𝟰𝟯
⎯ Você está espetacular.
⎯ Estou me sentindo espetacular. -respondo com um grande sorriso no rosto enquanto me olho no espelho.
Sou o tipo de pessoa que às vezes se sente bonita, às vezes aceitável e às vezes simplesmente horrorosa; é tão estranho, como se eu não tivesse uma noção exata de como eu sou, e também não ajuda nada o fato de a beleza ser algo tão subjetivo.
⎯ Tenho que dizer que essa fantasia é a melhor decisão que você tomou em muito tempo. -continua sophia, delineando as sobrancelhas com um pequeno espelho em sua mão.
Hoje à noite vamos a uma festa de Halloween, e estamos nos arrumando. Greg me convidou naquela noite na boate, mas eu esperei que o próprio Suna me chamasse. Não foi difícil escolher minha fantasia... Esta noite eu serei uma bruxa. Estou em um vestido preto sem alças, justo em cima e solto da cintura para baixo, que chega até a metade das minhas coxas, um colar com um pingente vermelho, luvas pretas, botas compridas da mesma cor e, claro, um chapelão.
Sophia se encarregou da minha maquiagem: sombra escura, delineado preto forte e a boca bem vermelha. Estou me sentindo estranhamente bonita. Minha melhor amiga que eu tive que convencer a ir comigo escolheu uma fantasia de gatinha malvada, com orelhinhas e tudo.
⎯ Não consigo acreditar que vou com você e com ele. -murmurou se levantando.
⎯ O Suna me falou pra te levar. -é verdade, suna me disse para levar sophia, que era uma saída em grupo e seria legal se tivesse uma amiga comigo. ⎯ Além disso, o Atsumu com certeza vai também.
⎯ E quem se importa se ele vai ou não?
Suspiro.
Sei que Sophia não gosta de admitir suas fraquezas e nem que um garoto a abale tanto.
⎯ Não precisa mentir pra mim. Sei que você gosta dele.
Ela bufa.
⎯ Por favor, ele e eu não temos nada.
⎯ Mas estavam começando alguma coisa quando de repente ele parou de escrever pra você. -comento. ⎯ E isso está te deixando louca, porque você não está acostumada com um garoto se afastando de você.
⎯ Não sei do que você está falando, muitos caras já se afastaram de mim.
⎯ Ah, é? Quem? Vamos ver.
Ela se vira para retocar a maquiagem.
⎯ Não consigo me lembrar de um nome em específico agora, mas...
⎯ Mas nada. -interrompo. ⎯ Nós vamos, você vai se divertir e, se ele falar com você, pergunta diretamente por que ele mudou, ponto final. Essa é a Sophia que eu conheço.
⎯ Bom... -responde ela, relutante. ⎯ Tudo bem, mas não vou prometer nada.
Ando até ela e belisco suas bochechas.
⎯ Agora sorria, gatinha linda.
Suna me manda uma mensagem avisando que já está aqui, e respondo pedindo para ele nos dar alguns minutinhos. Então ele me diz que vai fumar um cigarro com Nathaniel do lado de fora enquanto esperam.
Estou muito nervosa, não sei qual vai ser a reação dele quando me vir; quero surpreendê-lo. As últimas duas semanas foram muito boas para nós dois, Suna tem se portado muito bem, e saímos várias vezes, enfim tendo os encontros clássicos, como esperado. No entanto, a tensão sexual entre nós cresceu em níveis sobrenaturais. A verdade é que não sei como estou aguentando.
Saímos de casa, e o primeiro que vejo é Nathaniel. Ele acabou se fantasiando de policial, não posso negar que está ótimo.
Suna sai de trás do SUV e paro de respirar por dois motivos: primeiro, ele está ridiculamente lindo, e segundo, ele está fantasiado de demônio. Está vestindo uma espécie de roupa social clássica que deixa seus braços definidos à mostra, uma tiara discreta com chifres e um par de lentes vermelhas. Não consigo evitar lamber meus lábios, isso é demais para minha pobre alma.
Suna me encara, e seus olhos percorrem meu corpo devagar, cada centímetro queimando, ardendo diante da intensidade de seu olhar enquanto um sorriso torto aparece em seus lábios.
⎯ Eu sabia. Idiota.
⎯ Eu também sabia. -aponto para sua fantasia.
⎯ Vem cá. -suna gesticula para que eu me aproxime dele, e eu vou. de perto, seu rosto fica ainda mais bonito com aquela tiara na cabeça. a mão dele acaricia meu braço.
⎯ Oi, meu bem.
⎯ Oi Sun...
Minhas mãos estão inquietas, então as coloco em seu peito, abaixando-as ali um pouco para sentir aquele abdômen definido por cima do tecido fino da fantasia. Quem poderia me culpar por tocá-lo assim?
⎯ Me tocando tão cedo?
Mordo o lábio.
⎯ Ops, a fantasia fica muito bem em você.
Suna se inclina em minha direção.
⎯ Ah, é? Mas acho que você ia gostar mais de me tocar sem a fantasia.
Finjo estar escandalizada.
⎯ Você está propondo algo indecente?
Suna balança a cabeça.
⎯ Muito, muito indecente, bruxinha.
Empurro-o e dou risada para aliviar a tensão, porque, se não, vou parar embaixo dele gemendo seu nome antes mesmo de sair de casa.
Fujo de Suna e encontro Nathaniel conversando com Sophia.
⎯ Oi, Nathaniel.
⎯ Oi, [Nome]. Tudo pronto?
⎯ Aham. -respondo, sentindo o olhar de suna na minha direção. ⎯ E o Atsumu?
Nathaniel dá de ombros.
⎯ Está dentro do carro, você sabe, ele não fuma.
Franzo a testa. Sei que ele não tem esse hábito, mas ainda parece estranho ele não estar aqui fora nos cumprimentando. O que há de errado com Atsumu ultimamente? No colégio, não tenho falado muito com ele, ele mudou.
⎯ Vamos entrando no SUV. -diz suna, abrindo a porta do motorista e faço o mesmo, vejo sophia hesitar quando nathaniel abre a porta para ela entrar, ainda mais porque vai ficar no meio, justo ao lado de atsumu.
Quando estamos todos lá dentro, cumprimentamos Atsumu, que está fantasiado de marinheiro, com um chapeuzinho branco que o deixa mais fofo do que de costume. Consigo ver bem a expressão de incômodo de Sophia e lanço a ela um olhar reconfortante.
⎯ O lugar está lotado. -comenta nathaniel, olhando seu celular. ⎯ Ainda bem que temos acesso VIP.
⎯ O que você esperava? -retruca suna. ⎯ É Halloween.
⎯ No ano que vem, a gente podia usar fantasia em grupo. -diz atsumu. ⎯ Tipo todos os Power Rangers ou as Tartarugas Ninja, ou personagens de uma série tipo Game of Thrones. Seria legal.
Nathaniel ri.
⎯ Quantos anos você tem? Doze?
Tenho um impulso de defendê-lo.
⎯ Ei, não tem nada de errado em usar fantasia em grupo.
⎯ Gostei da ideia, Atsumu. -sorrio para ele, que retribui.
Nathaniel não desiste.
⎯ Você fala isso quando nem vocês dois estão usando fantasia de casal.
⎯Lógico que estamos, de bruxa e demônio. explico, mas nathaniel bufa. ⎯ É algo entre nós que você nunca entenderia.
Suna também ri.
⎯ Ela está certa, Nathaniel. Você nunca entenderia. O relacionamento mais longo que teve foi com o cigarro que acabou de fumar.
Todos rimos, e Nathaniel grunhe.
⎯ Todos contra mim, não é?
Quando chegamos à boate, me dou conta de que Nathaniel não estava exagerando quando disse que estava lotada. Há uma fila enorme e um aviso na porta que indica que está cheia e não garante a entrada. O segurança nem mesmo pisca para nos deixar entrar.
A decoração está incrível, tudo é preto e laranja, há muitas caveiras e esqueletos pendurados no teto, teias de aranha e sangue nos pilares. Os barmans estão fantasiados de pirata, servindo bebidas verdes asquerosas. Há várias máquinas liberando fumaça de vez em quando, fazendo parecer uma névoa. Todo mundo está fantasiado, e meus olhos percorrem todos os lados para observar as fantasias.
O ambiente está perfeito, não é atoa que há tanta gente querendo entrar. Osamu sabe administrar seu negócio e aproveitar as datas comemorativas.
Subimos as escadas até a área VIP, onde Greg, Antony e Samy nos esperam numa mesa. Sem Ari esta noite? Que felicidade.
O rosto de Greg se ilumina ao me ver, e eu também fico animada. Ele se levanta e me dá um abraço.
⎯ [Nome], sabia que você viria.
Separo-me dele.
⎯ Jamais perderia a oportunidade de ver sua fantasia de vampiro. Ficou muito bem em você.
Antony também se levanta.
⎯ Desde quando são tão próximos? Estou meio excluído.
Chega a ser estranho vê-lo animado, talvez tenha algo haver com Samy.
Suna se junta a nós.
⎯ Eu estava pensando a mesma coisa. -ele passa a mão em volta da minha cintura, puxando-me para o lado dele.
Greg balança a cabeça.
⎯ Relaxa, amor. Só tenho olhos pra você.
Suna lhe dá um olhar cansado, e eu me liberto de suas mãos.
⎯ Relaxa, vampiros não são minha praia.
Antony intervém.
⎯ Ela gosta... de... o que você é, Suna? É um súcubo?
⎯ Um demônio. Você tem miopia?
Samy se junta a nós, cumprimentando com um sorriso.
⎯ Está fazendo jus ao seu nome?
A ficha de Antony cai.
⎯ Ah, entendi, os seus sobrenomes são inspirados em um traidor!
Greg suspira.
⎯ Não me admira que seja tão problemático.
Suna dá um soco no braço dele.
⎯ Quem você está chamando de problemático?
Greg faz os olhinhos fofos novamente.
⎯ Bate mais forte, amor.
Todos rimos e nos sentamos.
Ficar com o grupo de amigos de Suna se tornou mais tolerável. Acho que foi uma questão de tempo para conhecê-los, trocar uma ideia com eles para deixar de me sentir uma intrusa. Luna até conseguiu me manter em uma conversa decente sem sua amiga Ari. Contudo, não esqueço o que Greg me contou sobre ela ser interesseira e ter partido o coração dele.
Atsumu se senta o mais longe de Sophia que consegue, o que obriga Sophia a conversar com Rhonny que também estava ali. Ele está obviamente flertando com ela, sem saber que Sophia está apaixonada pelo caçula dos Iscariote e não consegue parar de olhar para ele.
Sentindo-me mais à vontade, permito-me tomar alguns drinques. Parecem nojentos, mas têm um gosto divino, principalmente um que se chama "Me leve para o inferno", que é uma delícia. Se eu continuar bebendo neste ritmo, vou acabar no inferno com um demônio. Consigo sentir minhas bochechas e orelhas quentes, meus lábios secos; pelo visto o álcool me deixa com tesão, o que me torna um alvo fácil para Suna.
Infelizmente, o álcool não afeta apenas meus hormônios, mas também desperta meu jeito atrevido e curioso, e caminho até o salão das velas da boate de Osamu. Não me dou conta de que Suna está me seguindo até estar lá e escutar sua voz.
⎯ O que está fazendo aqui? -volto-me para ele e vejo seus olhos falsamento vermelhos brilhando com algo escuro e perigoso: desejo.
Engulo em seco pela segunda vez na noite, meus olhos notando o pequeno sofá ao lado, meu coração batendo desesperadamente. Estamos sozinhos à meia-luz.
⎯ A gente devia voltar.
Suna caminha lentamente na minha direção.
⎯ Devia mesmo.
Observo seu corpo, lembrando-me da sensação dele nu contra mim.
⎯ É, verdade, a gente devia ir.
Ele faz que sim com a cabeça, tão perto de mim que preciso erguer o olhar para encontrar seus olhos.
⎯ Eu sei.
⎯ Então por que a gente ainda está aqui? -pergunto, o nariz dele roçando no meu. minha respiração está ofegante. ele agarra meu pescoço.
⎯ Porque esta noite... -sussurra ele. ⎯ Você vai me engolir até chorar.
E, com isso, ele encosta os lábios nos meus.
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