shiii — Ele sussurrou, baixinho no ouvido dela — Alguém pode acabar ouvindo.
Depois de receber uma confirmação dela com a cabeça, que ainda estava meio pendida para trás, o platinado voltou a estocar, com mais força do que antes, querendo acabar logo com isso. Assim que sentiu o interior da vagina dela pressionar, ele levou um dos dedões até o clitoris dela, onde começou a massagear.
Quando ela soltou um gemido um pouco mais alto, o Gojo teve certeza de que ela tinha acabado de gozar e, logo em seguida, fez o mesmo.
Não era comum ele querer acabar as coisas tão rápido, mas a ideia de você estar buscando Megumi ainda o deixava aflito. Por isso, logo que acabou de atingir o ápice, o platinado retirou o pênis de dentro da vagina da ruiva, jogando a camisinha fora em seguida.
Enquanto vestia as roupas de baixo novamente, Satoru percebeu que aquela mulher tinha alguma coisa para falar, mas resolveu ignorar isso. O Gojo já tinha percebido ela o secando toda vez que ele passava pelos corredores e, por isso, evitaria ao máximo qualquer tipo de conversa pós-sexo com ela.
— Eu... — A ruiva começou a falar e Satoru agradeceu a todos os deuses pelo celular dele tocar exatamente nessa hora.
Sem nem olhar na direção da mulher, o Gojo foi até o aparelho telefônico, arqueando as sobrancelhas quando viu que se tratava de um número desconhecido, mas ele sabia que era você.
— Oi, Espectro — Satoru fez questão de enfatizar o jeito como havia lhe chamado, conseguindo imaginar você revirando os olhos perfeitamente.
— Estamos chegando — Você disse, fazendo um sorriso divertido brotar nos lábios do platinado, que não via a hora de começar a brincar de família com você — Consegue ir para a portaria agora ou quer que eu dê uma volta com Megumi no parque?
— Já estou descendo.
O Gojo pretendia se despedir com mais uma gracinha para cima de você, mas percebeu que a chamada havia sido encerrada antes que ele tivesse a chance de falar mais alguma coisa. Com as sobrancelhas franzidas, o platinado encarou a tela do celular, percebendo que era a primeira vez que uma mulher desligava na cara dele.
Dando de ombros, Satoru pegou o blazer que estava do outro lado da mesa e, sem se virar para a ruiva, começou a andar em direção à porta.
— Tenho que ir — Ele disse, já com a mão na maçaneta — A gente se vê.
— Espera! — A fala dela soou mais desesperada do que ela gostaria, o que fez as bochechas dela ficarem rodadas.
Mesmo apressado para se encontrar com Megumi, o platinado parou de andar e soltou a maçaneta, se virando para a ruiva logo em seguida. Diferente de antes, agora Satoru tinha um olhar frio e seco sobre ela, destoando do olhar sedutor e atraente que ele tinha minutos antes.
— Eu... — Ela começou a falar, ainda mais nervosa do que antes, não conseguindo encarar as íris azuis extremamente penetrantes — Queria saber se você pode me dar o seu número — Depois de respirar fundo, ela conseguiu falar de uma só vez, um pouco mais firme.
— É Aika, não é?
— Aimi — A ruiva corrigiu, baixando o olhar, nem tentando esconder a tristeza que estava sentindo.
— Aimi — O Gojo deu alguns passos na direção dela, se aproximando em pouco tempo e usando a mão esquerda para colocar, delicadamente, uma mexa de cabelo dela atrás da orelha — Já ouviu falar sobre a minha fama, não é verdade? — Esperou ela assentiu com a cabeça, antes de continuar — Esse nosso encontro aqui não vai acontecer de novo.
— Mas, eu achei que...
— Shiii — Ele sussurrou, colocando o indicador da mão esquerda suavemente sobre os lábios dela — Posso te contar um segredo? — O tom sensual na voz dele não havia mudado nenhum segundo sequer e, assim que ela concordou mais uma vez com a cabeça, ele continuou — Agora, eu sou casado e tenho um filho e, nesse exato momento, eles estão me esperando lá em baixo.
— Mas, isso não é só uma missão?
— Um bom espião sempre entra no personagem.
Com uma piscadela e um sorriso divertido, o platinado virou de costas para a mulher e saiu de lá, dessa vez sem voltar quando ouviu outro protesto dela. Satoru ainda teve que passar na sala de Masamichi para pegar a certidão de casamento, certidão de nascimento de Megumi e a matricula do menor na escola, todos esses documentos falsos, obviamente.
Depois de olhar a hora no relógio, o Gojo estalou a língua e apressou o passo, entrando no elevador e clicando no andar da portaria. Um suspiro cansado escapou dos lábios dele quando o platinado percebeu que entraria de cabeça na missão mais cansativa da carreira dele. Quem diria, Satoru Gojo casado e com um filho? Essa ideia seria até cômica, se não fosse trágica.
Assim que as portas de metal do elevador se abriram, o platinado saiu por elas, andando até a calçada, olhando para todos os lados. Assim que encontrou o carro branco, estacionado em uma baliza perfeita, ele foi até lá, mas percebeu que o veículo estava desligado e não tinha ninguém dentro.
Já frustado, o Gojo pegou o celular no bolso da calça, preparado para ligar para você, até que uma voz muito familiar o interrompeu. Levantando o olhar, Satoru conseguiu ver você e Megumi, de mãos dadas, vindo na direção dele. Na outra mão do mais novo, tinha um picolé, que parecia ser de chocolate.
Você tinha um pequeno sorriso no rosto, enquanto ouvia o Fushiguro falar sobre o dia a dia dele na escola antiga e como ele amava quando Satoru ia buscar ele lá. A primeira vista, Megumi era uma criança reservada e muito tímida, mas, depois que ele se soltava, ninguém parava a boca dele.
Até o momento, você não tinha notado que o platinado estava a alguns metros de vocês, até que o garoto de cabelos negros olhou para frente.
— Tio Gojo! — Megumi disse, com um sorriso radiante no rosto, soltando a sua mão e correndo até o mais velho, que piscou algumas vezes, saindo dos próprios pensamentos, antes de estender os braços e pegar a criança no colo.
— Nossa, você 'tá ficando pesado — O Gojo brincou, com o Fushiguro ainda nos braços dele — A onde vocês foram?
— Você 'tava demorando muito, então [Nome] me levou pra comprar um picolé.
— Tem um para você também — Você disse, tirando o pacote colorido da bolsa e entregando ao platinado.
— Como sabia que eu gosto desse sabor?
— Chute — Você respondeu, dando de ombros e começando a andar em direção ao carro, indiferente.
Satoru franziu levemente as sobrancelhas assim que percebeu que você estava mentindo. Do mesmo jeito que você era quase perfeita em mentir, o platinado era perfeito em saber reconhecer uma mentira.
Tentando afastar os pensamentos, o Gojo abriu o pacote do picolé, o colocando na boca logo em seguida, sentindo a língua ficar gelada instantaneamente. Ainda com Megumi nos braços, ele foi andando até o carro, atrás de você, que já preparava a cadeirinha para o mais novo.
Assim que deixou o Fushiguro no acento para crianças, Satoru foi até o banco do motorista, só esperando você acabar de colocar o cinto na criança e se sentar ao lado dele. Com isso, o Gojo arrancou o carro e começou a dirigir na direção do apartamento dele, para pegar uma mala de emergência para missões de última hora.
— Por que você demorou tanto, Tio Gojo? — Megumi perguntou, fazendo as sobrancelhas do platinado se arquearem e um sorriso divertido escapar de seus lábios.
— É que...
— Conseguiu pegar os documentos que eu te pedi? — Você o interrompeu, virando o rosto para encarar as íris azuis, que se voltaram para você por um segundo.
— Tão naquela pasta do lado do Megumi.
Você assentiu com a cabeça e se virou para trás para pegar a pasta. Assim que a tinha em mãos, abriu e conferiu os documentos falsos. Estava tudo certo. Vocês três estavam prontos para fingirem ser uma família de verdade.
— Megumi — Você se virou para trás, apenas para conseguir encarar a criança, que estava com a boca toda suja do picolé — Não se esquece que tem que me chamar de "mãe", certo?
— 'Tá bom, mãe.
Um sorriso de agradecimento brotou nos seus lábios, enquanto você tirava um lencinho da bolsa e se esticava para conseguir limpar a boca da criança, que ria com suas falhas tentativas de o deixar mais limpo. A situação acabou arrancando uma risada divertida sua também.
Do banco do motorista, Satoru observava a cena pelo retrovisor, se perguntando se realmente conseguiria manter essa farsa tão bem quanto vocês dois.
— Isso também serve pra mim — A voz dele atraiu a atenção de Megumi e a sua — Você vai ter que me chamar de pai a partir de hoje.
A criança desviou o olhar, mas não respondeu. Um pequeno silêncio pairou no carro e você sabia exatamente o motivo para isso. O Fushiguro sempre quis ser adotado pelo Gojo, mas isso nunca aconteceu. Talvez ele fosse muito novo para entender, mas Satoru nunca quis envolver Megumi em nenhum dos assuntos da associação. Quando crescesse, talvez o de cabelos negros até agradecesse ao platinado.
— E agora você não é mais Megumi Fushiguro e sim Megumi Gojo — Você disse, tentando suavizar o clima — Não se esqueça disso.
O mais novo assentiu a cabeça repetidas vezes, em concordância. Você acabou de guardar os documentos de volta na pasta e a colocou junto da bolsa. Antes de vir para a associação, já tinha preparado uma mala com seus principais pertences, até porque fariam compras assim que se estabelecessem na nova casa.
— Não acha estranho você ter arrumado um marido em menos de vinte e quatro horas? — A pergunta de Satoru lhe tirou de seus pensamentos, fazendo você se virar para ele, que ainda tinha os olhos focados na rua.
— Já que é tudo provisório, não — Sua resposta saia de um jeito simples e indiferente, ao mesmo tempo em que você deixava de olhar para ele e virava suas íris na direção da janela ao seu lado.
— Mesmo sendo provisório, você arrumou um marido e um filho por alguns meses.
— Já tive missões piores — Respondeu, dando de ombros.
— Jura? Porque essa é, fácil, a pior missão que eu já peguei na vida — Você não sabia se o tom provocativo dele era para lhe insultar ou não. Talvez para ele fosse muito mais difícil fingir estar casado do que para você, mas missão era missão — Mas eu prometo ser um marido minimamente descente — Mais uma vez, o tom provocativo dele fez você querer revirar os olhos, até que as últimas palavras que saíram da boca dele fizeram seu corpo todo tremer — Senhora Gojo.
— Soa mais estranho do que eu pensei — Você ignorou a sensação intensa que percorreu o seu corpo e falou, sem esconder o deboche.
— Jura? — Satoru devolveu, no mesmo tom de ironia que o seu — Achei que combinou com você.
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