𝐟𝐨𝐮𝐫, amnesia
❝ I wish that I could wake up with amnesia
And forget about the stupid little things
Like the way it felt to fall asleep next to you
And the memories I can never scape ❞
∞
— Então você é a executora do Itadori?
— Isso — Amaya suspirou, encarando a xícara já vazia de café a sua frente — Pensei que você me julgaria por isso.
— Eu não sou o Satoru — Shoko sorriu fraco — Porém, o entendo. Depois de tudo, acho que é bem compreensível ele agir daquela forma.
Amaya levantou o olhar, encontrando sua melhor amiga já a observando.
— Em que sentido?
— Eu sei que sou importante para ele, mas não da maneira como Geto foi e, mesmo depois de tanto tempo, você continua sendo. Pela sua cara, acho que deve estar bem perdida em relação a isso também.
— Sempre estive — ela riu fraco — Nunca entendi o porquê do "nós" existir e depois de tanto tempo voltei para um lugar que nunca pensei que voltaria. Além de que, tudo está praticamente de cabeça para baixo e acaba que estranho, mesmo sabendo que boa parte da situação é culpa minha.
— Às vezes nós esperamos que tudo fique da mesma maneira para nós não termos que lidar com as consequências das nossas ações, não é?
— Por que você tem que me conhecer tanto? — a de cabelos azuis perguntou, ficando emburrada e fazendo a outra rir.
— Foi você que resolveu vir até mim no primeiro dia da escola já puxando amizade.
— Realmente — Amaya sorriu lembrando de como o primeiro ano delas foi bom.
— Você ainda gosta dele, não é?
Os olhos de Amaya se arregalaram e ela sentiu o seu coração errar uma batida por causa de uma simples, mas extremamente importante razão, o que ela sentia por ela mesma. Talvez fosse todos esses anos longe, os segredos que ela escolheu guardar dele, o fato de que ela estava diferente, com um coração muito mais fechado do que um dia já foi, ou fato de acreditar que nunca o mereceria.
— Acho que você vai ficar sem resposta em relação a isso.
— Compreensível — a médica respondeu, vendo o caos que as chamas dos olhos da feiticeira à sua frente transmitiam — O tempo pode apagar ou consertar as coisas, depende da forma como você o trata.
— Você está muito filosófica hoje, dona Shoko — Amaya disse, fazendo sua amiga rir.
— Acho que é efeito de te ver depois de tanto tempo.
— Me desculpa por isso.
— Você não precisa se desculpar — Shoko entrelaçou seus dedos com os de Amaya sobre uma das mesas da sua cafeteria favorita de Tóquio — Eu entendo seus motivos e sempre te apoiei em tudo que seria melhor para você e viver naquele clã nunca foi ou será uma boa opção.
— Obrigada — disse em um fio de voz, com o olhar fixo na tatuagem que ambas tinham no dedo anelar direito, o kanji para a palavra "amor".
As duas permaneceram em silêncio, sem ter a necessidade de dizer mais nada porque ambas sabiam o que estavam sentindo ali: alívio por ver a outra depois de tanto tempo, com todo o caos que o mundo Jujutsu tinha se tornado ao longo dos anos. Porém, um dos poucos momentos de paz que Amaya teve durante esses dois dias que estava no Japão foi interrompido pelo toque do seu celular.
Ela suspirou frustrada e, ao pegar o aparelho do bolso da calça e olhar o nome que brilhava na tela, foi como se o mundo tivesse parado.
— Por que a sua madrasta está te ligando? — Shoko perguntou depois de esticar um pouco o corpo e ver a tela do celular.
— Eu não sei — Amaya disse, extremamente confusa.
— Você contou que estava voltando?
— Claro que não, ninguém daquele lugar pode saber que voltei.
— Então, por que?
— Acho que vou ter que atender para descobrir.
No último toque, a feiticeira aceitou a ligação, não imaginando o que Kaede Okumura queria com ela.
— Alô?
— COMO ASSIM VOCÊ VOLTOU E NÃO ME CONTOU?!
— Os superiores te contaram, não é? — Amaya perguntou, cansada.
— CLARO QUE SIM! — a mais velha reclamou — VOCÊ REALMENTE PENSAVA QUE IA CONSEGUIR FICAR AQUI SEM EU SABER?!
— Era o que ia tentar.
— Estou realmente impressionada.
— Kaede, por favor.
— Olha, Amaya — ela suspirou no outro lado da linha — Você não precisa continuar se escondendo de nós.
— Tivemos essa conversa a dez anos atrás e a minha opinião continua a mesma.
— A nossa família não.
— Você não precisa trazer a morte do meu pai à tona em todas as conversas sobre mim.
— Porém ele era o maior dos problemas, não é? Sei que fui casada com ele e, bem, até mantive o sobrenome depois da morte dele, mas tudo pelos seus irmãos e por você.
— Kaede...
— Nós sentimos a sua falta e sei que você também sentiu.
— Não me peça para ir aí, por favor.
— Pensei que você soubesse que não sou uma madrasta ruim — a loira de olhos verdes sorriu ao ouvir a leve risada da enteada.
— Você é a melhor de todas.
— Você realmente quer inflar o meu ego.
— Cuidado que aí ele vai ficar maior que a Skytree.
— Por que eu fui te ensinar a ser assim? — Kaede se permitiu rir junto com a mais nova.
— Mais alguém sabe que voltei? — Amaya perguntou, sentindo certa ansiedade em saber essa resposta.
— Não, só eu sei. Aquele velhote pelo menos foi decente o suficiente para contar somente para mim.
— A única coisa útil que ele fez.
— Realmente — revirou os olhos — Você pode me encontrar? Sei que deve ter algumas coisas que queira me contar e também preciso te explicar algo.
— O que os superiores te falaram?
— Você pode ou não? — Kaede a cortou.
— Posso — Amaya respondeu, derrotada.
— Combinamos mais tarde? Tenho uma reunião com os seus avós daqui a pouco.
— Tudo bem.
— Até mais tarde!
— Até.
Amaya encarava o telefone na sua mão sentindo que tinha algo realmente importante por trás das intenções da sua madrasta, principalmente por causa da pressão que ela fez para poder a encontrar pessoalmente. Junto com Shoko e os superiores, Kaede faz parte do seleto grupo de pessoas que sempre soube onde Amaya estava e tinha acesso ao número de telefone dela.
Ao contrário da maioria dos feiticeiros, que nunca souberam o que a feiticeira de grau especial fez durante todos esses anos, a única herdeira legítima do clã Okumura sempre soube de boa parte das coisas que continuavam acontecendo no Japão, incluindo o que aconteceu no dia 24 de dezembro do ano passado.
Mesmo longe, ela se importava com o que tinha deixado para trás, já que foi por causa deles que "fugiu". Sair da gaiola que o seu clã tinha colocado sobre ela sempre foi seu objetivo e, por meio de certos acordos e contratos, conseguiu que isso acontecesse, virando uma "faz-tudo" dos superiores.
Viajar para todos os cantos do mundo exorcizando os mais diversos tipos de maldição foi uma fachada para o que a feiticeira realmente planejava conseguir fazer: treinar até se considerar forte o suficiente para proteger quem sempre amou.
— Ela quer encontrar você? — Shoko perguntou, conseguindo a atenção de Amaya de volta.
— Sim, mas não sei o que ela quer me dizer. Você sabe de algo importante que aconteceu no meu clã?
— Não e depois que você saiu daqui eles ficaram ainda mais reclusos do que antes. Não conseguir fazer a herdeira assumir o posto de líder é algo meio vergonhoso, então acabou que eles viraram chacota, principalmente para os Zenin.
— Entendi, acho que meus avós devem me odiar bem mais do que antes.
— Não sei — Shoko deu de ombros — Tem um tempo que não tenho notícias deles e muito menos do seu irmão e da sua irmã, mas, pelo o que parece, a Sayuri vai entrar na escola ano que vem.
— A minha irmã já está com quase 15 anos?!
— Você esperava que ela continuasse criança pra sempre?
— Não sei — respirou fundo, percebendo as mãos começarem a tremer — Ao mesmo tempo que sei que se eu ficasse a situação de antigamente poderia ter se tornado pior, não queria ter perdido tanta coisa.
(...)
Amaya encarava a porta de madeira à sua frente com certo receio e angústia crescendo dentro de si. Depois da conversa que teve no dia anterior com Shoko na cafeteria, ela se pegou pensando em como teria que agir a partir de agora e o que deveria fazer. A sua mente não tinha parado um minuto sequer planejando cada passo, fala e atitude para que nada saia mais uma vez do controle ou acabe estragando tudo de novo.
Ao abrir a porta, encontrou os três estudantes já sentados nas carteiras e conversando entre si, sem sinal algum de Gojo.
— Bom dia! — Amaya disse, tendo agora a atenção dos três para si.
— Bom dia! — os três responderam, depois de se entreolharem confusos.
— Devem estar se perguntando por que estou aqui, não é? — a feiticeira perguntou enquanto se sentava na mesa do professor na frente dos três, cruzando as pernas.
— Bastante na verdade — Nobara admitiu.
— Me pediram para que eu acompanhasse algumas aulas de vocês, espero que não se importem.
— Claro que não! — Itadori exclamou — Poder aprender com os dois feiticeiros mais fortes do mundo é incrível.
— Eu agradeço o elogio, mas não vou ensinar vocês.
— Por que? Você é a pessoa mais inteligente que conheço — uma voz ecoou da porta da sala e os quatro viram Gojo Satoru entrar no recinto.
— Eu só vim observar — Amaya respondeu, depois de ficar alguns segundos em silêncio sem conseguir pensar em uma resposta decente.
— Bem, isso é uma escolha totalmente sua, mas você tem autorização para ensinar se quiser.
A feiticeira deu de ombros e, pelos próximos minutos que se passaram, se permitiu ver o "mais forte" ensinar sobre energia amaldiçoada e a base do mundo Jujutsu. Era óbvio que Nobara e Megumi já tinham esses conhecimentos, por já terem experiência de campo e também por possuírem uma classificação, que era a parte que Satoru se encontrava explicando.
— Então quanto menor o número, mais poderosa e perigosa a maldição? — Itadori perguntou.
— Isso! A mesma coisa acontece com feiticeiros e armas amaldiçoadas, crescendo também o nível de poder e técnica.
— Os de grau especial são acima de tudo isso?
— Essa categoria existe para classificar aqueles que não conseguem ter a sua quantidade de poder mensurada.
— Mas e as armas? Elas são objetos.
— Pode demonstrar, Amaya?
— Você realmente quer que eu faça isso?
— Vai ser divertido — Satoru sorriu e a feiticeira revirou os olhos tirando a sua katana do suporte que usava na cintura.
— Você pode se levantar, Itadori?
— Claro! — respondeu animado, já ficando na frente da mais velha.
— Segure — a feiticeira disse estendendo a mão.
O garoto estranhou, mas segurou a espada junto com Amaya, que suspirou sabendo o que aconteceria em seguida.
— Eu vou soltar, tudo bem?
— Não estou entendendo o que está acontecendo, mas acho que tudo bem.
Ela riu fraco por causa da ingenuidade e sinceridade do garoto e tirou a sua mão do cabo da espada. Não foram nem dois segundos e Itadori caiu de joelhos no chão estampando uma expressão do mais puro medo, a qual Megumi e Nobara também tinham em seus rostos, além da própria surpresa.
Amaya não aguardou muito para voltar a pegar a espada das mãos do garoto.
— O que acabou de acontecer?!
— Esse foi um exemplo de uma arma de categoria especial, a katana "Infinito do Luar" — Amaya explicou — Ela suga infinitamente a energia amaldiçoada do usuário, acumulando-a dentro da lâmina.
— Como você consegue usar?! — Itadori perguntou enquanto se sentava novamente em sua carteira, ainda sentindo uma sensação de vazio dentro de si.
— Bem, você começou agora na questão do jujutsu, mas acho que você vai conseguir sentir isso.
Amaya colocou a katana na mesa e fechou os olhos, fazendo um gesto extremamente específico com as mãos, o qual Gojo reconheceu na hora. Finas linhas brancas começaram a se espalhar pelo rosto da feiticeira, criando um desenho floral ao redor dos olhos, e assim a energia amaldiçoada da feiticeira começou a ser liberada.
Era como se uma pressão tivesse se apossado da sala, praticamente trazendo uma sensação de sufocamento para todos que estavam ali, principalmente para a própria Amaya, que sentia o seu peito começar a queimar. Ela logo desfez os sinais, fazendo com que as linhas brancas desaparecessem e a sala voltasse a ter o clima de antes, muito mais leve.
— Como se fosse na loteria, casos excepcionais acontecem. Algumas pessoas nascem sem energia amaldiçoada e outras com uma quantidade absurda ao ponto de ser perigoso tanto para aqueles ao redor como para si próprias, sendo esse último o meu caso. A "Infinito do Luar" é uma arma categorizada como especial por causa disso, somente os extremos do mundo Jujutsu conseguem usá-la. Acho que consegui explicar direito, certo?
Os três alunos encaravam a mulher à sua frente em completo estado de choque por presenciar tanto poder em uma pessoa só, a qual os olhava com um sorriso simpático no rosto, quase como se gritasse que tal poder não era compatível com ela.
— Que tal fazermos um intervalo? — Gojo perguntou, quebrando o silêncio.
O trio de primeiranistas saiu da sala em completo silêncio, deixando os dois adultos para trás.
— Acho que assustei eles — Amaya disse divertida, voltando a guardar a katana no suporte.
— Eu tenho certeza disso — Gojo respondeu, se sentando na mesa ao lado da feiticeira — Não sabia que tinha controlado a sua liberação de energia amaldiçoada.
— Também treinei bastante durante esses dez anos e consegui alguns resultados positivos.
— Entendi.
— Nunca pensei que você acabaria se tornando um professor — ela falou encarando o chão.
— Matar todos aqueles velhos não faria diferença nenhuma e a educação é a única forma de fazer as coisas mudarem de verdade.
— Tenho que concordar com você nesse ponto.
— Por que você os obedece? Eu quis te perguntar isso ontem, porque pra mim isso não é algo que você faria.
— Você se lembra da primeira coisa que aprendemos sobre jujutsu?
— O que?
— A base para o mundo Jujutsu são os contratos. As maldições, as técnicas, as armas, tudo é feito na base de contratos, mesmo que sejam singelos até demais para nós os percebemos.
— Amaya...
— Eu fiz mais "contratos" do que deveria e bem, espero que isso responda a sua pergunta — ela sorriu fraco, se levantando — Mesmo que eu seja considerada a mulher mais forte, nunca conseguirei ser tão livre quanto você sempre foi, "o honrado pelo poder".
— O que você fez? O que você prometeu para os superiores? — ele perguntou, também ficando em pé, na frente dela.
— Posso passar?
— Não.
— O que?
— Você volta totalmente diferente, pisando em tudo que um dia a gente já teve e ainda diz que se meteu com os superiores?! Onde você estava com a cabeça?!
"Pensando em você", foi o que ela queria finalmente poder responder.
— Eu me pergunto isso todos os dias quando me olho no espelho e até hoje não sei a resposta.
Os dois se encaravam em um silêncio tão pesado que se uma folha caísse do lado de fora eles conseguiriam escutar. A mulher de um pouco mais de 1,70 de altura sabia muito bem como aqueles olhos infinitos estavam a olhando por baixo daquela venda, um olhar que ela recebia desde o dia do seu nascimento.
Decepção.
— Posso considerar o seu silêncio como uma resposta? — ele perguntou, mesmo sabendo que não gostaria do que ela falaria em seguida.
— Sim.
— Sabe de uma coisa, Amaya? Às vezes, me pego desejando ter tido amnésia — Gojo começou a falar e Amaya arqueou as sobrancelhas em total surpresa ao ver ele tirar a venda.
Os tão perigosos olhos infinitos.
Porém, diferente de muitos que temiam ter esse olhar, a Flame Queen sempre gostou de ter essa imensidão voltada para si, praticamente uma sensação de conforto saber que o Infinite King sempre estaria ali, protegendo ela.
Só que agora, dez anos depois, ela não estava gostando da sensação de ter eles a observando, era como se a cortassem, invadindo por completo a sua alma corrompida pelo arrependimento.
— Porque assim eu poderia te olhar e não lembrar de nada, finalmente parar de me iludir pensando que um dia você se importou.
Oi de novo! Como vocês estão?
Vou aproveitar aqui para fazer um pequeno desabafo e também pedir a opinião sincera de vocês sobre uma coisa.
Realmente estão gostando da fic e de como estou fazendo as coisas acontecerem?
Essa história em si está me deixando um pouco ansiosa por diversos motivos, sendo o principal deles saber se estou deixando interessante ou não. Eu não gosto, particularmente, quando o casal fica junto logo do início (vocês podem ver isso em todas as minhas histórias), porque para mim desenvolver as personagens antes é essencial, mas Infinite Eyes está me dando mais problemas do que pensava que me daria.
Esses é um dos motivos da minha demorar para atualizar aqui, fico extremamente nervosa com as possíveis reações de vocês e olha que só agora chegamos no capítulo 4 e essa fic está planejada para ter no mínimo 30, com mais dois arcos. Gostaria MUITO de saber a verdadeira opinião de vocês sobre a história e, como eu sempre falo, não sou profissional e estou MUITO longe de ser, então críticas construtivas são SEMPRE muito bem vindas, tanto aqui nos comentários quanto no privado!
Tirando isso, gostaria de convidar vocês para lerem a minha fic com o Draken de Tokyo Revengers que postei na semana passada!
Bem, espero muito que tenham gostado do capítulo de hoje! Não se esqueçam de votar, de fazerem as suas perguntas para o especial e de deixarem aqui o seu feedback (AMO ler as reações e opiniões de vocês)!
Até a próxima! ♥︎
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