𝟬𝟲

⎯ Ele não pode morrer! -eu gritava para a TV a nossa frente.

⎯ Isso que é o pior sobre filmes de terror. O medo sobre os personagens favoritos que podem morrer a qualquer momento. -ele expressava a verdade, enquanto comia seu doritos.

⎯ O episódio vai acabar e a gente nem vai saber o que acontece. -eu disse suspirando, arrancando o saco de doritos em suas mãos.

⎯ Ótimo. Se ele morrer, não vou voltar a ver essa série. -sophia bufou, cruzando os braços.

Logo o garoto rebate a frase da loira.

⎯ Isso é o que você vem dizendo desde a primeira temporada, sua idiota. -ele revira os olhos e recebe um tapa da garota na cabeça, o que faz-me rir.

Voltamos a assistir normalmente após a pequena discussão.
Sophia estava na cama atrás de nós, enquanto eu e Oikawa estávamos sentados no tapete sobre o chão, com nossas costas apoiadas na cama atrás.
Estava calor no fim daquela tarde, eu usava apenas um short e uma regata branca, sem sutiã. Estou mais que acostumada a me sentir confortável perto de Oikawa e Sophia em relação a minha vestimenta também.

Meu quarto tem um tamanho decente, com uma cama de casal e algumas luzes de natal que ficam lindas à noite. Em frente a cama está a televisão, do lado esquerdo a janela e do direito a porta que dava passagem para fora e ao lado dela, a porta que levava ao banheiro do meu quarto.

Estamos totalmente focados na televisão quando o episódio acaba e os créditos caem soltos.

⎯ Que merda! Eu odeio esses produtores de filmes de terror! -sophia se debate acima da cama, onde oikawa concorda totalmente.

⎯ Como eles podem ser tão cruéis terminando um episódio assim? -eu perguntava de maneira dramática. ⎯ E agora? Quem morre? Quem vive?

Oikawa esfrega minhas costas - também entristecido - na tentativa de me acalmar.

⎯ Relaxem um pouco. -ele me entrega um copo com coca-cola, assim como faz com sophia. ⎯ Aqui, vidas.

Agradeci e me levantei em tristeza profunda, onde desliguei a TV e me sentei de costas para ela, ficando frente a frente com ambos os amigos que aparentavam estar na mesma depressão que eu.

Sophia nos avisa que vai preparar algo decente para comermos e eu assento rapidamente, onde ela se levanta e sai do cômodo.
Viro meu olhar para Oikawa mais uma vez e o brilho em seu olhar toma conta de mim. Ele parece estar hesitante em falar algo. Quero perguntar, seja lá o que for, mas também prefiro dar a ele o seu tempo.

Ele morde o lábio inferior e sua voz vem a tona.

⎯ Preciso do seu conselho pra uma coisa.

⎯ Pode falar. -não demoro para apoiar sua escolha, obviamente eu o ajudaria.

Ele abaixa seu capuz, soltando seus cabelos bagunçados que não demoram a se arrumar com a brisa que vem da janela.

⎯ O que você faria se gostasse de um amigo?

Meu coração deu um salto e eu tentei agir o mais normal possível.

⎯ Bom, eu iria descobrir o meu lado lésbico. -eu sorri em tentativa de conter o nervosismo. seu semblante fica mais sério ainda.

⎯ Estou falando sério, [Nome].

⎯ Certo, certo. Com licença, senhor sério. -eu coloco os dedos em meu queixo como se estivesse pensando profundamente. ⎯ Eu contaria para ele.

⎯ Você não teria medo de perder a amizade dele?

Eu estava prestes a respondê-lo com a coisa mais estúpida que sairia da minha boca, e então, meu cérebro dá um estalo e eu percebo o que ele está dizendo. Oikawa não tem amigos, apenas eu, Sophia e mais alguns conhecidos.
Meu coração está a milhão quando meu melhor amigo da vida inteira me observa de tão perto, esperando meu conselho.

⎯ Tem certeza do que sente? -eu pergunto com a voz baixa, com meus dedos brincando sobre meu colo.

Seus lindos olhos castanhos estão sobre mim.

⎯ Sim, totalmente. Gosto muito dela. -minha garganta fica seca com suas palavras, quando eu tento engolir o ar para limpá-la.

⎯ Quando percebeu que gostava dela?

⎯ Acho que sempre soube, mas fui covarde o suficiente para não contar.

Ele olha para baixo e suspira, quando levanta seu olhar para mim novamente, seus olhos brilham em emoção. Parecia estar morrendo de vontade de me beijar.

Instintivamente, mordi meu lábio inferior.

⎯ O que foi? -eu perguntei com a voz que ficou trêmula por um momento.

⎯ Os lábios dela são uma tentação do caralho. Ela me deixa louco.

⎯ Ela deve ter lábios muito bonitos, então.

⎯ Os mais lindos que já vi na vida inteira, me deixaram fascinado.

Sensação estranha...
Estranha...
Suna...
Não! Não! Não!
Não posso pensar em Suna agora!

Inevitavelmente, seus olhos amarelados percorrem pela minha mente, o sorriso ladino e arrogante toma conta de mim, fazendo pequenas faíscas percorrerem pelo meu corpo.

Meu melhor amigo desde a infância está confessando seu amor por mim e eu estou pensando no meu vizinho idiota, mimado e incrivelmente lindo.

⎯ [Nome]?

A voz de Oikawa me trás de volta a realidade; Ele parece confuso e não é por menos, apenas escolhi o pior momento para me desconectar mentalmente. Porém, serviu também para limpar minha mente. Vendo o moreno tão vulnerável na minha frente, percebi que não poderia lidar com uma confissão, não agora.

⎯ Eu preciso ir ao banheiro. -eu dei um leve empurrão para conseguir me levantar, onde rapidamente segui para o banheiro antes que ele pudesse falar mais alguma coisa.

Segui até o banheiro, onde apenas fechei a porta, colocando minhas costas contra a mesma. Eu afago meus cabelos em frustração, sou uma covarde e alguém totalmente estúpida. Nem levei meu telefone para o banheiro, para pedir ajuda a Sophia. Quem vai para o banheiro sem celular hoje em dia?
Apenas eu, com tanta pressa.

⎯ [Nome]? -a voz de oikawa percorre através da porta. ⎯ Tenho que ir agora, a gente se fala outro dia.

Não! Abro a porta o mais rápido que posso, mas a única coisa que vejo, é a porta do meu quarto se fechando após sua saída.

⎯ Mas que porra! -eu grito contra o travesseiro após me jogar na cama, deixando a preguiça me consumir.

Já não quero mais pensar em nada, nem em Oikawa com sua confissão, nem em Suna com seu belo sorriso, em nada.
Apenas quero descansar minha mente, fechando meus olhos rapidamente.
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Quando abro meus olhos em meio a noite que já caiu, apenas me levanto para ir ao banheiro e escovar os dentes, na volta me deparo com a janela aberta, a qual eu tinha certeza que havia fechado antes de realmente dormir.
Segui até a mesma com uma sobrancelha arqueada, em medo de ver algo estranho através dela.

Um grito curto seguiu pelos meus lábios quando vi a cena através da janela, me assustei totalmente com aquela merda.
Suna em uma escada, subindo até o meu quarto.

⎯ Por quê caralhos você não pode entrar pela porta da frente como qualquer pessoa?! -perguntei ainda assustada, o que passou rapidamente após minha pergunta.

Ele está em sua bermuda cinza e uma camiseta roxa, mas a insanidade desta situação não me permite morder o lábio ou admirá-lo.

⎯ Chama-se escalada, deveria experimentar.

⎯ Não estou com humor para seu sarcasmo, apenas saia. -rebati seriamente, suspirando em seguida.

⎯ Preciso restaurar seu roteador, o sinal está péssimo. É a única maneira de arrumar isso.

⎯ E você decidiu entrar no meu quarto sem a minha permissão? Sabe o nome dado para as pessoas que fazem isso? Assaltantes.

⎯ Tentei me comunicar com você, mas nem atendeu o telefone. -ele apenas deu de ombros.

⎯ Isso não te dá o direito de entrar assim no meu quarto. -suna revira os olhos.

⎯ Você pode parar com o drama? Eu só preciso entrar por um segundo.

⎯ Drama? Drama?! Eu vou te mostrar o drama. -eu pego as duas pontas da escada presas na minha janela e sacudo. suna me segura com força e me lança um olhar mortal.

⎯ Faça isso denovo, [Nome], e você verá o que acontece.

⎯ Não tenho medo.

⎯ Então faça.

Seus olhos penetram os meus com uma intensidade avassaladora.

⎯ Não me desafie, Iscariote.

⎯ Ah sério? Você vai me deixar cair?

⎯ Não vale a pena. -eu vejo suna subir cada degrau, até que ele esteja na minha frente. seu rosto ficou próximo ao meu em poucos segundos.

⎯ Eu não tenho a noite toda. -seu sorriso se forma mais uma vez e eu suspiro em frustração.

Eu dou um passo para trás, dando passagem para que ele possa entrar. Dentro de sua altura, meu quarto até parece pequeno. Ele para e me analisa da cabeça aos pés, seus olhos vidram nos meus seios, e é ai que me lembro, não estou usando sutiã.

⎯ Preciso ir ao banheiro.

Pela segundo vez no mesmo dia, recorro a fuga para o banheiro como estratégia, mas é ai que está meu erro: Suna não é Oikawa, ele não vai me deixar escapar tão facilmente. Sua mão agarra meu braço, impedindo minha fuga.

⎯ Vamos arrumar o meu problema primeiro.

⎯ O que foi? Tem medo do escuro? -ele sorri minimamente para mim.

⎯ Quem pensa que eu sou? -seu olhar segue mais uma vez pelos meus olhos até meus lábios. ⎯ Enfim, vamos arrumar logo isso. -ele volta a me agarrar, me forçando a seguí-lo até a frente do computador, ele me coloca sentada sobre a cadeira e se ajoelha em frente ao aparelho.

⎯ Por quê você acha que é o dono da minha conexão com a internet? -ele encolhe os ombros. ⎯ Eu poderia te denunciar por invasão.

⎯ Eu sei. -eu o olho estranhando sua pausa na frase. ⎯ Mas não vai fazer isso.

⎯ Como pode ter tanta certeza?

⎯ Os agressores geralmente não relatam seus agressores.

⎯ Isso... -apontei para a janela aberta e depois para ele. ⎯ Também seria considerado assédio moral.

⎯ Não é a mesma coisa.

⎯ Por quê não?

⎯ Por que você gosta de mim. -ele faz uma pausa. ⎯ E eu não sinto o mesmo.

Mas que merda! Bem em cheio no coração...
Quero refutá-lo e rebater suas palavras. Mas o que ele havia dito foi como álcool sendo derramado em uma ferida recente.
Ele continuou trabalhando no roteador e eu fiquei quieta apenas observando ao redor.

Por que você gosta de mim, mas eu não sinto o mesmo por você.

Ele disse de maneira tão casual, tão honesta. Se ele não sente nada, por quê beijou meu pescoço naquele dia?
De repente, ele me olha mais uma vez.

⎯ O que foi? Feri seus sentimentos?

⎯ Por favor, né! Claro que não. -eu engulo meu coração partido com o bom e velho orgulho. ⎯ Somente se apresse com isso para eu continuar dormindo.

Ele não responde, apenas volta com o que estava fazendo. Tê-lo tão perto ainda parece totalmente irreal, posso ver cada detalhe no seu rosto. A vida as vezes é tão injusta, Suna tem de tudo: saúde, beleza, dinheiro, habilidade e inteligência.

⎯ Terminei. -ele limpa a poeira em suas mãos com uma expressão pouco enojada. ⎯ Limpe seu quarto de vez em quando. -eu dou uma risada sarcástica.

⎯ Desculpe-me realeza, por deixá-lo pisar no meu quarto indigno.

⎯ Dinheiro não tem nada haver com limpeza, preguiçosa. -ele rebate em cheio.

⎯ Pare de ser assim! Eu não tenho tempo pra limpar. Entre o meu trabalho de verão, dormir, comer, perseguir você... -as últimas palavras foram no impulso, me fazendo colocar as mãos em frente a boca por um momento.

Suna sorri de orelha a orelha, o brilho é de escárnio entre seus olhos.

⎯ Me perseguir consome do seu tempo, entendi.

⎯ Não, não foi o que eu quis dizer.

Ainda de joelhos, ele rasteja até mim, fazendo-me estremecer sobre a cadeira.
Seus olhos não se separam dos meus, onde eu tenho que abrir as pernas para deixá-lo passar. Seu rosto está a apenas alguns centímetros do meu.

⎯ O que está fazendo?

Ele não responde, apenas coloca as mãos nos braços da cadeira, nas laterais da minha cintura. Posso sentir o calor que seu corpo emana quando ele se aproxima. Estamos perto até demais. A intensidade do seu olhar mal me deixa respirar.
Meus olhos curiosos descem para seus lábios e para a tatuagem na lateral do pescoço, a qual posso ver tão bem agora.

Seus olhos caem do meu rosto, para meus seios e minhas pernas expostas, depois de volta para o meu rosto, com um sorriso invadindo os lábios molhados que estou morrendo de vontade para provar.

Suna pega minhas mãos e as coloca sobre os braços da cadeira, retirando-as do seu caminho. Seus olhos nunca se separam dos meus quando ele abaixa seu rosto até o meio dos meus joelhos.

⎯ O que pensa que está... -seus lábios tocam meus joelhos e eu imediatamente solto um suspiro baixo.

⎯ Você quer que eu pare? -seus olhos tentam encontrar os meus e eu nego com a cabeça.

⎯ Não, não quero.

A forma como os músculos de seus braços e ombros se contraem enquanto ele deixa beijos molhados no início das minhas coxas é tão bom que me deixa mais eufórica. Sua tatuagem apenas aumenta o fogo do incêndio que ele mesmo iniciou. Seus lábios macios beijam, lambem e sugam a parte sensível da pele interna das minhas coxas. Meu corpo estremece, pequenos arrepios de prazer percorrem pelos meus nervos, acendendo meus sentidos, nublando minha mente e meu senso moral. Seu cabelo castanho faz cócegas no local enquanto ele insiste em continuar.

Suna levanta seu olhar para mim enquanto morde minha pele, fazendo um pequeno gemido escapar dos meus lábios. Minha respiração está irregular e inconsistente, meu pobre coração bate como um louco. Ele continua seu ataque, levantando e abaixando minhas coxas, seus lábios atacam e devoram minha pele exposta. Meus quadris se movem por conta própria, implorando por mais, querendo apenas que seus lábios subam um pouco mais.

Meus olhos se fecham por conta própria.

⎯ Suna... -seu nome escapa seguido de um gemido incontrolável.

⎯ Você quer mais? -ele pergunta com sua respiração quente, enquanto seus lábios sobem mais, roçando na pele abaixo do meu short.

⎯ Você sabe que sim.

Ele para.

E eu abro meus olhos para encontrar os seus, que estão colidindo com os meus neste exato momento, onde ele sorri com sua respiração também irregular.

⎯ Você vai ser minha, [Nome].

Um beijo no canto dos meus lábios - nunca sobre eles. Foi o que ele deixou.
E Como ele chegou tão repentinamente através da janela, ele também saiu.

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