Capítulo 2- Festa
Já era noite, depois de trocar contato com o Joui, Thiago foi embora e Liz voltou ao seu quarto para continuar seu trabalho. O garoto também foi para seu aposento, tinha uma rotina de dormir cedo e acordar cedo, e não seria o fuso horário que iria bagunçá-la. Ele se deitou na cama, sua mente lembrando-se de César. Não entendia o motivo dos amigos falarem para se distanciar dele, o cabeludinho podia ser meio bravo, mas era uma pessoa incrível por dentro. Não sabia o motivo de ter tanta certeza disso, ele só tinha. Em meio aos seus pensamentos sentiu o celular vibrando de novo no bolso, e decidiu checar as mensagens.
César e Bruno estavam no quarto jogando CS, jogo preferido de Bruno. Os dois eram uma ótima dupla, ninguém conseguia vencer enquanto os dois estavam juntos. Porém, nessa partida específica eles estavam tendo um oponente a altura. O outro time jogava razoavelmente bem, entretanto, um de seus jogadores, d4yLiGhT_d3m0n, era tão bom, se não melhor que César e Bruno. Para ajudar, o time que estavam parecia que havia aprendido a jogar ontem.
O celular do cabeludo começa a vibrar na cômoda do lado da cama, sinalizando que alguém estava mandando mensagem, mas ele só ignorou e continuou focado no jogo. Enquanto a última partida continuava, o dispositivo continuava a apitar, fazendo com que César desse tudo de si para não jogá-lo com força contra a parede. Ao finalmente terminarem a partida com um empate, ele pega logo o telefone para ver que estava o importunando.
César estava prestes a responder que era óbvio que não queria, mas algo o parou de fazer isso. Uma sensação em seu corpo que dizia que ele tinha que ir nessa festa. Não entendia o porquê dessa necessidade, porém sabia que se não fosse, iria se arrepender muito.
Os dias pareciam demorar uma eternidade para Joui e César, que estavam super ansiosos para a festa, o último sem nem entender o motivo de ter aceitado ir na mesma. O cabeludo voltou para a casa do pai, não trocando nenhuma palavra com o mesmo, que deu espaço para seu filho, achando que havia passado algum limite com aquela surpresa.
Joui continuou indo na faculdade, sempre almoçando com Erin e seus amigos, frequentemente perguntando sobre as explosões da outra, pedindo vídeos e outras coisas do tipo. Algumas vezes Thiago aparecia na casa de Liz e os três conversavam e Joui mostrava algumas de suas acrobacias para os dois. Apesar de nunca ter visto Daniel pessoalmente, ele conversava com ele no grupo, depois de ter sido adicionado de novo. O mais velho insistia em dizer que era muito irritante, mas se soubesse que outra pessoa disse o mesmo ele poderia competir com a Liz no nível de raiva.
Finalmente chegou o dia da festa, Joui quase pulava pela casa de tanta animação. Não sabia se César iria ou não, Thiago não falou nada no grupo (com medo da reação da Liz) e não teve coragem de perguntar por medo de se decepcionar. Era estranho ele se sentir assim por alguém que só viu uma vez na vida, mas não conseguia conter sua alegria.
Apesar de querer usar muito seu moletom da sorte, Joui queria ir um pouco mais arrumado do que normalmente. Inicialmente ele coloca um terno mas ao sair do quarto é parado por Liz, que estava vestindo uma calça jeans branca, que possuía alguns detalhes pretos na lateral e uma blusa preta que possuía uma gola mais aberta, deixando que um parte de seus ombros aparecessem.
—Que roupa é essa Joui? A gente não tá indo num casamento.
—Você acha que ficou feio? — perguntou preocupado.
—Claro que não, ficou muito bem em você. Só é muito formal para ir num barzinho com os amigos. Vem cá, deixa eu ver o que você tem aí.
Liz entra no quarto de Joui e começa a procurar algo em seu armário. Depois de um tempo procurando ela pega uma calça preta, uma camiseta branca e um casaco. Quando a garota sai do quarto, ele começa a se trocar novamente. Terminando, o menino vai até a sala, onde Liz estava sentada o esperando.
—Só deixa eu arrumar isso aqui... — ela puxa a manga do casaco para a altura do cotovelo —Pronto!
César andava de um lado para o outro em seu quarto, questionando o porquê tomou aquela decisão. Ele poderia simplesmente não ir, mas algo o impedia de fazer isso. Não entendia que sentimento estranho era aquele, não é como se fosse encontrar o amor de sua vida naquela festa...
Ele ouve uma batida na porta e abre a mesma dando de cara com Thiago, que vestia uma camisa branca de manga longa, que ia até um pouco depois de seu cotovelo, um colete preto e uma calça da mesma cor.
—Você nem começou a se arrumar?! Já está na hora de irmos!
—Tá bom, tá bom. Eu me arrumo rapidinho. Agora pode me dar um pouco de privacidade —César fecha a porta na cara do outro.
Pega a primeira coisa que vê em seu armário, sabendo que se demorasse muito o homem iria embora sem ele. Rapidamente, César veste um moletom preto, que tinha uma estampa verde atrás e símbolos da mesma cor na manga, uma calça preta e prende o cabelo em um coque, deixando uma pequena mecha cair em seu rosto.
Ainda nervoso com o que poderia vir a acontecer, César sai do quarto, indo de encontro a Thiago, que iria levar os dois até o bar.
Liz e Joui são os primeiros a chegar, já sentando-se em uma mesa que não fosse tão perto do palco, mas que desse uma boa visão para ele. Logo em seguida, Daniel vai na direção deles, vestindo uma camisa branca com os botões de cima desabotoados e uma calça marrom. Uma parte de seu cabelo ruivo estava preso num pequeno rabo e sua barba estava muito bem arrumada.
—Então o Thiago chega atrasado até pra própria festa — comenta Daniel, sentando-se na cadeira à frente de Joui.
—Se não chegasse não seria o Thiago — Liz retruca.
—Nossa Joui, você é mais alto do que eu imaginava.
—Do jeito que a Liz senpai fala de mim todo mundo vai achar que sou pitico.
—Mas você é.
—Nem tente discordar dela, nunca vi ninguém mais cabeça dura.
—Ei! Olha quem fala!
Os dois começam uma pequena discussão, mas Joui não a escuta, pois ao olhar para porta de entrada, vê Thiago chegando, com um garoto ao seu lado, que tentava se esconder atrás dele.
Era como se o mundo tivesse parado, ele finalmente estava vendo César de novo pessoalmente, e como ele estava lindo... Seu coração começou a disparar enquanto seus olhos analisavam cada traço do outro, como se quisesse decorar cada detalhe. Se pudesse desenhar bem que nem Bea, ele definitivamente seria seu muso. Todas as preocupações de sua mente sumiram naquele exato momento, qualquer insegurança que tinha, havia se dissipado completamente.
César entrava no bar atrás de Thiago, nervoso por estar em volta de tantas pessoas. O lugar era muito barulhento e as luzes eram muito fortes. Porém, antes mesmo que pudesse se arrepender de ter vindo, seus olhos se encontram com o de um garoto que estava o observando e as memórias inundam sua mente no momento. Aquela viagem... Aquela música... Aquela conversa, da qual nunca se esqueceu de nenhuma palavra. Aquela loucura do outro estar falando japonês. Todos aqueles acontecimentos que marcaram tanto a sua vida, invadindo seus sonhos não de uma maneira ruim, mas como uma lembrança nostálgica.
Não tinha dúvidas, aquele que o observava era Joui... Era como se só tivessem os dois naquele lugar, todo barulho e pessoas desapareciam enquanto seu olhar se focava no outro. Sem nem mesmo perceber, um sorriso surgiu em seu rosto, o sorriso mais genuíno que havia dado fazia muito tempo. Para Joui, aquela cena era a mais bonita do mundo, queria que aquele sorriso nunca deixasse o rosto do mais velho.
Elizabeth e Daniel também olhavam para César, surpresos com a presença do cabeludo.
—Ninguém vai me dar os parabéns não? — Thiago, que já estava na frente da mesa dele, observava os amigos o ignorarem completamente.
A frase do aniversariante acordou todos do transe, ainda que Joui e César estivesse com um pequeno sorriso no rosto, além do primeiro estar um pouco corado.
—Você só tinha um trabalho, Thiago! — Daniel aponta na direção de César.
—Nem vem com essa não.
—Gente, sem brigar na frente do bebê — Liz fala.
—Mas você estava brigando comigo a alguns segundos atrás! —Daniel argumenta.
—Estava dizendo fatos, não brigando.
—Ok, ok. Vamos aproveitar que hoje a noite vai ser longa — Thiago fala, se sentando na frente de Liz.
César olha para Thiago e depois para Joui, sem saber o que fazer, já que não tinha mais lugar para sentar. Quando seu olhar e o do outro se cruzam, era como se tivessem uma conversa não verbal, ambos conseguiam dizer que eram reconhecidos, mas a parte racional deles dizia que isso não era possível, apesar de todo o resto de seu corpo e alma dizerem o contrário. Joui entende o problema de César e rapidamente se levanta para pegar uma cadeira de outra mesa, colocando-a do lado de seu lugar.
—Obrigado — César diz baixinho, sentando-se no lugar.
Os dois tinham muito o que conversar, porém não poderiam fazer isso na frente dos outros. Como iriam explicar o que tinha acontecido anos atrás?
—Como vocês devem imaginar, esse aqui é o César — Thiago aponta para ele — E César, esses são Daniel, Liz e...
— Joui — César responde antes que o outro pudesse falar o nome, por impulso, confirmando para o japonês que ainda se lembrava dele.
Os outros ficaram olhando para o rosto de Joui e César, era claro para eles que havia algo entre esses dois que não sabiam.
—Vocês já se conheciam — Liz pergunta desconfiada.
—Não — o cabeludo fala rapidamente.
—Sim — Joui diz ao mesmo tempo, mas ao perceber a resposta do outro continua — Vocês me mostraram uma foto dele, lembram? Mora com Thiago e tudo mais...
A mulher encara o rosto do garoto, não engolindo a mentira dele tão facilmente, mas deixando passar.
—Ô Ivete, manda uma garrafa de João Daniel!!! — ela grita para uma mulher de cabelos grisalhos preso num rabo de cavalo.
—Vê se não vai bater o nariz que nem da última vez — a senhora vai até a mesa deles, já familiarizada com Elizabeth e Thiago, que sempre frequentavam o lugar.
—Você pega uma pra mim, dona Ivete?
—Claro, e vocês? Vão querer também?
—Tem suco? — Joui pergunta.
—Isso aqui é um bar menino, claro que não tem suco — ela fala rindo um pouco.
—Viu? Neném — Liz cochicha para o amigo.
—Então só uma água.
—Para mim também — Daniel diz — Alguém vai ter que cuidar desses dois aqui.
—Eu vou dividir com o Thiago — César diz.
A mulher vai ao balcão de novo e traz as bebidas, se aproximando de Liz e perguntando baixinho para ela.
—Vai querer aquilo agora ou depois que estiverem mais bêbados?
—Pode ser agora mesmo, pra não correr o risco dele descobrir.
—Ihhhh, vai ficar de segredinho agora — Thiago diz enquanto Ivete se afastava.
—São só coisas de mulheres, querido. Nada do seu interesse — Daniel tem que se conter para rir, sabendo que aquilo era uma mentira.
Liz rapidamente vira um copo e Thiago a acompanha logo em seguida. César bebia com calma, não querendo ficar muito bêbado e esquecer que encontrou Joui.
—Se vocês vomitarem no meu carro de novo, juro que abandono vocês no meio da estrada — o ruivo avisa.
—Você fala como se fosse nossa mãe — Thiago diz.
—Não sou mãe, mas tenho que cuidar das crianças do mesmo jeito.
De repente, as luzes do bar se apagam e um holofote aponta na direção do palco, onde estão os Gaudérios Abutres, Gregório, Marcelo, Ivan e Arthur, este tendo heterocromia, cabelo castanho, uma barba, não tão grande quanto a de Daniel, e apenas um braço. O último citado se aproxima do microfone e dá umas batidas nesse, fazendo um barulho bem irritante reverberar pelo local.
—Alô, alô. Tá funcionando? — ele olha para trás e vê Gregório assentir — Eae! Quem aí gosta de piscina?! Quem gosta de piscina bebe!!
É possível escutar várias pessoas gritando, comemorando enquanto viravam as garrafas e copos em suas mesas.
—Tá todo mundo animado?? Quem tá animado bebe!!
—Arthur, você vai deixar todo mundo bêbado antes da hora — Gregório fala baixo ao seu lado.
—Ok, ok. Quem aí faz aniversário? Quem, quem? — Arthur olha em volta procurando uma mesa até que finalmente a acha — Quem está fazendo aniversário sobe no palco! — ele olha diretamente para a mesa de Thiago, parecendo estar um pouco bêbado.
Thiago olha para Liz e Daniel, meio confuso com o que estava acontecendo.
—Desde quando eles fazem isso?
—Só sobe para ver sua surpresa logo Thiago! — Daniel fala, começando a empurrar o outro da cadeira.
—Vem Thiago! Essa música é para você! — Arthur grita do palco, tentando encorajá-lo a vir — Thiago! Thiago! Thiago! — o bar inteiro começa a gritar junto, fazendo com que Fritz finalmente fosse até o palco.
—Aeeee!!!!
—Não esquece de agradecer!!! —Liz grita da mesa.
Nessa hora, a música começa a tocar, Gregório havia dado um microfone para que o aniversariante pudesse cantar. Vendo que era sua música preferida, Thiago acaba não resistindo e canta com sua voz toda desafinada. Arthur, apesar de não ter um braço, tocava sua guitarra com maestria, surpreendendo César, Joui e Daniel que nunca haviam ido ali.
Apesar de quererem muito ver o show, aquela era a oportunidade perfeita para César e Joui saírem dali e irem finalmente conversar. Liz e Daniel estavam muito distraídos vendo a performance de seu amigo para notar os dois indo para fora do bar.
A/n
Obrigada a todo mundo que comenta, vota e lê essa história, isso realmente me deixa muito feliz :D
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