𝚏𝚘𝚞𝚛
Você também parou de sorrir.
— Existem algumas vantagens quando se pega o melhor amigo do dono da casa.
— Você tava com Hawks?
Deveria ter mandado ele se foder e cuidar da própria vida, mas instintivamente respondeu:
— Uhum.
— No quarto de Dabi?
Então ele lhe viu saindo do quarto. Você suspirou fundo. Bakugou lhe odiava o suficiente para espalhar por todo o campus que você tinha transado com o capitão e com o vice capitão do time de futebol.
— Olha, não sei o que você tá pensando — Você disse, tentando parecer o mais convincente possível — Mas eu e Keigo estávamos no quarto de Toya — Deu de ombros — Só isso.
— Então por que Dabi tá saindo do quarto agora?
As íris vermelhas dele não estavam focadas mais em você e sim no topo da escada. Ao seguir o olhar dele, você se deparou com o platinado saindo do próprio quarto, tão naturalmente que nem parecia que você tinha saído dali pouco tempo antes.
— Deixa eu adivinhar — A voz de Katsuki fez com que você se lembrasse que estava conversando com ele — Daqui a pouco Hawks também vai sair de lá?
Estava cansada dele. Hoje em particular ele estava mais irritante que o normal. O loiro raramente se metia na sua vida, mas hoje tinha tirado o dia para falar sobre sua vida sexual.
— Olha, me deixa em paz — Disse, por fim.
Você desviou dele e tentou ir embora, mas sentiu o seu braço sendo agarrado por uma mão forte. Nem precisou se virar para trás para saber quem estava lhe segurando.
— Me larga, seu imbecil — Quase gritou, mas a sala estava barulhenta demais para que alguém lhe ouvisse e cheia demais para que alguém reparasse em você.
— A gente não acabou de conversar, sua puta.
As palavras foram cuspidas na sua cara. Não era a primeira vez que ele lhe chamava assim, mas o tom que ele tinha usado era diferente. Ele realmente estava com repulsa de você. Lágrimas queriam brotar nos seus olhos, mas você engoliu o choro e olhou com raiva para ele.
— Vai se foder, seu filho da puta — Gritou, o mais alto que conseguiu — Com quem eu transo ou deixo de transar é só da minha conta. Então vai rodar aí atrás de alguém que aceite ser comida por você, porque aparentemente tá difícil achar uma.
— Acha que eu tenho problema em achar alguém pra comer?
— Acho — O sorriso voltou ao seu rosto, mais afiado do que antes — Se você realmente tivesse alguém pra comer, não ia tá se preocupando com quem me come.
Por alguma razão, ele ficou ainda mais irritado do que antes. A força que ele usava para segurar o seu braço começou a ser demais.
— Katsuki... — Você falou, baixo — Me solta. Tá doendo.
Você não reparou que tinha o chamado pelo primeiro nome. Na verdade, você não reparou que aquela era a primeira vez que você o chamava, sem ser por um xingamento. E, mesmo que você não tivesse notado, ele percebeu.
As sobrancelhas do loiro se arquearam instintivamente e a mão dele afrouxou um pouco, mas não o suficiente para que você conseguisse se soltar.
— Me desc... — Bakugou começou a falar, mas, antes que conseguisse completar a frase, uma mão parou em cima do ombro dele.
Você desviou o olhar para Toya, que tinha acabado de chegar e olhava para Katsuki com uma expressão não muito feliz.
— Não ouviu ela mandando você soltar? — A voz dele estava irritada, como você nunca tinha visto antes.
O loiro estreitou os olhos para o mais velho, que estava mais próximo dele do que o necessário. Bakugou tinha que levantar um pouco o olhar para encarar o platinado, que era um pouco mais alto. Você conhecia Katsuki o suficiente para saber que ele compraria uma briga ali facilmente. Mas, para sua surpresa, ele apenas soltou o seu braço e se desfez do contato com a mão de Dabi, dando as costas e indo embora sem falar absolutamente nada.
Você deixou que um suspiro cansado escapasse.
— Obrigada — Disse, com um sorriso sincero dessa vez, olhando na direção dos olhos azuis.
— Sempre que precisar, baby — Ele levantou uma das mãos e colocou uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. Foi um gesto simples e carinhoso. Algo que você nunca esperava vindo dele — Se ele te incomodar de novo, me avisa, tá? Eu vou ficar rodando por aí, mas não vou subir mais.
Ou seja, ele não iria transar com mais ninguém naquela noite. Você sabia que Toya tinha mais coisa para falar, mas estava se contendo.
— Obrigada — Foi apenas isso o que você disse, com um sorriso sincero nos lábios.
O mais velho assentiu com a cabeça e depositou um beijo casto no topo da sua cabeça, se afastando de você, mas, poucos passos depois, ele olhou para trás, como se estivesse se certificando de que você estava bem. Depois disso, sumiu na multidão.
Você aproveitou que estava sozinha para deixar que os seus olhos se arregalassem. Realmente, tinha muito o que pensar sobre aquela noite, mas se concentraria em achar os seus amigos.
Pegou seu celular dentro da bolsa e clicou no primeiro contato que apareceu no seu WhatsApp.
Você:
Cadê vocês?
[23:12]
Izuku:
Oie, [Nome]
Me separei do pessoal
Tô ocupado agora
Já já encontro com vocês
[23:13]
Midoriya com certeza estava transando. Que ótimo! Isso de fato era bom para ele. Já fazia um tempo que o esverdeado não saia com ninguém. Na verdade, você nem lembrava da última vez que ele tinha falado com você sobre uma menina. Só esperava que a foda estivesse sendo boa e que, se desse certo, ele lhe apresentasse para ela depois. Por outro lado, ele poderia ter escolhido um momento melhor para fazer isso. Você estava quase chorando por causa do que Katsuki fez com você e ainda estava martelando o que tinha acontecido com Keigo e Toya na cabeça. A noite estava uma loucura e você tinha chegado só fazia mais ou menos uma hora.
Próximo passo: mandar mensagem para Mina. Ela logo respondeu e, depois de passar vinte minutos rodando na festa e se comunicando com ela, você finalmente achou o grupo.
— Você demorou, ein? — A de cabelo rosa disse, assim que você se aproximou dos dois casais.
— Aquele arrombado não tá aqui, né?
— Vocês brigaram de novo? — Dessa vez, foi Denki quem perguntou, enquanto tinha um braço por trás da cintura de Jiro e a outra mão segurando um copo de cerveja.
— Uhum — Respondeu, roubando o copo dele e virando tudo de uma só vez. Ignorou os protestos dele. Precisava urgentemente ficar bêbada — Infelizmente a gente se encontrou quando eu desci.
— Toda vez que vocês se encontram, dá em briga? — O ruivo ao lado dele perguntou.
Você nem precisou responder. Mina soltou uma risada catastroficamente alta e Jiro uma mais discreta. Os dois homens se entreolharam e apenas deram de ombros.
— Bakugou não fala com vocês sobre as brigas com [Nome]? — Foi Jiro quem perguntou, genuinamente curiosa.
— Ele nunca fala sobre [Nome] — O namorado dela respondeu.
— Na verdade, toda vez que o nome dela surge na roda ele fica calado ou fala sobre outra coisa — Kirishima completou, antes de você roubar o copo dele de gummy e beber como se fosse água.
— Não sabia que eu era tão indiferente assim pra ele — Disse, depois de acabar de beber — Mas, já que eu sou, um brinde à isso — Olhou para o copo das suas amigas e percebeu que: (1) o de Mina já estava vazio; (2) o de Jiro só tinha água — Acho melhor a gente pegar mais bebidas. Se eu for ficar de vela, pelo menos que seja bêbada.
Suas amigas reviraram os olhos e os namorados delas tentaram protestar, mas lhe seguiram calados pela multidão. Tinham feito uma corrente dando as mãos, para não se perderem naquele mar de gente. De longe, você conseguiu ver Keigo encostado em uma das paredes da sala. Ele tinha um sorriso pequeno no rosto, que você sabia que era completamente falso. Duas meninas, provavelmente calouras, conversavam animadamente com ele.
Depois de um segundo, os olhos de vocês se encontraram. O loiro sustentou o olhar, enquanto você não parava de andar até o bar, mas sempre com os olhos focados nos dele. Keigo fez um movimento involuntário, como se estivesse indo na sua direção, mas hesitou.
As coisas ainda estavam estranha demais e, por mais que você soubesse que ele queria conversar com você e esclarecer algumas coisas, ficou agradecida por ele ter hesitado. Sua noite já tinha sido incrível e terrível ao mesmo tempo. Só queria ficar bêbada e dançar com seus amigos.
Por isso, desviou do olhar de Keigo e voltou a se concentrar em achar o bar. Quando chegaram lá, você ignorou dois caras lhe cantando, até que Kaminari foi tirar satisfação com eles. Normalmente você quem puxaria a briga, mas estava cansada demais para isso.
— Ei — A voz de Mina era baixa, bem próxima do seu rosto — Você tá estranha. O que aconteceu?
— Nada — Não olhou na direção dela enquanto respondia, mantendo sua atenção nos copos que estava enchendo.
— Você não engana ninguém — Ela tinha um pequeno sorrisinho no rosto, como se estivesse tentando lhe animar — Quer ir pra casa?
— Não precisa — Dessa vez, encarou os olhos dela, que ficaram mais preocupados ao ver o seu rosto. Você não devia estar nada bem — A gente conversa amanhã, eu prometo.
A de cabelo rosa assentiu com a cabeça, pegou um copo e brindou com o que estava na sua mão. Você riu antes de beber o líquido doce e bastante duvidoso do gummy de uva com morango. Teve que se segurar para não fazer uma careta quando todo aquele açúcar atingiu sua língua.
Não demorou muito para saírem do bar e acabarem no meio da sala. Você se encontrou com alguns colegas da faculdade, e logo eles se juntaram a vocês. O fato de Mina e Jiro serem da sua sala facilitava as coisas. Denki e Kirishima nunca foram um problema. Os dois eram pessoas extremamente sociáveis e extrovertidas. Apresentar eles a algum grupo sempre foi uma tarefa muito fácil. O problema era sempre Bakugou, mas, por sorte, ele não estava em lugar nenhum do seu campo de visão.
Se pudesse escolher, não existiria mais nenhum tipo de interação entre vocês dois naquela noite. Na verdade, você preferia nem precisar olhar para o rosto dele. Ainda estava irritada e machucada.
Mais tarde, sua mente já estava um pouco nas nuvens por causa do gummy. Você dançava como se ninguém estivesse olhando. As vezes com o corpo colado no de Mina, as vezes sozinha. O ritmo da música ditava as batidas do seu coração e as vezes você sentia que estava ficando surda.
Por um breve momento, Toya foi ao seu encontro, apenas para se certificar de que você estava bem. Ele percebeu a forma como você ficou tensa com a chagada dele e resolveu se afastar rápido, realmente só perguntando se você estava bem.
— Aconteceu alguma coisa com ele? — Dessa vez, foi Jiro quem perguntou, as palavras saindo quase em um grito por causa da música alta.
— Aconteceu, mas amanhã eu conto logo de manhã — Você respondeu, também gritando.
Ela não insistiu, mas você percebeu que ela ficou mais ao seu lado a partir daquele momento, tentando se enturmar e dançar como você e Mina. Aquilo deixou o seu coração mais quentinho.
— Oi — Você riu muito alto quando Midoriya apareceu na sua frente, com o lábio vermelho, cabelo bagunçado e roupas amassadas.
— Puta que pariu — Você ainda estava rindo, mas deixou o seu copo em um canto e começou a arrumar as roupas e o cabelo dele — Quem fez isso com você?
— Hm... é...
— Não precisa falar se não quiser — Ajeitou as mechas do cabelo esverdeado que quase cobriam os olhos dele. Então, você sorriu — Se algum dia quiser me falar, eu tô aqui.
— Obrigado — Izuku estava envergonhado e você não resistiu e depositou um beijo forte na bochecha dele. Quando ele reclamou e tentou se afastar foi o momento em que você caiu na gargalhada de novo.
A festa teve os seus altos e baixos, mas, naquele momento, você até que estava se divertindo. Seus amigos estavam ali, dançando com você. Seu copo já estava vazio, mas você foi sabia o suficiente para não encher pela sexta vez. Dabi e Hawks lhe observavam de longe, mas davam o seu espaço e resolveram não conversar com você, sobre o que aconteceu mais cedo, naquela noite. Poderiam resolver isso outro dia. Não queriam apagar aquele sorriso que estava estampado no seu rosto.
Mas, uma hora você cansou e pediu licença a Midoriya, que estava dançando com você já fazia mais de meia hora. Sem pressa, você saiu da casa e foi até a varanda. Tinha bem menos pessoas lá, a maioria provavelmente dentro da casa.
Você aproveitou para conseguir respirar ar puro e deixar que suas costas descansassem um pouco. Se apoiou no murinho da varanda, que lhe dava uma visão incrível do jardim da frente.
Tirou um maço de cigarro da bolsa e pegou um. Você vinha diminuindo a quantidade de cigarros já fazia alguns meses. Estava fazendo um bom trabalho. Talvez passaria em uma farmácia amanhã para comprar chiclete de nicotina, eles ajudavam no processo.
Foi quando seu cigarro já estava aceso e você tragou pela primeira vez, que seus olhos encontraram com orbes vermelhas que você já conhecia muito bem. Bakugou estava sentado em um banco no jardim e ele não estava sozinho.
Você reconheceu Ochaco Uraraka, uma amiga de Jiro que você sempre teve a sensação de que não gostava muito de você. Ela estava sentada do lado dele e falava alegremente sobre alguma coisa. O loiro não se virou na direção dela, apenas manteve os olhos grudados nos seus.
Não estava com saco para aquilo, mas acabou sustentando o olhar, curiosa. Quando o seu cigarro já estava acabando, você decidiu que era hora que sair dali e voltar para a festa, mas, quando se desencostou do muro, seus olhos se arregalaram um pouco.
Katsuki colocou uma das mãos na nuca de Ochaco e a puxou para um beijo. A outra mão livre dele desceu pela cintura dela, até chegar na bunda, onde começou a agarrar, sem pudor. Ela não precisa se importar muito com o fato de eles estarem em um local relativamente público. Não que os universitários bêbados espalhados pelo gramado fossem perceber.
Eles continuaram se agarrando e você já estava preparada para sair de lá, quando alguma coisa chamou sua atenção. Os olhos vermelhos de Bakugou ainda estavam fixados em você. Cada segundo em que os lábios dele estavam em contato com os dela, ele não parou de olhar na sua direção.
Você ainda sustentou o olhar por alguns segundos, mas uma sensação esquisita começou a tomar conta do seu corpo. Não estava excitada nem nada, graças a Deus. Mas... um leve incômodo tomou conta do seu estômago.
Talvez fosse só a sensação ruim de ver uma pobre coitada sendo capturada por Katsuki Bakugou. É... devia ser isso mesmo.
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