𝐬𝐢𝐱𝐭𝐞𝐞𝐧, happy
❝ It's so sweet, knowing that you love me
Though we don't need to say it
to eacher other, sweet ❞
∞
Amaya respirou fundo ao terminar de arrumar, mais uma vez, o cabelo em um longo rabo de cavalo.
Conseguia sentir a sua respiração falhando, o suor saindo pelos poros e o seu corpo já começando a tremer pelo cansaço, mas ela não poderia parar, pelo menos não agora.
Ela encarou o saco de pancada de novo e deixou o ar sair pelos lábios devagar, antes de andar os passos que a separavam do objeto.
A dor que sentia pelos músculos já cansados era inebriante, quase como se deixasse a mente dela nublada e dopada, fechada para qualquer coisa que a atrapalhasse ou a distraísse. Só tinha uma coisa como foco em sua mente, o tecido vermelho do saco de pancada.
Direita, esquerda.
Direita, esquerda.
Um chute lateral.
Direita, esquerda.
Um último chute, feito com uma força desmedida, e o saco de pancada se soltou das correntes, voando alguns metros até o outro lado do cômodo, batendo com força na parede, fazendo também com que uma pequena rachadura aparecesse ali.
Amaya suspirou, cansada e levemente irritada, passando a mão pela testa, tirando um pouco do suor que escorria ali.
Pelo menos, a dor física era melhor que a mental.
O peito subia e descia, enquanto as mãos estavam fechadas em punho ao lado do corpo, enquanto encarava o tatame de uma das salas de treino do colégio. Pela janela, conseguia distinguir que já era de noite e que tinha ficado horas dentro daquela sala treinando e até mesmo chegava a ser um pouco nostálgico, tinha meses que não fazia isso.
Passaram alguns dias desde o momento que revelou para Satoru o que ela verdadeiramente era, o dia em que ele realmente quase a perdeu, e as coisas pareciam se encaminhar de uma maneira até que correta, o que ela chegava a achar estranho. Inclusive, a maldição estava mais quieta nos últimos dias, o que Amaya não conseguia compreender, ela nunca foi de ficar calada, mas também não iria reclamar.
Ter um pouco de silêncio dentro da própria cabeça era simplesmente muito bom.
A atenção da feiticeira foi tomada por um barulho na entrada da sala e virou o rosto rapidamente na direção do som, encontrando Itadori massageando a parte de trás da cabeça, parecia que ele tinha batido em uma das prateleiras da sala, que guardavam materiais de treinamento.
— Me desculpa por te atrapalhar, Amaya-sensei — Itadori disse, ainda com uma cara de dor no rosto, o que a fez conter a vontade de rir.
— Tudo bem — ela respondeu, sorrindo — Pode ficar a vontade, já estava de saída.
— Não! — o menino logo disparou, a impedindo de ir até o armário em que tinha colocado suas coisas — Eu... Gostaria de pedir a sua ajuda.
— Sério?
— É! Eu tava olhando você treinar a alguns minutos — confessou, levemente envergonhado — Você é muito rápida e eu queria saber como faz isso.
— Tem algo em específico que o faz querer saber isso?
— Bem, o Gojo-sensei comentou com você sobre o punho divergente?
Assentiu com a cabeça e foi aí que os pontos se interligaram na mente, o que a fez sorrir para o garoto.
Gojo tinha comentado com ela sobre o treinamento dele, inclusive a questão de que pensava em chamar uma outra pessoa para o ajudar, já que não poderia acompanhar Itadori pra sempre, principalmente pelas questões dos superiores ainda não saberem que o garoto está vivo. Amaya concordava com o que Gojo pensava e até mesmo deu a ideia de quem poderia ser uma boa opção para acompanhar Itadori, mas não passou pela cabeça dela que o garoto gostaria de receber sua ajuda de uma forma direta.
— Como a sua energia amaldiçoada vem atrasada, você quer ficar mais rápido para não perder o tempo?
— A base da ideia é essa.
— É uma saída inteligente, até você aprender a controlar o fluxo da maneira correta. Porém, tenho uma pergunta a te fazer.
— À vontade, Amaya-sensei.
— Por que veio atrás de mim pra isso?
Itadori se viu pego de surpresa pela pergunta da mais velha e desviou o olhar por alguns segundos, pensando se realmente deveria falar o que tinha o levado até ali.
— Sei que pode parecer estranho, mas Sukuna me disse que você é extremamente rápida.
Itadori não entendeu isso na época que aconteceu, mas depois de "voltar" da morte, Sukuna tinha comentado algumas coisas sobre a feiticeira, principalmente em como ela é interessante e até mesmo parecida com o garoto, o que fez com que não entendesse todas aquelas informações de primeira. Porém, daqui uns meses, ele receberia a explicação completa.
Os olhos de Amaya arregalaram, sentia o seu coração acelerar um pouco mais, e, se estivesse dentro do domínio do Rei das Maldições, o veria sorrindo triunfante e isso fez com que o xingasse mentalmente. Não se pode esperar muito de alguém como Sukuna, mas ela não pensou que ele poderia ameaçar contar para Itadori quem ela verdadeiramente era.
Seria arriscado ainda mais envolver o garoto nisso, principalmente pensando no fato de como a maldição que está dentro de Amaya é tão ruim quanto Sukuna ou até mesmo conseguia ser pior.
— Eu... Não acho isso estranho — a feiticeira tentava achar as palavras certas — Até faz sentido de uma certa maneira.
— É? Por que?
— O meu clã foi muito importante para o mundo jujutsu na época que Sukuna estava solto, inclusive derrotou alguns de seus aliados na época. Além disso, um receptáculo forte é algo muito bom de se ter, por diversas razões.
— Acho que entendi — o garoto comentou e coçou a nuca — Mas você não precisa me ajudar, se não quiser.
— Eu vou te ajudar, não se preocupe com isso — Amaya sorriu ao ver a animação que estampou no rosto do mais novo.
A feiticeira olhou para a sala e começou a pensar na melhor possibilidade para poder ajudar Itadori, até que uma ideia surgiu. Andou rapidamente até a caixinha de som, que ficava em um dos cantos da sala, e voltou a conectar o próprio celular, entrando no Spotify em seguida e começando a procurar uma música específica, a preparando para ficar no modo de repetição.
— Velocidade não é só ser rápido, também tem a adição de dois fatores, agilidade e precisão.
Amaya começou a explicar, sabendo que Itadori tinha total atenção em cada palavra que saía da sua boca e ela gostou disso, de como ele realmente parecia querer ficar mais forte. Até mesmo se lembrou de Megumi, do dia que tinha treinado ele e os outros estudantes, realmente foi bom ver o nível daqueles que um dia terão que herdar o legado da atual geração dos mais poderosos.
— Quanto mais rápido você fica, mais se perde a estabilidade. Então, para que isso não aconteça ou, no mínimo, consiga diminuir esse efeito, você usa a sua agilidade e precisão, que são duas coisas que são adquiridas com treino. Além disso tudo, tem mais uma coisa muito importante. Você sabe qual seria?
Itadori negou com a cabeça e Amaya sorriu, dando play na música, fazendo com que Humble, Kendrick Lamar, começasse a ecoar pela caixa de som, o que fez o mais novo franzir a sobrancelha.
— Ritmo — ela respondeu, voltando a se aproximar, arrumando as faixas que enrolava nos braços enquanto treinava.
— A batida da música...
— Isso — sorriu, por ele ter entendido — Você vai tentar se igualar às batidas da música. Cada soco ou chute em uma batida e sem parar. Pegou a ideia?
— Sim, Amaya-sensei!
— Ótimo.
A mulher se virou rapidamente e andou até o saco de pancada, o pegando e voltando a o prender nas correntes.
Itadori se assustou um pouco com tal ato, principalmente pela questão da mulher levantar o acessório de luta, que pesa mais de 60 Kg, com tanta facilidade, mas ele logo se preparou e se atentou ao que começaria a fazer em seguida. Tinha se esquecido, por causa do choque da cena, de que Amaya é a mulher mais forte. Logo, não poderia a subestimar, mesmo que a aparência cansada e a magreza fizesse que fosse automático isso acontecer.
— Pronto?
— Pronto!
Amaya assentiu e voltou a dar play na música desde o início e indicou para que Itadori se aproximasse do saco de pancada.
— A cada 2 batidas perdidas, são dez flexões.
— O que?!
— Vamos aproveitar e aumentar a resistência — ela disse, tentando controlar a vontade de rir da expressão dele — Quer ficar mais forte, não é?
— Sim — respondeu, em um tom já mais sério — Quero ser forte ao ponto de pelo menos escolher a forma que vou morrer.
Amaya sentiu um arrepio passar pelo seu corpo ao encarar o garoto com tanta determinação, um brilho no olhar que ela sabia que também já tinha tido quando era mais nova. Às vezes, esquecia em como já tinha estado na pele de Itadori, recebendo um fardo tão grande e sendo literalmente uma criança.
Claro que há diferenças, como o fato de que Amaya só tinha seis anos e também a questão que o seu corpo não é compatível, mas os dois são parecidos, principalmente pelas motivações que os fazem seguir em frente de certa maneira.
Mesmo que Itadori não tenha falado, Amaya sabia que também tinha uma outra motivação por trás, a questão de que a existência de um receptáculo de uma maldição tão poderosa só traz sofrimento, inclusive para aqueles ao seu redor.
Com tudo isso em mente, Amaya faria questão de que, pelo menos, Itadori não sofresse o tanto que ela sofreu, não é justo mais uma criança perder a vida por causa disso.
Já bastava ela.
(...)
Amaya encarou por bom tempo o teto do próprio quarto quando acordou.
Hoje é dia 23 de agosto.
Amaya está fazendo 28 anos.
Sendo bem sincera consigo mesma, ela não imaginava que chegaria tão longe, pensava que nem passaria dos vinte, mas aqui ela estava e ainda em uma situação que nunca tinha imaginado, de volta para o Japão.
Parecia que um rolo de filme estava se formando na cabeça dela, repetindo memória atrás de memória, das mais felizes até as mais tristes.
A feiticeira têm muitos arrependimentos na vida, tanto os que envolvem ela mesma a até aqueles que se referem aos seus amigos e família. Depois que voltou para o país de origem, muita coisa tinha mudado e aprender com as mudanças é um processo longo, demorado e também dolorido, não é fácil simplesmente voltar para a vida de que praticamente fugiu por anos.
Porém, de alguma maneira, estava valendo a pena.
Uma vibração na cômoda, que ficava ao lado da cama, começou a ecoar pelo quarto e ela se espreguiçou no colchão antes de se sentar e pegar o aparelho, sorrindo ao ver o nome da irmã aparecendo na tela.
— Parabéns pra você, nesta data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida!
Amaya riu, escutando Sayuri cantar animada "Parabéns" para si, não tinha um jeito melhor de começar uma data que, nos últimos anos, nunca tinha sido comemorada.
— Feliz aniversário!
— Obrigada, Sayu, de verdade.
— Não precisa agradecer, é literalmente o seu aniversário. Aliás, espero realmente que a senhorita tenha pique, porque tenho uma programação já feita para comemorarmos.
— Estou às suas ordens.
— Você tem uma hora pra ficar pronta, senhorita Okumura.
— Tudo bem — sorriu, ao se levantar da cama — Algum estilo de roupa em específico?
— Não necessariamente, vista como quiser.
— Você me deixou em um impasse agora — escutou a risada da mais nova do outro lado da linha.
— Juro que não vai ter problema.
— Vou confiar em você. Aliás, tenho mais uma pergunta.
— Pode fazer.
— Como você vai sair do clã?
— Vamos dizer que eu coloquei o Yoshiro no lugar dele.
— Em que sentido?
— Não precisa se preocupar com isso também.
— Sayuri...
— Estou falando sério, Amaya! Não precisa se preocupar, sei lidar com aquele lá melhor do que ninguém. Além de que hoje é o seu aniversário, não é pra ficar pensando naquele babaca.
A feiticeira assentiu com a cabeça, tendo que engolir a preocupação que começava a surgir dentro de si. Tinha total noção do que acontecia entre Yoshiro e Sayuri não é necessariamente da conta dela e depois da conversa que teve com o irmão, as coisas tinham se tornando mais complicadas, afinal, praticamente tinha o perdido de vez naquele dia.
Deveria encarar de vez que ele não era mais o seu "irmão".
— Tudo bem — suspirou, frustrada — Te vejo mais tarde?
— Com certeza!
Logo as duas estavam se despedindo e Amaya se viu encarando as opções de roupa que tinha e se xingou mentalmente por praticamente só ter opções pretas. Ela queria fazer algo diferente do normal, talvez realmente se empenhar em curtir o aniversário, chegava até ser um pouco estranho estar se sentindo levemente empolgada com a ideia.
Vasculhou as opções até achar um vestido branco justo de alcinha, que batia no meio das coxas, nunca tinha o usado e agora parecia a oportunidade perfeita para estrear a peça. Para compor a escolha, pegou uma blusa de manga comprida preta e vestiu por baixo, calçando o seu par de botas overknee também pretas, não conseguiria mesmo escapar do próprio estilo.
Escolheu alguns acessórios, como um par de argolas prateadas e uma gargantilha fina também prata. Fez uma maquiagem não tão pesada, mas também não muito natural, afinal é um dia especial, queria se sentir bonita, então o delineado gatinho, com algumas pequenas pedras foi a escolha perfeita. Para finalizar, pegou o babyliss e cacheou de leve as pontas do cabelo, soltando os cachos depois de alguns minutos, criando o efeito de que é ondulado.
Amaya se olhava no espelho e não reconheceu de primeira a mulher que viu, afinal, ela estava sorrindo, mesmo que fosse só um curto levantar dos cantos dos lábios. Porém, isso significava muita coisa pra ela, quase chegava a querer chorar, mas não por estar triste, mas sim por finalmente não estar se sentindo um lixo.
Agora, duas semanas tinham se passado desde aquele dia em que Satoru tinha a salvado e que tinha começado a treinar com Itadori, tanto em treinos individuais como em conjunto com o próprio platinado. Tudo estava realmente se encaixando para uma realidade que ela gostava, chega até ser estranho pensar que ela pudesse estar gostando minimamente de viver.
Porém, agora, estava cada vez mais claro que ela tinha sim motivos para ficar e até mesmo lutar.
Não demorou muito mais se olhando no espelho, pegou as coisas essenciais e colocou em uma de suas bolsas, saindo do quarto e sentindo a brisa fresca da manhã contra o rosto. Amaya finalmente teria um aniversário bom depois de tantos anos e ela não poderia estar se sentindo mais feliz.
(...)
Quando o final do dia chegou, Amaya já estava cansada de tanto andar, realmente Sayuri não tinha mentido quando falou que teriam um dia cheio.
Foram aos mais diversos lugares, desde parques a museus, sendo esses últimos com certeza parte favorita da feiticeira. Admirar a arte e a história de um povo com certeza são coisas que ela aprendeu a gostar ao longo dos anos viajando e poder fazer isso no próprio aniversário foi simplesmente perfeito e reconfortante. Não poderia ficar mais grata por Sayuri ter organizado tantas coisas e uma parte de si mesma sente que não merecia tanto.
— Muito obrigada por ter feito tudo isso, de verdade, Sayu.
— Faz anos que não comemoro com você o seu aniversário, queria que fosse especial.
— E está sendo — Amaya aproveitou e passou o braço pelos ombros da mais nova.
As duas estavam andando pela região de Roppongi, vendo as ruas ficarem iluminadas, enquanto o céu escurecia e se enchia de estrelas. O movimento de carros e pessoas deixava o clima ainda mais gostoso, com as duas conversando sobre os mais diversos assuntos durante todas as horas que passaram juntas, com certeza também foi um conjunto de momentos extremamente especial para Sayuri.
Ao longo do dia, Amaya tinha recebido mensagens e ligações das mais diversas pessoas, como os seus alunos, amigos, alguns funcionários do colégio e Kaede. Não imaginava também que receberia tanto carinho, por simplesmente não enxergar o tanto que impactava na vida das pessoas, era totalmente cega para o fato de que as pessoas gostam verdadeiramente dela.
Porém, no meio de tantas coisas, algo não passou batido, a ausência de uma pessoa extremamente específica.
Já tinha quatro dias que não tinha notícias de Satoru, ele tinha saído em um missão na África, algo relacionado a encontrar um aluno, o que não é estranho, mas o tempo sem contato realmente já começava a incomodar. Nem é uma questão de preocupação, afinal, não tem motivos para que ela pudesse achar que logo ele estava em apuros, mas sim por uma questão de saudade, tinha se acostumado a ter de novo a presença dele todos os dias.
— Agora, nós vamos para a última parada do dia — Sayuri disse, pegando na mão de Amaya e começando a guiar pela calçada.
— Você realmente se superou hoje.
— Sei disso — sorriu, convencida — Mas não posso pegar o crédito de tudo.
— Como assim?
— Estamos indo para a surpresa dele.
Amaya franziu as sobrancelhas, não compreendendo de primeira o que a irmã tinha dito, mas quando as duas pararam na frente do restaurante favorito da feiticeira, ela entendeu.
— Agora, nós nos separamos — Sayuri voltou a falar, abraçando a irmã.
— Muito obrigada, por tudo.
— Você merece.
As duas se abraçaram apertado e então as portas de vidro se abriram, revelando uma funcionária, que sorria simpática.
— Devo presumir que seja a senhorita Amaya Okumura — a gerente do estabelecimento a cumprimentou.
— Sou eu sim.
— Por favor, me acompanhe.
Amaya assentiu com a cabeça, dando um último aceno para Sayuri, que pegava o telefone para ligar para Kaede, na intenção de pedir para que a buscasse. Com isso, a feiticeira entrou no restaurante e um sorriso leve apareceu no rosto dela ao observar o ambiente.
Simplesmente o estabelecimento tinha sido reservado por completo para esse momento e sendo organizado de forma que somente uma mesa estava disposta no salão, além de estar estar decorado lindamente, como se uma enorme festa estivesse para acontecer. Bem, para Satoru, o aniversário de Amaya é o maior evento do ano.
O platinado estava em pé, ao lado da mesa, vestindo uma blusa social de um azul bem suave, com as mangas dobradas na altura do cotovelo, calça e sapatos pretos e o clássico óculos escuros de lentes redondas, um toque nostálgico para os dois feiticeiros. Ele observou Amaya andar sentindo o coração bater com força dentro do peito, ela estava tão linda que ele não conseguia descrever e o sorriso que decorava o rosto dela deixava tudo ainda melhor.
Quando ela terminou de se aproximar, pegou o buquê de lírios brancos, que estava apoiado em um das cadeiras, e a puxou pela mão, aproveitando para a fazer dar um girinho.
— Não vou nem dizer que você exagerou porque eu sei que você já sabe que essa é a minha opinião — Amaya disse e sorriu ainda mais ao ouvir a risada dele.
— Feliz aniversário, May.
— Obrigada.
Amaya pegou o buquê e cheirou de leve as flores, sentindo os braços de Satoru a envolverem pela cintura, se permitindo ficar ali, somente sentindo a presença dele. Pela altura dos saltos, ficava poucos centímetros mais baixa que ele, então somente ergueu um pouco o rosto para o beijar.
Foi um selar suave, mas que também transmitia muita coisa.
— Senti a sua falta — ela sussurrou, depois que se separaram.
— Eu também e você não faz ideia do quanto.
Depois que a conseguiu de volta, Satoru percebeu como era ruim não a ter no dia a dia, simplesmente não conseguia mais ver a sua rotina sem a presença dela ali. Sabia que a sua ida a África era importante, tinha que falar com Yuta pessoalmente mais cedo ou mais tarde, mas realmente bateu um medo quando pensou que não daria tempo de chegar para o aniversário, teve sorte ao contar com a ajuda de Sayuri e Shokko para organizar o jantar.
Indicou com a mesa com uma das mãos e logo estavam se sentando, com o buquê sendo colocado em um vaso com água fresca, já separado. A mesma gerente de antes voltou a aparecer, trazendo uma garrafa de vinho e explicando como seria o esquema dos pratos que seriam servidos, os favoritos de Amaya.
A feiticeira se encontrava encantada, por cada mínimo detalhe que tinha sido levado em consideração, inclusive as músicas que tocavam no fundo, que variavam entre as músicas que ela mais gostava.
— Realmente pensou em tudo, não é? — Amaya perguntou, depois de tomar um gole de vinho, enquanto esperavam os pratos.
— Com certeza — riu da revirada de olhos que ela deu — Não é como se eu fosse fazer menos que isso por você e nem vem argumentar e dizer que eu não precisava fazer isso tudo.
— Mas realmente não precisa.
— É o seu aniversário, o primeiro que eu comemoro com você depois de uma década — ele suspirou — Sabe, é literalmente a comemoração da sua vida e eu não conseguiria não fazer uma comemoração a altura da importância que isso tem.
Amaya se viu sem saber o que dizer por alguns segundos, simplesmente encarando o homem sentado à sua frente. Faz muito tempo desde a última vez que ela realmente comemorou um aniversário, gostou do dia ou algo do tipo, antes era um sufoco, pensar que ainda estava vivendo. Porém, algo tinha mudado dentro dela, de uma forma tão sutil que ainda não conseguia entender de uma forma exata, mas estava ali, uma chama de mudança.
Ainda existem muitas coisas que Amaya tem que trabalhar consigo mesma, algumas até mesmo nunca vão ser mudadas, a vida já tinha a machucado de forma severa, mas a tentativa de Satoru continua sendo válida, principalmente por querer que o amor da vida dele nunca mais vá embora, em todos os sentidos que isso possa significar. Ficaram separados por muito tempo e não é justo que eles não fiquem juntos, curtindo cada mínimo momento.
Recuperando os dez anos perdidos.
— Esse também é o primeiro aniversário que eu comemoro — ela disse, depois de um tempo em silêncio — Eu não via a necessidade de tal coisa, era só um ano a menos, mas depois de tudo que aconteceu nesses últimos meses, eu sinto que não é mais assim. Quando o Ijichi me achou em Roma, não esperava que tantas coisas aconteceriam, que simplesmente poderia te ter de volta e que começaria a trabalhar de verdade na escola, realmente ter alunos. Muitas coisas aconteceram e talvez, não sei, a minha cabeça tá meio cheia e ainda é um pouco confuso tantas mudanças, mas acho que tem muito mais para também se comemorar hoje.
Satoru se viu sem palavras, absorvendo a fala de Amaya, vendo como ela gesticulava, realmente mostrando a confusão que se passava dentro dela, mas essa é uma confusão totalmente diferente da de antes, essa significava como ela estava tentando. Na verdade, ela estava começando a gostar de viver e isso chegava até ser um presente dela para ele.
O platinado se levantou da cadeira, o que fez com a feiticeira franzisse as sobrancelhas, principalmente quando ele estendeu a mão, indicando para que ela fizesse o mesmo.
— O que você pretende fazer? — ela perguntou, confusa, enquanto Satoru a guiava para longe da mesa, bem no meio do espaço do restaurante.
— Me concede uma dança?
— O que?
— Aceita dançar comigo? — ele perguntou mais uma vez, rodeando Amaya com um dos braços, ficando em uma posição parecida com a de que se dança uma valsa.
— Aceito — riu fraco, se ajeitando — Mas por que?
— Presta atenção na letra — sussurrou contra o ouvido dela e depois de um tempo, ela reconheceu a música.
Amaya se deixou ser guiada ao som de Sweet, Cigarettes After Sex, e pelos próximos minutos, foi como se o mundo desaparecesse por completo e só existissem os dois, dançando uma música que representava quase de forma perfeita o relacionamento deles.
It's so sweet knowing that you love me
Though we don't need to say it
to each other, Sweet
Knowing that I love you & running
my fingers through your hair
It's so sweet
— Por que essa música? — perguntou baixo, apoiando a cabeça no ombro dele.
— Porque ela é "a gente" — Satoru respondeu, a grudando mais contra o seu corpo — Quando você disse que hoje nós estamos comemorando mais que o seu aniversário, eu pensei nisso, em nós.
— Que o nosso "reino" foi reerguido.
— Isso — ele sorriu — Espero que não tenha entendido errado.
— Você entendeu certo — desencostou a cabeça para o encarar — Eu sou grata demais por ter me dado essa segunda chance.
— E eu daria quantas você quisesse.
Amaya balançou a cabeça em negação e sentiu Satoru apoiando a testa contra a dela, praticamente limitando os movimentos dos dois a um balançar suave, seguindo o ritmo da música.
— Sei que nós não precisamos de coisas desse tipo, mas eu queria te perguntar algo.
— Pode perguntar.
— Você quer ser a minha namorada?
Amaya sentiu as bochechas corarem e um sorriso sincero apareceu no rosto dela, junto com uma lágrima de felicidade, que escorreu solitária pela bochecha esquerda.
— Quero.
Gojo também sorriu, principalmente quando juntou, mais uma vez, os seus lábios com os da feiticeira, entrando na mais perfeita representação de amor infinito.
— Eu te amo, Satoru — ela sussurrou.
— Eu te amo, Amaya — ele sussurrou de volta.
Os dois não dançariam somente essa música, mas sim muitas outras que tocariam no restaurante. Eles só parariam para comer, mas logo voltariam para a pequena bolha de amor e segurança que representava o relacionamento deles, o conforto de se estar com a sua alma gêmea.
Esse com certeza tinha sido o melhor aniversário de Amaya e um dia que ela se sentiu plenamente feliz.
Oi, gente! Tudo bem com vocês?
Hoje é o aniversário de um ano da publicação de Infinite e eu não poderia simplesmente deixar passar em branco, essa fic tem um significado muito especial pra mim e então resolvi atualizar para comemorar!
Esse capítulo é também extremamente importante, é simplesmente a Amaya vendo que a vida tem algum significado e eu fiquei muito feliz escrevendo essa mudança dela, sem nem condições
Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentar (AMO ler o feedback de vocês)!
Até a próxima! ♥︎
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