Crystal Fletcher

Acordei bem cedo para preparar a torta em que vamos comer tudo sozinhos. Afirmo que o Brian é muito adorável dormindo, parece um ursinho de pelúcia com a tamanha tranquilidade refletindo em si, quase não soltei ele quando fui me levantar.

Hoje a manhã estava de sol, com a temperatura mais alta do que ontem, mas o vento continua fresco e relaxante. Quando eu estava terminando de servir os pratos, senti os seus braços me envolverem por trás para um abraço e o loiro beijou o meu ombro direito.

— Nem me chamou pra te ajudar. — Disse no maior tom preguiçoso que eu já tinha ouvido.

— Bom dia pra você também, Brian. — Brinquei e me virei para o mesmo que estava com a cara toda amassada. — Foi muita coragem da sua parte ter se levantado logo.

— Quando deixei de te sentir do meu lado, eu acordei e quando senti um cheiro vindo daqui da cozinha, resolvi checar a sua presença. — Sorriu e tocou no meu rosto. — Aliás, bom dia.

— Bom dia. — Toquei em seu ombro e voltei ao que estava fazendo. — Pronto para voltar amanhã?

— De jeito nenhum, Crys. É uma droga pensar que ficaremos longe um do outro de novo e sabe-se quando iremos nos encontrar novamente.

— Talvez eu apareça em algum show, nunca se sabe. — Digo deixando os pratos na mesa e me sentei na sua frente para comer. — E também, eu vou estar ocupada. Já que todo mundo sabe que eu voltei e… vão querer me fazer mais perguntas, perguntar sobre a entrevista do Oscar… eu só queria ser chamada pra mais um filme.

— Espero que não seja de romance, pois você vai estar longe e vai estar beijando outro cara. — Eu gargalhei do mesmo que fez aquela carinha emburrada de novo. — Se fosse o contrário, eu duvido muito que você iria gostar.

— Brian, eu sei que você não vai me dar dor de cabeça e eu teria consciência de que é apenas uma atuação.

— E se fosse a Sherry?

— Você beijando a Sherry Finnigan de novo?! — Ri da cara do mesmo. — Estaria realizando o sonho de princesa dela e você detesta ela, então… sem cogitações.

— É, tem razão. Espero não trombar nela de novo.

— Ela não vai…

— Claro, você bateu nela. — Disse com ar de riso.

— Lá vem você falar disso de novo. Foi merecido e pronto! Eu queria socar a cara do Sawier de novo, mas tive que me conter e ir embora daquela mansão. Aquele imbecil tentou me forçar três vezes mais ou menos…

— Ele tentou te forçar a quê?! — Acho que falei um pouco demais agora.

— A beijar ele e talvez, quase aconteceria alguma coisa se não fosse o Nick.

Juro que em toda a minha vida, eu não imaginaria ver o Brian com o rosto ruborizado de raiva pelo Sawier. Ele está paralisado, olhando seriamente pra mim. Pelo visto perdeu a fome.

— No dia em que neguei viajar contigo para a Nova Zelândia, uma hora antes o Sawier foi no meu quarto terminar comigo e depois se “arrependeu” querendo me forçar para um beijo, mandei ele ir embora mas não me ouviu, daí o Nick apareceu. Eu fiquei com tanta raiva naquele dia, eu só queria ir pra casa. Teve quando ele roubou a minha carta quando você foi lá em casa pela primeira vez e… semana passada. Eu soube que ele tentou sequestrar a Summer, talvez poderia ser eu, nunca se sabe.

A sua respiração estava tensa como os seus músculos, e a sua mandíbula se mantia pressionada. Eu vi nele de que teria a capacidade de bater no idiota do Sawier.

— Por que me contou agora, Crystal? — Indagou com mais seriedade.

— Porque não é algo que eu quero lembrar. — Afirmei olhando em seus olhos. — Aqueles gêmeos são uns monstros e não há chances deles mudarem subitamente. Eles não vão mais separar nós dois, meu amor. São eles quem não sabem lidar com as coisas.

— Eu sei, Crys, mas isso me irrita tanto, faz o meu sangue ferver. — Tocou em minha mão, sem quebrar o contado visual. — Eu não vou deixar aquele babaca encostar aquelas mãos sujas e asquerosas em você, mesmo você sabendo dar uma belíssima cruzada de esquerda.

Eu sorri para tentar aliviar a tensão do mesmo que se desculpou e voltou a comer, deixando o ambiente silencioso.

— Brian, esqueça ele. Não vai mudar nada.

— Eu sei, Crystal, mas é ele. — Disse agora em tom de preocupação. — Ele quer afetar nós dois de todo jeito e não desiste. Ele e a Sherry querem sujar principalmente o seu nome e isso é muito, muito ruim. Temos que dar um ponto final nisso.

— Temos que falar para os pais deles, Brian.

— Eles vão defender as suas crias, não é uma boa ideia…

— É sim! O papai tá aqui na América, ele pode muito bem fazer isso. — Sorri e Littrell ficou pensativo, concordando um pouco depois. — O Darius sabe conversar bem sobre muitas situações com qualquer pessoa, o Ronnie puxou isso dele, mas como Darius é pai, pode funcionar.

— Entendi. Vamos cruzar os dedos de que isso dê certo, Crys. Não quero confrontar mais uma vez aqueles gêmeos não.

— Chega de sofrimento, Brian. A melhor parte das nossas vidas acabou de começar. — O seu jeitinho fofo voltou na hora e sorriu ponta a ponta, voltando a se alimentar. — Tá tudo bem agora.

— Eu acredito em você.

Samantha Finch
Enquanto isso em Seattle

Eu, Howie, AJ e Nivea fomos dar uma corrida de rotina e isso pra mim é bastante comum por conta do meu esporte que exige certos exercícios. Nós quatro fizemos em um campo um pouco vazio para não se encher de gente, onde a Nivea foi o guia nesse trajeto. Foram ótimos exercícios, incluindo os agachamentos e os abdominais que ajuda evitar as dores de algumas lesões que tive no campeonato sueco de noventa e quatro.

— Pronto, acabamos. — Digo ajustando o meu moletom e fui pegar a minha garrafa d'água, vendo a Valentine ficar bem do meu lado.

— Eu não imaginava que eu iria precisar de um treinamento assim. — Ela disse pouco antes de tomar as últimas gotas de água que continha em seu compartimento. — Era sempre exercícios básicos ou musculação se quisesse.

— Eu achava que vocês faziam aulas de dança e alongamento. Cada salto que é difícil de fazer…

— Também é importante. — Sorriu. — Mas o seu treino é ótimo, Sam.

— Valeu. — Sorri de volta, sentindo alguns fios do meu cabelo cair no meu rosto. — Aliás, você já resolveu o lance da demissão?

— Não diga aos rapazes ainda, okay? — Assenti. — Eu recebi a carta de demissão ontem depois que denunciei para a gestão do time e… para não “sujar” a imagem deles, entramos em um acordo e fui transferida para Flórida.

— Você vai para Flórida?

— Miami Dolphins abriu vagas para líder de torcida e me inscrevi para o teste. E eu vou precisar da sua ajuda, Sam. Preciso que você treine comigo até o dia do teste chegar, você pode?

— Claro que sim, eu só vou voltar para as quadras dentro de alguns meses e de algum jeito, tenho que me manter ativa.

— Ai, obrigada! Eu sabia que a Crys não tava errada sobre você!

— Eu digo o mesmo, Nivea. Você vai arrasar. Agora, você deve contar ao AJ, porque uma parte disso é graças a ele.

— Eu sei disso, vai ser uma surpresa. E você vai comigo.

— Ah! Eu entendi. Nós duas vamos para Miami. Bem genial, minha cara Watson. — Ri e vi a sua enorme interrogação em cima de sua cabeça trançada.

— O meu sobrenome é Valentine, Sam!

— John Watson, o amigo do Sherlock.

— Ah, entendi! — A morena riu e olhamos para a direção dos rapazes e eu não sabia se eu sentia dó ou se eu começasse a chorar de rir. — Vocês dois não vão levantar?

— Sam, minha consagrada amiga, isso é treino sueco?! — McLean dizia tentando se levantar sem sentir dor e cada vez mais fui prendendo o riso.

— É o meu treino diário. — Respondi ajudando o Howie a se levantar. — Acho que peguei pesado com vocês dois.

— Você acha?! Eu vou passar o dia inteiro até amanhã acabado sem condições de dar até um espirro, Sammy! — Howie retrucou em pé e de mau postura. — Como você sobrevive com isso, meu bem?

— Se acostumando com a dor. Pior que não sinto mais nada, faço isso desde dos meus treze anos. — Afirmei e ambos olharam para mim boquiabertos. — Vamos pra casa, vocês dois precisam descansar e muito.

Começamos a andar de volta. Eu e Nivea ficamos conversando aleatoriamente e quando estávamos perto de chegar no prédio em que a mesma mora, percebemos de que aqueles dois estavam uns dez metros longe da gente de tão acabados.

— O Nick vai rir da cara da gente, Howie. — Alex disse ao chegarem no portão e ambos ficaram ofegando. — Vamos demonstrar que não estamos sentindo dor.

— É, senão ele vai nos perturbar pra sempre.

— Vamos meninos, vocês conseguem. — Digo com motivação e a Nivea caiu na gargalhada ao entrar na residencial.

Assim que nós quatro chegamos no apartamento, Maya e Nick estava completamente fixos na tela da televisão assistindo algo e nem perceberam a gente ali em pé. Howie e AJ foram atrás de água enquanto a Nivea foi preparar algo saudável para a gente. Me juntei a eles dois para saber do que se trata e o meu queixo por pouco não caiu no chão.

Estavam falando do Brian e da Crystal. Viram eles e o pior é que ambos não sabem de nada, eu acho.

— Nick, liga pro Ronnie agora. — Digo e o loiro foi correndo até o telefone no mesmo momento. — Aonde viram eles?

— Ontem, no posto de gasolina. — Maya respondeu preocupada. — Vão ficar justamente em cima dela, não é?

— Provavelmente nos dois por conta das contradições. — Respondi e fiquei em silêncio, pensando em como eles vão ser recebidos pela imprensa comprovando os rumores. — Tem que ter um jeito…

— O Ronnie disse que viu e que vai tentar encontrar a Crys. Ele tem noção de onde ela deve estar. — Nick disse ao aparecer na sala e olhou para os rapazes que nem conseguiam criar uma frase. — Empurraram pneu de trator, foi?!

— Eu disse que ele iria perceber. — Alex apontou para o latino que assentiu. — Voltando ao foco do assunto. Temos que despistar a imprensa dos dois e ir embora sem dar nenhuma notícia e retomar ao trabalho.

— É melhor pensar nisso com calma. — Howie sugeriu. — Talvez não precisaremos apenas do Ronnie, mas do Darius.

— E do Kevin também, né gente?! Ele também sabe dar um jeito. — Nivea falou servindo cada um com a sua comida. — Aliás, todo mundo sabe dar um jeito.

— Precisamos criar um plano com todo mundo junto. — Digo e todo mundo entrou de acordo.