𝚝𝚠𝚘
— Eu quero é que aquele filho da puta se exploda! — Você gritou, sem se importar se a mãe de Mina escutaria. Ela sempre achava muito engraçado quando você explodia e começava a xingar o mundo inteiro — Muito boa sorte pra vocês aguentarem aquele corno a festa inteira, porque eu não pretendo passar nem cinco minutos com ele lá!
— Não precisa gritar — Mina disse, enquanto acabava de passar o rímel — A gente tá bem do seu lado.
— Eu sei que o que ele mandou não foi legal, [Nome] — Jiro falou, tentando ser a pacifista de sempre — Mas não precisa ficar longe a noite inteira por causa disso.
— Preciso, porque se eu passar dez minutos no mesmo ambiente que aquele arrombado eu vou acabar perdendo o meu réu primário e ninguém aqui quer se formar em direito pra me tirar da cadeia.
Você estava muito irritada. Depois da mensagem que o Bakugou lhe enviou, vocês ainda discutiram por mais umas três horas, o que envolveu mais xingamentos do que duas pessoas normais eram capazes de pensar, até você perder a paciência e bloquear ele. Nem sabia porque não tinha feito isso antes.
Dois dias tinham se passado e vocês não se viram e nem se falaram desde então. Por sorte, você tinha ido para faculdade apenas para ver as aulas e depois voltava direto para casa. Só tinha falado com Izuku por mensagem para combinar como iriam para a festa.
Acabou que Mina sugeriu que vocês se arrumassem na casa dela e os meninos encontrassem com vocês depois. Assim, todos iriam juntos, como um grupo de amigos felizes. Só tinha um pequeno probleminha ali. Você e Katsuki no mesmo ambiente por mais de dez minutos.
— Falando nisso, você ficou uma gostosa com esse vestido — Mina disse, lhe tirando de seus próprios pensamentos.
— E o que isso tem haver?
— Nada, eu só queria mudar de assunto.
Isso conseguiu arrancar uma risada divertida sua. Sabia que, por mais que ficar junto do loiro fosse insuportável, o fato de que você estava com aquelas duas fazia valer a pena.
Se olhou no espelho assim que acabou de passar o gloss e teve que se segurar para não sorrir com o resultado. Você estava deslumbrante. Tinha se esforçado muito para ficar lindíssima essa noite. Fazia um tempinho desde a última vez que você foi para uma festa. Gostava dessa parte de se juntarem na casa de uma amiga e se arrumarem para sair. Só não gostava muito da parte de sair.
De dentro do quarto vocês conseguiram ouvir quando a campainha da casa tocou e você sabia muito bem quem tinha acabado de chegar.
— Vai lá abrir — A de cabelo rosa disse e não precisou olhar na sua direção para você perceber que aquilo era para você.
— Por que eu?
— Você é a única que já tá pronta — Respondeu, dando de ombros.
Você deixou que um suspiro fundo escapasse de seus lábios antes de se levantar e sair do quarto, passando pelo corredor até chegar na porta do apartamento. Não viu pelo olho mágico antes de destrancar e abrir a porta.
— Oi, [No... — Mas você não deixou Midoriya falar. Já foi abraçando o garoto de cabelos verdes. Fazia pouco tempo desde que vocês se viram, mas você já estava com saudades — Você tá linda — Ele disse, assim que você o largou.
— Me produzi pra você, Izuku — Seu tom sensual foi o suficiente para fazer com que as bochechas dele ficassem vermelhas, o que arrancou uma risada divertida sua.
Um de seus passatempos favoritos era deixar o esverdeado com vergonha. Ele era simplesmente fofo demais para que você deixasse a oportunidade passar.
Depois que deixou ele em paz, você cumprimentou Kirishima e Kaminari com abraços rápidos, mas calorosos. Nunca sabia muito bem sobre o que falar com aqueles dois. Se vocês tiveram dez interações na vida, foi muito. E olhe que eles estavam com suas melhores amigas já fazia um bom tempo.
— Você me bloqueou — A voz de Katsuki fez você desviar a atenção dos dois e olhar na direção do loiro.
Já cogitando que vinha briga, o de cabelos ruivos falou um "a gente vai entrando" e os outros três foram basicamente correndo para o quarto de Mina. Você encarava Bakugou com as sobrancelhas meio franzidas, mas não demorou muito para responder.
— Bloqueei.
Ele estreitou mais os olhos, mas passou por você sem lhe cumprimentar. Estava satisfeita com essa mínima interação entre vocês dois. Se ficassem sem se falar pelo resto da noite, podia até ser suportável. Mas, para o seu azar, ele aparentemente não tinha os mesmos planos que você.
— Te falei pra não ir vestida que nem uma puta.
Você se virou na direção dele, já com um sorriso malicioso nos lábios.
— E eu me lembro muito bem de a minha resposta ter sido "vai se foder".
Ele estava irritado, muito. Katsuki nunca foi muito bom em esconder o que o irritava, e você tinha pós doutorado nisso. Era muito fácil saber se você estava ganhando 0 jogo ou perdendo.
— Deve ser por isso que o capitão do time de futebol não te leva a sério — O loiro se virou antes que você pudesse responder.
Mas, ao invés de falar alguma coisa, suas sobrancelhas apenas se franziram. Você não tinha nem ideia de que o Bakugou sabia sobre o seu rolo com Keigo. Na sua cabeça, sua vida pessoal era um completo branco para ele, assim como a vida pessoal dele era um completo mistério para você. Nunca nem tinha parado para prestar atenção em uma menina que Katsuki tinha ficado.
Apenas deu de ombros e resolveu ignorar a situação. Quase todos na universidade sabiam sobre o seu caso com Hawks. O estranho seria se isso nunca tivesse chegado no ouvido do loiro.
— Ah, os dois voltaram vivos — Kirishima brincou, assim que você passou pela porta do quarto de Mina — A gente já pode ir agora?
As outras meninas já estavam prontas. Você apenas pegou sua bolsa e enfiou o seu celular e um gloss dentro.
Vocês sete saíram da casa depois de se despedirem da mãe de Mina, que falou em alto e bom tom para você depois "explicar quem era o filho da puta que estava tirando toda a sua paciência". Você não olhou na direção do Bakugou quando respondeu "pode deixar, tia".
Iriam pegar o metrô porque era mais perto e somente duas paradas de distância. Até os primeiros dez minutos desde que vocês tinham saído da casa de Mina, tudo estava indo bem. Você e Katsuki se sentaram afastados no metrô e não conversaram nem uma vez sequer.
Jiro falava que os pais dela iriam viajar na próxima semana e que você e Mina poderiam dormir lá se quisessem. Fazia tempo que vocês não faziam uma festa do pijama. Na verdade, fazia muito tempo que vocês não saiam só vocês três, tirando o tempo na faculdade e em grupos de estudo.
Seu celular vibrou na sua bolsa logo quando você estava prestes a concordar. Deixou que Mina fizesse isso por você enquanto via a mensagem que Hawks tinha mandado para você.
Keigo:
Por favor, me salva
das calouras!
[21:54]
Um sorriso sincero brotou nos seus lábios enquanto você respondia um "quem mandou ser tão bonito assim, Hawks?". Sabia que ele não gostava muito quando você o chamava assim, então fazia apenas quando queria aperrear ele.
Por mais que vocês tivessem um "caso", Keigo ainda era um dos seus melhores amigos. No início, a relação de vocês era mais para proveito próprio. Você o usava para conseguir um sexo bastante descente quando tivesse vontade e ele lhe usava para afastar as universitárias que ficavam no pé dele. Era uma troca bastante justa, mas depois essa relação acabou se estendendo para uma amizade.
— Como é que você se sente? — Você tomou um susto. Nem tinha percebido quando o Bakugou se sentou ao seu lado.
— Me sinto em relação ao que?
— Em ficar brincando com os sentimentos de um cara tão legal quanto ele.
Você sabia sobre o que ele estava falando. Sabia que Katsuki estava lhe chamando de ruim por "brincar" com Keigo. Mas o Bakugou não sabia de porra nenhuma sobre sua vida, muito menos sobre o seu rolo com o capitão do time de futebol. Ele não tinha o menor direito de usar isso contra você, não quando ele mesmo faz questão de ser a pior pessoa possível perto de você.
— Sabe, eu realmente tô tentando não deixar o clima aqui uma merda — Respondeu, sem aquele sorriso sarcástico que você geralmente dava. Estava séria e seu tom de voz era ríspido — Eu agradeceria muito se você pudesse deixar de ser um pau no cu só por uma noite. Não tô nem falando em ser legal comigo, mas, por favor, só ignora minha existência durante o resto da noite. Pode ser?
Ele não teve tempo de responder. O metrô parou, anunciando a chegada no destino de vocês. Você apenas se levantou de onde estava e começou a andar para sair de lá, sem se importar se o resto do grupo lhe seguia. Tinha percebido que os outros ficaram calados, prestando atenção no que você e o loiro conversavam.
Literalmente todas as vezes era assim. Você e Katsuki brigavam sempre que interagiam e os outros se calavam, como se começassem a se preparar para intervir caso as coisas ficassem um pouco mas sérias. O perigo nunca foi Bakugou, mas você era pavio curto o suficiente para acabar voando em cima dele a qualquer momento.
No final, eles lhe seguiram.
Mina e Jiro chegaram mais perto de você, começando a falar sobre a festa do pijama na casa da de cabelo roxo. Claro que elas estavam tentando mudar a conversa e fazer você se esquecer um pouco de Katsuki. Isso era até legal da parte delas, mas você queria que ele não precisasse fazer parte da sua vida assim. Entendia que ele era o melhor amigo dos namorados das duas melhores amigas. Sabia que ele era também melhor amigo do seu melhor amigo. Mas, porra.
Saindo da estação de metrô, não demoraram mais do que três minutos andando até avistarem a casa, ou melhor, mansão, dos Todoroki. O pai de Toya e Shoto era um político famoso da cidade. Eles tinham dinheiro em dimensões que você não conseguia nem imaginar. Aparentemente, os pais dele estariam viajando naquele final de semana, juntamente com os outros irmãos deles.
A casa estava completamente lotada. Você já sabia que o Todoroki barrava as pessoas de subirem no primeiro andar da casa, então tanto o térreo quanto o quintal estavam infestados de universitários bêbados, se pegando ou os dois.
Você cumprimentou algumas pessoas enquanto passava pelo jardim lindíssimo da mãe dos Todoroki e subia as escadas que levavam à porta de entrada. Ouviu um "popularzinha" vindo de Mina, mas respondeu apenas com um revirar de olhos.
— Você demorou pra caralho — A voz de Keigo fez você tomar um leve susto. Mal tinham entrado na casa direito e ele já tinha vindo ao seu encontro, colocando um braço por trás da sua cintura — Se importa?
— Não — E você sabia que ele estava falando sobre o braço.
Geralmente, quando vocês iam para festas, não costumavam ficar de casal. O loiro fazia isso quando realmente queria fugir de algumas meninas que ficavam atrás dele. Você nunca ligou. Não era como se você fosse ficar atrás de homens mesmo e, se isso fosse ajudar Hawks de alguma maneira, você não se importava.
Ele cumprimentou todas as pessoas do seu grupo, como o bom popularzinho que ele era. No geral, seus amigos sempre tiveram uma relação boa com o loiro, mesmo que a interação entre eles nunca tivesse sido muito grande. Mas, antes mesmo que Keigo pudesse cumprimentar Bakugou, o mais novo saiu de lá, sem falar absolutamente nada.
Sinceramente, você não entendeu o motivo, mas achou que tivesse sido o melhor. Não iria conseguir se segurar se Katsuki começasse a falar que você estava apenas "brincando com os sentimentos" do capitão do time de futebol.
— A casa não é minha, mas, por favor, fiquem a vontade — Hawks disse, ainda com a mão em sua cintura — Acho melhor a gente ir logo no bar pegar as bebidas de vocês antes que o pessoal acabe com todas as boas.
Ninguém questionou. Izuku disse que iria atrás do Bakugou e de um amigo dele que também estaria por ali. Você apenas concordou e pediu que ele mandasse uma mensagem para vocês se encontrarem depois. Apenas se esqueceu de perguntar quem era o amigo. Talvez você também conhecesse.
Depois de Keigo, de uma forma bastante anfitriã, preparar copos para todos vocês, vocês seis ainda ficaram conversando em uma rodinha perto do bar. Os assuntos eram mais internos do seu grupo, mas Hawks tentava se enturmar e todos eram muito receptivos em relação a ele. Você até se pegou pensando que poderiam sair "de casal" de vez em quando. Isso evitaria que você entrasse em contato com o Bakugou todas as vezes.
— O pedido que a gente tinha feito de mais vodka chegou — Kaigo disse, especificamente para você — Eu tenho que ir lá receber, mas eu volto depois, pode ser?
— Claro — Respondeu, depois de dar mais um gole na sua bebida duvidosa — A gente se vê depois.
Ele depositou um selinho rápido, mas casto, nos seus lábios antes de se despedir também dos seus amigos e sair de lá.
— Vocês formam um casal bonito — Kaminari falou, ainda acompanhando o capitão com os olhos.
— Verdade — O ruivo concordou — Por que vocês dois não namoram logo?
— Olha quem fala — Você respondeu, mas foi repreendida com um beliscão da de cabelo rosa.
— No dia que [Nome] e Hawks assumirem alguma coisa, o mundo acaba — Jiro tentou, obviamente, mudar o foco de conversa de volta para você.
— Nossa relação é boa do jeito que tá — Você disse, dando de ombros — Inclusive, eu vou dar uma saidinha rapidinha e já volto.
A última parte você não falou olhando para eles, mas sim em direção às escadas. Porque, no topo delas, no primeiro andar da casa, Toya Todoroki olhava na sua direção e o sorriso malicioso que ele tinha no rosto implorava para que você acompanhasse ele escadas acima.
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