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𝐊𝐲𝐥𝐢𝐚𝐧 𝐩𝐨𝐯’𝐬༆

Assim que vi Anat entrando na salinha pós jogo meu coração acelerou. Era a minha garota ali; aquela que ocupa minha cabeça há meses. Me falaram que um homem iria me entrevistar, mas pelo que entendi ele passou mal e Anat teve substituí-lo. Minha brasileira estava na minha frente e apenas tudo que eu mais queria era leva-la para um lugar tranquilo e calmo para conversarmos.

Anat não é burra, ao decorrer da entrevista seus olhos estavam atentos ao que eu falava, cada movimento meu era capturado por ela de maneira ágil. Obviamente quando falei meu segundo nome, ela levou apenas segundos para ligar o nome e a pessoa com quem mantinha contato há meses. Seu olhar foi tomado por confusão; ela havia descoberto quem era Sanmi. Ela não precisava que eu confjrmasse, os meus olhos já demonstravam a verdade.

Assim que teve certeza, eu senti meu coração errando as batidas. Eu estava com medo. Estava apavorado; se Anat não quisesse me ouvir? Ou pior, me pedisse que sumisse de sua vida? Todas essas perguntas rondavam a minha mente. Assim que ela me avisa que a entrevista havia acabado e que podia mandar uma mensagem, não hesitei em pedir desculpas para ela.

Vi Anat me olhar profundamente, talvez estivesse buscando verdade em minhas palavras e a vejo sorrir quando constata que estou mesmo falando o que sinto. Não seria uma conversa fácil. Eu arcaria com as consequências de meus atos; se ela me pedisse, eu me afastaria. Acima de tudo eu queria Anat feliz e se para isso teria que vê-la longe, então que assim fosse.

Os meus pensamentos estão longe que nem vejo o câmera saindo da sala e me deixando a sós com ela. Só percebo quando ela se aproxima e sorri. Estou torcendo para que ela me dê apenas uma chance para explicar. Eu respeitaria a decisão dela. Espero que essa situação não a deixe triste, eu me odiaria por isso.

— 𝑵𝒐𝒖𝒔 𝒂𝒍𝒍𝒐𝒏𝒔 𝒑𝒂𝒓𝒍𝒆, 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒂𝒔 𝒊𝒄𝒊. 𝑱𝒆 𝒗𝒆𝒖𝒙 𝒕’𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒓𝒆, 𝑲𝒚𝒍𝒊𝒂𝒏 (𝑵𝒐́𝒔 𝒗𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒏𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂𝒓, 𝒎𝒂𝒔 𝒏𝒂̃𝒐 𝒂𝒒𝒖𝒊. 𝑸𝒖𝒆𝒓𝒐 𝒕𝒆 𝒐𝒖𝒗𝒊𝒓, 𝑲𝒚𝒍𝒊𝒂𝒏) — Isso foi a melhor coisa que eu poderia ouvir hoje. Ela havia me dado a chance de falar. Eu não iria desperdiçar isso.

Sorri, entrelacei nossas mãos e beijei sua delicada mão. Eu precisava levá-la para a casa de campo que havia planejado a surpresa. Assim que chegamos no carro, olho para ela sorrindo e ela me devolve o sorriso capaz de iluminar Paris inteira.

— 𝑱𝒆 𝒗𝒂𝒊𝒔 𝒕’𝒆𝒎𝒎𝒆𝒏𝒆𝒓 𝒅𝒂𝒏𝒔 𝒖𝒏 𝒆𝒏𝒅𝒓𝒐𝒊𝒕 𝒔𝒑𝒆́𝒄𝒊𝒂𝒍 𝒑𝒐𝒖𝒓 𝒒𝒖’𝒐𝒏 𝒑𝒖𝒊𝒔𝒔𝒆 𝒑𝒂𝒓𝒍𝒆𝒓. 𝑴𝒆𝒓𝒄𝒊 𝒑𝒐𝒖𝒓 𝒄𝒆𝒕𝒕𝒆 𝒄𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆, 𝒎𝒐𝒏 𝒎𝒐𝒖𝒓 (𝑽𝒐𝒖 𝒕𝒆 𝒍𝒆𝒗𝒂𝒓 𝒆𝒎 𝒖𝒎 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒄𝒊𝒂𝒍 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂𝒓𝒎𝒐𝒔. 𝑶𝒃𝒓𝒊𝒈𝒂𝒅𝒂 𝒑𝒆𝒍𝒂 𝒄𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆, 𝒂𝒎𝒐𝒓) — Anat era uma caixinha de surpresa. Outra em seu lugar teria tirado proveito e transformado isso em um drama para a mídia. Definitivamente o universo foi muito generoso comigo.

Assim que entramos em meu carro, vejo ela ficar tensa. Será que deixei ela desconfortável?

— 𝑻𝒐𝒖𝒕 𝒗𝒂 𝒃𝒊𝒆𝒏, 𝒎𝒐𝒏 𝒂𝒎𝒐𝒖𝒓? 𝑱𝒆 𝒕’𝒂𝒊 𝒎𝒊𝒔 𝒎𝒂𝒍 𝒂̀ 𝒍’𝒂𝒊𝒔𝒆? (𝑬𝒔𝒕𝒂́ 𝒕𝒖𝒅𝒐 𝒃𝒆𝒎, 𝒂𝒎𝒐𝒓? 𝑻𝒆 𝒅𝒆𝒊𝒙𝒆𝒊 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒐𝒏𝒇𝒐𝒓𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍?) — Me bateria se tivesse deixado ela mal — 𝑺𝒊 𝒕𝒖 𝒗𝒆𝒖𝒙, 𝒏𝒐𝒖𝒔 𝒑𝒐𝒖𝒗𝒐𝒏𝒔 𝒓𝒆𝒗𝒆𝒏𝒊𝒓 (𝒔𝒆 𝒒𝒖𝒊𝒔𝒆𝒓 𝒑𝒐𝒅𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒗𝒐𝒍𝒕𝒂𝒓) — Faria o que ela quisesse. Seu bem-estar é minha prioridade. Ela sorri e balança a cabeça negativamente.

— 𝑵𝒐𝒖𝒔 𝒑𝒐𝒖𝒗𝒐𝒏𝒔 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒊𝒏𝒖𝒆𝒓 𝒍𝒆 𝒗𝒐𝒚𝒂𝒈𝒆. 𝑱𝒆 𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂𝒊𝒔 𝒋𝒖𝒔𝒕𝒆 𝒂̀ 𝒍𝒂 𝒇𝒂𝒄̧𝒐𝒏 𝒅𝒐𝒏𝒕 𝒎𝒂 𝒗𝒊𝒆 𝒂 𝒄𝒉𝒂𝒏𝒈𝒆́ 𝒆𝒏 𝒖𝒏𝒆 𝒔𝒆𝒎𝒂𝒊𝒏𝒆 (𝑷𝒐𝒅𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒊𝒏𝒖𝒂𝒓 𝒂 𝒗𝒊𝒂𝒈𝒆𝒎. 𝑬𝒖 𝒔𝒐́ 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒗𝒂 𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒆𝒎 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒎𝒖𝒅𝒐𝒖 𝒆𝒎 𝒖𝒎𝒂 𝒔𝒆𝒎𝒂𝒏𝒂) — Sorri aliviado. Eu partilhava do mesmo sentimento — 𝑱𝒆 𝒔𝒖𝒊𝒔 𝒅𝒂𝒏𝒔 𝒍𝒂 𝒗𝒐𝒊𝒕𝒓𝒆 𝒅𝒆 𝑲𝒚𝒍𝒊𝒂𝒏 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́ 𝒆𝒕 𝒅𝒆𝒎𝒂𝒊𝒏 𝒋𝒆 𝒔𝒆𝒓𝒂𝒊 𝒍𝒊𝒄𝒆𝒏𝒄𝒊𝒆́ (𝑬𝒔𝒕𝒐𝒖 𝒏𝒐 𝒄𝒂𝒓𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝑲𝒚𝒍𝒊𝒂𝒏 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́ 𝒆 𝒂𝒎𝒂𝒏𝒉𝒂̃ 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒓𝒆𝒊 𝒅𝒆𝒎𝒊𝒕𝒊𝒅𝒂) — Na mesma hora meu sorriso desapareceu. Se Anat fosse demitida ela teria que voltar para o Brasil.

— 𝑪𝒐𝒎𝒎𝒆𝒏𝒕 𝒄̧𝒂, 𝒗𝒊𝒓𝒆́? 𝑳’𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆𝒕𝒊𝒆𝒏 𝒂 𝒆́𝒕𝒆́ 𝒖𝒏 𝒔𝒖𝒄𝒄𝒆́𝒔 (𝑪𝒐𝒎𝒐 𝒂𝒔𝒔𝒊𝒎 𝒅𝒆𝒎𝒊𝒕𝒊𝒅𝒂? 𝑨 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆𝒗𝒊𝒔𝒕𝒂 𝒇𝒐𝒊 𝒖𝒎 𝒔𝒖𝒄𝒆𝒔𝒔𝒐) — Ela me deu um sorriso triste. Algo havia acontecido e eu mataria a pessoa que fez mal a ela.

— 𝑴𝒐𝒏 𝒑𝒂𝒕𝒓𝒐𝒏 𝒂 𝒔𝒆́𝒑𝒂𝒓𝒆́ 𝒅𝒆𝒔 𝒒𝒖𝒆𝒔𝒕𝒊𝒐𝒏𝒔 𝒕𝒆𝒓𝒓𝒊𝒃𝒍𝒆𝒔 𝒆𝒕 𝒊𝒏𝒗𝒂𝒔𝒊𝒗𝒆𝒔 𝒑𝒐𝒖𝒓 𝒗𝒐𝒖𝒔. 𝑱’𝒂𝒊 𝒓𝒆𝒇𝒖𝒔𝒆́ 𝒅𝒆 𝒍𝒆𝒔 𝒑𝒐𝒔𝒆𝒓, 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒊𝒍 𝒂 𝒅𝒊𝒕 𝒒𝒖’𝒊𝒍 𝒕𝒓𝒐𝒖𝒗𝒆𝒓𝒂𝒊𝒕 𝒒𝒖𝒆𝒍𝒒𝒖’𝒖𝒏 𝒅’𝒂𝒖𝒕𝒓𝒆 𝒑𝒐𝒖𝒓 𝒍𝒆 𝒇𝒂𝒊𝒓𝒆 (𝑴𝒆𝒖 𝒄𝒉𝒆𝒇𝒆 𝒉𝒂𝒗𝒊𝒂 𝒔𝒆𝒑𝒂𝒓𝒂𝒅𝒐 𝒑𝒆𝒓𝒈𝒖𝒏𝒕𝒂𝒔 𝒕𝒆𝒓𝒓𝒊́𝒗𝒆𝒊𝒔 𝒆 𝒊𝒏𝒗𝒂𝒔𝒊𝒗𝒂𝒔 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒗𝒐𝒄𝒆̂. 𝑬𝒖 𝒎𝒆 𝒓𝒆𝒄𝒖𝒔𝒆𝒊 𝒂 𝒇𝒂𝒛𝒆̂-𝒍𝒂𝒔, 𝒎𝒂𝒔 𝒆𝒍𝒆 𝒅𝒊𝒔𝒔𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒂𝒄𝒉𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒂 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒊𝒔𝒔𝒐) — Vejo ela respirar fundo. Eu quero matar o chefe dela; cuidarei dele mais tarde. Se depender de mim, Anat vai realizar seus projetos e iremos para o Brasil apenas para conhecer seus pais — 𝑱’𝒂𝒊 𝒂𝒄𝒄𝒆𝒑𝒕𝒆́ 𝒍’𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆𝒕𝒊𝒆𝒏, 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒄𝒐𝒎𝒎𝒆 𝒗𝒐𝒖𝒔 𝒑𝒐𝒖𝒗𝒆𝒛 𝒍𝒆 𝒗𝒐𝒊𝒓, 𝒋’𝒂𝒊 𝒑𝒐𝒔𝒆́ 𝒅’𝒂𝒖𝒕𝒓𝒆𝒔 𝒒𝒖𝒆𝒔𝒕𝒊𝒐𝒏𝒔. 𝑰𝒍 𝒏𝒆 𝒅𝒐𝒊𝒕 𝒑𝒂𝒔 𝒆̂𝒕𝒓𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒆𝒏𝒕 𝒅𝒖 𝒕𝒐𝒖𝒕 (𝒂𝒄𝒆𝒊𝒕𝒆𝒊 𝒂 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆𝒗𝒊𝒔𝒕𝒂, 𝒎𝒂𝒔 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒑𝒐𝒅𝒆 𝒗𝒆𝒓, 𝒆𝒖 𝒇𝒊𝒛 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒂𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒈𝒖𝒏𝒕𝒂𝒔. 𝑬𝒍𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒅𝒆𝒗𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒓 𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒇𝒆𝒍𝒊𝒛) — Inferno. As pessoas dizem que uso minha influência para tanta coisa, agora podem incluir: 𝑣𝑜𝑢 𝑓𝑢𝑑𝑒𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑔𝑟𝑎𝑐̧𝑎𝑑𝑜.

Eu sei que Anat não aceitaria minha ajuda. A entrevista foi ótima, se ela quisesse eu poderia mandar para as melhores revistas de Paris e amanhã mesmo ela estaria empregada.

— 𝑻𝒖 𝒔𝒂𝒊𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒋𝒆 𝒑𝒆𝒖𝒙 𝒕’𝒂𝒊𝒅𝒆𝒓 𝒂𝒗𝒆𝒄 𝒍𝒆 𝒑𝒓𝒐𝒃𝒍𝒆́𝒎𝒆 𝒅𝒆 𝒍’𝒆𝒎𝒑𝒍𝒐𝒊, 𝒏’𝒆𝒔𝒕-𝒄𝒆 𝒑𝒂𝒔? (𝑺𝒂𝒃𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒕𝒆 𝒂𝒋𝒖𝒅𝒂𝒓 𝒄𝒐𝒎 𝒂 𝒒𝒖𝒆𝒔𝒕𝒂̃𝒐 𝒅𝒐 𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆𝒈𝒐, 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆́?) — Ela sorri, mas balança a cabeça negativamente. Ela não aceitaria minha ajuda e eu não iria insistir. Não preciso dela mais tensa ainda — 𝑫’𝒂𝒄𝒄𝒐𝒓𝒅, 𝒋’𝒂𝒊 𝒓𝒆𝒄̧𝒖 𝒍𝒆 𝒎𝒆𝒔𝒔𝒂𝒈𝒆 (𝑻𝒖𝒅𝒐 𝒃𝒆𝒎, 𝒆𝒖 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒊 𝒐 𝒓𝒆𝒄𝒂𝒅𝒐) — Sorrio para ela. Mesmo correndo o risco de perder seu emprego, ela ainda colocou sua ética acima de tudo. Ela é admirável.

Logo um silêncio confortável tomou conta do carro. Fizemos o trajeto inteiro em silêncio e bem calmo; a música baixa do 1D tocava no rádio. Sabia que Anat sorria com isso; eu menti meu nome, mas nunca escondi meus gostos.

༄𝗣𝗮𝘀𝘀𝗮𝗴𝗲𝗺 𝗱𝗲 𝘁𝗲𝗺𝗽𝗼༄

Logo chegamos na casa de campo. Momentos antes havia pedido para minha mãe que deixasse tudo organizado. Ao menos isso teria que estar perfeito. Abro a porta do passageiro para Anat e dou a mão para ajudá-la a sair do carro. Fazemos o pequeno caminho até a casa de mãos dadas. Uma pequena parte do meu sonho havia se tornado realidade. Quanto mais nos aproximávamos da casa, mais nervoso eu ficava. Temia a rejeição de Anat.

Assim que entramos na casa vejo Anat sorrir. A casa não era luxuosa de forma extravagante, era luxuosa e elegante. Tinha um ar confortável. Sabia que Anat havia gostado. Logo tiro meu casaco e peço para que ela faça o mesmo. Seria uma longa conversa, por isso peguei um vinho para tirar a tensão do momento.

— 𝑽𝒐𝒖𝒔 𝒆𝒔𝒔𝒂𝒚𝒆𝒛 𝒅𝒆 𝒎𝒆 𝒔𝒐𝒖̂𝒍𝒆𝒓, 𝑴. 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́? (𝑬𝒔𝒕𝒂́ 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒎𝒆 𝒅𝒆𝒊𝒙𝒂𝒓 𝒃𝒆̂𝒃𝒂𝒅𝒂, 𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́?) — Sorri com a sua fala. Anat gostava de fazer piadinhas em momentos tensos — 𝑪𝒆𝒍𝒂 𝒗𝒐𝒖𝒔 𝒅𝒆́𝒓𝒂𝒏𝒈𝒆 𝒔𝒊 𝒐𝒏 𝒗𝒂 𝒅𝒓𝒐𝒊𝒕 𝒂𝒖 𝒃𝒖𝒕? (𝑺𝒆 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂 𝒅𝒆 𝒊𝒓𝒎𝒐𝒔 𝒅𝒊𝒓𝒆𝒕𝒐 𝒂𝒐 𝒂𝒔𝒔𝒖𝒏𝒕𝒐?) — Anat odiava enrolações e depois de todo esse tempo era compreensível sua pressa.

— 𝑬𝒔𝒕-𝒄𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒋𝒆 𝒑𝒆𝒖𝒙 𝒕𝒐𝒖𝒕 𝒅𝒊𝒓𝒆 𝒆𝒏 𝒖𝒏𝒆 𝒇𝒐𝒊𝒔 𝒆𝒕 𝒗𝒐𝒖𝒔 𝒑𝒐𝒖𝒓𝒓𝒆𝒛 𝒎𝒆 𝒓𝒆́𝒑𝒐𝒏𝒅𝒓𝒆 𝒑𝒍𝒖𝒔 𝒕𝒂𝒓𝒅? (𝑷𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒇𝒂𝒍𝒂𝒓 𝒕𝒖𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒖𝒎𝒂 𝒗𝒆𝒛 𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒎𝒆 𝒅𝒂 𝒂 𝒓𝒆𝒔𝒑𝒐𝒔𝒕𝒂 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔?) —  Ela assente. Era agora.

Me levanto do sofá, tomo um gole do vinho e reúno toda a coragem que a situação exigia. Anat me dá um sorriso reconfortante como apoio. Vamos lá.

— 𝑫’ 𝒂𝒃𝒐𝒓𝒅, 𝒋𝒆 𝒎’ 𝒆𝒙𝒄𝒖𝒔𝒆 𝒂𝒖𝒑𝒓𝒆̀𝒔 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒖𝒓 𝒑𝒐𝒖𝒓 𝒂𝒗𝒐𝒊𝒓 𝒎𝒆𝒏𝒕𝒊. 𝑳𝒐𝒓𝒔𝒒𝒖𝒆 𝒋’𝒂𝒊 𝒗𝒖 𝒗𝒐𝒕𝒓𝒆 𝒉𝒊𝒔𝒕𝒐𝒊𝒓𝒆 𝒔𝒖𝒓 𝑰𝒏𝒔𝒕𝒂𝒈𝒓𝒂𝒎 𝒑𝒆𝒏𝒅𝒂𝒏𝒕 𝒖𝒏 𝒎𝒂𝒕𝒄𝒉, 𝒋’𝒂𝒊 𝒆́𝒕𝒆 𝒓𝒂𝒗𝒊. 𝑱’𝒂𝒊 𝒐𝒖𝒗𝒆𝒓𝒕 𝒗𝒐𝒕𝒓𝒆 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒊𝒍 𝒆𝒕 𝒋’𝒂𝒊 𝒗𝒖 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒖𝒔 𝒂𝒊𝒎𝒊𝒆𝒛 𝒍𝒆𝒔 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒔. 𝑱’𝒂𝒊 𝒑𝒆𝒏𝒔𝒆́ 𝒒𝒖𝒆 𝒄𝒆 𝒔𝒆𝒓𝒂𝒊𝒕 𝒖𝒏 𝒃𝒐𝒏 𝒎𝒐𝒚𝒆𝒏 𝒅’𝒂𝒑𝒑𝒓𝒆𝒏𝒅𝒓𝒆 𝒂̀ 𝒕𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒏𝒂𝒊̂𝒕𝒓𝒆 (𝑷𝒓𝒊𝒎𝒆𝒊𝒓𝒐 𝒕𝒆 𝒑𝒆𝒄̧𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒖𝒍𝒑𝒂𝒔 𝒑𝒐𝒓 𝒕𝒆𝒓 𝒎𝒆𝒏𝒕𝒊𝒅𝒐. 𝑸𝒖𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒗𝒊 𝒔𝒆𝒖 𝒔𝒕𝒐𝒓𝒚 𝒏𝒐 𝑰𝒏𝒔𝒕𝒂𝒈𝒓𝒂𝒎 𝒅𝒖𝒓𝒂𝒏𝒕𝒆 𝒖𝒎𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂, 𝒆𝒖 𝒇𝒊𝒒𝒖𝒆𝒊 𝒆𝒏𝒄𝒂𝒏𝒕𝒂𝒅𝒐. 𝑨𝒃𝒓𝒊 𝒔𝒆𝒖 𝒑𝒆𝒓𝒇𝒊𝒍 𝒆 𝒗𝒊 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒈𝒐𝒔𝒕𝒂𝒗𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒔. 𝑨𝒄𝒉𝒆𝒊 𝒒𝒖𝒆 𝒔𝒆𝒓𝒊𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒃𝒐𝒂 𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂 𝒅𝒆 𝒕𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒆𝒓) — Soltei o ar que estava preso e vejo Anat me olhando atentamente.

— 𝑱’𝒂𝒊 𝒑𝒆𝒏𝒔𝒆́ 𝒂̀ 𝒕’𝒂𝒑𝒑𝒆𝒍𝒆𝒓 𝒔𝒖𝒓 𝑰𝒏𝒔𝒕𝒂𝒈𝒓𝒂𝒎, 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒋’𝒂𝒗𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒆𝒖𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒄̧𝒂 𝒔𝒆 𝒓𝒆́𝒑𝒂𝒏𝒅𝒆 𝒅𝒂𝒏𝒔 𝒍𝒆𝒔 𝒎𝒆́𝒅𝒊𝒂𝒔. 𝑨𝒍𝒐𝒓𝒔 𝒋’𝒂𝒊 𝒄𝒓𝒆́𝒆́ 𝒖𝒏 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒊𝒍 𝒔𝒖𝒓 𝒍𝒆 𝒔𝒊𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏 (𝑷𝒆𝒏𝒔𝒆𝒊 𝒆𝒎 𝒕𝒆 𝒄𝒉𝒂𝒎𝒂𝒓 𝒏𝒐 𝑰𝒏𝒔𝒕𝒂𝒈𝒓𝒂𝒎, 𝒎𝒂𝒔 𝒕𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒎𝒆𝒅𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒊𝒔𝒔𝒐 𝒗𝒂𝒛𝒂𝒔𝒔𝒆 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒂 𝒎𝒊́𝒅𝒊𝒂. 𝑷𝒐𝒓 𝒊𝒔𝒔𝒐 𝒇𝒊𝒛 𝒖𝒎 𝒑𝒆𝒓𝒇𝒊𝒍 𝒏𝒐 𝒔𝒊𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄) — Tomo mais um gole de vinho. Evitava olhar para Anat, mas ela ainda estava sorrindo para mim — 𝑱’𝒂𝒗𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒆𝒖𝒓 𝒒𝒖’𝒊𝒍𝒔 𝒅𝒆́𝒄𝒐𝒖𝒗𝒓𝒆𝒏𝒕 𝒕𝒐𝒖𝒕 𝒔𝒐𝒖𝒓 𝒕𝒐𝒊 𝒆𝒕 𝒕𝒆 𝒇𝒂𝒔𝒔𝒆𝒏𝒕 𝒅𝒖 𝒎𝒂𝒍. 𝑨𝒏𝒂𝒕, 𝒋𝒆 𝒏𝒆 𝒎𝒆 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒐𝒏𝒏𝒆𝒓𝒂𝒊𝒔 𝒋𝒂𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒔’𝒊𝒍𝒔 𝒕𝒆 𝒇𝒂𝒊𝒔𝒂𝒊𝒆𝒏𝒕 𝒅𝒖 𝒎𝒂𝒍 𝒂̀ 𝒄𝒂𝒖𝒔𝒆 𝒅𝒆 𝒎𝒐𝒊 (𝑬𝒖 𝒕𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒎𝒆𝒅𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒐𝒃𝒓𝒊𝒔𝒔𝒆𝒎 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒆 𝒕𝒆 𝒑𝒓𝒆𝒋𝒖𝒅𝒊𝒄𝒂𝒔𝒔𝒆𝒎. 𝑨𝒏𝒂𝒕, 𝒆𝒖 𝒏𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒎𝒆 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒐𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒔𝒆 𝒕𝒆 𝒇𝒊𝒛𝒆𝒔𝒔𝒆𝒎 𝒎𝒂𝒍 𝒑𝒐𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒄𝒂𝒖𝒔𝒂) — Vi ela se emocionar. Eu já estava em lágrimas. Ela me abraçou. Afundei meu rosto em seu pescoço e senti seu cheiro; eu me senti em casa. Mas ainda precisava terminar de falar.

Saio de seus braços, mas não me afasto.

— 𝑸𝒖𝒂𝒏𝒅 𝒕𝒖 𝒎’𝒂𝒔 𝒅𝒊𝒕 𝒒𝒖𝒆 𝒕𝒖 𝒗𝒆𝒏𝒂𝒊𝒔 𝒊𝒄𝒊, 𝒋’𝒂𝒊 𝒅𝒆́𝒄𝒊𝒅𝒆́ 𝒅𝒆 𝒕𝒆 𝒔𝒖𝒓𝒑𝒓𝒆𝒏𝒅𝒓𝒆 𝒆𝒕 𝒅𝒆 𝒕𝒆 𝒓𝒆́𝒗𝒆́𝒍𝒆𝒓 𝒍𝒂 𝒗𝒆́𝒓𝒊𝒕𝒆́ (𝑸𝒖𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒎𝒆 𝒅𝒆𝒖 𝒂 𝒏𝒐𝒕𝒊́𝒄𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒊𝒓𝒊𝒂 𝒑𝒓𝒂 𝒄𝒂́, 𝒆𝒖 𝒓𝒆𝒔𝒐𝒍𝒗𝒊 𝒕𝒆 𝒇𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒆𝒔𝒔𝒂 𝒔𝒖𝒓𝒑𝒓𝒆𝒔𝒂 𝒆 𝒓𝒆𝒗𝒆𝒍𝒂𝒓 𝒂 𝒗𝒆𝒓𝒅𝒂𝒅𝒆) — Ainda tinha muito o que conversar, mas o principal já havia sido dito — 𝑱𝒆 𝒕’𝒂𝒊𝒎𝒆 𝒆𝒕 𝒋𝒆 𝒏’𝒂𝒊 𝒂𝒖𝒄𝒖𝒏 𝒅𝒐𝒖𝒕𝒆 𝒍𝒂́-𝒅𝒆𝒔𝒔𝒖𝒔. 𝑴𝒂𝒊𝒔 𝒋’𝒂𝒊 𝒃𝒆𝒔𝒐𝒊𝒏 𝒅𝒆 𝒔𝒂𝒗𝒐𝒊𝒓: 𝒆𝒔𝒕-𝒄𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒕𝒖 𝒎’𝒂𝒄𝒄𝒆𝒑𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒂𝒏𝒔 𝒕𝒂 𝒗𝒊𝒆? (𝒆𝒖 𝒕𝒆 𝒂𝒎𝒐 𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆𝒏𝒉𝒐 𝒅𝒖́𝒗𝒊𝒅𝒂𝒔 𝒅𝒊𝒔𝒔𝒐. 𝑴𝒂𝒔 𝒆𝒖 𝒒𝒖𝒆𝒊𝒂 𝒔𝒂𝒃𝒆𝒓: 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒎𝒆 𝒂𝒄𝒆𝒊𝒕𝒂 𝒏𝒂 𝒔𝒖𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂?) — Anat sorri e se aproxima ainda mais. Seus olhos observam a minha boca.

Não havia muito o que pensar, puxo a cintura da brasileira contra o meu corpo e a beijo. Que beijo! Eu sonhava com esse momento. Logo peço passagem com a língua e ela aceita. Um beijo cheio de sentimentos: amor, carinho, saudades e tesão. Logo a maldita falta de ar se fez presente e encerramos o beijo com selinhos. Sorrimos logo após o beijo. Ficamos olhando intensamente um para o outro.

Encostamos nossas testas até que nossa respiração voltasse ao normal. Logo ouço ela surrar.

— 𝑩𝒊𝒆𝒏 𝒔𝒖̂𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒋𝒆 𝒕𝒆 𝒑𝒂𝒓𝒅𝒐𝒏𝒏𝒆, 𝒎𝒐𝒏 𝒂𝒎𝒐𝒖𝒓. 𝑵𝒐𝒖𝒔 𝒑𝒂𝒓𝒍𝒆𝒓𝒐𝒏𝒔 𝒑𝒍𝒖𝒔 𝒕𝒂𝒓𝒅, 𝒎𝒂𝒊𝒏𝒕𝒆𝒏𝒂𝒏𝒕 𝒋’𝒂𝒊 𝒃𝒆𝒔𝒐𝒊𝒏 𝒅𝒆 𝒕𝒐𝒊 (𝒄𝒍𝒂𝒓𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒕𝒆 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒐𝒐, 𝒂𝒎𝒐𝒓. 𝑪𝒐𝒏𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔, 𝒂𝒈𝒐𝒓𝒂 𝒆𝒖 𝒑𝒓𝒆𝒄𝒊𝒔𝒐 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂) — Sorri com a sua fala. Logo pego sua mão e a levo em direção ao quarto.

A noite será longa e se depender de mim nunca mais passarei uma noite sequer sozinho.

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𝗦𝗲 𝗽𝘂𝗱𝗲𝗿𝗲𝗺 𝘃𝗼𝘁𝗮𝗿 𝗲 𝗰𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝗮𝗿, 𝗲𝘂 𝗮𝗴𝗿𝗮𝗱𝗲𝗰𝗲𝗿𝗶𝗮 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼
𝗔𝘁𝗲́ 𝗮 𝗽𝗿𝗼́𝘅𝗶𝗺𝗮
𝗕𝗲𝗶𝗷𝗶𝗻𝗵𝗼𝘀.