𝐬𝐞𝐯𝐞𝐧, precious chance

Everything will be alright
I'll never let you out of my sight
Cause I will hold you in my arms
And I'll hold you so tight








Ela tinha correspondido.

Amaya Okumura tinha respondido a frase que Satoru queria poder dizer mais uma vez a ela depois de tanto tempo.

Nem parecia que aquilo poderia ser minimamente real, ter tal sentimento direcionado a si.

Ele sabia que a conversa que tiveram tinha muitas possibilidades de dar errado, principalmente com tantos segredos envolvidos nos passados de ambos, mas ele faria valer a pena essa chance, de poder a ter mais uma vez. Satoru tinha completa consciência também de que não seria fácil, era óbvio que tinham mudado muito ao longo do tempo, mas o processo de a conhecer de novo talvez pudesse ser interessante.

O feiticeiro se levantou, passando rapidamente as mãos pelas calças para tirar qualquer resquício de poeira, e também se dirigiu até à saída do Quartel General, mas, com certeza, completamente diferente de como tinha entrado.

Agora, ele tem a preciosa chance de poder amar Amaya mais uma vez.


(...)


Amaya encarava a paisagem passando pela janela do carro com a cabeça completamente cheia.

Muita coisa tinha acontecido nos últimos dias, principalmente no dia anterior com a conversa que teve com Satoru. Logo, sabia que alguma hora teria que colocar os seus pensamentos e o seu coração em ordem. Porém, antes de mais nada, ela tinha algumas prioridades para resolver no momento, antes da missão que os superiores tinham passado para ela na reunião que tiveram na parte da manhã e que estava marcada para daqui dois dias.

Ela tinha que começar a agir rápido e de forma extremamente precisa e cuidadosa para conseguir tirar Sayuri e Kaede daquele clã. Sempre fez de tudo para salvar o que restou da sua família e não seria agora, estando novamente no Japão, que não agiria mais uma vez em prol dos que amava.

— É aqui mesmo que quer que eu pare o carro, senhorita Okumura? — Ijichi perguntou, confuso.

— É sim. Muito obrigada por me trazer aqui, mesmo já sendo tão tarde da noite.

— Não se preocupe com isso, sempre estou à disposição. Quer que eu espere?

— Não será necessário — a mulher assegurou e abriu a porta do carro — Mais uma vez, muito obrigada.

Amaya suspirou ao fechar a porta e começou a entrar na floresta que circundava a estrada.

As árvores altas e próximas umas das outras, que quase não deixavam a luz da lua passar, criavam um ambiente escuro e fresco, junto com os arbustos que apareciam de vez em quando. A feiticeira deixou que um pouco da sua energia amaldiçoada fluísse para as pontas dos seus dedos e ativou a sua técnica, iluminando o caminho com a claridade das chamas azuladas.

Ela conhecia muito bem essa floresta, já que era a que circulava o terreno da sua família.

Mesmo sendo considerados um dos quatro clãs mais fortes, os Okumura sempre foram muito reclusos, não interagindo realmente com pessoas de fora, somente em casos especiais ou nas questões que envolvem poder e prestígio. Por isso, o terreno deles se encontra em uma região mais afastada de Tóquio, além de ser cercado por uma floresta densa e que poucas pessoas conseguem andar por ela sem se perder.

Oficialmente, só existe uma entrada e uma saída, que estão no fim da estrada que corta a região, mas Amaya conhece muito bem as outras opções.

Nunca foi autorizada a sair muito de casa, sempre colocada debaixo dos olhos de vários feiticeiros do clã. Então, para conseguir ser um pouco livre e acompanhar as ideias malucas de seus amigos, estudou muito e descobriu algumas falhas no meio do esquema de segurança daquele lugar.

Com as lembranças da sua adolescência em mente e o fato de que seus avós, na maioria das vezes, odiavam mudanças, torcia para que eles tivessem continuado com o padrão e que Sayuri ainda estivesse no mesmo quarto.

Ao andar no meio daquelas árvores, se sentia nostálgica.

Ela se lembrava das várias vezes que fugiu, correndo no meio da quase completa escuridão, para poder encontrar Satoru e ter os melhores meses da sua vida, antes do evento que marcaria para sempre a história do mundo jujutsu, o do receptáculo de plasma estelar. Ao ter as cenas desse incidente passando pela sua cabeça, passou os dedos de leve pela tatuagem na sua nuca.

Amanai foi a primeira pessoa que disse para Amaya que ela tinha o direito de ser livre.

Algo tão contraditório que chegava a ser estranho e até mesmo engraçado.

As duas tiveram os seus destinos traçados por outras pessoas quando eram muito novas, então se aproximaram de uma forma extremamente natural. Por isso, a ver morrer, bem na sua frente, não é uma memória que Amaya gosta de ter, mas parecia que a sua cabeça fazia questão de a lembrar todas as vezes que era possível.

Ao chegar no seu destino, ela suspirou, balançando de leve a cabeça para tentar espantar esses pensamentos, e desativou a sua técnica, ficando na completa escuridão.

Forçando um pouco a sua mente, logo se lembrou da árvore específica que precisava escalar, o que não demorou muito para fazer. Parecia ser um gato de tão silenciosa que era, mas não podia se esperar nada de diferente da feiticeira mais forte, que exorcizou maldições em mais de 50 países ao longo de dez anos.

Ao chegar no galho que queria, sorriu satisfeita ao ver que a porta de correr da varanda do quarto estava aberta, o que indicava que talvez a sua irmã caçula estivesse ali. Usando a força dos braços, se balançou para frente e para trás, conseguindo o impulso necessário para saltar e aterrissar com um mortal na varanda do quarto.

Como já tinha um tempo que não fazia tal movimento, com certeza fez mais barulho do que quando era mais nova, o que a fez se xingar mentalmente. Porém, não foi uma situação tão ruim, já que Sayuri apareceu poucos segundos depois para ver o que tinha acontecido na sua varanda.

A adolescente de quase quinze anos abriu a boca em completo estado de choque ao ver a mulher que a olhava com um sorriso lindo no rosto e, quando sentiu as lágrimas brotarem nas laterais dos olhos tão azuis quanto os de Amaya, não esperou em correr e abraçar com força a pessoa de quem mais sentiu falta durante todos esses anos.

— Isso é real? — conseguiu perguntar, no meio dos soluços.

— Sim, pequena borboleta — Amaya respondeu, deixando que as lágrimas caíssem livremente pelas suas bochechas.

— Senti a sua falta mais do que qualquer coisa do mundo.

— Também senti a sua, não duvide disso — a feiticeira disse, apoiando a cabeça no topo da cabeça da irmã caçula, apertando ainda mais o abraço.

Se perguntassem o que Sayuri estava sentindo ao poder finalmente abraçar sua irmã, ela não conseguiria responder. Tantos sentimentos guardados por anos explodiam no peito da adolescente, que se sentia nas nuvens ao finalmente poder sentir o calor que sentia tanta falta.

Amaya sempre teve um abraço quente.

Depois de alguns minutos, a caçula dos três irmãos terminou o abraço, para poder olhar para a mulher que sempre admirou. Ela tinha vagas memórias, de quando ainda era criança, de ver Amay treinando e achava incrível como era tão forte, era simplesmente lindo.

Porém, sentiu que tinha algo de errado, os olhos não estavam tão intensos quanto se lembrava.

— Você está a cara da sua mãe — Amaya disse, passando a mão pelo cabelo loiro recém cortado um pouco abaixo dos ombros.

— Ele era tão grande quanto o seu, mas eu estava ficando com preguiça de ter que cuidar.

— Totalmente compreensível — disse, depois de soltar uma leve risada.

— A mamãe vai ficar louca quando eu contar que você voltou.

— Ela já sabe.

— E por que ela não me contou? — perguntou, ficando emburrada, o que fez Amaya rir.

— Porque ela queria conversar comigo antes.

— Sobre o que?

— A situação de vocês e o Yoshiro.

Amaya viu como a expressão de Sayuri mudou quando mencionou o irmão e doeu ver isso, já que eles dois eram extremamente grudados quando mais novos.

— Ele é um babaca, para não dizer outras coisas. Começou a ouvir aqueles velhos e deu nessa merda.

— Peço desculpas por tudo isso.

— Por que está se desculpando? — Sayuri perguntou, realmente confusa.

— Esse cargo era meu e por minha causa que é o Yoshiro que o tem.

— Nem começa com esse papo — a mais nova a cortou — Você saiu daqui para proteger a gente dos Olhos do Diabo e não tem melhor motivo do que esse.

— Como assim você sabe que eu tenho os Olhos do Diabo?! — Amaya perguntou, completamente abismada.

— Por causa da minha técnica amaldiçoada.

— Não me diga...

— Sim, eu herdei a técnica do nosso pai.

Amaya respirou fundo ao encarar a irmã mais nova sabendo dessa nova informação, tudo parecia ficar ainda mais complicado.

O Clã Okumura é até considerado grande, em comparação aos outros, mas só possui dois ramos considerados realmente importantes, o "Principal" e o "Secundário", marcados principalmente por duas técnicas amaldiçoadas poderosas, as Chamas Infernais e o Selamento do Purgatório, respectivamente.

Diferente do que muitos pensam, principalmente por causa dos segredos que envolvem a morte da mãe biológica de Amaya, o pai dela, Shin Okumura, assumiu o clã somente depois da morte da esposa, já que ele era do ramo secundário e ela do principal.

Mirai Okumura foi uma das feiticeiras mais fortes e uma das melhores utilizadoras da técnica das Chamas Infernais, que foi passada para a sua única filha. Além disso, foi de longe a melhor líder que o clã já teve, sempre buscando mudar as velhas tradições e preconceitos enraizados daquele lugar.

Logo, pelo motivo de Mirai também ter sido filha única, Amaya era a última herdeira de tal técnica amaldiçoada, o que contribuiu muito para ter recebido a responsabilidade de um dia herdar o legado dos Okumura.

— Quando a minha técnica despertou, todo mundo ficou chocado, já que o Yoshiro, diferente de mim, herdou a da mamãe.

— Até eu estou um pouco — Amaya foi sincera.

— Às vezes, eu mesma duvido se consigo fazer tudo que essa técnica permite.

— Espera — a mais velha disse ao ter um raciocínio começando a se formar na sua cabeça — Então eles te contaram tudo? Tipo tudo mesmo?

— Sim — Sayuri respondeu, cruzando os braços, insegura — Estou treinando para ser forte o suficiente ao ponto de conseguir selar os Olhos do Diabo mais uma vez, caso precise.

— Eles querem te transformar no Shin — Amaya disse, entrando em completo estado de choque.

— Ele até podia ser o pior pai do mundo, mas era o melhor usuário do Selamento do Purgatório e bem, eu sou a filha dele no final das contas.

— Eu jurava que esse clã não podia ficar pior — reclamou, o que fez a caçula rir.

— Sabia que não vejo isso como algo ruim?

— Como? Ser forçada a um treinamento rigoroso e péssimo não é algo ruim?!

— Assim, o treinamento é ruim mesmo, mas o resultado é algo positivo. Sei que o vovô e a vovó vêm isso mais como uma forma de poderem te controlar, mas eu vejo de outro jeito.

— Qual?

— Ajudar você.

— Sayuri...

— No meio do processo de treinar, estudei sobre os seus olhos, então eu sei que eles estão acelerando a sua morte e o verdadeiro poder que eles escondem.

— Sabe que não precisa se envolver nisso, não é? Você não precisa me ajudar.

— Mas eu quero.

— Pequena...

— Não, Amaya. Só me escuta — respirou fundo — Quando foi embora, eu tinha acabado de completar cinco anos, minha técnica nem tinha despertado ainda, e eu não conseguia entender porque você não estava mais lá. Foi difícil pra mim ver o Yoshiro mudar e não saber o que estava acontecendo. Eu era uma mera criança, então nada daquilo fazia sentido. A minha irmã mais velha "some" e o meu irmão começou a virar a pessoa mais escrota do mundo, cada vez mais ficando parecido com o papai. Com tudo isso e também com o que o Yoshiro falava, acabei te culpando por tudo, foi algo quase que natural na minha cabeça. Porém, ao mesmo tempo, não fazia sentido, você nunca faria mal a alguém intencionalmente. Então acabei aceitando a proposta de tentar atingir o nível de poder do papai e foi aí que eu descobri o porquê das coisas terem acontecido do jeito que aconteceram, o fardo que você carrega por culpa das exigências ridículas dos nossos avós.

— Sayu, por favor...

— Então pensei em aprender tudo o que podia para um dia poder te ajudar. Eu não sabia se um dia você voltaria para cá, mas qualquer coisa viajaria o mundo atrás de você.

— Não faça isso consigo mesma.

— Como assim?

— Não abra mão da sua liberdade por mim.

— Mas que liberdade? — Sayuri riu com escárnio — O Yoshiro tirou tudo o que eu tinha.

— Você me entendeu.

— Entendi, mas você falar isso não vai fazer diferença.

— Deveria.

— Mas não vai.

— Você não precisa fazer isso por mim.

— Preciso sim.

— Não.

— Qual a parte de que você está morrendo mais rápido você ainda não entendeu?! — Sayuri quase gritou, não aguentando mais a negatividade da irmã — Que saco, Amaya! Eu só quero ajudar a minha irmã! Isso é pedir muito?!

Amaya se viu em completo silêncio encarando a mais nova.

Ela odiava quando as pessoas a ajudavam, era como se dissessem que ela não dava conta de fazer tudo o que queria, algo que a feiticeira tinha estabelecido a muito tempo que sempre faria. Depender de alguém nunca seria uma opção na cabeça dela e ainda tinha o fato de que Sayuri se submeteu a um treinamento tão rigoroso quanto o que ela própria teve que passar para poder controlar perfeitamente as Chamas Infernais.

Doía ver pessoas abrindo mão de algo por ela.

— Eu não queria que você tivesse feito isso, aberto mão das suas próprias escolhas. Por mim, você nem viraria uma feiticeira e viveria bem longe dessa merda toda, mas, ao mesmo tempo, fico grata que tenha se importado a esse nível.

— Como que eu não me importaria? — sorriu largo — Você é a minha irmã e eu te amo. Isso é o mínimo que podia fazer, já que você abriu mão da sua vida por mim.

Sayuri recebeu feliz o abraço apertado da irmã mais velha, passando os braços pela cintura da mais alta.

Ela sabia o tanto que possuir os Olhos do Diabo era difícil e tinha medo do verdadeiro potencial que Amaya poderia alcançar, ao ponto de poder destruir completamente parte da cidade com poucos movimentos. Depois de ler os livros que o seu clã tinha sobre tal poder ocular, a loira tinha definido na sua cabeça que acharia alguma forma para tirar a sua irmã dessa furada que os avós de ambas colocaram a mais velha quando ela só tinha seis anos.

Tudo que envolvia os Okumura era complexo demais, já que sempre queriam atingir o poder e o status de mais poderosos.

Amaya, Yoshiro e Sayuri são os mais fortes da nova geração do clã e foram treinados desde crianças para serem as armas perfeitas e bem, foi um plano que funcionou perfeitamente.

A mais velha é a quinta feiticeira de Grau Especial, o do meio é de Grau 1, mas que está sendo cogitado para se tornar de Grau Especial 1, como alguns membros da elite do clã Zenin, e a mais nova, mesmo ainda não tendo entrado na escola jujutsu, já tinha o seu nome cotado para ser de Grau 2.

Eles eram notadamente fortes, mas o que os fez chegar a tal nível não era e nunca será algo que deva ser considerado aceitável, o clã Okumura não possui a fama de ser rígido sem motivo. Porém, mesmo sabendo de tudo isso, Sayuri não pensou duas vezes em agarrar a oportunidade de entender Amaya e, a partir de agora, tentar a ajudar.

Isso era o verdadeiro poder deles, o de amar incondicionalmente, ao ponto de fazer tudo o que puder por aqueles que ama.


(...)


Amaya andava por aquela floresta, com o objetivo de voltar para a estrada, tendo os seus pensamentos voando praticamente na velocidade da luz.

Ela tinha conseguido conversar com Sayuri e isso era tudo que estava precisando durante esses dias, uma pequena dose de família e ver se ela estava bem, mesmo com toda a situação atual. Sentia também o coração pesar um pouco, já que praticamente perdeu a infância da caçula enquanto esteve fora, mas faria de tudo para poder compensar.

O ato de voltar para o Japão jogou na sua cara o que tinha perdido e a conversa com Gojo fez com que acreditasse, nem que seja minimamente, que poderia reconquistar tudo o que já teve. Ao chegar no final da floresta, respirou fundo pensando nas possibilidades que teria para poder voltar para o colégio.

Ela não seria má o suficiente para fazer Ijichi esperar mais de uma hora e meia dentro do carro e também não era como se importasse em até mesmo voltar a pé.

Amaya sempre gostou de andar.

Porém, franziu as sobrancelhas ao ver um carro preto estacionado no acostamento e com uma pessoa muito específica sentada no capô.

— O que você está fazendo aqui? — Amaya perguntou e Satoru tirou a atenção do celular.

— Vim te buscar.

— Como viria me buscar, se eu não te contei que vinha aqui? — ela perguntou e sorriu vitoriosa ao ver que tinha pego o mais velho no flagra.

— Tanto faz, Amaya — respondeu, sentindo um pouco de vergonha o consumir.

— Então você me seguiu quando o Ijichi veio me trazer?

— Talvez?

— Você é impossível — balançou a cabeça em negação e andou até o carro, para também se sentar no capô ao lado de Satoru.

— Presumo que tenha vindo aqui para conversar com a Sayuri?

— Sim — respondeu, enquanto tirava um dos maços de cigarro de dentro da jaqueta jeans que usava — Se importa?

— Não, até parece que não convivi com a Shoko por tempo o suficiente.

— Realmente — Amaya riu fraco, ao usar as próprias chamas da técnica amaldiçoada para acender o cigarro.

— Conseguiu falar com ela?

— Consegui, usei a nossa árvore.

— Ela ainda existe?! — perguntou, um pouco chocado — Pensei que os seus avós já tinham a cortado.

— Acho que praticamente ignoram tudo que me envolva, então a árvore entra no meio disso também.

— Tem um tempo que não vejo a sua irmã, acho que a última vez foi no enterro do seu pai.

— Ela está a cara da Kaede, até o cabelo curto.

— Você está nervosa com alguma coisa — Gojo disse, depois que ficaram em silêncio por alguns instantes.

— O que?

— Sua energia amaldiçoada está oscilando.

Amaya terminou o cigarro, soltando o resto da fumaça para cima, se lembrando de como ele conseguia sentir tudo o que acontecia ao redor dele. Ela não fazia ideia, mesmo depois de tanto tempo, como ele não tinha surtado, mas também sabia que ele sempre foi assim e conseguiria fazer tudo que quisesse.

Afinal, ele é o mais forte de todos.

— A Sayuri está se envolvendo com coisas daquele lugar que eu não queria.

— E você não consegue fazer nada?

— Não e isso me frustra.

— Bem que você podia entender que não precisa resolver todos os problemas do mundo.

— Olha quem fala, senhor mais forte — Amaya disse, se divertindo com a cara de indignação que Gojo fez.

— Nem começa com esse papo.

— Só devolvi a afirmação.

— Depois eu que sou irritante.

— Mas você é.

— Sério mesmo?

Amaya começou a rir e não demorou para que Satoru também começasse.

— Nós somos irritantes e sempre ouvimos isso — ela disse, puxando mais um cigarro do maço.

— Principalmente quando a gente estava na escola.

— O Geto sempre perdia a paciência — disse nostálgica.

— Você...

— Sei que ele está morto? — perguntou e recebeu um aceno de cabeça como resposta — Sim, os superiores me contaram no dia seguinte e saiba que não te culpo. Sendo bem sincera, ele já não era mais feliz aqui, no nosso mundo, e mesmo que nós tentemos sair do jujutsu, é muito difícil. A morte não é, necessariamente, uma maldição e com certeza não foi para o Suguru.

— Você realmente acha isso?

— Você está se culpando, não é? — Amaya perguntou, virando o rosto para o lado e já encontrando os olhos de Satoru.

Ela bem sabia como era a situação de se culpar pela morte de alguém e ao o olhar, segurando os óculos escuros especiais, que ela deu para ele no último aniversário dele que passaram juntos, sabia que era isso que Satoru estava sentindo.

Amaya sempre foi a única pessoa, junto com Geto, que conseguia ler o que se passava por trás daqueles olhos infinitos.

— Talvez.

— Essa é a última coisa que você pode fazer consigo mesmo — disse, sincera — Era inevitável que aquilo aconteceria.

— Em que sentido?

— Geto se encontrou comigo um tempo atrás.

— O que?!

— Ele conseguiu me achar e quis conversar comigo.

— Sobre os planos dele?

— Também — Amaya disse depois de terminar o cigarro e o jogar no chão para o apagar — Foi uma conversa bem longa e foi um pouco sobre tudo, incluindo o que eu te falei. Ele já não era feliz vivendo nesse mundo, por isso que eu falo que não precisa se culpar. Você, na verdade, o salvou e também era a única pessoa que poderia fazer isso.

— Obrigado — Satoru disse, depois de alguns momentos em silêncio, somente absorvendo o que tinha escutado.

— Por que está me agradecendo?

— Porque eu precisava ouvir isso, principalmente vindo de você.

— Acho que nós dois estamos falando muito o que cada um precisa ouvir.

— Realmente — Satoru riu fraco — Aliás, estou me sentindo um pouco injustiçado agora.

— Por que?

— O Suguru pode conversar com você e eu não.

— Isso é sério?!

— Óbvio que sim!

— Você não existe, Satoru — disse, balançando a cabeça em completo estado de negação.

— Gosto disso — se levantou do capô, colocando de volta os óculos.

— Do que?

— Você me chamando pelo nome.

Amaya sentiu as bochechas queimarem e tentou desviar o olhar, o que fez o mais alto cair na risada.

— Vamos voltar logo para a escola — disse ficando emburrada, mas ao mesmo tempo sentindo vergonha.

— Tudo bem, tomate.

— Me chama disso de novo e eu te queimo até não sobrar nada — ameaçou, mas só fez Satoru rir ainda mais.

— Aliás, ainda vou querer a nossa conversa longa — ele disse, destravando o carro para entrar, sendo logo seguido por ela, que entrou no banco do passageiro.

— Isso é você tentando me chamar para um encontro? — perguntou, enquanto colocava o cinto de segurança.

— Sim — admitiu, o que a fez rir — Então, Amaya Okumura, aceita ir para um encontro comigo?

— Aceito.

Os dois se olharam sorrindo de leve, sentindo uma pequena chama de felicidade se estabelecendo dentro dos corações dos dois já que o amor e o companheirismo que tinham adolescência ainda estava ali, só bastava que se permitissem sentir tudo aquilo de novo, o que ambos estavam dispostos a tentar.

Eles sabiam que não seria rápido voltar o que era antes, principalmente com tantas coisas para fazer.

Satoru tinha uma missão internacional daqui alguns dias e Amaya tinha a dela em uma ilha mais ao sul do Japão, além das próprias questões familiares que queria resolver.

Porém, talvez, ainda tivesse oxigênio suficiente para manter a chama do amor dos dois acessa.


Oi gente! Tudo bem com vocês?

Para compensar a demora, 4k de palavras no capítulo e espero que tenham gostado dele um pouco maior!

Além disso, tivemos uma boa quantidade de informações novas! Sério, a Sayuri é simplesmente um amor, estou animada para poder contar mais dela aqui!

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentarem o que acharam (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top