𝟬𝟵
⎯ Tudo bem com você? -atsumu pergunta assim que apareço ao lado dele novamente. ⎯ Seu rosto está meio vermelho.
Eu tentei fingir um sorriso leve.
⎯ Estou bem! Aqui faz um pouco mais de calor do que eu esperava. -as sobrancelhas do loiro se estreitam, quase se tocando.
⎯ Você viu algo desagradável, certo?
Para ser sincera, acabei de deixar o seu irmão com um tesão do tamanho da Torre Eiffel.
Atsumu toma meu silêncio ao balançar a cabeça de maneira negativa, com aquele riso de sempre.
⎯ Eu disse para Osamu que a sala de velas não era uma ideia boa, mas ele nunca me escuta. Por que alguém escutaria? Sou apenas o irmão mais novo. -a amargura em sua doce voz fica visível.
⎯ Você não é uma criança.
⎯ Eu sou, para eles eu sou.
⎯ Para Suna e Osamu? -eu pergunto me sentando ao lado dele agora. ele suspira e toma um gole do seu refrigerante.
⎯ Até para meus pais, eles não me levam a sério na hora de tomar decisões importantes.
⎯ Isso pode ser uma coisa boa, sabia? Você não tem responsabilidades, isso é uma fase na vida que, segundo minhas tias, deve ser aproveitada. Quando for adulto haverá tempo o suficiente para se preocupar com esse tipo de coisa. -eu acariciei seus fios loiros por alguns segundos para reconfortá-lo.
⎯ Desfrutar? -ele solta uma leve risada, porém, parecia mais triste agora. ⎯ Minha vida é totalmente chata, não tenho amigos que se interessem por coisas além do dinheiro da minha família.
⎯ Você parece tão triste, mas é tão jovem...
Ele brinca com a borda de metal do seu copo de refrigerante.
⎯ Meus avós dizem que eu sou um adulto no corpo de uma criança. -ele solta um riso anasalado. ⎯ Talvez eles tenham razão.
Os avós Iscariote. A última coisa que ouvi quando mencionaram sobre eles, foi que estavam internados em uma casa de repouso. Eles tomaram as decisões entre seus quatro filhos, incluindo o pai de Atsumu. Pela tristeza em seus olhos, posso dizer que esta foi uma das muitas decisões em que não levaram em consideração.
Aquele rosto inocente e bonito não deveria ter tanta tristeza. Então eu me levanto e ofereço minha mão para ele.
⎯ Quer se divertir de verdade? -atsumu me lança um olhar cético.
⎯ [Nome], eu não acho que seja uma boa ideia...
O álcool ainda presente em minhas veias me motiva ainda mais.
⎯ Levante-se, Sumu, é hora de se divertir.
Atsumu ri e sua risada me lembra bastante a do seu irmão, com a diferença de que a risada de Suna não soa inocente.
⎯ Sumu? -ele arqueia uma sobrancelha.
⎯ Isso ai, hoje você não é Atsumu, o garoto bom e chato; agora você é Sumu, o garoto que veio se divertir nesta noite. -ele se levanta e me segue nervoso.
⎯ Aonde vamos?
Eu o ignoro e o conduzo escada a baixo. Estou surpresa por não ter caído em nenhum dos degraus ao descer por todos eles. Vou ao bar e peço quatro copos de vodka e uma limonada, o barman prepara os drinks em nossa frente e nós sorrimos em agradecimento.
⎯ Está pronto? -atsumu sorri de orelha à orelha.
⎯ Estou pronto!
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele toma um gole após o outro, com apenas alguns segundos de intervalo. Deixando os quatro pequenos copos ali, vazios. Ele olha para mim e eu o encaro impressionada, enquanto ele tenta se sentar nos bancos ao redor do balcão, e agora seu corpo assimila tanto álcool ingerido de uma só vez.
⎯ Merda... me sinto tão estranho!
⎯ Você ficou louco?! Os drinks eram para mim! -ele põe uma das mãos nos lábios.
⎯ Opa... -seu sorriso embriagado chegava a ser engraçado até para mim, mas isso não aniquilava seu erro.
Quando eu estava prestes a repreendê-lo novamente, ele segura em minha mão e me leva para a pista de dança.
⎯ Atsumu, espere!
É aqui, onde as coisas começam a ficar feias. Meu plano original era brindar com Atsumu - ele bebendo sua limonada - eu o levando para dançar, apresentando a ele uma garota legal, e então deixá-lo com um sorriso terno no rosto.
É um grande eufemismo dizer que meu plano foi um pouco maluco.
Qualquer coisa que comece com excesso de álcool, termina mal.
Foi assim que Sophia, Atsumu e eu acabamos em um táxi a caminho da minha casa, por que Atsumu está tão bêbado que não poderíamos deixá-lo no clube ou levá-lo para sua própria casa, onde provavelmente sua família iria repreendê-lo por um século inteiro.
Deixe eu te dizer uma coisa: lidar com um bêbado é difícil, mas transportá-lo é outro nível de dificuldade. Acho que eu e Sophia tivemos dias hérnias, carregando Atsumu escada acima da minha casa. Por que não o colocamos lá embaixo, na sala? Por que só existe o quarto da minha mãe e para chegar nele, ela passa pela sala, de jeito nenhum neste mundo eu deixarei Atsumu passar sua embriaguez lá. Se ele chegar a vomitar no quarto da minha mãe, meus dias neste mundo irão chegar ao fim.
Jogamos ele na minha cama e seu corpo está mais leve que uma pena.
⎯ Tem certeza que vai ficar bem? -sophia pergunta, cruzando seus braços em frente ao garota deitado ali.
⎯ Sim, minha mãe vai ficar de plantão hoje e só chegará amanhã. -eu respondo a ela. ⎯ Você já me ajudou bastante, não quero te causar mais problemas com seus pais, pode ir embora, Soph.
⎯ Certo, me chame se precisar de qualquer coisa.
⎯ Uhum. Vai lá, o táxi ficou esperando. -ela me dá um abraço e sai do cômodo em seguida.
Eu solto um longo suspiro. Atsumu Iscariote está deitado de costas na minha cama, resmungando coisas que não entendo, a camisa aberta e o cabelo bagunçado. Ele parece fofo e inocente, apesar de ter uma grande quantidade de álcool nas veias e um pouco de vômito nas calças.
Eu tiro os sapatos dele e hesito em olhar para suas calças. Eu devo tirá-las? Elas têm vômito e isso é extremamente nojento. Eu seria uma pessoa totalmente pervertida se as tirasse? Ele é uma criança - por Deus. Não o vejo com malícia nenhuma. Determinada, tiro sua calça e camisa, colocando-as no chão por um momento. Não demorei para cobri-lo com um lençol.
O toque de um telefone me faz pular, não é o meu. Eu sigo o som e pego as calças de Atsumu, pego seu telefone e meus olhos se arregalam para a tela.
Chamada recebida.
Suna irmão.
Eu o silencio e deixo tocar até que a ligação caia, e assim, eu vejo quantas ligações perdidas e mensagens ele tem de Suna e Osamu. São inúmeras. Eu entro em desespero, não pensei sobre seus irmãos e pais obviamente se preocupando com ele ter sumido.
Suna liga novamente e eu o interrompo. Não posso responder as mensagens devido a senha no celular do garoto, mas sua digital me ajuda a desbloquear.
Não podia atender, ele iria reconhecer minha voz, mas enviar uma mensagem não parecia tão ruim.
"Ei mano, vou dormir na casa de um amigo!"
Eu aperto no botão de envio. Isso deve tranquilizar o irmão do meio. A resposta de Suna vem quase de imediato.
"Atenda o maldito telefone agora."
Ok, Suna não está nada tranquilo. E ele liga novamente, eu me vejo em pânico enquanto seu nome me assombra na chamada recebida no celular do mais novo.
Minutos se passam e ele finalmente para de ligar, um suspiro de alívio me toma por completo e eu me sento na beira da cama aos pés de Atsumu, que dorme profundamente. Pelomenos ele não vomitou. A tela do celular liga e me chama a atenção, eu verifico para ver se não é mais uma chamada de Suna, mas é apenas uma notificação de um aplicativo de celular chamado: Encontre meu iPhone.
⎯ Puta merda! -eu exclamei, e por sorte, isso não acordou o menor.
Este aplicativo é usado para localizar os computadores e outros dispositivos móveis da Apple. Se Suna usar de seu celular, ele pode obter as informações exatas de onde o telefone está. Em pânico total, jogo o telefone sobre a cama.
Ele me encontrou. Eu sei que ele me encontrou. Por que Suna tem que saber tanto sobre tecnologia?! Que merda! Ele vai me matar.
Suna está vindo atrás de mim e nenhum milagre pode me salvar.
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