Cap.2 - Arcade
Quando consigo me acalmar, após tantos pensamentos dançando sobre minha cabeça, eu adormeço.
Acabo sonhando com aquele garoto, eu estava em sua casa enquanto ele brincava descontraidamente com sua mãe enquanto preparavam algo para comer, eles pareciam próximos e isso aqueceu um pouco meu peito.
Lembro-me de estarmos rindo e brincando enquanto comíamos, entretanto como todos os sonhos a cena de repente muda e estamos na escola eu estou andando pelos corredores da escola quando ao virar um corredor vejo ele beijando um outro garoto.
Eu corro da cena e ao passar por uma porta eu estou em casa, a casa estava vazia, completamente vazia, eu subo para o andar de cima e vejo meu pai caído em frente a porta do banheiro, provavelmente morto.
De repente estou um hospital com minha mãe, os pesadelos da realidade estavam me visitando em meus sonhos, era horrível, era sufocante, eu só queria escapar disso.
Me forço a acordar, pego meu celular vendo o horário, faltava uns 10 minutos para que o despertador tocasse.
Eu me levanto lavo meu rosto e me vejo no espelho.
O pesadelo ainda me atormentava, certamente rondaria minha cabeça a manhã toda, de fato já estava acostumado com isso, mas ainda assim me causava um aperto no peito, que tipo de criança pode ser saudável mentalmente tendo sido exposto à uma situação dessas?
Sim, sempre há problemas e merdas maiores que as nossas, mas isso não significa que deve ser tratado com inferioridade, é você que está vivendo na sua merda poxa!
Após escovar os dentes e hidratar sutilmente meu cabelo por conta das partes pintadas em azul eu desço para preparar meu café.
Percebo que meu velho não estava de pé o que faz minha mente novamente me pregar uma peça graças ao que sonhei, todavia decido ignorar, se ele tivesse ao ponto de ter um infarte ele me chamaria.
Faço uma torrada com retalhos de presunto e queijo e passo geleia em alguns biscoitos enquanto tomava um café preto até receber uma mensagem no celular.
Eu abro o celular e então vejo que era de uma colega me mandando mensagem de uma maneira tímida:
— Bom dia...
Desculpe mandar mensagem tão cedo!
Você é o Jeon Jungkook não é?
Sua apresentação foi legal apesar das piadinhas...
Eu sou sua colega Bae Joo-Hyun! Eu sento perto da janela!
Como você é novo na escola... Eu gostaria de te oferecer o conteúdo passado no semestre!
A gente está na última semana de provas então você vai precisar estudar um pouco mais! Posso lhe enviar o conteúdo?
— Olá, bom dia Bae...
Eu agradeço bastante se poder me enviar o conteúdo sim, espero não estar muito atrasado!
Tentarei recuperar o mais breve possível!
Muito obrigado pela sua gentileza.
— Oh, sim!
Está certo!
Prometo não floodar de mensagens! Enviarei o básico por dia!
Nos vemos na escola!
— Até mais tarde!
🌊🍒🦋
Ela parecia fofa, mas parecia um pouco forçada? Talvez fosse coisa da minha cabeça, ela apenas estava sendo gentil de todo modo...
Eu apenas deixo o celular de lado e termino de tomar meu café, reviso minha mochila vendo se estava tudo certo e então a coloco sobre o ombro e vou para a escola.
Eu chego na mesma e agora já não parecia ser uma novidade, poucas pessoas ainda olhavam para mim e algumas que olhavam, pareciam me comer com os olhos, totalmente bizarro.
Vou até meu armário trocando alguns cadernos e livros e olho ao redor o procurando com os olhos, o mesmo estava no mesmo canto do dia anterior com os amigos dele.
Nós fazemos uma troca breve de olhares, porém percebo que ele disfarça com um sorriso e vira as costas para mim, aquilo me deixa levemente chateado, que porra ele tá fazendo? Aquilo de ontem realmente não significou nada?
Eu fecho meu armário com uma força maior do que a devida e apenas seguro firme minha alça da mochila em passos pesados em direção a sala de aula.
Eu reviso mais uma vez o cronograma do dia e desligo o celular, quando levanto o olhar a garota que havia me mandado mensagem estava de pé perto de minha classe.
— Ah! Bom dia! Como você está? — Ela parecia tímida já que segurava firmemente o caderno em mãos.
— Bom dia... É... Joo-Hyun certo?...
— Isso! Isso... Ahn... Eu esqueci de perguntar se você preferia a matéria em PDF ou em foto... Então... Eu trouxe meu caderno para te mostrar a matéria...
— Ahn... Sei lá? Foto talvez faça parecer menos coisa?
— Tudo bem! Ah.. Com licença! — Ela puxa uma cadeira e se senta ao meu lado, isso me deixa levemente nervoso, ela estava muito próxima.
Ela abre o caderno sobre minha mesa e então me mostra todo o conteúdo já passado, inclusive me pergunta se eu tinha uma noção base sobre a matéria.
No fim ela era super gentil e amigável e até me explica por cima a matéria antes da aula começar.
Uns dois minutos antes do professor entrar na sala Jimin e Taehyung adentram a sala se sentando em seus respectivos lugares.
Jimin passa o olhar entre mim e a garota, porém não esboça nada, apenas nos ignora se sentando na classe dele, a garota ao ver o professor recolhe suas coisas e vai para o seu lugar perto da janela.
No fim praticamente da segunda aula Jimin sai da sala um tanto quanto apressado, eu havia conseguido me concentrar bem até então, porém a ideia do que ele poderia estar fazendo não saia da minha cabeça.
E se ele estivesse com outro no banheiro, isso faria de mim mais um certo? Ok, tudo bem, realmente não temos nada, mas... Por que justamente comigo? Por eu ser o "aluno novo"? Me sentia ridículo por isso e fazia muito sentido.
Eu peço para ir ao banheiro e então saio de sala para ir a procura do mesmo, vou até o banheiro quase que rezando para não o encontrar lá, eu entro naquele local escuro sem uma iluminação natural direito.
Tinha alguém em uma das cabines, meu coração parecia que iria explodir em meu peito por conta disso, eu me aproximo lentamente da cabine quando sobressalto ao ouvir a mesma ser aberta relevando quem estava lá.
Um garoto qualquer apenas me encara torto dos pés a cabeça e sai do banheiro sem nem sequer lavar as mãos, eu suspiro fundo e então apenas lavo as minhas e saio dali, o pior já havia passado e por sorte eu estava errado.
Eu penso em voltar para a sala, porém que mal faria matar uma aula? Assim que soasse o sinal já seria o intervalo mesmo...
Eu caminho pelos corredores da escola no andar inferior, observando a sala de música e de dança, a escola era extremamente completa para uma escola simples.
Eu penso em visitar o ginásio e então saio do prédio principal, caminho pela lateral do colégio chegando nos fundos, meu olhos se arregalam e meu coração palpita, ele estava lá.
Ele estava com as costas encostadas na parede com um cigarro aceso entre os dedos, ele expirava a fumaça de seus pulmões, seu olhar era perdido e seu cabelo estava desgrenhado e sua postura estava completamente torta já que metade de seu corpo não encostava na parede assim como parte de seu trapézio.
Eu me aproximo lentamente do mesmo, o cheiro da nicotina me incomodava embora já estivesse acostumado por conta de meu pai fumante.
— Não sabia que fumava... — Passo a mão pelos cabelos de minha nuca, não sabia exatamente o que dizer para iniciar uma conversa decente.
— Nem sempre... As vezes eu consigo controlar a vontade... — Ele traga o cigarro profundamente, assim como seu suspiro ao soltar a fumaça. — E você?
— Eu não... Não gosto dessas coisas... — Nego com a cabeça desviando de seu olhar.
— "Dessas coisas"? — Ele ri tragando mais uma vez.
— Cigarro, fumo, vape... Sei lá...
— Que garotinho fresco... — Ele sorri soltando o ar, a fumaça chegava a sair até pelas suas narinas.
— Isso faz mal a saúde e você me chama de "fresco"? — O olho indignado.
— Você julga muito facilmente um livro pela capa...
Meu olhar é capturado pelos seus castanhos escuros atentos e inexpressivos, porém ainda assim tão profundos...
— Eu não...
— Eu não fumo porque é divertido ou por "estilo" Jungkook... — Ele bate na ponta do cigarro deixando as cinzas voarem pela corrente da brisa.
— Por que fuma então?
— Existem vários motivos para uma pessoa fazer o errado mesmo sabendo que isso pode te foder depois... Se você não entende isso é porque você leva uma vida pacífica ou tediosamente pacata. — Ele joga a bituca no chão pisando em cima da mesma, a apagando.
— Desculpe? Você não acha que é você quem está julgando o livro pela capa agora?
— Talvez... — O garoto se aproxima de mim, entrelaçando seus braços em meu pescoço, era hipnotizante a maneira que ele me olhava e meu corpo reagia tensamente ao seu. — Diga que estou errado...
— O que você quer que eu diga?...
— Você bebe?
— Não
— Já bebeu antes?
— Já...
— Quantas vezes você sai para curtir?
— Que pergunta é essa?
— Quantos amigos você tem?
— Eu não tenho amigos... — Me afasto dele.
— Mais pacato do que imaginei. — Ele tira sarro se afastando.
— Qual é o seu problema?
— O meu problema? Quais deles? Eu tenho vários! Caso não percebeu, eu sou um garoto problema!
— É notável... Você faz aquilo com todo mundo?
— Aquilo?... "Aquilo" o quê? — Ele pergunta como se não soubesse do que eu tratava.
— Você me arrasta pra um banheiro no fim da aula, me faz um oral e simplesmente não olha nem na minha cara no outro dia? Que porra foi aquela?
— Eu disse que ia te punir caso revirasse os olhos para mim.
— A vá se f- — Reviro os olhos para ele.
Ela puxa minhas roupas me fazendo olhar para ele.
— Você não sabe quem eu sou ou com quem está se metendo... Eu te aconselho que se afaste enquanto ainda tem tempo.
— Se não vai acontecer o quê? Continuar me molestando dentro da escola?
— Não foi assédio a partir do momento em que você permitiu que eu continuasse. — Ele me empurra. — Mas pelo visto você realmente ficou bastante interessado não? Já está até me perseguindo. — Ele cruza os braços.
— Eu... Não vim até aqui para te procurar... — Faço uma breve pausa em minha desculpa esfarrapada. — Nem sabia que você fumava aqui...
— É... Pelo jeito vou ter que achar um outro canto pra fumar em paz. — Ele me olha irônico, por que está agindo assim?
— Por que você é assim?...
— Não sei... Por que não tenta descobrir? — Soa como um desafio.
Nossa conversa é interrompida pelo sinal que anunciava o fim do terceiro período e o início do intervalo.
Ele apenas começa a andar de volta para o prédio quando eu me viro e o grito.
— Como faço para lê-lo?!
Ele para como se pensasse em uma resposta, mas no fundo eu podia sentir um abismo entre nós, talvez ele estivesse com uma expressão sombria agora...
Talvez... Eu estivesse entrando em um mar... Que eu não pudesse voltar mais a não ser nadar, nadar e nadar até o fundo sem nunca mais ver a superfície outra vez...
— Tente começar pela sinopse... Se ela te agradar... Continue lendo para descobrir o fim... Ou até onde você aguentar ler... — Ele diz e logo se retira por completo.
Mesmo em meio a nossa pequena discussão ele pareceu disposto a me deixar dar um passo a mais em sua direção... Isso me dava medo, mas era extremamente tentador, esse novo mundo em que o Park me mostraria.
🌊🍒🦋
No refeitório eu o vejo se sentar com seus amigos enquanto eu estava na fila para comprar algo para eu comer, eu pego somente um pastel e me sento afastado das mesas do meio, indo para um local ainda mais isolado do que o da última vez.
Eu coloco meus fones e então coloco em uma playlist com músicas deprimentes, não queria me conectar com o ambiente a minha volta, então o melhor que eu podia era continuar na minha mesmisse.
Talvez o Park estivesse certo, minha vida é tediosamente pacata demais para eu entendê-lo.
Eu como meu pastel distraído em minha playlist enquanto olhava para a rua, havia alguns jovens comendo na área externa do refeitório, todos tinham os seus grupos de amigos, já deveriam se conhecer desde o primeiro ano.
No fim parecia que só seria mais um ano normal e para minha sorte, meu último ano letivo.
Quando me dou por conta, noto que estou sento fitado, aqueles olhos castanhos me encaravam fixamente, pareciam curiosos, Jimin estava só, mas diferentemente de mim, ele não parecia nenhum pouco incomodado com a solidão que o cercava.
O que ele tinha de tão diferente de mim? Parecia até que ele procurava se isolar, como a vida dele poderia ser tão agitada? O que poderia lhe gerar tantos problemas como ele mesmo disse?
Meu olhar é tirado dos seus quando minha colega se aproxima de mim, se sentando ao meu lado.
— Por que está sozinho? Você é tão bonito e mesmo assim não parece ter achado ninguém interessante o suficiente para tentar se enturmar... — Sua bandeja tinha um sanduíche integral e água, me perguntava se isso matava a fome de alguém.
— Ah... Sei lá, todo mundo parece muito bem em seus grupos... Não quero parecer intrometendo chegando do nada... — Tiro meus fones por educação.
— Intrometido? Nada disso! Tenho certeza que vão adorar conhecer você, você faz o estilo popular daqui sabe? Só precisa conhecer mais gente!
— Quer dar uma volta Jungkook?
Meu olhar se levanta indo de encontro com os do Park, ele estava apoiado na nossa mesa me encarando, logo ele desvia um ríspido e sério olhar para a garota sentada ao meu lado.
— Ahn... Você deve conhecer pessoas boas Jungkook! Eu posso te apresentar alguns amigos depois! Percebi que você gosta de música! Temos um clube de música aqui na escola! Acho que você gostaria!
— Pode ser legal... Claro... Obrigado Joo-Hyun...
Ela sorri e desvia o olhar para Jimin que continuava a encarar com desgosto, a mesma pega a bandeja e sai sorrindo para mim.
— Ela faz o seu tipo?
— Que?... Não... Na verdade... Não sei... Sei lá... Mal a conheço!
— Argh! — Ele revira os olhos, parecia enojado. — Ela é muito pick me! Achei que você tivesse um gosto melhor...
Ele se senta na mesa tirando um pirulito do bolso da sua saia e jogando a embalagem para o lado, ele sabia o que significava "modos"?
— Que gosto tem?
— Uh? O quê? — Ele me olha com o pirulito preso em um dos cantos da sua bochecha.
— ... O pirulito... — Me arrependo de ter perguntado.
Ele sorri formando dois riscos em seus olhos e então segura o palito do pirulito e me oferece.
— Quer provar?
— Argh... Tá todo babujado...
Ele inclina a cabeça me olhando confuso.
— Eu chupei o seu sem nem sequer saber se tinha tomado banho ou não e nem por isso fiquei de frescura!
— JIMIN! — Eu olho ao redor para ver se ninguém havia escutado, certamente eu havia corado com isso.
— Hyung! Eu sou mais velho que você! Me deve respeito!
— Nem você se respeita! Sai de cima da mesa! Você não tem modos?! — O empurro para fora.
— Aish... Depois você diz que não é fresco não é?... Anda... A curiosidade não vai matar você por experimentar... — Ele aponta o pirulito na minha direção novamente.
O quão aquilo seria vergonhoso se vissem?...
Eu reviro os olhos e então provo o pirulito que ele havia me oferecido, seu olhar era sério e eu ficava cada vez mais tímido por estar fazendo aquilo o olhando diretamente.
Logo eu paro para saborear o gosto que havia ficado na minha boca, era cereja... Era um pirulito muito bom de cereja...
— É bom...
— Não é?... Eu sabia que gostaria... — Ele volta a colocar o pirulito na boca e as mãos nos bolsos da saia.
— Como sabia que eu gostaria?...
— Ah sei lá, é doce, quem não gosta de doce?
— Não estou falando do pirulito...
— Oh... — Ele sorri malicioso e então se inclina na minha direção. — Você pareceu muito atentado ao ficar admirando minha saia mais cedo... Apenas por isso!
— Eu me odeio por isso! — Tapo meu rosto.
— Ei... Não julgue as coisas sem antes experimentar... Ela pode acabar se tornando a sua salvação em algum momento...
Eu levanto minha visão para o olhá-lo, seus olhos pareciam triste, como se carregassem uma dor de um passado profano...
— Que?...
— Todo mundo tem uma válvula de escape para suportar a dor e as cicatrizes desse mundo quebrado... Não julgue os métodos das pessoas para afogarem suas dores...
— Transar te ajuda a esquecer seus problemas?...
— Não te fez mais feliz?... Você estava triste antes no intervalo de ontem...
Eu não entendia a razão e nem o porquê direito, mas de alguma forma, estar com ele, perto dele, me fazia esquecer os meus problemas... Por mais idiota e sem noção que suas atitudes parecessem, eu me sentia... Leve...
— Sim... Eu fiquei feliz... — Era difícil admitir.
🌊🍒🦋
Eu fiquei pensando no que havíamos conversado no intervalo durante a aula, de repente fumar não parecia ser algo de outro mundo ou o bicho papão que me atormentava.
Mas ainda assim, aceitar isso... Na minha vida... Não parecia ainda ser uma opção... Eu não queria concordar que aquilo era uma opção para descarregar os problemas vividos, havia outras formas, outros jeitos... Tinha que ter... Eu queria acreditar que tinha...
Pois acreditando nisso... Tornaria mais fácil a esperança de que no futuro meu pai voltaria a ser quem ele era...
🌊🍒🦋
Após arrumar as coisas no meu armário e pegar os cadernos que eu teria que passar a limpo a matéria, pois semana que vem teria provas eu sinto meu armário ser fechado com um baque.
Eu me viro e vejo Jimin me olhando com um sorriso no rosto e com um pirulito nos lábios.
— Esse...
— É outro obviamente... É para evitar que eu fume! Meu pulmão já deve ser preto o suficiente...
— Você fuma desde quanto tempo?... — Arrumo a alça da minha mochila começando a andar ao lado dele.
— Acho que... Desde meus 15... 14... Sei lá, não importa!
— Você é bom em quebrar regras... — Brinco.
— Ah... Você não viu nada!
— A gente se encontra na balada hoje a noite Ji? — Taehyung passa com nós junto com a garota do grupinho deles.
— Claro que sim! Me esperem lá!
Eles saem e então ele para a minha frente, por algum motivo eu já sabia o que significava esse olhar.
— Ah! Eu não acho uma boa ideia...
— Por que não?! Você precisa de alguma coisa para dar um ânimo nisso aí! Quer ser descolado apenas por causa do cabelo, mas não quer agir como tal? Puff! — Ele bagunça meu cabelo.
Eu arrumo sutilmente o olhando.
— Que horas vai ser esse troço?...
— Acho que umas 23h ou 2h, sei lá! Quem se importa? Sextou!
— É muito tarde! Eu preciso estudar...
— Que desculpinha de merda hein! Vai fazer o que de tarde?
— Colocar isso em dia! — Mostro os cadernos.
— Tu tá brincando comigo... — Ele me olha com tédio.
— Semana que vem é a última semana de provas... Sei lá... Não quero apenas tirar um 0.
— Vai fazer o que final de semana?
— Sei lá... Jogar... Nevagar na Internet... — Dou de ombros.
— ... Nem fudeno...
— O quê?...
— Olha... Eu vou te passar meu número e a gente vai marcar de fazer algo de tarde pode ser? — Ele diz mexendo no celular dele que possuía um desenho bem fofo de uma cereja em uma coloração parecida de um gloss.
Me perguntava como alguém com uma personalidade igual a dele podia se vestir e ter coisas tão fofas sendo que era totalmente fora da sua realidade tal coisa.
— Olha... Eu ainda preciso colocar isso aqui em dia. — Ele me olha me julgando mentalmente.
— Tá brincando né? — Um breve silêncio se faz presente e ele bufa. — Ok! Depois que você terminar esse troço a gente marca de sair! E de noite balada, pode ser?!
— Jimin eu nao-
— Você prometeu!
O olho ligeiramente confuso, quando eu havia prometido? Eu não prometi nada! Nem lembro de ter dito que ia!
— Eu não-
— Escaneia aqui! — Ele me mostra o QR Code do contato dele me impedindo de falar.
Eu reviro os olhos e salvo o contato dele, que inclusive estava salvo por ele como "Mochi", quem diabos deu esse apelido pra ele?... E pior ainda... Ele parece ter gostado!
— Eu acho que vou ter que te punir de novo...
— Ah?! — Eu de repente pareço espantado.
— Você revirou os olhos de novo!
— Eu não... Ah... Você tá brincando... — Sorrio nervoso.
— Vamos ter uma noite bem longa e divertida! Mal posso esperar! Até mais Jungkookie! — Ele sorri e sai todo saltitante, por um momento mais eu quase posso ver o que ele usava por baixo da saia, o me deixa corado.
Bato na minha cabeça para afastar "maus" pensamentos e apenas olho o contato salvo e comemoro vitorioso, indo para casa.
Eu chego em casa e percebo que ela estava estranhamente silenciosa até eu largar minha mochila no chão e ir pegar um copo de leite na geladeira para tomar.
— Como foi na escola? Melhor que ontem?...
— Foi tranquilo... Uma colega minha me passou a matéria, vou por em dia agora de tarde...
— Já fez amigos? Uau... Isso é bom... — Ele balança a cabeça surpreso. — Ela é legal?
— Ah... Acho que sim, ao menos foi bem gentil ao separar a matéria para eu copiar...
— Entendo... Vai passar o resto do dia no quarto de novo? — Estranho sua pergunta o olhando enquanto lavava meu copo.
— Sim... Talvez eu saia de tarde... Por?...
— Eu irei sair então... Leve sua chave... Não sei que hora volto. — Ele diz passando a mão pelo ninho de cabelo dele.
— ... Você também saiu de manhã... — Espero ele me dizer onde foi, sem ter perguntado.
— Ah sim... Sai para beber... — Ele diz simplista, como se não fosse nada.
— Tanto faz... — Respondo voltando a ignorar sua existência.
— Está chateado?...
— Por que eu estaria? — Coloco o copo no escorredouro pegando minha mochila do lado do sofá e subindo para meu quarto.
Eu bato a porta me trancando no cômodo, encosto minhas costas na porta e ouço passos se aproximarem do meu quarto.
Ouço duas batidas seguidas de um: "Me desculpe."
Meu pai desce as escadas e ouço a porta principal ser aberta e trancafiada, eu deslizo até o chão não contendo meu choro.
Eu afirmo minha cabeça nas minhas duas mãos me permitindo chorar alto, eu soco meu guarda-roupa ao meu lado algumas vezes, segurando minhas roupas acima do peito.
A dor era insuportável que chegava a ser sufocante, só consigo lembrar de Jimin fumando e dizendo que isso o ajudava a suportar o peso de seus problemas.
Era ainda mais atormentador a vontade de ceder a tal nível de mediocridade que eu tanto crítico.
Eu passo a mão pelo meu rosto, tudo estava uma bagunça, eu abraço meu corpo mordendo meu biceps para controlar meu choro.
Aos poucos tomo controle de mim mesmo para poder chegar até o banheiro e poder lavar meu rosto, eu evito me encarar no reflexo do espelho, eu sabia que me atormentaria se visse o que eu estava me tornando.
Após lavar o rosto e suspirar profundamente, eu pego meu fones de ouvido e vou para cima da minha cama, pego os cadernos e as matérias que eu deveria por em dia e por ali fico.
Quando chega na matéria de gramática eu simplesmente começo a me estressar por não entender algumas expressões e regras, principalmente a parte de interpretação de texto, céus... Como eu era horrível em interpretação de texto... Me pergunto se eu era tão ruim assim em entender contextos do dia a dia...
Eu olho meu celular vendo a hora e então eu vejo os contatos e relutantemente resolvo mandar mensagem para o Park:
— Aproveitando bem a tarde?...
Ele demora um pouco a responder, mas assim que responde eu salto da cama abrindo o aplicativo de mensagens.
— Menos do que eu gostaria... Mas de noite vai ser um arraso então de boa...
E você?
Como anda seus estudos, Sr. Nerd?
— Puff, Nerd?
Eu não sou um Nerd, estou longe de ser.
— Você parece ser bem sabido das coisas, Nerd.
— É, mas não sou, nem todo aluno de exatas é um nerd!
— Tá bem, tá bem, já terminou sua sessão "vou morrer de tédio"?
— Sinceramente não...
— Ah larga disso, você tem o final de semana inteiro pra isso!
Vamos fazer algo legal!
— E o que seria "fazer algo legal", para você?
Ele novamente some, talvez pensando no que responder.
— Olha, apenas me encontre neste endereço aqui e a gente decide bele?
Ele me manda a localização perto de um parque não tão longe de casa.
— Tá... Eu deveria vestir algo especial para ocasião?
— Não estamos em um encontro! Não seja brega!
— Tá bem...
A gente se vê!
Ele apenas visualiza sem responder mais.
Eu fico olhando para a tela do telefone ainda processando a informação, quando me dou de conta eu saio da cama, cambaleando pelo tapete.
Vou até meu guarda-roupa quase o colocando a baixo procurando uma roupa descente e no mínimo estilosa para vestir.
Mesmo ele tendo dito que não é um encontro eu queria estar no mínimo apresentável a minha maior dúvida era...
Couro ou jeans?
Opto pelo couro, deixaria o jeans para a noite.
Coloco uma camiseta de manga curta da cor cinza, uma jaqueta de couro, uma calça jeans rasgada e uma bota de cano curto, também de couro preto.
Dou uma leve arrumada no meu cabelo, escovo os dentes, pego meu chaveiro saindo de casa.
🌊🍒🦋
Ele se atrasa uns 10 minutos até chegar no local combinado.
— Desculpa a demora! Tava arrumando tudo antes de sair...
Ele... Estava completamente diferente de quando estava na escola?...
Ele vestia uma calça moletom esportiva e uma regata que mostrava bem a definição de seus braços, não imaginava que ele era alguém que se exercitava...
Embora estivesse com um visual diferente, seu rosto permanecia delicado e seus brincos ainda eram os mesmos, um sorvete de baunilha e uma borboleta azul, me questionava se tinha algum significado já que pelo jeito ele não tirava da orelha.
— Ahn... Tudo bem... Estava malhando?...
— Uh? Ah! — Ele ri olhando para as próprias vestimentas. — Estava fazendo faxina semanal! Mas dá pra se considerar também!
— Entendi... — Coro e então desvio o olhar. — E então... O que pretende fazer?... Já que conseguiu me tirar do meu cafofo.
— "Cafofo"? Tá mais pra "camofo"! Sinceramente quem é que em sã consciência passa uma tarde de sexta-feira estudando?
— ...
— Tá, ok, desculpe não foi minha intenção!
— Acho que mudei de ideia... Vou voltar... — Digo virando de costas, já saindo.
— Não! Não! — Ele se põe na minha frente segurando minhas mãos, as tirando dos bolsos de minha jaqueta. — Vamos nos divertir...
— Se for pra você ficar tirando uma com a minha cara prefiro ir embora. — Continuo avançando para ir embora quando ele me empurra. — Qual o seu-
Ele se aproxima de mim e sela nossos lábios, eu podia sentir o gosto da nicotina adentrar minha boca e passar pela minha garganta.
Ele se afasta e eu tusso, tapando minha boca com meu braço.
— Vem, vamos... — Ele segura minha manga e me puxa para seguí-lo.
Eu apenas me deixo levar, estava aéreo demais com o que acabou de acontecer para poder pensar em qualquer outro tipo de reação.
De repente me encontro em um salão de jogos, de todos os tipos, desde os retrô com aquelas grandes máquinas de videogames antigos, também tem uma parte exclusiva para algum tipo de cassino?... Jogos de azar... O que deveria ser proibido, o que me faz questionar, nós poderíamos estar aqui?
— Esse lugar é enorme... — Digo admirado com a quantidade de cores que aquele lugar emitia, me sentia perdido em meio aquelas luzinhas piscantes.
— Você está bem?... — De repente parece preocupado.
— Sim, não se preocupe, não sou fotossensível... Mas... O que vamos fazer aqui?...
— Ué, não é óbvio? — Ele paga a um cara uma quantidade duvidosa de dinheiro. — Vamos jogar!
— J-jogar? — Eu olho ao redor, o lugar estava parcialmente movimentado. — N-não! Eu tô de boa... Pode jogar sozinho.
— Eu comprei 20 fichas Jungkook... Você ao menos vai ter que jogar uns 10 tipos de jogos diferentes comigo!
— 20 fichas?!! Você tá louco?! Isso sai uma fortuna!
— Fica quietinho vai! Vem! Eu quero ir nesse primeiro! — Ele segura meu braço e me arrasta com ele.
Ele vai até um jogo de pimbol inserindo uma ficha.
Quando o jogo se inicia ele começa a apertar todos os botões freneticamente na tentativa de fazer bastante pontos.
De alguma forma era realmente distrativo ver aquela bolinha indo de um lado para o outro, seria ainda mais distrativo se Jimin ao menos fosse bom nisso.
— Argh! Perdi! Vai, tente você! — Ele me oferece uma ficha.
— Não tenho tanta certeza se...
— Apenas vá! Se você marcar mais que eu, eu te dou uma recompensa depois!
De repente seus olhos parecem mais profundos que o normal, me deixando tímido.
Eu pego a ficha e suspiro profundamente, a insiro na máquina começando o jogo.
Diferentemente de Jimin eu tento prever onde a bola irá a cada aperto nos botões que eu tinha, o que me dava uma vantagem de tempo para poder apertar o próximo botão, entretanto parecia que aquilo cada vez ia acelerando mais já que o impacto se tornava maior.
Quando eu perco o controle da bolinha eu acabo perdendo facilmente, logo vejo meu placar e sorrio percebendo que acabei marcando mais pontos que Jimin.
— ... Isso foi fácil demais! Bom! Se você em me vencer em mais 7 jogos a gente vê a sua recompensa!
— Isso é injusto você disse se eu marcasse mais pontos nesse jogo!
— Eu disse? Pois bem, considere isso como um aquecimento...
— Trapaceiro... — Resmungo inconformado.
— Não seja um mau garoto neném... Se não não terá recompensa nenhuma... — Ele eleva meu queixo com o indicador e dá um selar no canto da minha boca. — Certo, good boy?
Eu sinto minhas bochechas queimarem, como ele podia fazer algo assim tão naturalmente em público? É tão vergonhoso...
Ele se dirige até um próximo jogo que seria derrubar um boneco na água, quem conseguisse derrumar mais vezes em um determinado tempo ganhava.
Eu não sabia o que se passava na cabeça dele, entretanto eu estava determinado a ganhar dele custe o que custasse, meu lado competitivo havia se ativado apenas pela minha curiosidade quanto a recompensa, entretanto minha mente também me prega uma peça me fazendo relembrar do banheiro da escola... Como ele podia fazer isso comigo?... Eu mal o conheço...
Como ele consegue me causar tantos efeitos em menos de 5 minutos?
Logo após esse jogo que Jimin aliás ganhou, jogamos um outro de dança no qual Jimin também ganhou e pra variar ganhou de lavada de mim, após eu perceber que eu não tinha coordenação motora o suficiente para prestar a atenção em uma tela e mexer meus pés ao mesmo tempo.
Em jogo um de corrida a vitória foi minha, Jimin por sinal detestou esse jogo por "falta de realismo" o que ele esperava afinal de uma máquina retrô?
Gastamos nossas fichas também em um caça bichinhos de pelúcia, a coisa mais inútil que se tinha? Sim, entretanto gastamos e ambos saímos com as mãos abanando, não éramos os sortudos da vez.
Em um jogo de tiro com direito a brinde quem havia ganhado foi Jimin, o mesmo ganhou um coelho de tamanho médio de pelúcia azul, no mesmo instante ele o apelidou de Sansão, ele havia ficado feliz já que não havia conseguido nada na máquina das pelúcias e eu não podia ficar menos bobo o vendo feliz.
Em um jogo de memória quem ganhou fui eu, após jogarmos um de luta que novamente eu havia ganhado e Jimin por sua vez me ganhou na sinuca, no futebol de botão eu ganhei com uma certa dificuldade, Jimin estava realmente disposto a ganhar de mim, já que nossas fichas estavam acabando e estávamos empatados.
— Essas são nossas últimas fichas... É tudo ou nada agora... — Jimin diz mostrando a última ficha dele.
— Estamos empatados então... Só vai restar um vencedor. — Sorrio já me sentindo vitorioso, mesmo quase tendo levado um pau no último jogo. — E então, qual vai ser?
— Hum... — Jimin olha ao redor e logo me puxa para nosso último jogo. — Esse aqui.
Eu olho o jogo e então inclino minha cabeça confuso, era um jogo que tínhamos que socar um alvo, quem socasse mais forte tecnicamente venceria.
Me perguntava o porquê de Jimin querer decidir nosso empace nesse jogo, sendo que claramente ele é mais fraco fisicamente que eu.
— Você... Tem certeza?...
— Sim! Tenho! Quer que eu vá primeiro?
— Claro, faça as honras... — Lhe dou espaço.
Jimin insere a ficha e então se prepara fechando os punhos, sua postura parecia muito profissional, logo ele aplica o soco contra a máquina que marca um total de 758 pontos.
Eu olho para aquilo impressionado, isso era humanamente possível para o tamanho dele?
Ele se afasta me olhando sorrindo, passando a língua pelos dentes superiores, com uma carinha de safado.
Eu então nego com a cabeça e insiro minha ficha na máquina e ativo ela, eu tento lembrar das técnicas para conseguir marcar um escore maior na máquina mesmo não tendo tanta habilidade com socos ou um treinamento de luta corporal adequado.
Eu me preparo, me concentro e então soco, a máquina parece demorar um pouco mais para gerar a marcação de pontos que o habitual, quando marca eu me encontro ainda mais chocado.
Eu havia feito apenas 463 pontos era quase 300 pontos de diferença, como podia ter sido tão diferente? Certamente eu bati mais forte que ele, o jeito e até mesmo o barulho do soco havia sido mais alto.
Eu... Eu Perdi?...
— É... Pelo jeito eu ganhei... — Ele olha o score sem parecer surpreso.
Eu ainda estava chocado demais para processar o que ele havia dito.
— Como... Como você fez isso?...
— Isso o quê? — Ele me olha inocente.
— Você marcou 758 pontos... Como?...
— Nem tudo se trata sobre força Jeon... Mas sim jeitinho... — Ele se aproxima de mim e envolve seus braços na volta de meu pescoço. — Será que por eu ter ganho tenho direito a uma recompensa?...
Eu volto a realidade por sentir sua respiração um tanto quanto próxima a minha.
— O-o que você quer?...
— Hum... Não sei! — Ele se afasta. — Mas vou pensar nisso até o fim do dia! Vem, vamos comer algo. — Ele pega o Sansão e me pega pela mão, andando comigo em direção a saída.
Eu estava tão absorto em meus devaneios que não percebo quando o menor para de repente, acabo trombando com o de cabelos vermelhos sem querer.
— O que houve?...
Ele estava com uma expressão séria, logo eu levo meu olhar para onde ele olhava.
Havia um grupo de homens mais velhos jogando um jogo de azar da roleta, pareciam um pouco bêbados e alguns até mesmo fumavam, sem se importar se estavam em um local fechado.
Eu tentava entender por qual razão Jimin os encarava, mesmo que sua expressão fosse de nojo misturada com uma pitada de raiva.
Eu toco seus ombros o trazendo de volta para a realidade.
— Você os conhece?...
— Uh? O quê? — Ele olha novamente para os homens e então reprime seu desgosto apenas balançando a cabeça, aliviando a tensão em sua expressão ao olhar para mim. — Não! Não os conheço! Vamos, sim?...
De repente aquele lugar não parecia mais tão divertido... E sim sufocante... Os bons momentos haviam sidos substituídos por uma tensão eminente no ar... Mesmo saindo de dentro daquele fliperama, ainda parecia difícil até mesmo respirar o ar puro novamente.
— O que você quer comer?... — Ele me pergunta naturalmente, mas eu já não estava mais no clima para aquilo.
— Eu... Eu irei para casa...
— O quê? Por quê? Você não se divertiu?...
— Sim, eu... Sei lá... Tô com dor de cabeça eu acho... — Toco minha cabeça a sentindo latejar, me sentia um pouco tonto, talvez por passar a tarde sobre aquelas luzes daquelas máquinas.
— Possa ser de fome, vamos comer, eu conheço uma ca-
— Eu realmente prefiro ir para casa agora Jimin... — O olho cansado.
— Se você insiste... — Ele dá de ombros, pelo jeito era fácil para ele fingir como se nada tivesse acontecido, parecia desinteressado após apenas duas insistências... — Você ainda vai aparecer de noite?... — Ele coloca as mãos nos bolsos do moletom, sua postura havia mudado, estava sério, até seu olhar parecia hostil.
— Talvez... Não sei... — Digo incerto, eu realmente não sabia.
— Hum... Tanto faz... Enfim... É isso certo?... Espero que tenha se divertido... Falou. — Ele fala e sai andando, abana brevemente com uma das mãos e então vai embora.
Eu apenas faço o mesmo, me sentindo novamente vazio.
Eu caminho pelos ruas em direção a minha casa pensando quando o dia havia se tornado ruim ao ponto de eu me sentir daquela forma.
Não havia diferença alguma daquele dia no banheiro, eu me sentia fraco e sem energia, era como se ele tivesse me sugado tudo naquela tarde, não havia sobrado nada, apenas a corrosiva e frequente sensação de vazio.
Quando chego em casa eu percebo que a mesma estava vazia, meu pai ainda não havia chegado, o silêncio era ensurdecedor, era como se ele preenchesse todo o espaço vazio da minha mente e gritasse, fazendo minha cabeça doer ainda mais, aquele silêncio era perturbador.
Eu ligo a TV e coloco em uma playlist aleatória enquanto preparava algo para comer, quando eu me viro para me sentar na mesa a música "Arcade" começa a tocar e junto com o pires e o copo eu desabo ao chão.
O vazio que preenchia em meu peito me espeta como espinhos, me esmaga e me perfura como cacos de vidro como os daquele copo agora estilhaçado no chão, eu estava em pedaços e eu nem conseguia entender o porquê.
Eu estava tão assustado, eu estava com tanto medo, eu estava paralisado, eu nunca havia me sentido assim antes, tudo parecia estar sendo virado do avesso, tudo o que eu tinha como certo ou correto parecia ter uma vertente de "não é bem assim".
Não sabia dizer se esse era o efeito dele, porém estava machucando, estava me fazendo perder a cabeça, eu não estava me reconhecendo, como o errado poderia virar certo?
"Você não é como todo mundo", nunca me pareceu tão contraditório quanto agora...
Eu estava tão perdido, tão confuso, tão apavorado, eu era tão pequeno diante daquele mundo diante a mim.
No fundo eu sabia perfeitamente que Jimin não era uma boa influência, ele mesmo havia me alertado bem em como ele poderia se tornar um problema e que ele em si já é um grande problema, ainda assim... Por mais imoral que parecesse...
Ele era como um fruto proibido, tentador, ousado e que enquanto eu não experimentasse e saboreasse por completo o perigo que ele tem a me oferecer... Eu não estaria satisfeito... Mesmo que isso me fizesse cair do céu direto para o inferno...
Ainda assim, eu também sabia que estaria no paraíso enquanto ele estivesse por perto e saber disso era ainda mais tentador possível...
🌊🍒🦋
Após arrumar toda minha bagunça, eu me recomponho e me arrumo, estava decido, eu iria conhecer essa nova terra do nunca e me aventurar nesse mundo desconhecido.
Percebo que eu não podia mais voltar atrás após trancar a porta e jogar a chave por dentro da janela de casa.
Assim eu parto em direção a balada a qual Jimin havia me mandado a localização a uma hora atrás.
Minha ansiedade bate assim que eu chego em frente ao local, minha razão estava me passando a perna e de repente eu não parecia mais tão curioso ou corajoso em me aventurar e me jogar de cabeça nessa loucura.
Porém é ainda mais tarde quando sem perceber sou guiado por meus pés dentro daquele local.
Era quente, abafado sonoramente, eu nem sequer podia distinguir o que eu estava sentindo pela divergência de cheiros daquele local e da fumaça que se envolvia em nossos pés e pairava sobre nossas cabeças.
End.
Obrigado por ler
e até o próximo capítulo!
Desculpe por todo e qualquer erro de escrita!
Espero que tenham gostado e continuem acompanhando outras estórias minhas!
Obrigado pelo apoio!
🦋 I Never Stop!🌹
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