09.



Oiii! Tudo bem, queridos?!

Passando aqui só para lembrar vocês de não serem leitores fantasmas! Comentem sobre, eu adoro responder e não se esqueçam de votar! Ajuda muito na minha motivação!

De qualquer forma, aproveitem a leitura!

Como explicar o luto?

Como explicar que há um buraco enorme no meu coração, aonde da para sentir o vento passar e secar o meu sangue pouco a pouco?

Como dizer que a dor se tornou física?

Como dizer que essa dor nunca mais vai passar? que vai estar aqui sempre para me assombrar, me lembrar, recordar, de que eu fui orgulhosa e estúpida?

Como dizer que eu me sinto culpada por sentir dor só agora e por uma pessoa tão desprezível quanto ele?

Orgulho não combina com felicidade, são coisas opostas.

Ou você está certo ou você é feliz.

Sentada perto da fogueira, encolhida como uma criança, envolvida pelo casaco de Cardan, sentindo os olhares dos meus amigos em volta de mim eu percebo o quanto eu odeio parecer tão vulnerável.

Eu odeio o olhar de pena nos rostos deles e odeio como eu não consigo falar isso.

Porque afinal que monstro seria eu se eu fosse idiota com os meus amigos só porque eles estão preocupados?

Mas eu só quero ficar sozinha agora.

Quero ficar embriagada nas minhas próprias lágrimas e afundar minha cabeça no travesseiro até não conseguir mais respirar.

Quero bater em alguém e em mim mesma.

Porque parece que tudo dá errado de uma hora para outra e eu só quero estabilidade.

Quero uma vida saudável, tranquila, viver intensamente nunca foi para mim.

Agora as minhas lágrimas salgadas estão pressas na borda de meus olhos, meu maxilar está travado, a minha cabeça dói muito e o meu estômago está embrulhado em pura agonia.

E Bellamy está ao meu lado, me encarando com aquele olhar, aquele que faz quando está de coração partido e sem reação para algo, aquele quando ele fica vulnerável e cede a sensibilidade do momento.

Clarke está sentada do outro lado da fogueira, chorando de soluçar, em pura agonia e desespero.

Eu não sei diferenciar ela de mim.

Não sei mesmo.

A única diferença é que ela não segura as lágrimas, mesmo sabendo que pode aguentar mais e eu, eu seguro as lágrimas, sabendo que eu já não posso mais aguentar.

A reação dela é justa, claro, ela perdeu a mãe dela, apesar de estar bancando a rebelde esses últimos dias, elas tinham um relacionamento mil vezes melhor que o meu com o do meu pai.

Ao nosso redor, estão Monty, Jasper, Raven, Ethan, Miller e Cardan, todos encarando nós duas sem saber oque fazer.

A maioria dali não tinha os pais e se tivessem, eles não estavam na nave Exodus.

A maioria dos olhos está em mim, esperando uma reação, um surto, um lapse de consciência e falta de sanidade ou até negação ou raiva.

Mas eu tranco a garganta, me levanto do chão e devolvo o casaco para o meu irmão.

Meus olhos ardiam banhados pelas lágrimas, pelos olhares e pelo aperto forte no meu peito, que parecia só aumentar a cada minuto que eu refletia sobre a situação.

—Vado alla tenda.—"Vou a tenda." eu sussurro fraca, com a voz falhada e embargada, pronta para deitar na cama e chorar até meu rosto cair.

Dentro da tenda está frio, escuro, silencioso e nada acolhedor, apenas a luz da fogueira era vista através do tecido grosso da barraca.

Ao deitar na cama, eu desabo na minha própria tristeza.

Eu nem ao menos descansei meu corpo.

A noite toda foi mal dormida e em claro, sofrendo com pesadelos acordada.

Isso deveria me afetar tanto para alguém que eu pensava odiar?

A verdade é que eu não sei como me sentir.

Não sei se me sinto culpada por não ter dado uma segunda chance a ele, se me sinto culpada por estar sofrendo por alguém tão repugnante.

Quando me levanto da cama, consigo sentir os meus ossos doendo e a minha cabeça latejando.

Provavelmente eu estou horrível agora.

Quando noto uma movimentação exacerbada do lado de fora da tenda, eu saio, andando em passos lentos e preguiçosos em direção aos meus irmãos e Bellamy, que pareciam estar coordenando os adolescentes para uma missão, ou coisa parecida.

—Che sta succedendo?—"Oque está acontecendo?" Indago aos três, que se viram rapidamente para trás para me encarar.

E dá para perceber a supresa que eles tem quando olham para mim, não é uma surpresa boa.

Ethan coça a garganta e responde:

—Vamos ir ao local onde a nave Exodus explodiu, verificar se há sobreviventes.

—Quando?—Questiono indiferente, cruzando os braços acima do peito.

—Agora, só estamos juntando os grupos.—Cardan diz no lugar de Ethan.

—Vou pegar meu arco e flecha.—Começo a caminhar de volta em direção a tenda, mas Bellamy segura o meu pulso, me puxando de volta.

—Tem certeza? Você pode ficar aqui, ninguém vai te obrigar a ir?—Seu olhar transmite mais preocupação que o costume e ele aperta de leve sua mão em meu pulso.

—Eu quero ir.—Eu bufo nervosa, olhando para ele com um olhar impaciente.

Eu não queria que me tratassem diferente ou tivessem dó de mim.

Eu só queria que tudo estivesse normal.

Que a nave pousasse normalmente, sem ninguém ter morrido.

Com o arco preso as minhas costas e a bolsa de flechas pendurada nos quadris, eu acompanho grupo pela floresta.

A caminhada inteira foi marcado por um silêncio pesado e tenso, que ninguém ousou quebrar.

Era como se estivesse prestando um respeito fúnebre.

Meu corpo simplesmente para quando a visão da destruição alcança os meus olhos.

Tudo ali choca a minha cabeça.

O cheiro de combustível de foguete queimando as minhas narinas, a fumaça escura manchando o ambiente, o sangue e os corpos destroçados e espalhados por todo o lugar.

E um desses corpos pertence ao meu pai.

Minha avó estava nessa nave? E Caroline?

Só de cogitar meu estômago revira e a minha garganta trava, reflexo do medo profundo de perder as suas sem ao menos uma última despedida.

A partir daqui, meus passos se tornam robóticos e automáticos, eu já não controlo meus pés e eu só consigo pensar em achar o corpo do meu pai.

—Porque deixou ela vir?—Ouço Raven sussurrar para Ethan, que caminhavam atrás de mim junto dos outros, cada um segurando um rifle.

—Porque eu tenho que deixar ela viver o luto, não consigo proteger ela de tudo!—Ethan sussurra de volta, talvez eles não tenham percebido que eu estava escutando.

Eu balanço a cabeça em negação, furiosa com o fato de que eles agem como se eu não pudesse escutar.

Avançando sobre os destroços, meus passos se tornam mais largos, na tentativa de passar por cima dos enormes pedaços de metal que ainda estavam quentes.

Havia manchas de sangue, fios desencapados, cheiro de graxa, alguns membros decepados espalhados por entre os pedaços de metal, parafusos na terra, cacos de vidro.

Tudo ali remetia destruição, a possibilidade perdida de sobrevivência na Terra, tudo ali lembrava a morte, tudo ali pesava nos meus ombros e me impedia de respirar.

Eu só consigo olhar ao redor e perceber o quanto o destino é irônico e injusto.

Quando os meus olhos captam um pequeno adorno de cabelos colorido no chão, o meu coração erra uma batida.

Eu me ajoelho no chão e pego por entre os meus dedos, analisando a pequena e familiar presilha de borboleta cor-de-rosa.

Essa presilha era minha quando eu era menor.

Eu havia dado para Caroline quando os cabelos dela estavam na frente de seus olhos.

Caroline estava na nave...

Eu aperto a presilha em meu punho, sentindo as lágrimas mancharem o meu rosto involuntário, caindo no chão e manchando a terra também, de tanto apertar a presilha, minhas juntas ficam brancas.

Ela era só uma criança, não é justo.

Ela queria conhecer a Terra muito mais do que eu.

A angústia arranha o meu coração com as suas garras enormes e tristeza em negação faz minha cabeça girar e o meu corpo nausear.

Provavelmente a minha vó também estava ali.

Em tão pouco tempo tudo virou um pesadelo.

—Fiquem atentos! Prontos para a retaliação do que aconteceu naquela ponte, não importa quando!—Bellamy alerta e eu balanço minha cabeça, andando entre os pedregulhos.

—'Tá culpando eles?—Finn provoca Bellamy ao meu lado e eu bufo com a implicância infantil.

—Eu culpo você.—Bellamy parece acatar a provocação.

—Se não tivéssemos levado arm...

—Toque nesse assunto novamente e a flecha vai ir para o seu peito dessa vez.—Eu rosno para Finn impaciente, passando por entre os dois, olhando para o chão.

Uma tensão se instala ali no meio, provavelmente por conta de que eu não usava esse tipo de ameaça e tom de voz tão cotidianamente.

—Porque estão vindo não importa mais, oque é importa é estarmos prontos quando acontecer, estamos por nossa conta.—Bellamy encerra o assunto, com a voz meio hesitante, me seguindo.

—Clarke! Pare!—Raven corre até ela rapidamente, eu apenas arqueio as minhas sobrancelhas em confusão com o desespero repentino.

—Explosão eminente!—Ouço Raven gritar e logo após isso um estrondo ressoar pelo vale, consequência da explosão de combustível fedido de foguete.—Precisamos sair daqui!—A morena diz olhando para Bellamy.

—Formação de defesa! Não toquem no que está quente! Vamos voltar antes de anoitecer!—Bellamy anuncia e com o seu aviso, todos do grupo começam a voltar sem questionar, provavelmente também queriam se abster do cenário catastrófico e destrutivo.

O caminhar de volta para o acampamento também foi recheado por silêncio fatídico carregado por indecisão e sentimento de desesperança.

Oque eu mais queria nesse momento, era poder ficar sozinha para processar e superar tudo oque aconteceu.

Mas a vida não vai parar porque eu perdi três pessoas de uma vez.

Não pararia nem se eu perdesse todo mundo.

Eu esfrego as costas das mãos com ódio contra as minhas bochechas, secando as lágrimas e fungando de leve, sentindo o canto do meu olho repuxar pelo estresse.

Na vigília, todos estavam em posição, ao lado de

Octávia e Monty, eu observava Jasper contar a história sobre a ponte, mas de uma forma muito exagerada e mentirosa.

—Medo só é um problema se deixar ele crescer!—Escutamos Jasper repetir uma das falas de Finn, sorrindo orgulhoso para os jovens ao redor da fogueira.

Octavia se vira de frente para nós dois novamente, revirando os olhos em indignação e bufando furiosa.

—Ele tá mentindo, foi o Finn que disse isso.—A garota revela murmurando.

—...Foi puro instinto animal!—Jasper diz com um tom de voz ressaltado, como se estivesse contando uma lenda.

Eu não acreditava que ele estava mentindo tanto para conseguir atenção.

Quem tinha salvo a Clarke de uma flecha era eu!

Eu tinha tomado a atitude!

Eu tomei a atitude e só fui julgada e excomungada pelos outros.

Ele fala uma mentira e é visto como herói?!

—Puro instinto animal? Ele 'tá confundindo com pânico!—Octavia bufa mais uma vez, cruzando os braços e me encarando.

—Minha mãe dizia que os idiotas dominariam o mundo.—Eu murmuro, encarando o grupo de jovens imbecis sentados ao redor da fogueira.

—Qual o sentindo disso?—Monty começa a prestar atenção.

—Não por inteligência ou por outro atributo, mas por quantidade.—Eu explico meu raciocínio, pendendo minha cabeça para o lado eu só vejo os dois concordarem em silêncio.

Depois de mais balelas do Jasper chegarem aos nossos ouvidos, Octávia perde a linha e fala.

—'Tá bom, isso tem que parar!—Mas antes que ela fosse em direção ao grupo, Monty segura o braço dela.

—Ah qual é? Oque é isso?—O garoto pergunta com a mesma voz tranquila e despreocupada de sempre.

—Nós?!—Ela rebate em prontidão.

—Quer fazer? Somos heróis do folclore! Vai arranjar uma barraca maior...—Monty explica e eu rio de leve, empurrando o ombro do mais novo de leve.

Mas então, uma movimentação suspeita nas árvores é captada e todos do acampamento parecem se movimentar e entrar em um certo pânico controlado.

Eu armo o meu arco e uma das minhas flechas rapidamente, procurando por qualquer ser que esteja na espreita da escuridão na floresta.

Um dos garotos atira duas vezes em direção das árvores com o rifle, dizendo que havia acertado algo.

Ouço Octávia murmurar uma palavra inaudível ao meu lado e começar a correr juntos dos rapazes e eu não hesito em segui-la.

Alguns metros longe dos muros, nós avistamos um corpo, ensanguentado, cheio de hematomas, repousando no chão, com o rosto virando para Terra.

Quando Octávia se aproxima para tocar o ombro do indivíduo, o mesmo recua rapidamente de forma assustada.

E meus olhos se arregalam ao ver quem era em baixo de todos os hematomas, cortes e sangue.

Murphy.

Ele estava vivo.

Quando ele percebe que eu estou ali, recua ainda mais para trás, carregando mais medo na expressão, como se minha presença ali fizesse mal para os seus ossos.

—Levem ele.—Eu ordeno, olhando para Connor e Ginger.

—Não! Bellamy o expulsou! Disse para mata-lo se estivesse nas proximidades!—Connor rebate cheio de aflição.

—Não me faça repetir.—Eu digo entre dentes, apontando para a entrada do acampamento com o braço e o dedo indicador, num gesto voraz e impaciente.

Murphy estava recolhido num canto da nave, enquanto eu estava ao lado dele, agachada, limpando o sangue de seu rosto com um pedaço de pano molhado, já que eu não havia encontrado o kit médico de Ethan.

E na verdade, o pano era um pedaço da minha própria roupa, que eu rasguei sem nem ao menos pensar.

Ouço passos rápidos e pesados invadirem o módulo, enquanto uma voz familiar perguntava.

—Onde ele está?!—Era Bellamy, junto dos meus irmãos, Clarke e Finn

—Porca puttana!—"Puta merda."Eu murmuro baixo e Murphy me fita confuso.

No momento que eles percebem que eu estava agachada, com a roupa rasgada, ajudando Murphy, Bellamy, Cardan e Ethan não conseguem segurar a expressão de repudio e decepção.

Não só isso como também eles não hesitam manifestar seu espanto com a visão horrenda de Murphy todo esfolado.

O cômico é que eles fizeram a mesma cara ao mesmo tempo.

Esses três foram irmãos em outra vida.

—Apenas Connor e Derick aqui! O resto 'pra fora!—Bellamy exclama, segurando o rifle pesado em suas mãos.

—Ele disse que os terrestres estavam atrás dele.—Derick explica, cruzando os braços e apontando com o queixo para o rapaz.

—Ele 'tava tentando invadir o campo.—Connor afirma e eu levanto rapidamente do chão, jogando o trapo e encarando o rapaz com um olhar furioso.

—Ele não estava tentando invadir o campo!—Eu o repreendo de imediato, assumindo uma atitude defensiva, isso faz com que todos me encarem com uma expressão confusão, repleta de incompreensão.

—Eu não 'tava invadindo... eu 'tava tentando fugir dos terrestres...—Murphy murmura com dificuldade e o meu peito aperta com a visão do garoto torturado.

—Alguém viu terrestres?—Ethan pergunta, mirando o rifle em direção a John.

Connor e Derick apenas negam em silêncio.

—Então nesse caso, se afasta dele Valerie, agora.—Bellamy fala mirando o rifle na cabeça e o meu nariz se torce, ele achava que conseguia mandar em mim?

—Qual o seu problema?!—Finn grita impaciente, dando um soco no cano do rifle, tirando Murphy da mira.

—Ele foi expulso daqui e ele voltou!—Agora quem fala é Cardan, apontando o rifle na cara de Finn.

—Não! Ele estava com os terrestres! Ele soube de coisas! Ele pode nos ajudar!—O moreno afirma, não temendo a arma apontada em sua testa.

—Ajudar? Nós julgamos ele, banimos ele e agora eu vou matar ele, sai logo da minha frente!—Bellamy nem se quer cogita a ideia de Finn, voltado a mirar a testa de Murphy.

—Não! O Finn 'tá certo...—Clarke interrompe Bellamy, andando até nós dois.

Eu pego a mão de Murphy com cuidado, levantando para Clarke e mostrando os sinais de tortura deixados em seus dedos.

Todas as suas unhas haviam sido arrancadas.

Sua mão estava menos suja de sangue e terra, já que eu já havia limpado, estava com uma aparência melhor, mas ainda sim, dava para reparar na carne viva e latejante na ponta de seus dedos.

—Valerie...—Bellamy me chama e eu não hesito em olhar para ele, dando de cara com uma expressão de pedido, os olhos enormes brilhando para mim, como se implorasse para escutar a razão.—A Charlotte...

Tudo em mim se revira quando eu escuto suas palavras e eu só consigo sentir náuseas em lembrar do que aconteceu.

Eu ainda não havia aceitado nada do que aconteceu.

Eu suspiro fundo, me mantendo firme, segurando as lágrimas que se acumulavam no canto dos meus olhos.

—Se matar Murphy trouxesse ela de volta, seria eu quem atiraria e eu não erraria.—Eu aperto o meu maxilar, mordendo as minhas bochechas.—Mas ela está morta, matar ele não vai mudar isso.—Comprimo os lábios, olhando ao redor, enquanto os meus olhos ardiam.—Oque aconteceu com ela foi mais culpa nossa do que dele.

Bellamy abaixa a cabeça em rendição, apertando o maxilar, agora ele finalmente sabia que eu ainda me lembrava de Charlotte.

—Ele não está mentindo, as unhas dele foram arrancadas.—Clarke finalmente diz.—Torturam ele.

—Você e os terrestres são malucos!—Finn diz aproximando o rosto ao de Bellamy.

—Eles sabem que nós estamos em guerra! Oque falou de nós para eles?—Bellamy aponta o queixo para Murphy, esperando uma resposta.

—Eu não ganho nada?—Murphy pergunta irônico e eu bufo com raiva, ele mal chegou e já começou com as provocações.

Clarke move as pernas e se levanta do chão, passeia até a saída no módulo e antes de sair, diz com seriedade a Bellamy.

—Depois que ele melhorar e nos der respostas, ele vai embora.—A loira olha para os três homens de porte alto na frente dela.

—E se ele se recusar a ir embora?—Ethan pergunta sugestivamente com um sorriso irônico, inclinando a cabeça em direção ao rosto da garota.

—Ele morre.—A Griffin vira de costas e sai do módulo, seus passos eram rápidos e impacientes.

Eu acordei cedo hoje.

Sentindo meu estômago revirar, toda a minha pele queimar de febre e a fraqueza muscular amolecer meus músculos.

Sentada no toco de madeira ao redor da fogueira apagada, num breve ritual em que eu, meus irmãos, Bellamy, Raven e Octavia, nos reuníamos para comer frutas e planejar pelo menos um pouco do resto do dia.

Eu não havia falado uma sequer palavra.

Minha língua parecia estar presa e eu não conseguia deixar meus olhos abertos.

Só de olhar para as frutas me causava náusea e enjoo.

Eu me sentia morta.

Fatores emocionais e traumas podem acatar na imunidade também, não é necessário eu me preocupar.

Ou era?

—Você nem tocou nos mirtilos...—Ethan cutuca o meu braço com cotovelo, jogando um pequeno mirtilo para dentro da boca.

—'To sem fome...—Murmuro, me levantando com dificuldade, enquanto o acampamento todo girava a minha volta.

—Valerie, você 'tá pálida...—Raven afirma preocupada, fitando-me.

—Eu sou pálida.—Eu insisto na mentira, caminhando alguns passos em direção ao módulo.

—Valerie!—Ouço Bellamy me chamar e eu solto o ar frustrada, revirando os olhos enquanto virava o meu corpo na direção do grupo.

Eles parecem que viram um fantasma, porque os olhos de todos se arregalam e suas bocas se abrem, esboçando uma evidente preocupação e surpresa nada boa.

—Seus olhos...—Bellamy murmura se aproximando de mim e eu levo os dedos a minha bochecha, sentindo um fluído grosso e escuro pincelar as pontas dos meus dedos.

A minha visão estava turva e tudo que eu ouvia já estava distante, além de que eu conseguia ver vários pontos pretos ao redor da imagem de Bellamy.

—Bell...—Nem ao menos termino de falar o nome do mais velho e sinto o chão abaixo dos meus pés sumir.

Tudo acontece em flash's depois disso.

Só sinto que estou sendo carregada, enquanto eu me lambuzava cada vez mais com o meu sangue negro.

Tudo gira ao meu redor, tudo parece uma memória ou um sonho.

As vozes desesperadas a minha volta, o jeito que Bellamy segura meu rosto contra o seu ombro.

—Valerie! Consegue ouvir?!—Ouço uma voz feminina, não consigo dizer ao menos quem é.

Depois de mais vozes e mais passos metálicos serem ouvidos bem fracamente por mim, meu corpo todo começa a tremer e eu sinto uma espuma descer pela minha boca.

—Convulsão!—A voz feminina diz de novo e eu sinto as mãos que me carregam me apertarem e me chacoalharem cada vez mais.

Mas nada dos esforços que fazem impulsionam a minha volta.

Na verdade, eu desmaio.

Quando meus olhos se abrem, estou na minha tenda, deitada contra a cama mal feita e toda suada, com os cabelos grudados no meu pescoço.

Minha blusa estava manchada com o meu sangue seco, minhas pernas estavam bambas e fracas.

Ao me sentar na cama, tudo começa a girar novamente e demora alguns minutos para eu conseguir levantar e me manter firme de pé.

Meus ouvidos notam um tumulto e uma movimentação para fora da tenda, bem no centro do acampamento, perto da entrada do módulo.

Finn estava segurando Clarke desacordada em seus braços e o caos estava instaurado no acampamento, com adolescentes gritando e apontando rifles uns para os outros.

Eu via meus irmãos e Bellamy tentarem instaurar a paz, falhando miseravelmente por conta do desespero já espalhado por todos os jovens.

Desesperada para saber oque estava acontecendo, meus olhos alcançam a caixa de rojões que Raven estava produzindo com Jasper, não penso duas vezes antes de pega a caixa de fósforos que eu guardava no meu bolso e acender um, as pontas dos meus dedos se queimam levemente com o calor do fogo que gera um barulho enorme e estridente, trazendo a atenção de todos do acampamento para mim.

—Independentemente de qual merda esteja acontecendo aqui, o caos não vai resolver, então calem a boca e abaixem esses rifles!—Eu ordeno em gritos, apesar de estar com a voz rouca e a garganta inflamada.

Todos parecem perplexos com o meu posicionamento repentino, mas tinha algo diferente no jeito que me encaravam, como se eu fosse uma bomba relógio.

E lentamente, o acampamento todo abaixa os rifles, menos um adolescente ruivo, que avança sobre mim, mirando o cano do rifle em minha direção.

—O caos vai acabar quando os doentes entrarem na porra do modulo! Agora entra de volta na barraca, sua vadi...—Antes que ele terminasse de falar, Bellamy pega a arma das mãos dele rapidamente e soca a base da arma contra a testa do indivíduo, que cai no chão com a testa sangrando.

—A próxima vez te deixo sem dentes.—Bellamy cospe no garoto, mirando-o com desprezo e expurgo.

O mais alto se aproxima de mim, limpando o sangue preto e seco da minha bochecha e suas íris castanhas focavam em mim, com a preocupação e o nervosismo tangente no brilho dos seus olhos.

—'Tá melhor?—Bellamy parece analisar cada detalhe da minha feição.

—Oque 'tá acontecendo?—Indago verdadeiramente confusa, olhando ao redor.

—Mandaram Murphy para cá como uma arma biológica, estamos fazendo quarentena, Clarke achou melhor te deixar em isolamento porque seu sangue está com cor diferente.—Ele rapidamente explica, coçando a garganta e levando as mãos aos quadris.

A culpa me assola e dilacera meu peito de novo.

A ideia de manter o Murphy aqui foi minha.

Eu fiz eles confiarem em mim e agora todos estão morrendo.

A culpa é minha.

Eu só estava tentando mudar o curso das coisas, fazer diferente, fazer melhor, dar uma segunda chance.

Eu não queria que isso virasse o inferno.

—Octávia está vindo com a cura...—Clarke ao nosso lado murmura fraquejando com os olhos.

—Não existe cura!—Todas os resquícios de esperança são descartados quando a morena aparece no meio da multidão, assolando o acampamento com um clima nada bom.—Mas os terrestres não usam a doença para matar!—Octavia explica e eu reviro os olhos, sua afirmação não melhorava a nossa situação.

—É sério?—Bellamy maneia com a cabeça, num gesto carregado de ironia e prepotência.—Então diga isso para eles!—O homem ponta para os vários corpos dos jovens mortos ao lado da entrada do módulo.

O olhar de Octávia fraqueja e ela molha os lábios com tensão, dava para ver o lampejo de desespero em sua miragem.

—Eu também tenho um aviso.—A garota diz, mas isso não me torna mais esperançosa, vindo dos terrestres, não podia ser algo bom.—Os terrestres estão vindo! Vão atacar de manhã!

E os burburinhos começam novamente, vozes são escutadas, cheias de temor e angústia, o efeito das palavras de Octávia não terminaria de ressoar tão cedo.

A garota começa a avançar em direção a nave desativada, mas rapidamente, Bellamy segura o seu pulso.

É a coisa mais desconfortável do mundo presenciar a raiva e a discussão silenciosa bem na sua frente.

E aquilo já estava tangível, palpável e nada bom.

Eu engulo seco e coço a garganta, abaixando o meu rosto e olhando para os meus sapatos.

Octávia puxa o seu braço de volta e começa a caminhar em direção de Finn e Clarke, pisando firme no solo.

—Finn, leva a Clarke para o módulo!

E o garoto não hesita em obedecer, segurando a loira fraca contra o seu peito.

Ao olhar para Raven, eu consigo ver tão perfeitamente o efeito daquela cena no coração dela, a feição de desgosto e as sobrancelhas franzidas entregavam sua decepção.

—Amanhã todos vamos combater!—Bellamy anuncia, mas os murmúrios e cochichos não cessam.

Junto de Murphy, Octavia e Clarke, eu ajudava os enfermos com todo o carinho e delicadeza que eu podia ter na hora.

Fiz camas improvisadas com lona, cedi a minha cota de água e castanhas para os que estavam desnutridos, limpei os rostos daqueles que estavam vomitando sangue, tudo com muita paciência e compreensão, um gesto de acolhimento e afeição com aqueles que estavam no fio da vida e da morte.

Alguns infelizmente, perdiam tanto sangue e ficavam tão desidratados, que morriam deitados no meu colo, chorando de agonia e exasperação pela morte iminente e no minuto seguinte, fechavam os olhos e paravam de respirar.

Mas eu me esforçava para nenhum ter uma morte sozinha e amedrontadora, eu rezava baixinho, fazia o sinal da cruz com o polegar nas testas deles e entregava tudo aquilo a Deus, já que era apenas isso que nos restava a fazer.

Enquanto eu fechava os olhos de mais um falecido, me atento a agitação que ocorria na porta do módulo, rapidamente fico de pé e não hesito em caminhar em direção ao burburinho.

Então ali eu me deparei com a visão mais destestavel e angustiante da minha vida.

Bellamy estava sendo carregado, meio inconsciente, com a boca suja de sangue e suor escorrendo pela sua têmpora.

Ethan, que carregava o amigo nas costas com muito esforço, também não parecia muito melhor que ele.

Seu rosto estava pálido e tinha uma pequena gota de sangue escorrendo pelo canto do olho direito.

Avanço sobre os dois, em estado de choque e sem saber tomar atitude diante da visão tão dolorosa.

Com o meu olhar, eu procuro por um lugar adequado para Bellamy repousar e eu nem preciso falar para que Murphy saia da rede e Ethan debruce o amigo no tecido.

Bellamy não parava de balbuciar palavras desesperadas e ininteligíveis, com os grandes olhos castanhos arregalados em pura agonia, tentava ficar sentado na rede, enquanto tossia sangue contra o chão.

—Ei! Ei!—Eu levo um pano úmido para ao redor a sua boca e em seu queixo, limpando aquela mistura de sangue e saliva.

—Eu 'to assustado... eu não quero morrer...—A voz dele estava embargada, beirando a um choro, como a de uma criança assustada e seu lábio inferior fazia um leve beicinho.

Bellamy estava aflito, por trás da casca grossa de líder, tinha alguém ali que tinha medo da morte assim como todo mundo, assim como qualquer um, quando a morte bate na porta, ele fraqueja.

Tinha um pedido no seu olhar, como se esperasse que eu fosse a salvação dele, como se eu pudesse prometer para ele, que acima e tudo, ele ficaria bem.

—Não, não, não! Você é forte 'tá? Você não vai morrer! Você vai melhorar! Eu vou cuidar de você ok? Que nem você e os meus irmãos cuidaram de mim...—Passo minha mão pelas mechas negras e suadas de seu couro cabeludo, um gesto de acolhimento e conforto, que faz ele voltar a deitar na rede, enquanto maneava com a cabeça, aceitando minhas palavras.—Fica quietinho aqui, certo? Vou buscar água para você.

Mas antes de ir pegar um copo de água para Bellamy, eu procuro pelo meu irmão, que estava apoiado na parede, com uma mão na testa, pingando sangue de suas narinas, ele ainda estava de pé, mais lúcido e calmo que Bellamy.

—Ehi, come stai?—"Ei! Como você 'tá?" Apoio minha mão em seu ombro, deixando um carinho de leve ali.

—'Sono solo un po' stordito e nauseato, la bionda ha detto che non è grave, probabilmente sono immune.—"'Tô só um pouco tonto e com náusea, a loirinha disse que não é grave, provavelmente sou imune." Ethan suspira exausto, acariciando a própria têmpora e me fitando com uma feição neutra, como se toda a situação não o afetasse.

—E Cardan? Sta bene?—"E o Cardan? Ele 'tá bem?"

—Probabilmente è anche immune o non ha ancora preso il virus, è là fuori, per ora sta bene.—"Provavelmente é imune também ou ainda não pegou o vírus, está lá fora, por enquanto está bem." Ele limpa o sangue do nariz e bufa frustado, cheio das coisas que vinham acontecendo nas últimas semanas.

—Abbi cura di te e bevi acqua, fratellone.—"Se cuida e toma água, irmãozão." Eu fico na ponta dos pés e deixo um beijo molhado conta a sua testa suada, antes de caminha em direção ao reservatório de água e pegar um pouco num copo para Bellamy.

Ao me aproximar de onde Bellamy repousava, eu o vejo começar a tossir e vomitar muito sangue, se eu não o deixasse de bruço, ele provavelmente se afogaria no próprio sangue.

—Ethan! Octavia!—Eu grito desesperada, minha voz rasga as minhas cordas vocais e os adolescentes que estavam repousando acordam em um susto, eu não conseguiria tirar Bellamy da rede e deixá-lo de bruços sem machuca-lo.

Os dois imediatamente largam oque estão fazendo e correm até mim como um raio, em poucos segundos, Ethan abraça o tórax de Bellamy por trás enquanto eu e Octávia pegamos as pernas dele, deitando ele de bruços contra o chão metálico e frio.

—Eu... não... quero... morrer...—Bellamy murmura fraco, com os olhos semicerrados, ainda havia sangue escorrendo dos lábios dele e seu olhar estava repleto de aflição e terror, uma súplica de sobrevivência.

—Você... não vai... morrer!—Meu irmão puxa o tórax de Bellamy e o deixa com as costas apoiadas contra a parede, mas o apelo de Ethan não funciona, porque Bellamy continua a repetir e murmurar as mesmas palavras.

—Me escuta cara! Você não vai morrer! Ninguém aqui vai deixar você morrer! 'Tá bom?!—O loiro agarra os ombros de Bellamy firmemente, encarando os olhos castanhos com frustração e negação e o moreno apenas aceita as palavras.—Descansa parceiro, fica parado e toma água.—Ethan engole seco e molha dos lábios, dando leves tapas de conforto no ombro do amigo.

E pensar que isso só está acontecendo, porque eu insisti que Murphy ficasse, que tinha pessoas morrendo e em risco por causa que eu fiz as pessoas confiarem em mim.

Quero me enfiar num buraco e nunca mais sair.

Ethan sai 'pra fora do módulo, provavelmente para verificar como andam as coisas lá fora, Octávia tenta acalmar o irmão com algumas palavras e sem um aviso prévio, ela ajeita a cabeça dele no meu colo e eu não consigo evitar de arregalar os meus olhos e manifestar meu espanto com um suspiro e as minhas mãos travadas, enquanto ela pedia para que eu avisasse caso ele piorasse e eu ainda em choque, apenas assinto com a cabeça.

Os olhos dele estavam abertos e focados no meu rosto e ali estava o mesmo olhar enigmático e admirador de quanto eu matei Atom por ele, de quando eu atirei para proteger Clarke na ponte, parecia que quando olhava para mim, uma linha tênue, dourada e invisível se fazia tangível entre nós dois e deixava quase impossível eu desviar as minhas íris dele.

E eu até que gosto quando isso acontece.

O sentimento da paixão me assusta, aquela ansiedade, a espera, a indecisão, a falta de ar, o estômago embrulhado, tudo isso me gera pavor.

Mas ao mesmo tempo que estar com ele é como uma tempestade, cheia de cacos de vidro, granizo e ventos fortes, que dão frio na barriga, estar com ele também é como um abraço quente, voltar 'pra casa depois de um dia longo, um cachecol de lã, abraçar algo macio e estar sonhando acordada.

Isso é confuso demais.

Mas eu queria que quando estivesse comigo, ele se sentisse do mesmo jeito que eu me sinto quando estou com ele, queria ter efeito na mente dele, será que Bellamy também sentia?

Eu torço um trapo úmido em cima de uma vasilha, depois limpo o rosto de Bellamy sujo por sangue e suor.

—Obrigado...—A voz dele sai rouca e fraca, mas a gratidão nas palavras era genuína, principalmente na forma que seus olhos paravam nos meus.

Depois de algumas horas transcorridas, Bellamy já estava melhor, seu rosto tinha mais cor e as olheiras profundas haviam sumido, além de que ele segurava a cabeça de forma mais firme e já estava conseguindo andar sozinho.

Mas o estado de Ethan havia piorado drasticamente e eu temia com todo o meu ser que o destino dele fosse diferente do de Bellamy.

Além do estado de Ethan ser gravíssimo, eu não encontrava Cardan em lugar nenhum no acampamento, assim como Raven, Jasper, Monty e Finn.

Ninguém saia sem avisar pelo menos alguém e eu sabia para quem eu deveria questionar o serviço.

—Clarke, onde está o meu irmão?!—Eu avanço em passos rápidos em sua direção, cuspindo as palavras em sua cara sem um pingo de paciência ou consideração.

Quando ela percebe que eu sei que ela provavelmente sabe, abaixa os ombros e olha 'pro chão, travando o maxilar.

—Ele e Raven foram para a ponte, instalar uma bomba para atrasar os terrestres...—A loira me encara cheia de remorso e culpa no olhar, sabendo que errou quando não havia me contado.

Então algo estala na minha cabeça, como uma chave.

Hoje mais cedo, eu estava carregando os rifles com munição, porém, eu havia feito uma pausa para tomar café com o pessoal e depois disso fiquei inconsciente.

Ou seja, havia rifles ali sem carregamento e nenhum deles sabia por que pensavam que eu havia feito o meu trabalho.

Eu corro até a tenda de armas e procuro entre os vários fuzis apoiados de pé ali, todos os que vi, estavam carregados.

Eles haviam pego justo as armas sem balas.

—Cazzo! Porca puttana!—"Caralho! Puta que pariu!" Eu grito descontroladas, chutando os rifles ao sentir a ficha cair sobre a merda que eu havia feito.

Clarke na entrada da tenda, me fitava esboçando uma expressão assustada e reprimida, com a mão sobre os lábios.

Prontamente, eu pego meu arco, minha bolsa de flechas, uma garrafa de querosene e fósforos, enfio tudo na mochila sem nenhum critério e saio da tenda, esbarrando com o meu ombro do braço de Clarke.

—Oque vai fazer?—A voz dela sai cansada e embargada de seus lábios, provavelmente ela só estava indagando, sem intuito de começar mais uma discussão.

—Vou explodir aquela porra.

Mas antes de sair, eu passo no módulo, procurando por Bellamy e Octávia e quando os avisto, ando rapidamente até os dois, colocando a mochila nas minhas costas.

—Onde vai?—Bellamy indaga, levando as mãos aos quadris.

—Cardan e Raven foram explodir a bomba, mas levaram armas sem carregamento e estão em perigo, preciso salva-los e explodir aquela ponte antes que seja tarde.

—Vamos com você!—Octavia fala com firmeza, mas eu nego com a cabeça.

—Quero que cuidem do Ethan, se ele piorar, por favor, não deixe ele morrer sozinho.—Eu murmuro baixinho, olhando para os dois a minha frente, por mais que eu não quisesse encarar tal possibilidade, eu sabia que existia essa chance e que uma hora eu teria que aceitar caso ocorresse, mesmo que doesse muito.

—Valerie, ele não vai morrer.—Bellamy coloca a mão no meu ombro e aperta de leve, sua testa estava torcida em preocupação apesar de suas palavras.

—De qualquer forma, prometam que vão cuidar dele.—No mesmo momento que eu digo as palavras, os dois maneiam com a cabeça em confirmação.

Eu sorrio de leve e abraço os dois pelo pescoço, se eu falhasse nisso, eu nunca mais veria eles, eu não poderia falhar.

Da para ouvir os dois suspirarem por conta do meu ato repentino, mas Octávia esconde o rosto no meu pescoço e Bellamy amassa sua bochecha em meus cabelos, enquanto os dois acariciavam as minhas costas.

—Obrigada... eu vou voltar.—Me desenrolo do abraço, não conseguindo manter contanto visual com os dois por conta do nervosismo e sem esperar uma resposta, ajoelho perto do meu irmão e deixo um beijo molhado em sua testa, afagando os cachos loiros de sua cabeça.

—Tieni duro bionda, torno subito, ti amo.—"Segura firme aí loirinho, eu já volto, eu amo você." 

Ele parece querer contestar a minha partida, mas não consegue dizer por conta da fraqueza e mesmo sentindo meu peito apertar, eu parto em direção a ponte, correndo com toda a força das minhas pernas sem olhar para trás.

6.6K words! Não revisado!


Oque acharam da interação dessa enorme família que eu estou desenvolvendo? Só pra deixar claro que Blake, Mason e Kane todos nasceram um 'pro outro e conectados!

Enfim, deixem sua opinião sobre a fic nos comentários e não esqueça de votar! Não seja um leitor fantasma! 

Xoxo, V! <3

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top