𝟱𝟵

Corre...

Merda.

Merda!

Latidos atrás de nós.

Puta merda.

Deveria me exercitar.

Por que estou tão fora de forma?

Porque não faz exercícios, idiota, acabou de falar isso.

A distância, posso ver a silhueta perfeita de Suna. De repente, Antony passa por mim como um flash. Odeio jogadores de futebol.

Meu coração vai sair do peito. Sophia me alcança também.

⎯ Corra, [Nome], corra!

⎯ Não sou... -fico sem ar ⎯ O Forrest Gump!

Sophia sorri.

⎯ Eu sei, mas sempre quis dizer isso. É sério, corre!

Ela se afasta com pressa, e eu mostro o dedo do meio.

⎯ O que você acha que eu estou fazendo?

Samy, Atsumu e Oikawa também me ultrapassam. Ah, não, eles também.

Sou oficialmente a última.

Estou prestes a entrar em pânico quando vejo Suna voltar para me buscar, e ele segura minha mão para literalmente me puxar logo atrás dele. Os cachorros latem muito alto, nem me atrevo a olhar para trás.

Como acabamos sendo perseguidos por quatro cachorros?

Vamos apenas dizer que foi culpa do álcool e das decisões ruins - ênfase nas decisões ruins.

Tive a brilhante ideia de estender a comemoração quando a festa na casa de Suna acabou. Meu plano era todos irmos beber na minha casa, ouvir música, mas isso não foi o bastante. Sophia, aquela que chamo de melhor amiga, quis nos mostrar um lago desconhecido que ela encontrou na semana passada enquanto corria, acho. Então, óbvio, todos nós, com a cabeça cheia de álcool, permitimos que essa loucura acontecesse. Mas o que Sophia não sabia era que o lago não havia sido aberto ao público porque basicamente não é público, e sim uma propriedade privada, parte de uma chácara protegida por cães.

Foi assim que acabamos fugindo correndo para salvar nossas vidas.

Com a ajuda de Suna, pulo a cerca (que, a princípio, deveria ter nos alertado para o fato de não ser um lugar público), e deixamos os cachorros do outro lado. Caio de joelhos de um jeito dramático, meu coração latejando, na minha cabeça, em todos os lugares.

⎯ Vou... -minha respiração é pesada. ⎯ Morrer.

Nem parece que Suna, Antony e Atsumu acabaram de correr para salvar suas vidas, nem estão suados. Para meu alívio, Sophia e Samy estão a poucos passos de mim, grunhindo, a respiração tão pesada quanto a minha. E Oikawa, bom, vamos apenas dizer que Oikawa está mais para lá do que para cá.

Samy mal consegue falar.

⎯ Vou te matar, Sophia Walking.

Sophia levanta a mão.

⎯ Eu...

Oikawa nos ilumina com seu comentário.

⎯ Isso foi incrível!

Todos nós lançamos um olhar de "mas que...?".

Oikawa passa a mão pelo rosto.

⎯ Foi como um videogame ao vivo. A adrenalina, uau!

Tudo bem, há a possibilidade de alguns ainda estarem muito bêbados. Sophia começa a gargalhar sem motivo.

Vamos riscar a possibilidade. Sim, muitos de nós ainda estão bêbados. Os olhos castanhos e gentis de Oikawa se voltam para mim.

⎯ E, preciso dizer, se isso fosse um videogame, você estaria mortinha, [Nome]. Nunca escolheria sua personagem para jogar.

Pela segunda vez naquela noite, mostro o dedo do meio para alguém; o álcool me deixa grossa. Levanto o olhar para o céu, surpresa pela claridade se formando.

⎯ Ah, merda. É o sol?

Sophia ri de novo, e Oikawa a acompanha. Atsumu segue meu olhar.

⎯ Ah, amanheceu.

Em que momento a noite passou por nós?

⎯ O álcool nos faz perder a noção de tempo... -afirma samy enquanto recupera o fôlego.

Antony a observa, e a adoração em seus olhos é evidente. Ah, ele está tão apaixonado. Ele e Samy estão saindo há algum tempo, e fico muito contente por eles. Samy merece ser feliz, é uma boa pessoa. Meus olhos se detêm em Atsumu, que observa Sophia discretamente. Fico me perguntando se vai rolar alguma coisa entre eles ou continuar na mesma.

O delicioso clima de verão recém-chegado toca minha pele, aquecendo-a.

⎯ Que gostoso ficar assim aqui fora, sem casaco, jaqueta, estava com saudade disso.

Sophia concorda com a cabeça.

⎯ É um dia perfeito para ir à praia.

Samy faz um beicinho.

⎯ Você está certa, quem dera a gente pudesse ir à praia.

Oikawa anda de um lado para outro. Ele fica muito hiperativo quando bebe.

⎯ E por que não vamos?

Todos viramos a cabeça na direção dele, e Oikawa continua:

⎯ Suna e Antony estão sóbrios, e cabe todo mundo nos carros deles.

Sophia o cutuca.

⎯ Não sai por aí tomando decisões pelos outros.

Suna sorri.

⎯ Não, parece uma ideia excelente.

Atsumu o apoia.

⎯ É, provavelmente essa é a última vez que vamos estar reunidos desse jeito.

A maioria de nós vai para a faculdade, e apesar de Sophia, Oikawa e eu estarmos indo para a mesma, não é o que vai acontecer com os outros, muito menos com Suna. Dói tanto cada vez que me lembro disso que acho que enterrei essa informação nas partes mais remotas do meu cérebro, como se não pensar tornasse a situação menos real.

Oikawa levanta as mãos no ar.

⎯ Vamos à praia!

Não consigo evitar sorrir. Seu entusiasmo é contagiante e fico feliz por vê-lo assim, principalmente depois do que aconteceu. Fiquei muito animada quando soube que estudaríamos na mesma universidade; quero estar por perto, não só para cuidar dele, mas porque faço questão de ajudar se em algum momento ele tiver uma recaída ou se sentir só. Depressão não é algo que melhora do dia para a noite, leva tempo, e algumas situações podem levá-lo a ter uma recaída. Se isso acontecer, quero estar ao lado de Toru.

Samy estreita os olhos, focando atrás de mim.

⎯ Aquele é o Greg?

Eu me viro para olhar, e, de fato, Greg caminha até nós segurando uma garrafa do que parece ser... Jack Daniel's. Mas o que...?

⎯ Pessoal! Finalmente encontrei vocês! -grita ele, aproximando-se.

Ele disse que nos alcançaria, mas isso foi há cerca de uma hora, e quando não chegou presumimos que não viria.

Antony ri.

⎯ Cacete, como você chegou até aqui?

Greg mostra o celular.

⎯ De Uber né veyr.

Antony dá um tapinha nas costas dele.

⎯ Você parece uma barata, é tão difícil se livrar de você.

Greg finge estar ofendido.

⎯ Uma barata? Jura?

Samy intervém por seu namorado.

⎯ Você nunca ouviu que as baratas resistiram à radiação da explosão nuclear? É um elogio à sua resistência.

Antony olha para ela satisfeito, mas não diz nada. Percebi que, apesar de ele não ser muito carinhoso com ela, seu olhar diz tudo. Acho tão fofo quando um cara durão se apaixona.

Greg dá de ombros.

⎯ Tanto faz, pelo menos cheguei e acho que ouvi alguém dizer praia. Contem comigo.

Oikawa olha para Suna, Atsumu, Greg e Antony e murmura:

⎯ Uau, vocês são incrivelmente bonitos.

Todos rimos, e Greg pisca para ele.

⎯ Solteiro às ordens.

Oikawa lhe lança um olhar cansado.

⎯ Não, quis dizer que vocês são meus primeiros amigos homens e são bonitos demais, isso não vai dar certo.

Greg finge perder o fôlego.

⎯ Está terminando comigo sem nem mesmo a gente ter começado?

Oikawa o ignora.

⎯ Estou dizendo que, se sair com vocês, não vou chamar a atenção de nenhuma garota.

Reviro os olhos e agarro suas bochechas.

⎯ Você também é muito lindo, Kawa.

Consigo sentir o olhar pesado de Suna sobre mim e abaixo as mãos devagar. Antony faz uma careta.

⎯ Kawa?

Atsumu dá uma risadinha.

⎯ Como aquele personagem de World of Warcraft?

Greg segura a ponta do nariz.

⎯ Podemos focar na praia?

Samy assente.

⎯ A barata tem razão, é uma viagem de duas horas, então vamos logo.

Sophia se preocupa com a logística e a admiro por pensar nisso depois de ter amanhecido bebendo.

⎯ Não temos roupa e nem comida.

Greg solta um pigarro.

⎯ Como diria meu avô, "Não importa o que lhe falta, você encontrará em algum lugar pelo caminho".

Antony levanta a sobrancelha.

⎯ Seu avô não trocou sua avó por uma mulher que conheceu na estrada?

Greg responde:

⎯ Exatamente, ele não tinha amor e o encontrou pelo caminho. E para de estragar meus momentos legais.

Com Antony e Greg ainda discutindo, nós começamos a caminhar em direção ao lugar onde deixamos os carros estacionados.

Hora de viajar.

Já no caminho, Suna apoia o braço na janela aberta enquanto mantém a outra mão no volante. Ele está sem camisa, com um boné para trás e óculos de sol. O sol atravessa a janela e desliza por sua pele, ressaltando cada músculo definido de seu torso.

Nossa Senhora, por que você foi tão boa com ele? Por que trazer um ser humano assim ao mundo? Deve ser para as pobres mortais como eu sofrerem cada vez que o virmos.

Greg aparece entre nossos assentos.

⎯ Estou me sentindo como o filhinho de vocês aqui atrás. -comenta. ⎯ Mamãe, quero mamar.

Bato na testa dele.

⎯ Muito engraçado.

Greg volta para trás.

⎯ Agressão infantil. -ele balança o ombro de suna. ⎯ Papai, você não vai fazer nada?

Suna suspira.

⎯ Relaxa, filho, vou castigar ela mais tarde. -ele é muito descarado e me mostra aquele sorriso torto que fica tão bem nele.

Greg faz uma careta.

⎯ Uaaaaau!

Suna dá uma risada.

⎯ Como você acha que veio ao mundo, filho?

⎯ Eu me rendo! Chega! -greg volta a seu posto com os braços cruzados, como se estivesse fazendo birra.

Atsumu, que está no seu lado direito, faz uma careta, e Sophia, no esquerdo, nos ignora, pensativa, olhando pela janela. Oikawa foi no carro de Antony. Paramos em um supermercado para comprar o que precisamos para nossa aventura improvisada. Caminho por entre os cabides de roupa de praia, tentando escolher algo simples. Suna surge na minha frente com um maiô nas mãos.

⎯ Que tal este?

Cruzo os braços.

⎯ Gosto de biquínis, não de maiôs.

Suna sorri.

⎯ Mas esse ficaria muito bem em você. Além disso, você pode usar com este short também. -ele me mostra a peça na outra mão. ⎯ Uma boa combinação.

Rá! Boa tentativa!

⎯ Não, valeu, foca em escolher algo pra você.

Suna faz beicinho.

⎯ Por favor?

⎯ Boa tentativa. -digo e dou as costas para ele.

Suna coloca os braços ao meu redor, por trás, para sussurrar no meu ouvido.

⎯ Bem, mas se eu ficar com ciúme, já sabe o que vai acontecer.

Engulo em seco.

⎯ Então, quando ficar toda ardida da areia da praia, não reclama. -provoca ele.

⎯ Não importa o que eu colocar, você vai tentar me comer do mesmo jeito. -digo, girando em seus braços para lhe dar um selinho.

Ele sorri junto dos meus lábios.

⎯ Você me conhece tão bem, meu amor!

⎯ Então vou escolher o que eu quiser. -ele abre a boca para protestar. ⎯ E, se você reclamar... -desço a mão por seu abdômen até a calça, apertando-o ligeiramente. ⎯ Nada de sexo para você esta noite.

Suna morde o lábio inferior, jogando as mãos para o alto em sinal de derrota.

⎯ Escolhe o que quiser, então.

⎯ Obrigada. -faço um gesto com a mão para ele se afastar, e ele obedece.

Quem tem o poder agora?

Escolho um biquíni vermelho simples, óculos de sol e um chapéu de praia. Sophia aparece ao meu lado com o que escolheu, e saímos todos prontos para ir à praia.

⎯ Praia! Aqui vamos nós! -exclama greg, os punhos no ar.

Acho que essa viagem vai ser muito interessante.

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