𝚏𝚒𝚟𝚎

Os olhos azuis de Satoru abriram de uma só vez e, antes mesmo que ele pudesse pensar direito, o corpo dele se mexeu sozinho e ele acabou sentando na enorme cama de casal. A respiração dele estava levemente descompensada e demoraram alguns segundos para ele olhar ao redor do quarto e lembrar de onde estava.

A missão que ele tinha aceitado apenas para inflar o ego e fazer todos perceberem que Satoru Gojo era o melhor agente secreto daquela agência. Além disso, fingir estar casado com uma mulher bonita como você acabava entretendo a mente do platinado.

Somente quando você surgiu na mente dele, o Gojo olhou para o outro lado da cama e percebeu que você não estava lá.

Na noite anterior, depois do jantar, você colocou Megumi para dormir e foi direto tomar um banho, sem trocar nenhuma palavra sequer com Satoru. Enquanto você estava no banho, o platinado revisava os últimos papéis do plano para, finalmente, vocês conseguirem colocar tudo em prática no dia seguinte. Assim que ele voltou para o quarto, você já tinha acabado o banho e estava dormindo do lado direito da cama, virada de costas para ele e enrolada no edredom grosso.

O Gojo não conseguia ver o seu rosto naquele momento, mas sabia que você ainda estava irritada. Por isso, ele resolveu apenas tomar um banho demorado e deitar ao seu lado na cama, sem encostar nenhum dedo em você.

A ideia de dormir no sofá se passou pela cabeça dele, mas a missão deveria ser levada muito a sério e seria no mínimo estranho que o casal recém chegado já estivessem brigando ao ponto do marido dormir na sala.

O que mais impressionada o plantando era o fato de você ter se levantado da cama sem ele acordar. O sono de Satoru era incrivelmente leve, justamente para que ninguém pudesse o surpreender enquanto ele dormia. Mas, por algum motivo que ele não conseguia explicar, você conseguiu se levantar sem ele nem perceber. Talvez tivesse sido o sono acumulado do dia extremamente estressante, ou sua sinistra habilidade em não fazer nenhum barulho enquanto se movimenta. Ele não sabia dizer, só sabia que isso era um problema. O Gojo não podia ficar tão vulnerável assim. Se você quisesse, poderia acabar matando ele enquanto o platinado dormia, e isso era um perigo que Satoru não podia ignorar.

— Você acordou — Sua voz repentina fez com que ele abrisse a primeira gaveta da cabeceira, na intenção de tirar uma arma que estava escondida lá, mas, assim que percebeu que era você, ele cessou os movimentos — Vai acabar se atrasando para o trabalho — Você completou, sem mais nem menos, ignorando a respiração pesada do Gojo, que tentava se recuperar do susto, e foi até a cabeceira do seu lado da cama, pegando o seu celular, o tirando do carregador.

— Onde você vai? — Satoru perguntou, assim que percebeu que você não estava usando roupas de ficar em casa.

— Deixar o Megumi na escola — Seus olhos não estavam voltados para o platinado, mas sim para a tela do seu celular, enquanto você procurava no mapa qual era o caminho mais curto para a escola do mais novo — Hoje é o primeiro dia de aula dele, esqueceu?

— Não esqueci — Ele respondeu, se levantando em um só pulo — Me dá dez minutos e eu fico pronto.

Você não respondeu, até porque ele logo entrou no banheiro e fechou a porta. Depois de um suspiro cansado, você saiu do cômodo e foi em direção ao quarto de Megumi, estressada pela esperança de que você fosse se livrar do platinado mais cedo ter acabado. Mas, pensando na missão, seria mais benéfico vocês deixarem o mais novo na escola juntos, parecendo uma família normal e feliz.

Quando chegou na frente do quarto do Fushiguro, você bateu levemente na porta, só o suficiente para ele ouvir, antes de abri-la.

— Filho, acabou de escovar os dentes? — Você perguntou, entrando no cômodo e vendo o mais novo sair do banheiro, com um pouco de pasta de dente na bochecha.

— Acabei! — Uma risada divertida escapou de seus lábios ao ouvir a voz animada dele. Se inclinando, você limpou o rosto dele, indo até o banheiro para falar sua mão na pia — A gente já vai?

— Só vamos esperar o seu pai.

— O papai também vai? — Por mais que se esforçasse, Megumi não conseguia esconder o tom animado quando falava sobre o Gojo, o que acabava, geralmente, arrancando um sorriso seu.

— Se ele ficar pronto em cinco minutos, sim — Você respondeu, olhando para o relógio de pulso que usava — Mas, se não, vamos sem ele.

Ele apenas assentiu com a cabeça, de forma animada, não abandonando a esperança de que Satoru fosse conseguir ficar pronto e acompanhar vocês até a escola.

Você soltou um suspiro fundo, já sentindo o cansaço de ter Satoru Gojo como marido, logo no segundo dia de trabalho, mas tinha um sorriso nos seus lábios. Por mais que o platinado fosse uma pessoa extremamente difícil de se lidar, Megumi fazia tudo ficar mais fácil.

Depois de enrolar algum tempo pegando os documentos da matrícula do mais novo, você olhou o relógio de novo e percebeu que, se demorassem mais, o Fushiguro chegaria atrasado logo no primeiro dia de aula. Por mais que não quisesse tirar a felicidade de Megumi em ir para a escola com Satoru, vocês não podiam mais esperar.

— Megumi — Você gritou, da sala, acabando de colocar os documentos na pasta e a fechando — Temos que ir. Pega sua mochila.

— Mas e o papai? — O tom de tristeza era muito nítido na voz dele, o que fez o que coração apertar um pouco, mas você não demonstrou isso.

— Satoru acordou tarde hoje, mas ele pode ir com a gente aman...

— Cheguei! — Você foi interrompida, e nem precisou virar o rosto na fonte da voz para saber de quem se tratava — Vamos?

O sorrisinho no rosto do platinado lhe irritava. Além de não ter pedido desculpas por ser um completo imbecilidade na noite anterior, era óbvio que ele estava tratando aquilo como se fosse uma brincadeira qualquer. Podia até ser que a carreira dele não dependesse daquela missão, mas a sua aposentadoria dependia.

Ainda assim, você se perguntava como ele tinha conseguido ficar perfeitamente pronto em apenas dez minutos. Satoru estava usando um terno, que caia perfeitamente no corpo dele, deixando marcado quase todos os músculos definidos. O cabelo relativamente úmido dele entregava que tinha saído faz pouco tempo do banho, mas o leve bagunçado deixava ele ainda mais atraente. Por mim, o perfume dele. Você não conseguiu reconhecer, até porque não era o mesmo que ele estava usando no dia anterior, quando vocês se conheceram, mas era tão irresistível quanto o próprio platinado.

— Que bom que conseguiu se arrumar, amor — Por mais que seus pensamentos fossem outros, foi isso o que você falou, com um sorriso falso no rosto, mas que quase convenceu até o próprio Gojo — Agora, temos que ir.

Satoru esboçou aquele sorriso encantador de sempre e segurou uma das mãos de Megumi, que já estava ao lado de vocês na sala. Contendo um suspiro cansado, você pegou sua bolsa e a pasta com os documentos e, juntos, vocês saíram do apartamento, entrando no hall e chamando o elevador logo em seguida.

O mais velho e Megumi conversavam sobre algo que você não prestava atenção. Na sua cabeça, você repassava todos os passos da próxima etapa da missão. Teriam uma pequena reunião com o diretor do colégio antes do Fushiguro ser liberado para assistir às aulas. Esse era um dos passos que você considerava mais difíceis da missão. O colégio só aceitava crianças que tivessem uma estrutura familiar quase perfeita. Você e o Gojo teriam que convencer o diretor de que eram um casal apaixonado e ótimos pais, duas coisas que vocês obviamente não eram.

— Bom dia — Somente quando uma voz sedutora atingiu os seus tímpanos que você saiu de seus pensamentos e se virou na direção dela. Era uma mulher, loira, alta e encorpada. Ela devia ter mais ou menos a mesma idade que você e o Satoru, sendo, no máximo, poucos anos mais velha. O fato de que ela estava ignorando completamente sua presença no local e focando totalmente a atenção no platinado já dizia muita coisa — Vocês devem ser o novo casal que se mudou agora pouco.

— Somos sim, muito prazer — O Gojo respondeu, estendendo a mão para ela, que apertou, com o olhar ainda fixo no dele — Meu nome é Satoru, essa é a minha esposa, [Nome] — Ele continuou, apontando na sua direção, que sorriu amigavelmente, mesmo que a loira não tivesse virado na sua direção — E esse é o nosso filho, Megumi.

Ao contrário de vocês, o mais novo não tinha um olhar nem um pouco agradável para a vizinha. Você teve que segurar uma risada alta e se contentou em apenas esboçar um sorriso divertido. Megumi era muito mais esperto do que as crianças da idade dele. Muito provavelmente, ele entendeu que a loira estava dando em cima de Satoru e, aparentemente, ele não gostou nem um pouco disso.

— Meu nome é Fumiko — Finalmente, ela soltou a mão dele, ainda sem quebrar o contato visual — E o prazer é todo meu.

Você prensou os lábios um no outro, realmente tendo dificuldade em conter uma risada. Se lembrou que foi exatamente assim que o platinado lhe cumprimentou, quando vocês se conheceram. Aqueles dois eram farinha do mesmo saco e você tinha certeza de que se dariam muito bem. Você só esperava que isso não atrapalhasse a sua missão.

Felizmente, o som do elevador chegando interrompeu a desconfortável interação de vocês. Sem esperar nada, você se virou e entrou nele, sendo seguida por Megumi, que, assim que entraram, se encostou na sua perna e segurou na sua mão, ainda com a cara fechada para a mulher. Satoru deu a vez para a loira entrar, que agradeceu em um tom tão pretensioso quanto antes. Mas, mesmo com uma mulher gostosa praticamente voando em cima dele, os olhos azuis de Gojo não desviavam de você. Não precisou olhar na direção dele para sentir isso, mas o platinado não desviava a atenção de você. Era desconcertante, mas ao mesmo tempo confortável.

— Eu imagino que por serem novos vocês não conhecem muito do lugar — A loira falou, quase como propositalmente para a atenção dele se desviar — Posso te dar o meu número e podemos combinar para eu apresentar o condômino a você.

Megumi apertou ainda mais a sua mão e, como já estava difícil de segurar o riso, você resolveu mudar um pouco o rumo da conversa. Se agachou, ficando da altura do mais novo, que ainda parecia emburrado.

— A bolsa está pesada? — Você perguntou, olhando fixamente nas íris escutas dele, até que ele entendeu e assentiu com a cabeça — Deixa eu tirar — Com a ajuda dele, você retirou a mochila das costas do mais novo e, assim que levantou, ia a colocar nas próximas costas, quando sua mão foi segurada por outra bem maior.

— Eu levo — Satoru falou, com aquele sorriso simpático que não combinava nem um pouco com ele.

Mesmo assim, você sorriu e deixou que ele levasse a bolsa, agradecendo depois. Por sorte, isso foi o suficiente para que o elevador chegasse no térreo e vocês tivessem que descer dele, se despedindo da loira e indo para a portaria do prédio.

Nenhum de vocês trocou uma palavra sequer, só deram bom dia ao porteiro e seguiram pelas calçadas da cidade, em direção ao novo colégio de Megumi.

— Eu não gostei daquela tia — Com o comentário do mais novo, você finalmente não conseguiu mais segurar as risadas do dia e se deixou gargalhar, atraindo os olhares assustados dos outros dois.

— Me... desculpem — Você tentou falar, somente quando a risada começou a ficar mais fraca.

Ainda com um sorriso divertido no rosto, você enxugou uma lágrima que tinha escorrido pela lateral da sua bochecha por causa da risada. Megumi e Satoru ainda andavam, lhe acompanhando, mas ainda se entreolhavam, sem entender nada.

— Eu só achei engraçada a situação — Você explicou, dando de ombros.

— Você devia, pelo menos, ter fingido que ficou com ciúmes — O Gojo falou, não tão baixo, o que fez você perceber que ele ainda não tinha saído do personagem — Ela ficou me encarando o tempo todo.

— Consequências de ser tão irresistível assim, meu amor — Você respondeu, mas, assim que viu um pequeno sorriso malicioso dele, teve vontade de revirar os olhos.

Aquele sorriso não era fingimento.

Talvez fosse pelo fato de ter estudado sobre ele por muito tempo, mas você sabia dizer exatamente quando o platinado estava dentro do personagem e fora dele. Ou, pelo menos, você gostava de acreditar que sabia.

— Essa é a minha escola? — Foi a voz de Megumi que lhe tirou, mais uma vez do dia, de seus pensamentos — É enorme.

De fato, era. O Colégio Jujutsu era um dos mais renomados de todo o Japão e, por isso, tinha diversos requisitos a serem preenchidos antes de algum aluno ser admitido. Em situações normais, seria muito difícil colocar uma criança lá dentro, mas, uma vez que as notas do Fushiguro eram, disparado, muito acima da média das crianças com a idade dele, não foi muito difícil mexer os pauzinhos e conseguir uma matrícula para ele.

— Vamos logo, se não eu vou acabar chegando atrasado no trabalho — Satoru falou, olhando mais uma vez o relógio que tinha no pulso.

Você rapidamente assentiu com a cabeça e segurou na mão de Megumi, antes de vocês três entrarem no lugar. A escola estava lotada de alunos com seus pais, fazendo você reconhecer alguns daqueles rostos. Diplomatas, desembargadores, capitães, muitas pessoas com cargos importantes na sociedade estavam ali e, no meio deles, você. Tanto você quanto Satoru nunca tiveram problemas em estarem rodeados de pessoas mais importantes que vocês, por isso, nem precisaram se esforçar para atravessar o pátio com os queixos erguidos.

Alguns olhares se voltavam para vocês com frequência, provavelmente se perguntando o que um casal de pessoas comuns fazia ali. Outros olhares eram majoritariamente femininos e se voltavam exclusivamente para o platinado ao seu lado. Você não as culpava, o Gojo tinha uma presença muito impactante e conseguia facilmente atrair olhares na direção dele. Você só não sabia dizer como ele conseguia ser um agente secreto tão bem sucedido sendo tão pouco discreto assim.

Por causa do fluxo em que as pessoas andavam, não foi nem um pouco difícil achar o caminho até a sala da diretoria. Quando chegaram lá, com vocês dois ainda segurando as mãos de Megumi, foram encaminhados para uma das diversas salas espelhadas pelo corredor. Assim que entraram nela, sentiram a enorme tensão que preenchia todo o cômodo. Pelo menos, o Fushiguro pareceu não perceber, já que ainda tinha aquele sorriso infantil e simpático no rosto. Além disso, por mais que seus corpos quisessem muito, você e o Gojo não se entreolharam, apenas mantiveram as expressões pacíficas e os sorrisos calorosos.

— Boa tarde — A voz do diretor era áspera, mas não perigosa.

— Boa tarde, Senhor Gakuganji — Satoru estava falando em um tom tão simpático que você poderia jurar que não era ele.

— Podem se sentar.

Antes de falar mais qualquer coisa, você e seu suporto marido se sentaram nas poltronas na frente do diretor do colégio. Você pegou Megumi e o colocou no seu colo, já que só tinham dois lugares.

— As notas de Megumi são realmente admiráveis para alguém da idade dele — Gakuganji tinha os olhos fixos em papéis que estavam em cima da mesa dele, provavelmente os boletins passados do mais novo.

— Ele sempre se empenhou muito em manter as melhores notas possíveis — Você falou, com aquele sorriso orgulhoso que mães normais teriam em uma situação como esta.

— E livros sempre interessaram muito ele — Gojo continuou, usando uma das mãos para bagunçar levemente os cabelos do mais novo, mas, essa parte, você achou que ele não estava apenas fingindo — Megumi sempre gostou muito de estudar e nunca deu trabalho na escola.

— Por que vocês decidiram colocar ele nesse colégio?

— Acabamos de nos mudar porque Satoru recebeu uma nova oferta de trabalho aqui — Você explicou, assim que o diretor acabou de fazer a pergunta — E ouvimos os melhores elogios sobre o Colégio Jujutsu.

— Só isso? — A pergunta dele foi tão áspera que fez você erguer uma das sobrancelhas e o platinado ter que segurar uma risada alta ao ver o seu rosto irritado — Vocês querem colocar o seu filho aqui só porque ouviram as pessoas falando bem?

Você estreitou os olhos, aproveitando que a atenção do diretor ainda estava fixa nos papéis. Não estava com nenhuma paciência para aquilo, mas precisava dar um jeito para que Megumi fosse aceito pelo colégio.

— Sendo sincero — Satoru começou a falar, fazendo seus olhos se voltarem para ele, que deu de ombros — As outras escolas estavam ficando muito fáceis para o Megumi. Esperados que essa possa, no mínimo, cansar ele um pouquinho.

Nesse momento, pela primeira vez, os olhos do diretor se levantaram e começaram a encarar o platinado, que tinha aquele sorriso divertido nos lábios. Você não sabia se ele estava sendo provocativo de propósito ou se só era a personalidade forte dele tomando conta da situação. Mas, independente, estava dando certo.

— Muito bem — Gakuganji disse, depois de alguns minutos de silêncio intenso — As aulas já vão começar, então Megumi está liberado para ir até a sala e conhecer os novos professores.

— Perfeito — O Gojo falou, já se levantando da poltrona, ainda com aquele mesmo sorriso no rosto — Mais tarde voltamos para buscar ele.

O diretor apenas assentiu e você seguiu seu marido para fora da sala, depois de se despedir, levando Megumi com você. A "entrevista" tinha sido bem mais rápida do que você imaginava. Provavelmente eles estavam fazendo aquilo apenas para tentar conhecer mais os pais dos alunos que frequentavam o colégio deles. E, pelo visto, vocês estavam indo bem.

— Eu tenho que ir trabalhar agora — A voz de Satoru lhe tirou de seus pensamentos, fazendo você se virar na direção dele, que estava se abaixando para falar com o Fushiguro — Boa aula. Mais tarde vamos vir te buscar.

— Boa aula, meu amor — Você disse, depois de se recuperar e se abaixar para dar um beijo na bochecha do mais novo.

— Obrigada! — Megumi disse, com aquele sorrisinho bobo de sempre — Até mais tarde!

Antes que vocês tivessem a chance de mandar ele ir para a sala, o mais novo já tinha corrido para junto dos outros alunos. Você só esperava que ele conseguisse fazer amizade logo com o filho adotivo de Geto, o Yugi.

— Você vai por aquele lado, não é? — Você perguntou ao Gojo, enquanto vocês saiam pelos portões da escola, já na calçada.

— Sim, e você vai voltar para casa, não é?

— Vou — Tentando parecer natural, você colocou um sorriso contente no rosto. Mas, pelo menos, você poderia parar de fingir por um tempo, enquanto estivesse sozinha em casa — Mais tarde podemos pedir alguma coisa para jantar.

— Podemos.

A expressão no rosto de Satoru estava tão relaxada. Era como se ele estivesse descansado e não como se vocês estivessem ainda no início de uma missão exaustiva. Algo no olhar dele dizia que ele estava verdadeiramente feliz com a situação. Mas, talvez, você não conseguisse ler o platinado tão assim ou ele fosse um ator bom demais ao ponto de conseguir enganar até você.

— Nesse caso, eu vou indo — Você disse, tentando afastar os pensamentos — Você também devia ir, se não vai chegar atrasado.

— Você tem razão.

Então, antes que você pudesse virar de costas e ir embora, sentiu seu corpo sendo levemente puxado pela cintura. Quando percebeu, seus lábios já estavam selados com os de Satoru, em um selinho repleto de segundas intenções.

Assim que se deu conta, fechou os olhos e tentou parecer o mais natural possível, ignorando os pensamentos sobre como os lábios dele eram macios e em como duas bocas se encaixavam bem. Aquilo era errado, o Gojo não tinha autorização para lhe beijar ou algo do tipo. Mas era tão bom.

Quando, finalmente, ele quebrou o contato, você se forçou a não parecer surpresa, colocando um sorriso contente no rosto.

— Até mais tarde — Você disse, em um tom pacífico, mas o platinado conseguia ler através dos seus olhos. Você estava uma fúria, mas isso só servia para o divertir mais ainda.

Até mais tarde — Ele respondeu, em um tom exageradamente malicioso.

Finalmente, você se virou e começou a andar em direção à sua casa, tentando conter toda a raiva e frustração que assolavam o seu peito. Satoru estava brincando com você e você sabia muito bem disso. Não deixaria que ele lhe manipulasse como fazia com as outras pobres mulheres que cruzavam o caminho dele. Você não seria como elas.

Ao mesmo tempo, o platinado ainda olhava na sua direção, acompanhando cada passo que você dava até dias completamente do campo de visão dele. Você não ter virado de costas mais uma vez para encara-lo foi realmente decepcionante para o Gojo. Ele queria ver o seu rosto uma última vez antes de ir para o trabalho.

Assim que percebeu o rumo que os pensamentos dele estavam indo, Satoru balançou a cabeça e tirou o sorriso bobo do rosto, começando a andar na direção oposta. Depois de um tempo, ele conseguiu tirar você dos pensamentos, mas o sorriso bobo ainda estava lá.

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