𝟯𝟳

[NOME]

Suor...

Margaritas...

Risadas...

Música...

Essa combinação tomou conta da noite, e eu nunca pensei que poderia suar tanto assim, mas pelo visto é o que acontece quando se dança no meio de muita gente. Prendo o cabelo enquanto procuro um lugar para me sentar à mesa. Aquela altura, todos já estão alegres, beberam demais para restar alguém sóbrio.

Já estou um pouco tonta, então paro de beber. Antony aparece, e os olhos dele encontram os meus.

⎯ Por que você não dança comigo, [Nome]?

Meu olhar vai até Suna, que está conversando com os amigos, mas ainda assim fica me lançando olhares com certa frequência. Suna e eu estamos em um momento muito delicado. Embora ache que ele tem que lutar para merecer meu coração, não quero tomar nenhuma atitude que leve a um mal-entendido ou a situações desconfortáveis. Além do mais, Antony não tem sido tão legal comigo.

Antony espera a resposta, e eu fecho a cara.

⎯ Valeu, não é minha praia dançar com gente amargurada. -antony não responde nada, apenas pega seu copo e, sem tirar os olhos de mim, toma um longo gole.

Greg levanta a mão para me dar um high-five.

⎯ O que vai fazer no Halloween? Tem planos?

⎯ Na verdade, não, ainda faltam duas semanas.

⎯ Acho que a gente vai a uma festa na cidade, provavelmente você vai junto.

Suna não disse nada a respeito.

⎯  Pode ser.

Greg suspira.

⎯ Acha que eu deveria ser um vampiro ou um policial sexy?

Começo a gargalhar. Por que duas opções tão diferentes?

Greg dá um soquinho de leve no meu ombro.

⎯ É sério, preciso de uma opinião feminina.

⎯ Hum... -analiso ele e imagino as duas fantasias. ⎯ Acho que você daria um vampiro muito sexy.

⎯ Sabia! -ele parece orgulhoso, e eu dou um sorriso.

Sinto alguém me olhando e procuro ao redor. A loira que estava na mesa conosco está me fuzilando com o olhar.

⎯ Sua namorada não parece muito feliz. -comento e bebo um gole da minha margarita.

Greg olha para ela rapidamente.

⎯ Ela não é minha namorada.

Não respondo, não quero parecer intrometida, mas ele continua:

⎯ Eu gostava muito dela, mas... - a expressão dele se torna melancólica. ⎯ Ela é igual às amigas dela.

⎯ Como assim?

⎯ Todos os caras nessa mesa são de famílias ricas.

Meus olhos passam por cada um deles: Suna, Zanin, Rhonny, Nathaniel, Antony, e, por último, Greg.

⎯ Eles são a futura geração de gestores e CEO's de grandes empresas e corporações.

⎯ Ah.

Greg aponta para vários homens com roupas escuras ao redor do bar.

⎯ Tá vendo esses caras? -faço que sim com a cabeça. ⎯ São guarda-costas. Mesmo que pareça, nunca estamos sozinhos.

⎯ Mas o que isso tem a ver com a Luna?

Greg percebe que fiquei confusa.

⎯ Pouquíssimas pessoas se aproximam da gente sem nenhum interesse. E a Luna... -reparo a tristeza em sua face. ⎯ Vamos apenas dizer que o que ela sentia por mim não era verdadeiro.

Aperto seu ombro.

⎯ Sinto muito.

Ele esconde a tristeza com um sorriso.

⎯ Estou bem, vou ficar bem. Vou arrasar no Halloween fantasiado de vampiro.

Dou um largo sorriso.

⎯ Com certeza vai.

Uma música animada toca e Ari e Luna se levantam, começando a dançar para os garotos que estão sentados. Samy continua sentada, mexendo no celular. Luna se balança na frente de Greg, e eu olho para longe, desconfortável. Fico observando Ari. É bom que ela nem pense em se aproximar de Suna.

Ari dança na frente de Antony, que nem se preocupa em esconder o desinteresse. Ela vai até o próximo garoto, Nathaniel, que a aplaude e segue o jogo. Observo ela passar cuidadosamente para Rhonny e logo depois para Zanin. O próximo da fila é Suna, e eu prendo a respiração. Não posso fazer uma cena aqui se ela dançar para ele. O que eu faço?

Ari está prestes a se mover em direção a Suna, mas ele lança um olhar tão gélido que sinto um calafrio percorrer meu corpo. Tinha esquecido o quão frio o cara consegue ser. Ela ignora seu olhar e continua, mas, antes de chegar, Suna se levanta e diz que vai ao banheiro, deixando-a parada lá, sozinha.

Ah, você está aprendendo. Com sua dignidade no chão, Ari estreita os lábios e volta para seu lugar. Pego o celular e escrevo uma mensagem para Suna.

Muito bem. Estou orgulhosa do meu amigo. :)

A resposta chega rápido.

Você está adorando isso, não é?

Pff, não, nem um pouco.

Você vai ver, "amiga".

Não vou nada. E eu sou sua amiga mesmo, não precisa das aspas.

Minha "amiga" que geme no meu ouvido e me pede mais quando eu tô duro.

Um arrepio me percorre, e sinto o calor subir até meu rosto.

Muito inapropriado, amigo.

Inapropriadas são as coisas que eu quero fazer. Você nem faz ideia.

Ui, ficou quente aqui de repente. Covarde como sou, não respondo. Tenho medo do que ele pode dizer em sequência.

O tempo passa voando e já é hora de irmos embora. Nem acredito que são três da manhã. No estacionamento, todo mundo começa a se despedir. O frio não fez muito bem para Samy, e Antony a ajuda a entrar no veículo. Todos entramos no carro. Suna liga o motor, e agradeço pela calefação.

Antony assopra o rosto de Samy.

⎯ Ei, Samantha.

⎯ Acho que estou bêbada. -diz samy e solta uma risada.

Sinto pena dela.

Suna olha para ela pelo retrovisor.

⎯ Você acha?

Antony suspira, segurando-a no banco de trás.

⎯ A gente não pode levar a Samy para casa nesse estado. A mãe dela vai surtar.

⎯ Eu sei. -suna começa a dirigir. ⎯ Vai ser melhor ela ficar na minha casa.

Viro a cabeça para ele tão rápido que meu pescoço dói, e Ihe lanço um olhar incrédulo. Antony corre a mão pelo cabelo.

⎯ Melhor. Eu também vou ficar na sua casa para ajudar a carregar ela.

Calma, [Nome], eles são amigos.

Antony também vai estar lá, é normal, são só amigos dormindo na casa dos amigos. Mas o ciúme está me consumindo por dentro. Quando chegamos à minha casa, hesito em descer, mas não quero fazer cena, principalmente na frente do Antony.

Controlando-me, finjo um sorriso.

⎯ Bom, espero que vocês tenham uma ótima noite.

Abro a porta do carro, mas Suna pega minha mão e a leva aos lábios.

⎯ Confia em mim, meu bem.

Respiro fundo. Quero falar que confiança é algo que se conquista, mas engulo minhas palavras e saio do veículo.

No frio ameno do outono, observo o carro desaparecer rua abaixo.

SUNA ISCARIOTE

⎯ Suna, ela não quer descer do carro. -grunhe antony, incomodado.

Fecho a porta do motorista e me dirijo à porta de trás. Samy está deitada de lado no banco, as pernas penduradas para fora do veículo.

⎯ Samy, agora. -chamo, e ela me olha. ⎯ Você tem que descer.

⎯ Não reclama comigo, está tudo girando.

⎯ Vamos, Samy. -peço e, com cuidado, passo as mãos por baixo de suas pernas e costas para carregá-la.

Antony fecha a porta atrás de mim. Entramos pelos fundos, e Antony abre as portas pelo caminho. Samy agarra meu pescoço com força, resmungando:

⎯ Meu doce amigo sombrio.

Antony me lança um olhar triste ao ouvi-la me chamar assim. Samy me chama desse jeito desde que éramos pequenos, segundo ela porque sempre estou por perto para salvá-la, mas o que ela esqueceu é que Antony também sempre esteve ao seu lado.

⎯ Estou com fome.

Ele vai até a cozinha, e eu vou para o quarto de hóspedes, porque nem ferrando vou subir as escadas com Samy nesse estado. Entro no quarto e a coloco no chão. Ela cambaleia, mas fica de pé com minha ajuda.

⎯ Você não devia ter bebido tanto.

Ela acaricia o rosto, sem jeito.

⎯ Eu precisava.

Seus olhos castanhos encontraram os meus, e sei que não devo perguntar, mas ela espera que eu pergunte:

⎯ Por quê?

Ela aponta para o meu peito.

⎯ Você sabe por quê.

O silêncio se instala por alguns segundos, a expressão dela cada vez mais triste.

⎯ Suna...

⎯ Ahm?

⎯ Você ficou a noite toda se divertindo com a sua namorada e nem olhou para mim.

⎯ Samantha...

⎯ E ficar vendo você só de longe me deu tanta saudade.

A súplica em sua voz me atormenta. Eu me importo com ela, talvez não da forma que ela gostaria, mas Samy continua sendo muito importante para mim.

⎯ Não sente minha falta? Nem um pouco?

Penso em dizer que sim para não fazê-la se sentir mal, mas [Nome] invade minha mente, seu sorriso, o jeito que ela franze o rosto quando não gosta de alguma coisa e não quer dizer, como eu me sinto quando ela me toca... É como se estivesse tocando além da minha pele, como se suas mãos pudessem chegar até meu coração e aquecê-lo. Por isso não respondo, não quero dar esperanças à Samy quando meu coração já pertence à [Nome]. Os olhos castanhos dela se enchem de lágrimas, e eu passo a mão por seu cabelo.

⎯ Não chora.

⎯ Você é um idiota, sabia? -a raiva em sua voz é dilacerante. ⎯ Por quê? Por que você transou comigo? Por que me usou como fez com todas as outras? Achei que eu fosse diferente, que você se importasse comigo.

⎯ Samy, eu me importo muito com você.

⎯ Mentira! Se você se importasse, nunca teria deixado a gente se tornar algo a mais. Você sabia o que eu sentia por você e, se não iria corresponder, não deveria ter deixado isso acontecer.

Eu me aproximo dela e estendo a mão, mas Samy se afasta como se meu toque fosse venenoso.

⎯ Samantha...

As lágrimas escorrem por suas bochechas.

⎯ Por quê, Suna? -a voz dela falha. ⎯ Por que me beijou naquele Natal? Por que começou algo se sabia que não sentia nada?

⎯ Samantha...

⎯ Me diz a verdade pela primeira vez na vida. Por quê?

⎯ Eu estava confuso. Achei que sentia algo por você, mas não era isso. -a expressão de dor em seu rosto deixa meu peito apertado. ⎯ Me desculpa, de verdade.

⎯ Desculpa? -ela solta uma risada entre lágrimas. ⎯ É tão fácil para você dizer isso. Você acaba com tudo que há de bom ao seu redor e espera consertar com um "desculpa". As coisas não são assim, Suna. Você não pode sair por aí machucando as pessoas e esperar que elas te perdoem como se fosse simples.

⎯ Sei que só faço besteira, Samantha, mas eu...

⎯ Você sabe disso, mas não faz nada para mudar.

⎯ Você não sabe do que está falando, eu estou tentando mudar.

⎯ Por ela? Quer mudar pela [Nome], não é?

⎯ Quero.

Ela morde o lábio.

⎯ E... você não podia tentar comigo? Por acaso não fui o suficiente pra você?

⎯ Não é isso, Samantha. Simplesmente não posso controlar o que sinto. Eu me importo muito com você, mas ela... -faço uma pausa. ⎯ Ela é... o que ela me faz sentir... não sei explicar.

Uma lágrima grossa desliza pelo rosto dela.

⎯ Você ama a [Nome]? -samy parece tão machucada, não quero magoá-la ainda mais.

⎯ Você precisa descansar.

Ela concorda com a cabeça e cambaleia até a cama, deita de lado olhando para onde eu estou e levanta a mão, chamando por mim.

⎯ Você se importa de ficar aqui comigo até eu dormir?

Hesito, mas ela parece tão derrotada que não quero mais machucá-la, então me deito ao lado dela, nossos rostos a uma distância segura. Ela apenas me olha, com as lágrimas rolando para a lateral de seu rosto.

Acaricio sua bochecha.

⎯ Me desculpa.

Sua voz é fraca.

⎯ Te amo tanto que dói.

É a primeira vez que ela diz que me ama, mas de alguma forma suas palavras não me surpreendem, talvez eu já soubesse.

Samy entende meu silêncio e me dá um sorriso triste.

⎯ Preciso ficar longe de você por um tempo, tenho que me curar desse sentimento. Porque, como sua melhor amiga, quero ficar feliz por você ter finalmente encontrado alguém que te motiva a mudar, alguém que te faz feliz, mas esses sentimentos estúpidos estragam tudo.

⎯ Leve o tempo que precisar. Estarei aqui quando você voltar.

Ela segura minha mão.

⎯ Faça seu melhor, Suna. Você tem uma chance de ser feliz, não estrague tudo. Abrir o coração não torna você fraco. Não tenha medo.

⎯ Medo? -solto uma risada sarcástica. ⎯ Estou apavorado.

⎯ Eu sei. -ela aperta minha mão. ⎯ Sei que é difícil para você confiar nas pessoas, mas a [Nome] é legal.

⎯ Disso eu sei, só não consigo evitar me sentir vulnerável pra cacete. -suspiro. ⎯ Ela tem o poder de me destruir e poderia fazer isso muito facilmente se quisesse. Mas não vai. -ela fecha os olhos.

⎯ Boa noite, Suna.

Eu me inclino e beijo sua testa antes de me levantar e sair do cômodo.

⎯ Boa noite, Samy.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top